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2 OS PRESSUPOSTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS DA PESQUISA

2.5 Análise e tratamento do material empírico e documental

Analisar os dados desde o início da pesquisa é fundamental para desencadear as pretensões pertinentes ao seu objeto. O zelo ao organizar, selecionar, arquivar os dados, nos faz ver a importância do planejamento na pesquisa. Quando se planeja, se ganha tempo, e assim, não corremos risco de perder informações relevantes no processo de classificação dos dados, separando- os de outras que poderiam não contribuir para entender os objetivos propostos sobre o objeto em estudo. Selecionar os dados exige cuidado e perspicácia do pesquisador. Essas orientações teóricas sobre os procedimentos analíticos para qualquer pesquisa são firmadas por André (2005):

Desde o início do estudo, no entanto, são usados procedimentos analíticos, quando se procura verificar a pertinência das questões selecionadas frente às características específicas da situação estudada e são tomadas decisões sobre áreas a serem mais exploradas, aspectos que merecem mais atenção e outros que podem ser descartados. Essas escolhas decorrem de um confronto entre os fundamentos do estudo e o que vai sendo “aprendido” no desenrolar da pesquisa, num movimento constante que perdura até o final do relatório. (ANDRÉ, 2005, p. 55).

Os dados classificados surgiram conforme informações geradas e, a partir delas, selecionamos as relações de acordo com as categorias imbricadas na pesquisa para, então, realizar uma análise dos documentos e das falas dos sujeitos entrevistados. O que nos proporcionou, a partir daí, a relação com os referenciais teóricos para constituirmos a interpretação da nossa problemática, proporcionando um diálogo em torno do que foi se construindo enquanto conclusão.

O Recolhimento dos dados: os dados foram organizados em arquivos (pastas) a partir da fala dos sujeitos entrevistados e conforme a sua categorização. Tivemos, portanto, os seis educandos da EJA, uma professora, três pessoas da comunidade. Recorremos ao acúmulo dos documentos para análise conforme as categorias aqui descritas.

Transcrição dos dados coletados: concluídas as entrevistas, a fase seguinte foi a transcrição na íntegra das falas dos sujeitos. A transcrição foi realizada pela própria entrevistadora para que não ocorressem equívocos, omissões e incorreções, já que a entrevista envolve complexidade das relações sociais e da riqueza de

informações. É importante que o pesquisador se atente para “as pausas, as exclamações, os gestos, o silêncio dos entrevistados” (PARO, 2000, p.26).

Revisão minuciosa dos dados: após catálogo das falas, tornou-se necessária uma leitura profunda para apreciação das informações obtidas nas entrevistas, conforme os critérios discutidos entre os sujeitos entrevistados e o pesquisador. Esta etapa favoreceu uma aproximação dos aspectos relevantes para a construção da análise. Identificar as categorias nesta pesquisa constitui um trabalho árduo e, para isso, necessitamos ler e reler todo o material gerado no processo das entrevistas. Como frisa André (2005, p. 56): “o passo seguinte é leitura e releitura de todo o material para identificar os pontos relevantes e iniciar o processo de construção das categorias descritivas”.

Triagem dos aspectos relevantes: os dados são complexos e variáveis, impossibilitando, dessa forma, abarcar todas as informações na investigação. O processo da leitura minuciosa propiciou, após processo de transcrição, uma identificação dos principais elementos que envolveram o processo investigativo, delineando-se o objeto de pesquisa. As categorias foram surgindo, principalmente, a partir dos eixos das entrevistas, no processo de classificação das informações pertinentes à relevância do tema Educação de Jovens e Adultos,ribeirinhos quilombolas,saberes sociais e culturais (categorias eleitas).

Interpretação dos dados: assumimos a análise crítica para relacionar os dados construídos pelo referencial de documentos e pela pesquisa de campo com relevância nas entrevistas dos sujeitos ribeirinhos quilombolas, o que proporcionou a elaboração de um importante instrumento para fazer inferências vinculadas ao contexto de discussão e construção. Compreendemos que o processo de sistematização e a análise do material se constituem, de maneira dinâmica, como um conjunto de ações que permeiam toda a fase de execução e construção da pesquisa. Para discussão sobre a EJA foram analisados os Relatórios do Fórum da EJA (1999,2006,2008) e CONFINTEA V (1997) e VI CONFINTEA (2009), para os dados estatísticos da situação educacional da EJA no município de Abaetetuba e na comunidade do Médio Itacuruçá recorremos ao levantamento na SEMEC. Os documentos das associações dos ribeirinhos quilombolas nos favoreceram informações relevantes sobre a organização política e educacional contidas nas atas

e estatutos dessas instâncias políticas. Considerando, portanto, a análise documental e a realização das entrevistas, vale-se este trabalho das inferências condizentes com as discussões que tem como base a subjetividade dos sujeitos ribeirinhos quilombolas, de seus saberes na inserção de uma Educação de Jovens e Adultos por uma educação ao longo da vida e a emancipação humana.

Entendemos, assim, que para auferir conhecimentos às categorias mencionadas acima, devemos nos apropriar de fundamentações teóricas que possam dialogar sobre a temática proposta. Entre o aporte teórico que vem contribuindo com a construção de educação voltada a prática de dialogicidade entre diversos sujeitos, citamos Paulo Freire (1980,1983,1987,1989,1993,1997, 2007) que nos leva a refletir sobre o compromisso de uma educação voltada a especificidade de seus sujeitos. Pinto (1993) frisa que o adulto é o ser humano no qual se verifica a potência e caráter de ser trabalhador. Torres (1999) enfoca a importância de se investir na EJA, olhando-se para a especificidade do adulto. Coelho (2003) nos aprecia com a visão de jovens trabalhadores na EJA. Gadotti e Romão (2000) frisam que a política nacional da alfabetização só terá resultado mediante um projeto político-econômico que supere as causas sociais que produzem e mantem o analfabetismo. Brandão (1993) enfoca a educação no processo de alfabetização que deve partir do contexto no qual os sujeitos estão inseridos. Soares (2002) reforça a educação de jovens e adultos como direito subjetivo. Silva (1995) contribui com a reflexão do currículo significativo. Candau (2008) suscita uma educação que cria possibilidades de lutas na garantia pelos direitos, contra as desigualdades e se respeite as diferenças de cada um.

Na especificidade dos ribeirinhos quilombolas destacamos: Arruti(2006); Furtado e Melo (1993); Maestri (1988), Treccani (2006), Vilhena (2005) e Anjos (2004, 2006, 2007) são autores ligados ao discurso na linha dos saberes com extensão ao tema de formação, luta, organização dos remanescentes quilombolas.

No referencial metodológico, enumeramos: Gatti (2002); Gamboa (1995); Chizzotti (2010); Minayo (1994,2002,2008); Ludke e André (1986); Triviños;(1987); Bogdan e Biklen (1994); Helder (2006); Kossoy (1998); Alves (2004); Sousa (2006); Cunha(1989) – autores que contribuíram com fundamentações condizentes com o objetivo da pesquisa, tendo como referencial a pesquisa qualitativa.

Portanto, com este aporte bibliográfico e referências dos saberes ribeirinhos quilombolas apresentamos os resultados desta produção nas seções seguintes.