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CAPÍTULO III – PLANO DE NEGÓCIOS 49


9.
 Análise de Mercado 53


9.2.
 Fontes Primárias 59


9.2.3.
 Análise dos resultados 62


Não obstante a dimensão relativamente reduzida da amostra face à população em estudo (para um nível de confiança de 95%, o intervalo de confiança foi de 9,5%), os resultados dos inquéritos23 permitiram retirar conclusões importantes que

confirmam as informações recolhidas das fontes secundárias bem como o conhecimento empírico que serviu de base à ideia para este trabalho de projecto. Importa salientar que o facto de o inquérito ter sido levado a cabo num festival não condicionou a investigação, dado que apenas nove dos inquiridos (8,74% do total) mencionaram o Vodafone Mexefest na resposta à questão A1 (“Que festivais de música em Portugal conhece?”) e onze (10,7% do total) à questão A2 (“Que festivais de música em Portugal já visitou?”).

Destaca-se o conhecimento que a maioria dos inquiridos tem sobre festivais, mais em termos nacionais do que internacionais. Cerca de 96% dos participantes já tinha participado num festival de música em território nacional.

O facto de predominarem, tanto ao nível do conhecimento como da participação, os festivais ao ar livre e fora dos centros urbanos, com possibilidade de pernoitar no local (através de campismo) e com maior incidência em meses de Verão, constitui um bom indicador para o projecto, pois é este tipo de viagens que se pretende oferecer como produto – viagens de lazer com a música como principal motivação.

No que toca aos festivais estrangeiros, 83,5% dos inquiridos mencionaram que conheciam festivais de música estrangeiros, embora apenas 16,5% tivesse participado nestes (tabela 1). Das respostas obtidas, podem ser retirados três mercados que devem ser considerados, numa fase inicial, como prioritários: Reino Unido, Espanha e EUA. O Primavera Sound e o Sónar, em Barcelona, ou o Festival de Glastonbury, no Reino Unido, são dois bons exemplos de festivais para apostar na comercialização dos pacotes turísticos do MusicTrip.









Tabela 1– Questão A5. Que festivais de música no estrangeiro já visitou? N.º de Ocorrências (respostas) Festivais estrangeiros já visitados

N = 103 (%)

Nenhum 86 83,5%

Primavera Sound (ESP) 2 1,9%

Glastonbury (UK) 1 1,0%

I Love Techno (BEL) 1 1,0%

Benicassim (ESP) 1 1,0%

Lollapalooza (USA) 1 1,0%

Electric Getafe (ESP) 2 1,9%

Sonar (ESP) 2 1,9%

Outros 7 6,8%

Fonte: própria

Relativamente aos gastos para a participação em festivais estrangeiros, 41,2% dos inquiridos que já visitaram festivais no estrangeiro despenderam entre 151 € e 300 €. Dos 17 participantes em festivais estrangeiros, 35,3% indicaram ter gasto até 150 € e apenas 17,6% desembolsaram mais de 451 € para o fazer. Tendo em conta os destinos mais visitados (Espanha, Reino Unido e EUA), é possível, com estes dados, saber os valores médios pelos quais os pacotes deverão ser comercializados.

No questão B2 (“Quanto estaria disposto a despender para participar num festival estrangeiro da sua preferência?”), as respostas foram dispersas. 25,2% dos participantes no inquérito indicaram estar dispostos a gastar entre 151 € e 300 €; 20,4% apontaram mais de 451 € como valor a pagar e ainda 14,6% estavam dispostos a despender entre 301 € e 450 €. Desta forma, os PVP dos pacotes turísticos poderão estar condicionados à percepção que os inquiridos têm da despesa para participar num festival estrangeiro (não significando necessariamente que esta esteja de acordo com o real). A aposta no dynamic packaging (construção do pacote de acordo com as preferências do utilizador) deverá ser o caminho a tomar, permitindo ao cliente gerir o montante a gastar relativamente a cada item da viagem. Os inquéritos mostraram ainda que há uma grande diferença entre o valor que o music tourist está disposto a gastar para participar num festival em Portugal (menor valor) e o que aceita despender num festival estrangeiro (maior valor).

Verifica-se também uma atitude de DIY (do it yourself) por parte do público que já participou em festivais estrangeiros, tratando pelos seus próprios meios de todos os aspectos relacionados com a viagem e a participação no festival. No entanto, 67% dos inquiridos mostrou interesse em recorrer a uma agência de viagens online especializada em festivais de música. A justificação da maioria para o vir a fazer é esclarecedora: obter o apoio de uma agência especializada, com pacotes à medida e que transmita ao cliente todo o seu know-how.

Outros factores identificados e a ter em conta para captar o interesse dos potenciais clientes foram:

• Pacotes com preços atractivos e vantajosos;

• Redução do tempo de procura/pesquisa dos diversos serviços;

• Confiança e segurança do serviço prestado, com uma oferta fidedigna e específica;

• Melhor aproveitamento do festival – “produto chave na mão”.

Mesmo considerando as facilidades e vantagens apresentadas pelas novas tecnologias, com um consumidor cada vez mais proactivo, informado e esclarecido, os motivos apresentados pelos inquiridos validam a oportunidade e a necessidade de criação de uma agência especializada pela mais valia que trará à oferta disponível. A sua especialização, o conhecimento e tipo de oferta são factores a considerar no seu desenvolvimento. Todavia, não deve ser desconsiderado o facto de a música, por si só, não garantir a viabilidade da MusicTrip, como se demonstra no Capítulo II, devendo a agência proporcionar todo um leque de serviços para além do típico eixo bilhete/passe, alojamento e transporte. Também os transfers, as visitas locais e as refeições são serviços que, a título individual ou integrados num pacote, deverão ser disponibilizados.

A Internet e as redes sociais têm permitido novos tipos de comercialização (e- Commerce) e parecem ser essas as vias preferidas de contacto com uma agência do género da MusicTrip. Note-se que 52,4% dos entrevistados prefere o acesso online (via site na Internet) e 1% via Redes Sociais, totalizando 53,4% no acesso online.

No entanto, o contacto directo ainda merece destaque, com cerca de 18% dos inquiridos a preferirem recorrer presencialmente a uma loja, seguidos de 25,2% que defendem uma plataforma online, mas com concretização da compra feita em loja (pesquisa inicial via site, concretização em loja).

Assim sendo, é necessário existir um site da agência, que permita online shopping, mas não se descarta a possibilidade de abrir uma loja física, onde os clientes se possam deslocar para finalizar a compra. As respostas à questão sobre a presença nas redes sociais, embora tenham sido residuais, devem ser consideradas, pois este tipo de canal permitirá angariar clientes.

“Se existisse uma agência de viagens especializada em viagens para festivais de música (no estrangeiro e em Portugal), equacionaria recorrer a esta? Justifique” era a questão C8. Analisando a totalidade das respostas (5% não respondeu a esta questão) constata- se que existe uma margem de segurança confortável para avançar com o projecto, dado que 88% dos participantes equaciona recorrer a uma agência deste tipo e apenas cerca de 7% não pensa utilizá-la.

52.4
 1.0
 17.5
 25.2
 3.9
 0.0
 10.0
 20.0
 30.0
 40.0
 50.0
 60.0
 Preferência
de
acesso
 Online
(via
site)
 Online
(via
redes
sociais)
 Loja
 Pesquisa
via
site,
 concretização
em
loja
 Não
Respondeu
 Fonte: própria

Na justificação para recorrerem à MusicTrip, destacam-se os seguintes aspectos essenciais:

• “A agência conheceria melhor o produto e as ofertas”; • Maior confiança, segurança e facilidade de acesso; • Preços atractivos;

• Facilidade em adquirir todos os serviços;

• Informação detalhada e concentrada num só lugar;

• “Ideia pouco explorada que deveria ser posta em prática”.

Relativamente aos perfis sociodemográficos dos inquiridos, os jovens adultos pertencentes à faixa etária dos 17 aos 35 anos são os principais consumidores de festivais em Portugal, especialmente a faixa dos 23 aos 28 anos (53% dos participantes no inquérito). A distribuição dos inquiridos ficou equilibrada relativamente ao género, com 50,5% de participantes masculinos e 49,5% femininos.

Um elevado nível de escolaridade é característica comum da maioria, com 65% dos inquiridos a possuir um bacharelato/licenciatura, aos quais se juntam 11% com um mestrado. Para além disso, a grande maioria exerce uma actividade profissional remunerada (72%), normalmente por conta de outrem. Apenas 7% estão desempregados e 21% são actualmente apenas estudantes.

A grande maioria vive nos centros urbanos: 48% caracterizaram a zona de residência como uma cidade e 30% como uma metrópole urbana. Apenas 16% residem numa vila e 7% no meio rural. No que respeita à classe social, os maiores frequentadores de festivais são indivíduos da classe média. O rendimento médio mensal do agregado familiar não atinge os 1.500 € em 34% dos casos, e cerca de um terço referiu possuir um rendimento entre os 1.501 € e os 2.500 €.