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Parte II Estudo Empírico

8. Apresentação e análise dos resultados

8.4. Análise dos questionários

Os questionários (Apêndice I), como já foi referido, foram elaborados a fim de questionar os docentes de educação especial responsáveis pela UEE, com o objetivo de ter o seu parecer acerca do estudo realizado com os alunos que frequentam a referida unidade. O questionário é composto por perguntas para a descrição do perfil do inquirido e oito questões, de tipo aberto, relativas ao tema. Foi entregue aos inquiridos a 6 de Junho de 2013 e recolhido cerca de uma semana depois. Abaixo, segue-se a análise dos dois questionários aplicados.

Docente 1 – O sujeito é do género feminino e tem 28 anos de idade. É licenciada

com uma especialização em Educação Especial.

Segundo a inquirida, os comportamentos mais característicos das crianças com PEA, centram-se na dificuldade de comunicação e interação social, bem como na linguagem falada, uma vez que são evidentes, em alguns casos, atrasos na mesma ou mesmo a sua ausência. Revelam, ainda, interesses muito restritos e repetitivos. Além disto, manifestam pouco interesse em partilhar e têm pouco jogo simbólico ou imaginativo e, também, pouca resposta social ou emocional. Conforme a sua opinião, afirma, ainda, que estas crianças devem experimentar diversas atividades que lhes permitam desenvolver competências essenciais para o seu dia-a-dia, bem como aprender a brincar, trabalhar em grupo através de atividades do seu interesse, assim como atividades que desenvolvam a sensibilidade (sentir, ouvir, experimentar). Pensa, ainda, que é importante que a criança com PEA se expresse de uma forma livre e espontânea, permitindo, assim, o seu desenvolvimento. Na sequência do que a professora já referiu, também alega que através da expressão plástica se pode chegar ao mundo destas crianças, compreender os seus interesses, a motricidade, as cores que mais gostam, desenvolver o lado emocional, entre outros aspetos. Assim, as atividades de expressão plástica são utilizadas diariamente na UEE, porque são um meio de envolver a criança e de a compreender, de forma a poder chegar ao mundo dela. Estas atividades permitem que a criança relaxe e, algumas vezes, diminua os

seus comportamentos menos sociais (agressividade). Deste modo, é importante integrar a expressão plástica livre na rotina das crianças com PEA. De uma maneira geral, segundo a inquirida, as crianças envolvidas no estudo, revelam instabilidade emocional, ora têm interesse na realização, ora mostram relutância na execução. Gostam, ainda, de realizar atividades de expressão e de conversar sobre os seus interesses e motivações. Na sua opinião, considera que as crianças, durante a intervenção e as atividades propostas, demonstraram bastante interesse em participar, mostrando motivação no seu desenvolvimento. Revelaram, também, envolvimento nas atividades sugeridas, no entanto, houve momentos que a sua instabilidade emocional não lhes permitiu realizá-las.

Docente 2 – O sujeito é do género feminino, tem 47 anos de idade e é mestre em

Educação Especial.

Perante o questionário e de acordo com a sua experiência, destaca que os comportamentos mais característicos das crianças com PEA são as dificuldades na interação, que se revelam ao não participarem em brincadeiras com os outros e em jogos de grupo, problemas de comunicação, isto é, dificuldades na fala/discurso, demonstrando, ainda, comportamentos estereotipados, interesses especiais e persistentes e necessidade inflexível no seu dia-a-dia e nas suas rotinas. É também da sua opinião, que a diversidade de experiências é sempre positiva porque proporciona novos conhecimentos e modos de aprendizagem diferentes e divertidos, uma vez que estas crianças têm um “mundo” muito individual. Essa diversidade permite, muitas vezes, interagir melhor com elas e compreender esse seu “mundo”. Pensa, ainda, que qualquer criança gosta de se expressar de forma livre e espontânea, e estas em particular, pois dessa forma conseguem ser “elas próprias”, expressar o seu pensamento e interesses, que de outra forma seria difícil conseguirem-no. Deste modo, é da opinião que a expressão plástica poderá constituir uma forma de melhorar o desenvolvimento das crianças com PEA, pois pode por a funcionar a sua criatividade, o que no caso destas, é uma área problemática. Além disto, também desenvolve a motricidade fina que é outra área em que estas crianças revelam dificuldades, por vezes, acentuadas. A inquirida divulga, ainda, que na UEE são desenvolvidas atividades de expressão plástica diariamente, porque é reconhecida a sua importância para o desenvolvimento das crianças que frequentam a mesma. Por estas razões, diz que é importante integrar a expressão plástica de forma livre na rotina destas. Pela experiência desta docente, as crianças que participaram no estudo são crianças com características reveladoras de PEA, algumas com défice cognitivo, o que dificulta a sua aprendizagem, especialmente a nível do programa escolar regular. O seu comportamento é por vezes inadequado, exigem rotinas diárias, mas são crianças meigas e que gostam da escola. Na opinião da inquirida, as crianças reagiram de forma muito positiva às atividades propostas, desenvolvendo-as com gosto e interesse.

Súmula dos resultados obtidos pelos dois questionários

Posto isto, pode afirmar-se que as crianças que frequentam a UEE apresentam as dificuldades comuns da generalidade das crianças com PEA. De uma forma mais particular, revelam, ainda, défices cognitivos e instabilidade emocional, apresentando, por isso, dificuldades de aprendizagem e exigindo rotinas mais rígidas. No entanto, são crianças meigas que gostam da escola. Será, assim, importante a diversidade de experiências que lhes são propostas, pois terão, deste modo, uma panóplia de estratégias para que se possam desenvolver e adquirir competências e, até mesmo, contribuir para compreender, um pouco, o seu “mundo interior”. Deve-se permitir que a criança se expresse de forma livre e espontânea, podendo contribuir, assim, para o seu desenvolvimento. As crianças além de gostarem de se sentir livres, conseguem, desta forma, expressar os seus sentimentos, pensamentos e interesses, que de outro modo, poderia ser difícil chegar até eles, devido, principalmente, às suas dificuldades na comunicação e interação. Na sequência disto, também a expressão plástica, apresenta uma grande importância para as crianças que frequentam a UEE, pois poderá contribuir para o seu desenvolvimento e atenuar certas dificuldades da criança, como por exemplo, a motricidade fina, a sua capacidade criadora e estado emocional. Da mesma forma, pode levar a que exista uma aproximação à criança e compreende-la de uma melhor maneira, devido ao que possam expressar. Poderá, ainda, contribuir para uma diminuição dos seus comportamentos estereotipados e envolve-la no mundo à sua volta. Devido a estas mais-valias, diariamente, são desenvolvidas atividades deste tipo, pois, como já foi dito, representam uma grande importância e estímulo a estas crianças, sendo por isso, fundamental integrar a expressão plástica, realizada de forma livre e espontânea, na rotina das crianças com PEA. Perante a intervenção à qual foram sujeitas e as atividades resultaram da mesma, as crianças reagiram positivamente, revelando interesse, motivação, envolvimento e gosto, tendo por vezes, momentos de instabilidade que não lhes permitiu realizá-las no momento ou de a melhor forma.

Dito isto e, de modo a sintetizar o acima descrito, poder-se-á dizer que, segundo as docentes:

As crianças com PEA apresentam dificuldade ao nível da interação social, da comunicação e da linguagem. Têm interesses muito restritos e repetitivos;

Deve-se-lhes proporcionar uma diversidade de experiências; As crianças devem poder expressar-se livremente;

A expressão plástica deve ser utilizada, diariamente, na rotina das crianças com PEA e, de tal forma, também na UEE se desenvolvem estas atividades, pois reconhece-se a sua importância como facilitador do desenvolvimento das crianças com PEA;

As crianças que frequentam a UEE e participaram no estudo reagiram positivamente às atividades desenvolvidas. De uma maneira geral, revelam alterações de comportamento, exigem uma rotina mais rígida e, algumas apresentam um défice cognitivo;