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4.2 INSTRUMENTOS DE POLÍTICA ECONÔMICA DO ESTADO

4.2.1 Subsídios à produção setorial

Subsídio é uma forma de apoio financeiro do governo a determinado setor com o objetivo de fomentar o seu desenvolvimento, envolvendo transferência de renda real da sociedade ao mesmo. Seu efeito repercute de maneira contrária ao da

tributação. Segundo Figueiredo (2007) os subsídios à produção geralmente se constituem de aplicações de recursos do governo em um determinado setor para um montante de capital privado já empregado na atividade. Para o autor, no agregado, uma política de subsídios à produção responde de maneira contrária aos de uma política tributária, uma vez que, de forma estrita, uma política de elevação de subsídios à produção corresponde a uma política fiscal expansionista, enquanto uma política de elevação da carga tributária corresponde a uma política fiscal contracionista e vice e versa.

Segundo Baumann et al, 2005, o crescimento de uma economia pode ocorrer pelo aumento na dotação de fatores ou por algum tipo de progresso técnico que faça com que o volume produzido por unidade de fator empregado aumente. No primeiro caso, as novas unidades de fatores produtivos recebem remuneração igual a sua contribuição marginal à produção. No segundo, como os avanços tecnológicos são considerados exógenos e facilmente disponíveis, os ganhos são apropriados por outros fatores de produção. No caso específico de progresso técnico, quando está direcionado para apenas um setor, há uma redução dos custos de produção naquele setor, o que aumenta a margem de lucratividade na produção daquele bem e, consequentemente, leva à expansão da sua produção. Dados os preços relativos dos produtos, a redução setorial nos custos de produção estimula a expansão da produção, o que demanda o emprego de mais fatores de produção.

De acordo com Figueiredo (2007) em análise de equilíbrio geral é possível visualizar os impactos na alocação e distribuição nos setores produtivos, a partir da adoção de subsídios, captando todas as variações provocadas por ele nos mercados do produto e de fatores, assim como na distribuição setorial da renda.

Segundo Almeida (2004) diversas são as modalidades de subsídios usados para o setor pesqueiro, incluindo: contribuições financeiras do governo, transferências de fundos (empréstimos), receitas cessadas (incentivos e impostos), descontos ou seguros, créditos de impostos de óleo, apoio para pesquisa e

desenvolvimento, pagamento para países estrangeiros etc.. Há também: programas de apoio à renda e preço, benefícios sociais, programas de exportação, facilidades de portos e infraestrutura de casa, comunidades para pescadores etc. No debate sobre como lidar com subsídios ao setor pesqueiro o progresso tem sido lento, principalmente por falta de clareza sobre o significado do termo usado. Por essa razão a FAO fez um estudo classificando os subsídios em quatro categorias. Essa classificação tem como base o efeito que o subsídio causa e na forma como é possível acessar seu impacto. Assim, observou-se que o governo tende a colocar ênfase em 4 atributos dos subsídios pesqueiros e da aquicultura (FAO, 2002).

a) Intervenção do governo que envolve somente transferências para os produtores;

b) Intervenção do governo que confere benefícios aos produtos sem envolver transferências financeiras do governo para produtores;

c) Intervenção governamental para corrigir distorções que conferem benefícios a produtores; e

d) Efeitos das intervenções do governo sobre os custos e benefícios das empresas, em curto e longo prazos.

No primeiro grupo de subsídios consta o impacto direto do pagamento do governo para os produtores, por exemplo: financiamentos para compra de barcos. No segundo grupo estão incluídas as intervenções do governo, independentemente de envolverem transferências financeiras, que reduzam custos ou aumentem a renda dos produtores no curto prazo. É um conceito mais amplo, pois engloba o conceito de subsídio do primeiro grupo. Aqui são incluídas reduções de impostos, seguro, empréstimos e garantia de empréstimos fornecidos pelo governo. Também, inclui fornecimento de bens e serviços abaixo do preço de mercado. No terceiro, está inserida a ausência de intervenções governamentais para corrigir distorções, imperfeições na produção e mercado que podem afetar os recursos pesqueiros e sua

comercialização. Está associada, portanto, à falta de intervenção do governo para corrigir imperfeições. No quarto grupo dos subsídios estão englobados os três citados anteriormente assim como as intervenções, tais como: medidas de manejo que podem reduzir/aumentar os benefícios de curto prazo, mas podem resultar em aumento ou redução dos benefícios em longo prazo. Entretanto, essa classificação ainda sofre discordância e são necessários mais estudos sobre o tema para tratar questões ambíguas.

Os incentivos dados pelos três níveis de governo para o setor pesqueiro na Amazônia recaem basicamente na segunda categoria. Geralmente três tipos de incentivos fiscais têm sido utilizados: Isenções fiscais para estimular a implantação do parque industrial; isenções fiscais para estimular a exportação; e isenções fiscais para tornar o pescado do estado mais competitivo em relação aos demais (ALMEIDA; ALMEIDA, 2004). Além dessas modalidades, os pescadores ainda recebem crédito subsidiado via FNO.

Segundo a FAO (2004) existem três justificativas possíveis para que um governo adote os subsídios. A primeira está relacionada com o conceito de indústria nascente, segundo a qual o governo deve proporcionar capital inicial para que uma indústria nacional se torne competitiva frente as concorrentes internacionais. A segunda é que uma empresa grande e importante pode se encontrar temporariamente em dificuldade financeira que a obrigue a fechar, podendo difundir os efeitos negativos e prejudicar outros setores da economia. E o governo, oferecendo temporariamente um subsídio, poderia proteger toda a indústria na economia. A terceira justificativa é utilizar os subsídios para estimular outras empresas a comportarem-se de forma favorável em relação ao meio ambiente.

No caso específico do setor pesqueiro da Amazônia, a justificativa seria a preocupação com o desenvolvimento do setor, principalmente pela sua capacidade de geração de emprego e renda, podendo contribuir para segurança alimentar das

populações mais pobres e para o desenvolvimento econômico e social da região. A seguir, serão analisados os efeitos de um subsídio sobre a produção.

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