• Nenhum resultado encontrado

CAPÍTULO 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

3.5 ANÁLISE DOS DADOS

Os dados quantitativos foram processados e analisados com o auxílio do Microsoft Excel 2007 e do sistema estatístico R (R CORE TEAM, 2017). O Excel auxilia na sistematização dos dados coletados, armazenando-os em planilhas eletrônicas e a depender da necessidade apresentando-os em gráficos, quadros, figuras para que as informações se mostrem de maneira mais clara e objetiva.

O sistema estatístico R é um software em código aberto, baseado em uma linguagem de programação criada nos anos 1980, no Bell Labs, chamada de S. Essa linguagem tornou-se bastante popular e é a base de vários programas estatísticos comerciais, como o S-PLUS, SPSS, STATA e SAS (PROVETE; SILVA; SOUZA, 2011). Esse programa foi escolhido por ser de ampla utilização em várias pesquisas nas mais variadas áreas do conhecimento e contar com vasta rede de apoio e literatura.

Para análise estatística dos dados utilizamos Métodos não-paramétricos: o Teste de Correlação de postos de Spearman e o Teste dos Postos Assinalados de Wilcoxon, ambos com significância estatística de 95%.

A correlação de postos de Spearman adotou o valor p menor que 0,05. O valor p indica se o coeficiente de correlação é significativamente diferente de 0 (Um coeficiente de 0 indica que não existe uma relação linear). Geralmente o nível de significância é representado pela letra grega α (alfa) e costuma ser especificado antes da extração das amostras e das hipóteses, de modo que os resultados obtidos não influenciem a escolha. Usualmente são escolhidos os seguintes níveis α= 0,01 ou 0,05. No caso específico desta pesquisa escolhemos o nível de significância 0,05; isto é, existem 5 chances em 100, da hipótese nula ser rejeitada (DANCEY; REIDEY, 2013; MINITAB 18, 2017).

Em relação ao Teste de normalidade Anderson-Darling (A-D), talvez este teste seja o mais amplamente usado para não normalidade por causa do seu poder. Ele é baseado em um gráfico de probabilidade. Quando os dados se ajustam bem à distribuição hipotética, o gráfico de probabilidade estará proximo de uma reta. A estatística do teste A-D mede a distância real entre as distribuições real e suposta, usando uma distância quadrada ponderada (DOANE;SEWARD, 2014).

Quanto ao Coeficiente de correlação de Postos de Spearman, Também conhecido como rô de Spearman, recebe este nome em homenagem ao psicólogo e estatístico Charles Spearman, comumente denotado pela letra grega ρ (rô) ou rs , é uma medida não paramétrica de correlação de postos. O referido coeficiente analisa a intensidade e a direção da relação monotônica 5entre duas variáveis contínuas ou ordinais.

É pertinente ainda descrever dois outros conceitos relacionados à correlação de Spearman: resistência e direção. Neste sentido o Minitab 18 (2017) infere que:

5 Em uma relação monotônica, as variáveis tendem a mover-se na mesma direção relativa, mas não

• Resistência: O coeficiente de correlação pode variar em termos de valor de -1 a +1. Quanto maior for o valor absoluto do coeficiente, mais forte é a relação entre as variáveis.Para a correlação de Spearman, um valor absoluto de 1 indica que os dados ordenados por posto são perfeitamente lineares. Por exemplo, uma correlação de Spearman de -1 significa que o maior valor para a variável A está associado ao menor valor para a variável B, o segundo maior valor para a variável A está associado com o segundo menor valor para a variável B, e assim por diante.

• Direção: O sinal de cada coeficiente indica a direção da relação. Se ambas as variáveis tendem a aumentar ou diminuir em conjunto, o coeficiente é positivo, e a linha que representa a correlação inclina para cima. Se uma variável tende a aumentar à medida que os outras diminuem, o coeficiente é negativo, e a linha que representa a correlação inclina para baixo.

3.5.2 Dados Qualitativos:

Para o tratamento das entrevistas, foi utilizado o método de análise de conteúdo, na modalidade de análise temática, por buscar o significado do conteúdo das mensagens. Esse método é utilizado para interpretação de discursos recorrendo ao rigor da objetividade e à fecundidade do subjetivo, o que permite ao investigador desvelar o não dito, ou seja, o conteúdo latente que existe nos depoimentos (BARDIN, 2011).

A análise de conteúdo é um conjunto de técnicas de análise das comunicações, caracterizado por uma diversidade de formas e adaptação às comunicações (BARDIN, 2011). Além disso, relaciona estruturas semânticas como sociológicas e associa a superfície dos textos a fatores que determinam suas características, como variáveis psicológicas, psicossociais, contexto cultural e processo de produção da mensagem (BARDIN, 2011).

Fizeram parte desta análise de conteúdo as seguintes etapas: 1) a pré-análise; 2) a exploração do material; 3) o tratamento dos resultados, inferência e interpretação (IDEM, 2011).

A primeira fase, pré-análise, é desenvolvida para sistematizar as idéias iniciais e estabelecer indicadores para a interpretação das informações coletadas. A fase compreende a leitura geral do material eleito para a análise, no caso de análise de entrevistas, estas já deverão estar transcritas. De forma geral, efetua-se a organização do material a ser investigado, tal sistematização serve para que o analista possa conduzir as operações sucessivas de análise. Sendo que esta fase compreende: a) Leitura flutuante: é o primeiro

contato com os documentos da coleta de dados, momento em que se começa a conhecer os textos, entrevistas e demais fontes a serem analisadas; b) Escolha dos documentos: consiste na definição do corpus de análise; c) Formulação das hipóteses e objetivos: a partir da leitura inicial dos dados; d) Elaboração de indicadores: a fim de interpretar o material coletado.

É importante ressaltar que a escolha dos dados que foram analisados, obedeceu a orientação das seguintes regrasde acordo com Bardin (2011):

• Exaustividade: que refere-se à deferência de todos os componentes constitutivos do corpus, detendo-se no fato de que o ato de exaurir significa não deixar fora da pesquisa qualquer um de seus elementos, sejam quais forem as razões;

• Representatividade: no caso da seleção um número muito elevado de dados, pode efetuar-se uma amostra, deste que o material a isto se dedique. A amostragem diz-se rigorosa quando a amostra for uma parte representativa do universo inicial;

• Homogeneidade: os documentos retidos devem ser homogêneos, obedecer critérios precisos de escolha e não apresentar demasiada singularidade fora dos critérios;

• Pertinência: que significa verificar se a fonte documental corresponde adequadamente ao objetivo suscitado pela análise, ou seja, esteja concernente com o que se propõem o estudo.

Concluída a primeira fase, parte-se para a exploração do material, que constitui a segunda fase. A exploração do material consiste na construção das operações de codificação, considerando-se os recortes dos textos em unidades de registros, a definição de regras de contagem e a classificação e agregação das informações em categorias simbólicas ou temáticas.

Bardin (2011) define codificação como a transformação, por meio de recorte, agregação e enumeração, com base em regras precisas sobre as informações textuais, representativas das características do conteúdo. Nessa fase, o texto das entrevistas e de todo o material coletado é recortado em unidades de registro. Tomar-se-ão, como unidades de registro, os parágrafos de cada entrevista, assim como textos de documentos, ou anotações de diários de campo. Desses parágrafos, as palavras-chaves são identificadas, faz-se o resumo de cada parágrafo para realizar uma primeira categorização.

Essas primeiras categorias são agrupadas de acordo com temas correlatos, e dão origem às categorias iniciais. As categorias iniciais são agrupadas tematicamente e originando as categorias intermediárias e estas últimas também aglutinadas em função ocorrência dos tema resultam nas categorias finais. Assim o texto das entrevistas é recortado em unidades de

registro (palavras, frases, parágrafos), agrupadas tematicamente em categorias iniciais, intermediárias e finais, as quais possibilitam as inferências. Por este processo indutivo ou inferencial, procura-se não apenas compreender o sentido da fala dos entrevistados, mas também buscar-se-á outra significação ou outra mensagem através ou junto da mensagem primeira (FOSSÁ, 2003).

A terceira fase compreende o tratamento dos resultados, inferência e interpretação, consiste em captar os conteúdos manifestos e latentes contidos em todo o material coletado (entrevistas, documentos e observação). A análise comparativa é realizada através da justaposição das diversas categorias existentes em cada análise, ressaltando os aspectos considerados semelhantes e os que foram concebidos como diferentes.

Sintetizando, o método de análise de conteúdo compreende as seguintes fases: 1) Leitura geral do material coletado (entrevistas e documentos); 2) Codificação para formulação de categorias de análise, utilizando o quadro referencial teórico e as indicações trazidas pela leitura geral; 4) Recorte do material, em unidades de registro (palavras, frases, parágrafos) comparáveis e com o mesmo conteúdo semântico; 5) Estabelecimento de categorias que se diferenciam, tematicamente, nas unidades de registro (passagem de dados brutos para dados organizados).

A formulação dessas categorias segue os princípios da exclusão mútua (entre categorias), da homogeneidade (dentro das categorias), da pertinência na mensagem transmitida (não distorção), da fertilidade (para as inferências) e da objetividade (compreensão e clareza); 6) agrupamento das unidades de registro em categorias comuns; 7) agrupamento progressivo das categorias (iniciais → intermediárias → finais); 8) inferência e interpretação, respaldadas no referencial teórico (BARDIN, 2011).