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O PERCURSO PARA O DIAGNÓSTICO

2.6 Análise dos questionários:

2.6.1 Análise dos questionários dos alunos

Inicialmente, foi entregue aos estudantes o questionário composto por perguntas fechadas e abertas. No dia da aplicação da diagnose, os alunos se portaram de forma bastante receptiva e aparentavam estar dispostos a cumprir cada etapa da atividade de sondagem que seria aplicada naquela tarde. Esclarecemos que as respostas utilizadas nos exemplos abaixo são de diversos alunos da classe, não especificamente de um grupo ou dos mesmos alunos em todas as atividades. Contudo, buscamos acompanhar, dentro do curto espaço de tempo, o avanço, no decorrer das atividades, de cada estudante e/ou grupo de alunos.

No questionário, aplicado aos 32 alunos presentes na ocasião, almejávamos captar por meio dele o olhar dos estudantes no que concerne à leitura. Cada pergunta realizada tem o objetivo de rastrear informações, como: na primeira questão, sondamos o sentido de leitura para os alunos com o objetivo de perceber a construção, ainda que talvez inconsciente, eles fazem dos níveis de leitura; na segunda questão, perguntamos para que serve (finalidade), sobre a qual, de forma mais particularizada, eles deveriam demonstrar o seu olhar sobre a importância da leitura; na terceira, buscamos sondar a impressão dos alunos sobre as aulas de leitura (em todas as disciplinas); na quarta, buscamos observar quais medidas o aluno toma para o seu aperfeiçoamento leitor, ou seja, qual a atitude dele em relação ao seu próprio desenvolvimento

leitor; na quinta, tínhamos o intuito de entender qual a disposição dos alunos para a leitura em sala; na sexta, tínhamos o objetivo de entender qual a maior dificuldade do aluno na leitura de um texto; e, por fim, na sétima questão, queríamos perceber qual o grau de participação da família dentro da aprendizagem leitora, ainda que a maioria dos pais tenham dificuldades de leitura, por ter pouca instrução, se apoiavam em seus filhos nessa aprendizagem.

Para viabilizar a visualização dos dados, construímos os gráficos abaixo com base nos resultados verificados por meio das atividades de sondagem e, ao final, apresentamos alguns comentários gerais sobre os resultados obtidos.

GRÁFICO 1 GRÁFICO 2

Os dois gráficos acima, destacam, o primeiro, a perspectiva de leitura que os alunos possuem; enquanto, o segundo, questiona qual a finalidade da leitura para o aluno. No gráfico 1, notamos que os estudantes entendem, cerca de 31% que a leitura passa por todas as fases listadas e precisa, em muitos casos, chegar à retenção. Contudo, se analisarmos o gráfico 2, pergunta do tipo aberta, 48% destacou que a leitura tem fundamental importância para ampliar os conhecimentos, entretanto, a maioria restringiu essa soma de aprendizagens ao contexto escolar, como se entendessem que o aprendizado que têm na escola lhes serviria sempre apenas para dentro da escola e não para suas vidas. Nesse sentido, fica evidenciado o entendimento do aluno de que deve ler apenas para verificar o que se compreendeu, conforme Solé (1998, p. 99): “quando a sequência leitura/pergunta/ resposta se generaliza, também se generalizam para os alunos certos objetivos de leitura. Ler para depois poder responder certas perguntas formuladas pelo professor.” 10% 28% 31% 31%

SENTIDO DA LEITURA

Decodificação Compreensão Interpretação Retenção 34% 48% 15%3%

FINALIDADE DA LEITURA

Não compreendeu o comando

Ampliar

conhecimentos/comprenão de leituras escolares

Preocupação com a interpretação

Percebeu a função social da leitura

GRÁFICO 3 GRÁFICO 4

Nos gráficos 3 e 4, temos, respectivamente, a avaliação que os alunos têm sobre as aulas de leitura (não restrita apenas à Língua Portuguesa) e o segundo versa sobre os indícios de autonomia leitora que os alunos apresentam ou não. No gráfico 3, verificamos que 53% dos estudantes sempre aprovam a forma como a leitura é trabalhada em sala; além desse dado, temos ainda outro com elevado percentual: o de alunos que aprovam na maioria das vezes a abordagem dada à leitura durante as aulas na escola, 38% dos casos. Apenas 9% parece reprovar, de forma geral, o trabalho realizado com a leitura. Os dados demonstraram que, aparentemente, os alunos estariam satisfeitos com a forma como o trabalho com a leitura está sendo executado em sala de aula.

Sobre o gráfico 4, referente à autonomia leitora, 76% dos estudantes declarou ler por opção própria uma variedade de escritos, apontando sinais de autonomia leitora, enquanto 24% assumiu ainda ler apenas quando solicitado pela escola, fato esse que retrata a perspectiva da leitura por obrigação, sem nenhum outro sentido. Não coincidentemente, essa menor parcela é exatamente a dos alunos que apresentam maiores dificuldades tanto na leitura quanto na produção escrita na classe, conforme nos foi possível observar durante as aulas.

Destacamos abaixo algumas respostas dos alunos que apresentam indícios de autonomia leitora e dos que ainda não apresentam para verificarmos as justificativas dos aprendizes quanto as suas preferências ou não relativas à leitura:

53% 38% 9%

AVALIAÇÃO DO ENSINO-

APRENDIZAGEM DA

LEITURA

Aprova sempre Aprova geralmente Aprova poucas vezes 76% 24% AUTONOMIA LEITORA Lê uma diversidade de textos Somente livros didáticos

 Apresentam autonomia leitora: Excerto 1:

Excerto 2:

Excerto 3:

Excerto 5:

 Ainda não apresentam autonomia leitora: Excerto 1:

Excerto 2:

Excerto 4:

Sobre as três últimas questões levantadas no questionário, temos os gráficos e percentuais de respostas correspondentes a seguir:

GRÁFICO 5 GRÁFICO 6

GRÁFICO 7

Nos três últimos gráficos, 5, 6 e 7, destacamos, respectivamente, a visão dos alunos em relação às leituras sugeridas em classe pelo professor, ou seja, as leituras obrigatórias, 68%

68% 6% 19% 7%

LEITURA "OBRIGATÓRIA"

Gosta de ler Desistimulado pela leitura em sala Gosta de ler apenas conteúdo extraescolar Não gosta de ler

7% 86% 3%4%

DIFICULDADE DE LEITURA

Declara não possuir dificuldade Timidez Problemas de ordem interpretativa Problemas para decodificar 66% 22% 12%

INCENTIVO FAMILIAR

PARA A LEITURA

Sempre incentiva Na maioria das vezes incentiva Raramente incentiva

declarou gostar de ler as sugestões feitas pelo professor, enquanto um percentual de 19% referiu gostar de ler apenas conteúdo extraescolar. No gráfico 6, pergunta aberta, o questionamento foi referente à maior dificuldade de leitura dos estudantes, e cerca de 86% manifestou-se dizendo que a timidez era o principal atrapalho em sua fluência leitora, como destacados nos fragmentos abaixo (questão 6): Excerto 1: Excerto 2: Excerto 3: Excerto 4: Excerto 5: Excerto 6:

Percebemos, de forma evidente, que os estudantes já têm enraizado em seu entendimento que “ser convidado a ler um texto” é realizar a leitura em voz alta, mecanismo esse recorrente nas salas de aula, entretanto, usado apenas para avaliar os alunos e não com objetivos de compreensão leitora, por exemplo, como salienta Solé (1998, p. 98) “pretende-se que os alunos leiam com clareza, rapidez, fluência e correção [...] De fato, todas essas exigências fazem com que o primordial para o aluno seja respeitá-las e, nesse caso, a

compreensão se situa em um nível secundário.”. Assim, para os alunos, torna-se um desafio realizar a leitura em voz alta porque sabem que estão sendo avaliados e, de forma geral, não apenas pelos professores, mas pelos próprios colegas de classe que também, conscientemente ou não, julgam-nos. E, ainda, por vezes, precisam responder a questionamentos a respeito do texto depois de cumprir a tarefa da leitura em voz alta e encontram dificuldades, já que, geralmente, o primeiro contato que têm com o texto é justamente no momento em que precisam ler para que todos ouçam e encontram-se em um nível de ansiedade e tensão tão elevado que pouco conseguem depreender do texto para atender aos questionamentos posteriores. No que concerne ao último gráfico, 7, questionamos a respeito da intervenção da família no processo de aprendizagem de leitura, 66% dos estudantes declarou que suas famílias sempre incentivam a leitura nos jovens.

Ressaltamos um aspecto importante da realidade dessa comunidade que é a alta taxa de analfabetismo dos pais e avós desses jovens que frequentam as salas de aulas. Notamos, entretanto, que apesar dessa predominante realidade, os pais, em sua maioria, incentivam os estudantes à leitura, demonstrando, assim, que apesar do pouco conhecimento, reconhecem a importância da prática.