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5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.3. Análise dos indicadores

A classificação geral dos indicadores de gestão da pesquisa é apresentada na Figura 5. Os dados para essa análise foram retirados do Quadro 5, mais especificamente da percentagem do ótimo para cada indicador. Relembrando que esse valor é obtido por meio da comparação do total alcançado pelo sistema, representado pela somatória da pontuação do indicador obtida por cada Parque, com o total ótimo, representado pelo valor que o sistema obteria no caso de todos os Parques alcançarem a pontuação máxima para cada indicador avaliado.

Essa análise pode auxiliar a instituição responsável pela gestão dessas áreas a prover esforços pontuais para melhoria dos elementos deficitários do processo de gestão de pesquisa, valendo salientar que os indicadores apresentados refletem o desempenho de seus subindicadores, como já explicitado. Por exemplo, o indicador Monitoramento obteve o pior desempenho em relação aos outros indicadores, sugerindo que esse aspecto da gestão de pesquisa ocupa uma posição marginal diante das prioridades operacionais do dia-a-dia dos Parques, o que ressalta a importância de um sistema de avaliação de fácil e rápida aplicação como a que este estudo se propõe.

Essa classificação aplica-se ao sistema como um todo e, portanto, pode não refletir as debilidades de uma área específica.

56 Os dados referentes aos indicadores foram submetidos a uma análise de componentes principais (PCA), cujo resultado é apresentado no Quadro 6.

Quadro 6 – Resultado da análise de componentes principais (PCA) para os indicadores avaliados.

Factor Analysis: PM; PP; NORM; CB; CS; CC; CL; Pesq_Proj; RETROA; MONIT Principal Component Factor Analysis of the Correlation Matrix

Rotated Factor Loadings and Communalities Varimax Rotation

Variable Factor1 Factor2 Factor3 Communality PM 0,798 0,242 0,160 0,722 PP 0,914 -0,066 0,079 0,846 NORM 0,583 0,609 -0,036 0,711 CB 0,157 0,798 0,119 0,676 CS 0,229 -0,035 0,627 0,447 CC 0,033 0,890 0,138 0,812 CL -0,056 0,406 0,811 0,825 Pesq_Proj 0,668 0,150 0,476 0,696 RETROA 0,577 0,243 0,325 0,498 MONIT 0,472 0,036 0,564 0,542 Variance 2,8961 2,1104 1,7671 6,7736 % Var 0,290 0,211 0,177 0,677

Os três primeiros componentes, ou fatores, explicam 68% da variação total dos dados, e a partir do quarto componente a explicação da variância dos dados não é significativa. O Fator1 mostrou-se altamente correlacionado com o indicador Plano de Manejo (PM) e Programa de Pesquisa (PP), e apresentou uma baixa correlação com o indicador Conhecimento Cartográfico (CC) e Conhecimento Legal (CL), sendo que os outros indicadores de Conhecimento também possuíram uma baixa correlação com o Fator 1. Portanto, o Componente1 pode nos revelar que o fato de uma Unidade possuir um Plano de Manejo que contenha um Programa de Pesquisa bem estruturado, capaz de direcionar as ações de gestão de pesquisa na área, não garante que a gestão possua uma boa base de conhecimento sobre aquela Unidade e que não existam lacunas de conhecimento a serem supridas.

O Fator 2 apresentou uma alta correlação com o indicador Conhecimento Biofísico (CB) e Conhecimento Cartográfico (CC), indicando a interdependência dessas duas áreas de conhecimento. Esses conhecimentos são indispensáveis para elaboração do Plano de Manejo, de modo que a coleta e análise das informações básicas disponíveis incluem o levantamento bibliográfico e cartográfico visando, especialmente, interpretar por meio das imagens, a caracterização de aspectos biofísicos da área, como cobertura vegetal, uso e ocupação das

57 terras, unidades geomorfológicas, relevo, rede de drenagem, rede viária, litologia, entre outros aspectos (GALANTE; BESERRA; MENEZES, 2002). O indicador Conhecimento Socioeconômico (CS) obteve uma baixa correlação com o Fator 2, demonstrando um certo distanciamento entre ele e os conhecimentos citados acima. Apesar da interdisciplinaridade ser interessante, dividir o conhecimento em um menor número de eixos temáticos pode facilitar, na prática, as ações voltadas à geração e retroalimentação das pesquisas nas Unidades de Conservação.

O indicador Programa de Pesquisa (PP) também apresentou uma baixa correlação com o Componente 2, reforçando a ideia de que a existência de um Programa de Pesquisa não garante à gestão da unidade a completude de conhecimentos necessários sobre área, por mais que direcione as ações da gestão de pesquisa. Fica evidente a necessidade da implementação de ações que assegurem a gestão das unidades o retorno dos conhecimentos gerados por meio de um processo de normatização eficiente.

Esse cenário atual pode ser evidenciado pelo Fator 3, o qual mostrou-se altamente correlacionado com os indicadores Conhecimento Legal (CL) e Conhecimento Socioeconômico (CS) e apresentou baixa correlação com o indicador Normatização (NORM). Novamente a alta correlação entre os indicadores de Conhecimento pode ser justificada pela afinidade das áreas, entretanto, a existência e atualidade de informações referentes a essas temáticas não está relacionada com o processo de normatização atualmente empregado. Os gestores de Unidades de Conservação lidam atualmente com diversas questões políticas e institucionais, que podem gerar diversos desdobramentos, sendo fundamental a capacidade de conhecer e analisar instrumentos e políticas públicas relacionadas às áreas protegidas (CASES, 2012). O indicador Conhecimento Legal avaliado enquadra-se nesse contexto.

A gestão de pesquisa envolve três elementos sociais que desenvolvem papéis importantes e devem estar afinados quanto às suas responsabilidades. O pesquisador, que em sua maioria representa uma instituição de pesquisa, o gestor e funcionários, que representam a Unidade de Conservação e a instituição responsável pelas políticas de gestão do conhecimento, no caso o Instituto Florestal de São Paulo (IF) (SÃO PAULO, 2008). Por mais que a gestão da unidade desenvolva um sistema organizacional referente às pesquisas realizadas na área e o IF estabeleça um processo de normatização adequado, o papel do pesquisador em seguir as normas referentes à devolução dos resultados dos projetos é indispensável. A não realização dessa etapa acarreta prejuízos a outros elementos da gestão de pesquisa, como o processo de difusão do conhecimento e aplicabilidade dos resultados nas ações de manejo e tomadas de decisão, influenciando nos objetivos finais de conservação das Unidades.

58 Os maiores valores de Comunalidade, são respectivamente dos indicadores Programa de Pesquisa, Conhecimento Legal e Conhecimento Cartográfico, e, portanto, esses correspondem às principais variáveis do sistema. A Comunalidade é representada pela porcentagem da variância dos indicadores que é explicada pelos três fatores da análise realizada. Podemos constatar, portanto, que esses três indicadores devem ser observados com prioridade, pois abrangem as maiores variações do sistema, sendo mais viáveis de serem melhorados por meio de uma gestão eficaz. Entretanto, podemos considerar também que esses indicadores podem ter apresentado as maiores variações por terem sido os aspectos incidentes da gestão que os gestores mais tiverem dificuldade de avaliar, ocasionando a construção de cenários muito discrepantes entre uma unidade e outra. Nesse sentido, vale salientar a limitação do presente trabalho de não possuir uma etapa metodológica que previsse a averiguação em campo das informações obtidas pelos questionários.

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