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6 ANÁLISE E DISCUSSÃO

No documento Maira Baldan Fechio Rodrigues Pereira (páginas 88-170)

A escolha dos sujeitos foi realizada junto àqueles que, dentro dos critérios de inclusão, manifestaram o interesse espontâneo em participar da pesquisa e possuíram disponibilidade de tempo para a realização do encontro. Trata-se, portanto, de uma amostra por conveniência. Não se pode deixar de considerar este fato como uma variável a ser lembrada entre os resultados desta pesquisa. A população que manifesta o interesse em participar, apresenta uma diferença em relação à população total da instituição. Esta população parece possuir uma maior abertura e interesse em relação à realização de pesquisas, questionamentos e discussões referentes à temática abordada.

Todos os participantes procuraram a pesquisadora manifestando grande interesse em participar e mostraram-se muito solícitos e satisfeitos em poder compartilhar suas experiências, percepções e sentimentos.

Entretanto, alguns outros profissionais da instituição procuraram a pesquisadora e referiram que embora estivessem interessados em participar da pesquisa, optaram pela não colaboração face à possibilidade de se indispor com as chefias, caso estas viessem a tomar conhecimento de suas manifestações.

No período da aplicação da pesquisa, é interessante pontuar que a instituição escolhida passava por um momento especial. Nesta ocasião, buscava-se uma importante acreditação e os preparativos, as mudanças e exigências impostos pela situação neste momento geraram impacto sobre a atividade profissional destes colaboradores. O momento pelo qual a instituição passava naquele período acabou se tornando um importante dado a ser considerado. A fala de alguns participantes faz menção indireta a esta tensão e a este momento particular que deve ser considerado, entretanto, este grupo que escolheu participar parece estar sob menos pressão ou possuir menor receio em relação à discordância ou possível oposição de seus superiores como mencionado por seus outros colegas.

Quadro 1: Características Gerais dos participantes

Nome* Sexo Idade Formação Tempo de formação Tempo de atuação em reabilitação

Angela Feminino 33 Fisioterapeuta 12 anos 8 anos

Betina Feminino 29 Enfermeira 6 anos 4 anos

Camila Feminino 36 Nutricionista 14 anos 9 anos

Daniel Masculino 44 Psicólogo 8 anos 6 anos

Elisa Feminino 52 Fisioterapeuta 31 anos 29 anos

Fabia Feminino 26 Nutricionista 5 anos 3 anos

Gina Feminino 36 Psicóloga 13 anos 12 anos

Helena Feminino 49 Fonoaudióloga 13 anos 8 anos

Ingrid Feminino 34 Médica 10 anos 10 anos

Julia Feminino 28 Nutricionista 6 anos 4 anos

Keila Feminino 32 Assistente Social

8 anos 6 anos

Fonte: elaborado pela autora.

O grupo de participantes desta pesquisa é composto por onze profissionais de saúde, com idades entre vinte e seis e cinquenta e dois anos. Dez indivíduos são do sexo feminino e apenas um do sexo masculino.

Todos os participantes apresentam nível superior completo (conforme exigido) e todos referiram possuir algum título de especialista (Lato ou Strictu sensu).

Nutricionistas, duas Fisioterapeutas, uma Médica, uma Enfermeira e nenhuma Terapeuta Ocupacional.

Dentre os colaboradores, cinco deles – dois com formação básica em Psicologia, duas em Fisioterapia, uma em Nutrição e outra em Medicina –, ingressaram diretamente na Instituição de reabilitação, enquanto ainda eram alunos de cursos de especialização, sendo efetivados, posteriormente, como colaboradores.

Os outros seis – um psicólogo, a assistente social, duas das três nutricionistas, a fonoaudióloga e a enfermeira – tiveram uma trajetória diferente. Após concluído seus cursos básicos universitários, iniciaram suas atividades profissionais em Serviços de Unidade de Tratamento Instensivo, em Serviços de merenda escolar, home care, associação para surdos, monitores em instituição de ensino e colaboradoes em empresas em outras várias atividades privadas .

Estes seis profissionais ingressaram na Instituição após breves períodos de experiência nestas áreas. Entre dois e cinco anos após a conclusão da formação superior.

O tempo de atuação na instituição varia entre 3 e 29 anos. Os profissionais iniciaram suas atividades nesta instituição pouco tempo após concluírem a formação universitária, ingressando em um período que varia de meses até cinco anos pós concluir o curso.

A instituição onde foi realizada a pesquisa oferece a seus usuários atendimento em programa de reabilitação em regime ambulatorial em todas as suas unidades, entretanto, algumas destas unidades também oferecem o regime de internação (A internação e o programa ambulatorial estão mais detalhadamente explicitados no Capítulo IV). Os profissionais Daniel e Betina desenvolvem suas atividades profissionais em unidades que apresentam o sistema de internação e ambulatorial, e os demais participam de unidades que contam somente com os programas em regime ambulatorial.

Ao longo das entrevistas realizadas com cada um dos participantes foram investigadas as percepções e sentimentos deles em relação às subcategorias seguintes:

Quadro 2: Subcategorias

1. Às concepções relacionadas às suas atribuições e papel na reabilitação:

A) Como define o papel de um terapeuta de reabilitação e qual a sua importância no processo de enfrentamento e elaboração do indivíduo com deficiência.

B) O que entende por ato terapêutico.

2. À interferência do meio familiar, equipe de profissionais e ambiente institucional:

A) De que maneira percebe a interferência da família do paciente.

B) De que maneira percebe a influência da equipe em sua atuação junto ao paciente. C) Qual o ambiente ideal para desenvolver uma assistência de qualidade junto ao paciente.

3. À contribuição acadêmica para a formação:

A) De que maneira o curso universitário contribuiu para com sua atitude terapêutica diante do paciente.

B) Se possuía na graduação alguma disciplina voltada para aspectos humanos, psicossociais que enfatizassem aspetos comunicacionais relacionados à sua atuação junto ao paciente.

C) Como deveria ser estruturado um curso universitário básico de graduação de maneira a preparar o terapeuta para esse contato com o paciente.

4. As dificuldades e frustrações presentes na relação estabelecida com o paciente e os recursos utilizados para lidar com estes aspectos:

A) Quais os limites ou dificuldades frequentemente presentes na relação com o paciente.

B) O que pode gerar ansiedade ou frustração no trabalho com o paciente em reabilitação. Quais recursos ou estratégias utilizados para lidar com estes sentimentos.

5. Aos recursos, habilidades pessoais que reconhece em si mesmo:

A) Quais os seus recursos e ou qualidades pessoais que favorecem sua vinculação com o paciente.

6. Às práticas de saúde identificadas como importantes e os receios em relação à própria saúde e integridade:

A) Quais as práticas de saúde que valoriza e adota em seu cotidiano. B) Quais os receios e medos em relação à própria saúde.

C) O que julga que seja importante um terapeuta de reabilitação possuir enquanto recursos de auxílio ou suporte para manter uma boa saúde, levando-se em consideração o seu tipo de atuação profissional.

7. As ideias atribuídas ao conceito de Humanização: A) O que significa pra você o termo “humanização”.

Os profissionais responderam as questões, apresentadas a partir de um roteiro (Apêndice 1), sem evidenciarem nenhuma dificuldade e ilustraram muitas respostas rememorando algumas situações específicas com pacientes. O conteúdo apresentado em algumas respostas fez menção ou contribuiu para o esclarecimento e complemento de outros aspectos enfocados em perguntas diferentes, o que dificultou a organização do conteúdo dos discursos em categorias fechadas uma vez que estas categorias temáticas acabaram evidenciando relações muito estreitas e complementares.

Sendo assim, visando maior clareza e compreensão dos resultados obtidos no estudo, o conteúdo dos discursos dos indivíduos serão apresentados a seguir por meio de quadros que ilustram uma síntese das respostas centrais apresentadas pelo grupo de participantes da pesquisa aos questionamentos direcionados aos sete focos sub temáticos referidos acima.

Os trechos de falas transcritos apresentam características peculiares e muitas vezes, pouco formais ou corretas, características da oralidade dos indivíduos durante a conversação. Os trechos destacados em negrito representam a síntese e a essência das ideias manifestas pelos participantes da pesquisa e os trechos em itálico são transcrições literais dos discursos apresentados pelos entrevistados.

Quadro 3: Concepções relacionadas as suas atribuições e papel na relação com o paciente com deficiência física. De que maneira percebe a si mesmo na relação com o outro; o que entende por “ato terapêutico”; qual o papel do terapeuta de reabilitação; e qual a sua importância no processo de enfrentamento e elaboração da deficiência física do indivíduo.

Angela - O paciente é alguém com uma expectativa muitas vezes elevada (como, por exemplo, voltar a andar) e que com frequência não poderá ser alcançada / Como alguém que está tão ansioso pelo resultado final, que não consegue reconhecer os pequenos ganhos que teve... Ou, ao contrário, está positivo demais em relação à sua evolução, ao longo do programa / Às vezes está deprimido; que não quer seguir as orientações; alguém que não quer melhorar. / Alguém que “depende do empenho dele mesmo pra conseguir melhorar” / Ele tem que aceitar a nova condição e saber que ele está ou pode vir a melhorar…/

- O papel do terapeuta é melhorar o equilíbrio, conseguir fazer andar, fazer tocar a cadeira de rodas, garantir conforto, segurança, prevenção de deformidades e melhorar a dor. Contribuir com a qualidade de vida (do paciente), autonomia, independência, aceitação da realidade e desenvolvimento máximo do potencial do paciente / Mostrar para o paciente os seus limites e também os seus potenciais. / Fazer ver que “não é nada mágico e que depende do empenho do paciente pra ele conseguir melhorar” / Tentar explicar as técnicas e condutas / Ter um bom relacionamento com o paciente... Fazer ele se abrir mais, ficar mais à vontade na terapia, estar mais empenhado pra vir pra terapia / Saber se impor, saber dar o limite a alguns pacientes.

- O ato terapêutico ocorre no contato com o paciente / No contato inicial, ou durante a terapia / Na forma como realiza o toque, como se explica e no cuidado com o paciente. / Não só no exercício físico em si, (mas em) todo o entorno.

Como fisioterapeuta, sempre acaba “focando mais na parte física... Nunca vai ser exclusivamente físico... O trabalho do fisioterapeuta sempre envolve outras coisas além do físico. (Algumas ações voltadas para ganhos físicos podem) melhorar o contato com o ambiente e melhorar a inclusão do paciente”.

Betina - O paciente é alguém que chega sem noção nenhuma de como lidar com esse corpo que passou por mudanças / tem que tentar ir além do que ele acha que não pode fazer. - O papel do terapeuta é acolher o paciente / Servir como um “norteador” / Mostrar os limites para o paciente/ Deixar claro para o paciente que “ele consegue ir além desses limites... Estimulando ele a buscar o melhor, querer sempre mais... A explorar outras possibilidades...

- O ato terapêutico é tudo que vai trazer algum benefício para o paciente em seu meio e também é “até mesmo uma bronca” que se dá no paciente.

Camila - O paciente é alguém com uma limitação física / Que almeja a recuperação física / Que “têm que deixar morrer a pessoa que (ela) era antes, pra (deixar) nascer aquela que vive agora (aprendeu isso assistindo uma aula na instituição em que trabalha)”.

- O papel do terapeuta é sempre ter que pôr limite... / É colaborar para que o paciente se mantenha saudável ao longo da vida/ Contribuir pra que ele tenha qualidade de vida / Escutar./ “Num primeiro momento, tinha certo constrangimento em ter que pôr mais um limite… fui entendendo que o meu papel não era (simplesmente impor) um limite por limite, era por necessidade. Fui começando a entender melhor e (a) transpor essa barreira que eu tinha, de que eu estava sendo mais um limite para ele. (Fui vendo) que eu tinha, além daquele limite, um objetivo concreto, que ia ajudá-lo muito, se eu conseguisse passar (as restrições da dieta), sem desrespeitar, sem ser de uma maneira impeditiva, sempre na sugestão…"

Daniel - O papel do terapeuta é acolher, orientar esclarecer e acompanhar o tratamento... / Detectar eventuais dificuldades que podem atrasar ou dificultar esse processo e detectar recursos positivos que o paciente possa ter.

Elisa - O paciente é aquele que tem a expectativa de cura total / que constantemente está sendo posto à prova em suas limitações / Aquele que vai ter sequela/ Alguém que terá que assumir um compromisso com ele mesmo com relação ao seu próprio corpo.

- O papel do terapeuta é trabalhar com o corpo do paciente, sem deixar de ver a pessoa como um todo (em papéis que assume, frente à família, à sociedade, frente a tudo que é capaz de executar) / Estimular as potencialidades nos aspectos motores, relacionados sempre à função... / Fazer com que enxergue que ele pode se desgrudar do processo de reabilitação, mas que ele não vai desgrudar do seu corpo para poder manter o pico de melhora que ele ganhou no programa / Lidar com a incapacidade do indivíduo/ Trabalhar com a possibilidade de finalização de um processo de reabilitação, mesmo que a finalização não tenha o êxito que o paciente imagina.

(Sou) “uma terapeuta física, porque trabalho com o corpo (dos pacientes), então necessariamente vou trabalhar a reabilitação no sentido da incapacidade do paciente nos seus aspectos físicos funcional” / Cabe ao terapeuta “explorar as potencialidades da pessoa, (paciente), naquilo que ela está impedida de realizar, mas inserindo isso num contexto maior... (O paciente) precisa estar fazendo aquilo que os segmentos lhe permitem, mas dentro de uma adequação, nos seus aspectos emocionais, seus aspectos de comportamento”.

- O ato terapêutico ocorre desde o acolhimento do paciente para o processo / Quando se tem conhecimento das necessidades (do paciente) e das próprias limitações.

“Ninguém é ‘todo poderoso’, você, (o Fisioterapeuta), pode até ter uma dificuldade, mesmo que já tenha experiência; mas se você (se) relacionar com o seu paciente, na medida de que a sua intenção é propor pra ele (o melhor), dentro daquilo que você conhece ou dentro daquilo que está disponível no meio científico. Você estabelece aí uma situação que a gente poderia chamar de um ‘Ato Terapêutico’”.

Fabia - O paciente é visto como aquele que enxerga uma esperança de mudança de vida no terapeuta.

- O papel do terapeuta é ser “Um dos principais contatos do paciente” / Aquele que enxergar o paciente no contexto geral, como um todo, oferece apoio e conhecimento pra melhorar sua vida / Situa o paciente para ir lidar com suas expectativas, aproximando da realidade que ele está vivendo naquele momento, adequando as perspectivas que ele tem / “O faz ver que pode de um jeito diferente, mas (que ele pode) continuar”.

- O ato terapêutico ocorre quando o conhecimento é usado para avaliar ou intervir na vida do paciente.

Geni - O paciente está num momento de vida muito frágil, com uma sequela importante e que não chega feliz por estar numa nova etapa / Chega fragilizado e apresenta uma expectativa “muito alta”, pois está “Voltado ao que ela era antes” / Pode encontrar dificuldades para expressar seus sentimentos no ambiente familiar.

- O papel do terapeuta é ter empatia. / Se colocar no lugar do outro, pra saber como orientar, sem tirar essas expectativas de uma vez só, mas também não alimentando algo que não é real / Ajudar no enfrentamento e no conhecimento da realidade, dos caminhos que se tem. / Facilitar a expressão do paciente naquilo que ele está sentindo.

- O enfrentamento é “Não passar (por aquilo tudo) sem sofrimento, mas é apesar do sofrimento, poder retomar a vida, poder retomar as atividades, mesmo após um evento traumático”.

- O ato terapêutico é um ato de cuidado é uma vivência que traz benefício pra outra pessoa, e não necessariamente uma vivência que ocorra única e exclusivamente no âmbito profissional...

Helena - O paciente é alguém que tem a expectativa “de voltar a ser o que era antes”, alguém que busca a “cura”.

- O papel do terapeuta é buscar a maior funcionalidade do indivíduo / “Fazer a inserção do indivíduo dentro do convívio familiar, do convívio social. Eu acho que esse é o papel da reabilitação”. “Acho que o meu papel aqui é buscar o funcional para o paciente ou trazer ele o mais próximo disso” Buscar “outra possibilidade de comunicação, mais funcional, que ele consiga se comunicar com o profissional, com o familiar, com o amigo, então trazer ele o mais próximo disso, ele tem que estar funcional, às vezes, não tão funcional assim, mas pelo menos, conseguindo expressar as necessidades básicas...

- O ato terapêutico ocorre quando “você trabalha essa funcionalidade, mas também, acolher, o acolhimento desse paciente” / Quando vocês traz o paciente “para essa realidade, mas sem depreciá-lo, sem que ele perca o interesse em continuar a reabilitação” / Quando o terapeuta sai de um “patamar superior, "se coloca no lugar do paciente" e “partilha” emoções.

“É importante dentro do processo, você descer no patamar do paciente, não é quando o paciente chega aqui na sala e vê você como um Deus, uma pessoa que sabe tudo. Então, é participar do dia a dia, procurando esclarecer dúvidas e às vezes, tendo dúvidas junto com ele, eu vou buscar essa informação… Não comprar aquela ideia de que você é detentora de todos os saberes… Não, eu acho isso errado, mesmo porque nós não somos isso, né? Eu acho que você tem que se colocar no papel do paciente. É claro que se o paciente chorar, você não vai chorar junto, não é isso, mas é você conseguir partilhar, você tem que partilhar esse processo”.

Ingrid - O papel do terapeuta é o de alguém que tem limitações: “nem sempre a gente consegue melhorar tudo isso” / Tem que ter capacitação para ajudar dentro da sua área, promover qualidade de vida.

O ato terapêutico é uma ação, no sentido de melhora.

- O terapeuta pode identificar um problema, mas isso pode não estar de acordo com o que o seu paciente deseja. “Tenho que adequar à expectativa dele e a minha... você expõe isso: ‘Acho que tá acontecendo isso e isso, mas eu acho que você tá precisando disso, pelo o que você me falou’... É uma maneira, primeiro, de acolher, então, a hora que você acolhe, ele se sente mais à vontade para dar continuidade. Nem sempre a gente consegue fazer isso, mas eu acho que isso é importante para o seguimento. O paciente se sentido acolhido, se sentido ouvido, é mais fácil você, depois, conseguir chegar ao seu objetivo, mesmo não sendo dele”.

Julia - O paciente é alguém que já tinha, muitas vezes, comportamentos de risco, mas não tinha muitos conhecimentos relacionados à saúde / Está deprimido e chateado.

- O papel do terapeuta é auxiliar, orientar, ajudar o paciente nessa nova situação que ele se encontra na parte… complementar o trabalho em equipe / Acolher, escutar, até mesmo conteúdo que aparentemente não tem a ver com o foco do atendimento previsto.

Keyla - O paciente chega com uma grande expectativa de que seu problema vai ser resolvido e que, muitas vezes, só vê o problema físico.

- O papel do terapeuta é o de alguém que possui um conhecimento técnico de cada área / Que incentiva a autonomia, “a responder pelos seus atos, seus direitos, seus deveres, com responsabilidade consigo” / fazer com compreenda que pode ter outras conquistas. - Divisão dos aspectos físicos e emocionais nas ações de trabalho: “Uma pessoa que chega com uma grande expectativa de que seu problema vai ser resolvido, muitas vezes, ele só vê o problema físico dele, mas não o social, psicológico e a gente o faz resgatar tudo isso, refletir sobre também a importância dessas outras áreas na vida dele, para que ele prossiga, tanto na vida profissional, na sociedade, até na vida religiosa que envolve a social”.

- O ato terapêutico é um momento que a pessoa tem para si... Para “pensar na vida dela, para ela”.

Quadro 4: Interferência do meio familiar do paciente, equipe de profissionais e ambiente institucional

Como a família (e ou cuidadores), a Equipe profissional e o ambiente interferem e influenciam essa relação.

Angela - O terapeuta precisa da família para auxiliar fisicamente o paciente durante o programa, mas também para dar seguimento às orientações em domicílio / Algumas vezes é importante orientar o familiar para que ele se mantenha saudável ao realizar as ações de cuidado “Já teve paciente que era tetra(plégico), completamente dependente, aí a esposa que fazia tudo, e ela estava com dor na coluna e tendinite no braço, eu falei: ‘Você precisa cuidar de você! Se você trava, e aí como é que faz com ele, se só você cuida dele, né!?’”/ Porém, em alguns momentos existem dificuldades no contato com a família: “Tem familiar que mais atrapalha que ajuda, tem familiar que é muito ansioso (que quando) você está cuidando do paciente, o familiar quer perguntar da coluna dele... Tem hora que eu acho que é importante, assim, ter (essa interferência da família)... Mas tem hora que não tem nada a ver. A pessoa (o familiar), quer falar dela e esquece que ali o foco é o paciente”.

- A equipe é algo muito positivo “tanto pro paciente, como pro profissional... consegue somar, os conhecimentos, as percepções... os objetivos (são os mesmos)... (Aumenta) a eficiência num objetivo final”.

- O ambiente ideal deve ser confortável, sem riscos, com temperatura e iluminação adequada / “Tem horas que é favorável estar em grupo, tem horas que é favorável estar mais separado” / “O profissional estar ali satisfeito, né, então (tem que ter) mesmo a questão de humanização”.

No documento Maira Baldan Fechio Rodrigues Pereira (páginas 88-170)

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