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Escala 1 – Proficiência SAERS

2.2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

2.2.1 Análise dos Dados

Os fundamentos da metodologia de análise de conteúdo e sua utilização em pesquisas da educação foram usados para a leitura, análise e interpretação dos dados, por apresentarem possibilidades eficazes para as pesquisas qualitativas, conforme os pressupostos teóricos da francesa Bardin (2009).

A análise de conteúdo, instrumento de análise interpretativa, é uma das técnicas de pesquisa mais antigas. Os primórdios de sua utilização remontam a 1787, nos Estados Unidos, e sua manifestação como metodologia de estudo deu-se nas décadas de 20 e 30 do século XX, com a expansão das Ciências Sociais. Nas pesquisas na área da Educação, ganhou destaque na década de 1960.

Bardin (2009, p. 44) conceitua análise de conteúdo como:

Um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter, por procedimentos, sistemáticos e objectivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens.

A análise de conteúdo compreende um método de pesquisa usado para descrever, analisar e interpretar informações obtidas por meio da coleta de dados, organizados em um documento ou texto. Essa análise objetiva a reinterpretação das mensagens, buscando a compreensão dos significados de aspectos e fenômenos da vida social. Como enfatiza Bardin (2009, p. 45): “A análise de conteúdo procura conhecer aquilo que está por trás das palavras sobre as quais se debruça”. Procura encontrar o que está escondido nas informações, o conteúdo latente, ou seja, o que não está dito. O conteúdo para a análise pode constituir-se de qualquer material proveniente de comunicação verbal (depoimentos, entrevistas), gestual, visual, documental, entre outras, que expressam significado e sentido.

Em sua forma qualitativa, a análise pretende, por meio da análise do texto, captar o sentido simbólico, a subjetividade, os diversos significados que nem sempre estão expressos. A leitura e a interpretação dos dados coletados realizam-se mediante as concepções do próprio pesquisador, determinando de certo modo, a definição das categorias, contudo, a identificação desse aspecto é uma ação reflexiva do processo, que permite uma elaboração que não recaia na distorção dos fatos observados.

A sistematização dos dados da pesquisa, proposta por Bardin (2009) segue três etapas: pré-análise; exploração do material e tratamento dos resultados, a inferência e a interpretação.

A primeira etapa, a Pré-análise, é a fase da seleção dos documentos e da organização do material a ser analisado, buscando elaborar “um esquema precioso do desenvolvimento das operações sucessivas, num plano de análise” (BARDIN, 2009, p. 121). Os passos da pré-análise são: a leitura flutuante, a escolha dos documentos, a formulação das hipóteses e dos objetivos, a referenciação dos índices e a elaboração de indicadores e a preparação do material. A leitura flutuante é o primeiro contato com os documentos para analisar e conhecer o texto, ou seja, as primeiras leituras das entrevistas. A escolha dos documentos consiste em demarcar o universo dos documentos a serem analisados, constituindo-se um

corpus. A formulação das hipóteses e dos objetivos é uma afirmação provisória que

vamos conferir, é interrogar-se. A referenciação dos índices e a elaboração de

indicadores consistem em determinar quais eram os índices (temas) encontrados

nos documentos, determinando os seus indicadores por meio de recortes de texto. A

preparação do material é a preparação formal dos documentos a serem analisados,

constituindo-se novos documentos com todas as respostas de cada uma das perguntas.

A segunda etapa é a exploração do material, na qual se realiza a leitura dos materiais para identificar os aspectos significativos das entrevistas, a definição das unidades de registro ou unidades de significado para definir as categorias. Para Bardin (2009, p. 127): “Esta fase, longa e fastidiosa, consiste essencialmente em operações de codificação, decomposição ou enumeração, em função das regras previamente formuladas”.

Para chegar às categorias de análise, realizei várias leituras das entrevistas, grifando as palavras ou frases, identificando a presença e a freqüência ou a

pertinência em cada entrevista. Após identifiquei as palavras ou frases pela presença ou frequência por entrevistas e após entre as entrevistas, para a elaboração das categorias.

O tratamento dos resultados, a inferência e a interpretação é a última etapa.

Nela os resultados significativos possibilitam propiciar inferências. Como refere Bardin (2009, p. 127): “O analista, tendo à sua disposição resultados significativos e fiéis, pode então propor inferências e adiantar interpretações a propósito dos objetivos previstos, ou que digam respeito a outras descobertas inesperadas”.

Trata-se de uma fase de suma importância porque é preciso realizar a interpretação do texto produzido, fundamentando-o teoricamente, por meio da consulta à bibliografia referente ao assunto, confrontando com as informações coletadas com as inferências do pesquisador e produzindo assim o texto final. Enfim, o texto final dessa pesquisa é resultado da triangulação, ou seja, é desvelado as minhas compreensões, interpretações, das expressões (fala) dos professores entrevistados com o aporte teórico de estudiosos do assunto.

A categorização consiste em analisar as unidades de significado, classificando as informações de acordo com determinados critérios. Para isso, realizou-se a leitura das unidades de significado, verificando outras unidades construídas a partir dos dados coletados. Algumas se aproximam pelo seu conteúdo. Neste momento, procura-se reunir o que se aproxima em termos de significado. O desenvolvimento desse processo não ocorre de forma linear, é cíclico e contínuo, no qual ocorrem constantes revisões e correções. Segundo Bardin (2009, p.145-146) as categorias:

[...] são rubricas ou classes, as quais reúnem um grupo de elementos (unidades de registro, no caso da análise de conteúdo) sob um título genérico, agrupamento esse efetuado em razão de características comuns desses elementos. [...] Classificar elementos em categorias impõe a investigação do que cada um deles tem em comum com outros. O que vai permitir o seu agrupamento é a parte comum existente entre eles. É possível, contudo, que outros critérios insistam noutros aspectos de analogia, talvez modificando consideravelmente a repartição anterior.

A identificação dos temas mais recorrentes serve como subsídio para o pesquisador elaborar as categorias. As categorias são o reflexo da realidade, sendo sínteses, em determinado momento, do saber, e emergem da classificação dos

dados analisados. Compreendem o conjunto de todos os elementos que configuram as categorias de análise.

Da análise dos dados, emergiram uma grande categoria: “Avaliação externa: fatores e ações influenciadores na qualidade da educação” e duas subcategorias: “Avaliação externa: uma possibilidade para a melhoria da aprendizagem e ação docente”, e “Avaliação: um processo a serviço da aprendizagem”, as quais são abordadas no quarto capítulo. A seguir apresenta-se a contextualização da “Avaliação interna e externa: um refletir sobre a prática educativa na busca do sucesso escolar”.

3 AVALIAÇÃO INTERNA E EXTERNA: UM REFLETIR SOBRE A PRÁTICA

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