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ANÁLISE DOS MULTIPLICADORES E ENCADEAMENTOS

Neste item foram realizadas as análises dos multiplicadores do produto da MIP para os 15 setores agregados da Região Norte, objetivando avaliar os efeitos das mudanças processadas nas demandas exógenas ou em fatores autônomos dos setores produtivos da região. Adicionalmente, realizou-se a análise dos efeitos de interligação setorial para frente (forward likage) e para trás (backward linkage), buscando a identificação de atividades chave. Através destes indicadores foi possível identificar os setores que possuem maior poder de encadeamento dentro da economia da região.

6.1.1 Análise dos multiplicadores do produto

O multiplicador do produto representa o efeito bruto de cada atividade a estímulos exógenos. A Tabela 12 contempla os multiplicadores do produto10 e os

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O multiplicador do produto, para dado setor econômico, mede a mudança no produto total de todos os setores produtivos resultantes da mudança de uma unidade monetária da demanda final dos produtos daquele setor (SANTANA et al. 1997).

efeitos para frente e para trás dos 15 setores agregados da Região Norte. Pode-se observar que os setores selecionados possuem baixo nível de respostas a estímulos exógenos. Dentre os analisados o que apresentou maior efeito multiplicador foi o de agroindústria animal com 1,5338, significando dizer que essa atividade precisa incrementar o valor da produção de R$ 1,53 milhão para atender a um aumento da demanda final de R$ 1 milhão por produtos finais da agroindústria animal. Na sequência também se destacaram os de agroindústria vegetal (1,4086), madeira e mobiliário (1,3068), instituições financeiras (1,3577), e mineração e metalurgia (1,3668). Esse resultado é bem representativo do comportamento da economia regional, que tem como base os produtos oriundos do setor primário e baixo valor agregado.

No que diz respeito ao setor pesqueiro regional, esses impactos são menores e na mesma magnitude para as três modalidades (1,0931), significando dizer que se ocorrerem mudanças na demanda final dos setores de pesca artesanal, industrial e aquicultura, de R$ 1 milhão, os produtos desses setores devem ser incrementados de R$ 1,09 milhão cada um.

Tabela 12 – Multiplicadores do produto para 15 setores da Região Norte, 1999

Setores Multiplicadores 1. Agrícola 1,2244 2. Pesca artesanal 1,0931 3. Pesca industrial 1,0931 4. Aquicultura 1,0931 5. Mineração e metalurgia 1,3668 6. Máquinas e equipamentos 1,2001 7. Madeira e mobiliário 1,3868 8. Indústria química 1,2113 9. Agroindústria vegetal 1,4086 10. Agroindústria animal 1,5338 11. Outros serviços 1,2436 12. Construção civil 1,2602 13. Comércio 1,2591 14. Transporte 1,2932 15. Instituições financeiras 1,3577

6.1.2 Índices de ligação para frente e para trás

Os índices de ligação para frente e para trás permitem a identificação de atividades chave na economia, ou seja, esses indicadores possuem a capacidade de mostrar quais setores têm o maior poder de encadeamento dentro da economia. Aqueles que apresentam valores dos dois indicadores maiores que a unidade são considerados acima da média e, por conseguinte são considerados como atividades chave para o crescimento da economia, por terem o poder de influenciar as atividades que estão situadas a jusante e a montante.

Neste sentido verificou-se que apenas dois setores podem ser considerados chave na economia da Região Norte, Mineração e metalurgia que apresentou um índice de ligação para frente da ordem de 1,0158 e para trás de 1,0777, e Transportes que foram de 1,0944 e 1,0196, respectivamente. A Tabela 13 contempla os efeitos para frente e para trás dos 15 setores selecionados.

Tabela 13 – Índices de ligações para frente e para trás de Rasmussen-Hirschman, Região Norte, 1999

Setores Efeitos pra frente Efeitos pra trás

1. Agrícola 1,2135 0,9654 2. Pesca artesanal 0,7886 0,8618 3. Pesca industrial 0,7885 0,8618 4. Aquicultura 0,7885 0,8618 5. Mineração e metalurgia 1,0158 1,0777 6. Máquinas e equipamentos 0,9119 0,9462 7. Madeira e mobiliário 0,9192 1,0934 8. Indústria química 1,0027 0,9550 9. Agroindústria vegetal 0,9434 1,1106 10. Agroindústria animal 0,8698 1,2093 11. Outros serviços 1,6633 0,9805 12. Construção civil 0,8503 0,9936 13. Comércio 1,1686 0,9927 14. Transporte 1,0944 1,0196 15. Instituições financeiras 0,9814 1,0705

No entanto, no caso de se adotar um conceito menos limitado desse critério e considerar setores chave aqueles que apresentaram ou índice de ligação para frente ou para trás maior que a unidade, poder-se-iam considerar mais 8 setores chave na economia da Região Norte. Assim, os que obtiveram apenas indicadores para frente acima da média foram: o Agrícola (1,2135), Indústria química (1,0027), Outros serviços (1,6633) e Comércio (1,1686). Aqueles com apenas índices de ligação para trás são Madeira e mobiliário (1,0934), Agroindústria vegetal (1,1106), Agroindústria animal (1,2093) e Instituições financeiras (1,0705).

Quanto aos setores de pesca artesanal, industrial e aquicultura, os resultados mostram que esses possuem baixo poder para influenciar o crescimento da economia da Região Norte, tendo em vista que seus indicadores ficaram abaixo da média das demais atividades, apresentando efeito pra frente da ordem de 0,7886 e para trás de 0,8618 para os três setores, para as três modalidades.

6.1.3 Análise do campo de influência

Para complementar a análise do índice de Rasmussen-Hirschman foi calculado o campo de influência para a Região Norte, cujos eixos discriminam os setores considerados nesta tese (Figura 15).

Segundo o campo de influência, observou-se que os maiores elos da economia da região foram dominados pelos setores: 1. Agrícola, 5. Mineração e metalurgia, 11. Outros serviços, 14. Transporte e 15. Instituições Financeiras. Quanto aos setores Pesca artesanal, industrial e aquicultura, percebeu-se que, no estágio tecnológico de 1999, os mesmos não têm capacidade para influenciar os demais setores, dada uma variação em seus coeficientes de produção. Conforme já observado, 98% da produção do pescado da Região advêm do extrativismo, caracterizando-o como um produto de oferta inelástica, o que pode explicar a baixa capacidade para responder rapidamente aos estímulos da demanda, indicando pouca influência sobre os setores situados a jusante.

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

Figura 15 – Campo de influência, Região Norte, 1999. Fonte: resultados da pesquisa.

6.2 ANÁLISE DOS CENÁRIOS DAS POLÍTICAS PARA O SETOR

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