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Análise do custo-efectividade da vacina

XVII. FORMAÇÃO CONTÍNUA

2 BEXSERO Vacina contra Neisseria meningitidis serogrupo B

2.9 Análise do custo-efectividade da vacina

Foram realizados inúmeros estudos de forma a re-avaliar o custo-efetividade da vacina Bexsero. Os resultados demonstraram que a vacinação de crianças (2,3, 4 e 12 meses) reduz em 26,3% o número de casos de meningite nos primeiros cinco anos do programa.

Estes valores mostram que a vacina apenas seria custo-eficaz se esta tivesse um valor de 4,20€, aproximadamente, por dose, e assumindo que cobre 88% das estirpes, evita a transmissão da doença em 30% e apresenta 95% de eficácia contra a doença.44 Estes valores devem-se à baixa incidência da doença na Europa. No entanto, se a incidência da DM aumenta-se, estes valores inflacionavam, mas não ultrapassando os 40€ por dose.45

36 Tabela6 : Preço máximo por dose para a vacinação de rotina infantil (2, 3, 4 + 11) contra a doença MenB, de acordo com a incidência.

A vacina a preço de 0 € por dose significa que apenas são pagos os custos de administração de 6,81€ por dose.

Gráfico 3: rácio incremental de custo-efetividade para o caso base com vacinação aos 2, 3, 4 + 11 meses de idade.. No que diz respeito á vacinação de adolescentes, esta mostra-se uma estratégia economicamente superior, mas depende se a vacina interrompe a transmissão da doença, o que leva muitos anos para ter qualquer impacto real.

Combinando as estratégias de vacinação infantil e em adolescentes, alcança-se o maior impacto (29,1% de redução, em cinco anos, 37% em mais de dez anos), sendo rentáveis se o custo da dose compreender entre os 5€-8€.

Com a actual incidência da doença Men B, a vacinação de rotina é improvável que seja rentável em termos de custos. No entanto, se o preço da vacina for reduzido ou a incidência da doença aumentar, esta já poderá ser uma estratégia rentável.45 È de salientar que em Portugal as doses da vacina Bexsero apresentam o valor de 98,36 euros, muito acima dos valores base para a ser custo-eficaz.

Vários países Europeus têm considerado, mas não recomendado, a vacinação universal, como é o caso da França. Holanda e Canadá, em que os modelos económicos indicam que a vacinação contra a doença Men B é improvável de ser rentável.44

37 2.10 Conclusão

A doença meningoccócica (DM) invasiva é uma infecção grave causada pela Neisseria

meningitidis. A mortalidade varia entre 5% e 14% e as sequelas neurológicas, perda de audição,

alterações cognitivas, cicatrizes e amputações podem atingir 11 a 19% dos sobreviventes. A descoberta de uma vacina contra este serogrupo é um marco importante. Em ensaios clínicos, a vacina foi considerada imunogénica, segura e capaz de induzir memória imunológica. No entanto, o meningococo B possui uma grande diversidade genética pelo que a vacina não é 100% eficaz, a duração da imunidade é desconhecida, a efectividade ainda não foi avaliada e a sua utilização fora dos ensaios clínicos é limitada.

A vacina é segura e poderá ser administrada para protecção contra a doença invasiva. Contudo, a dúvida mantém-se sobre a percentagem de estirpes circulantes em Portugal cobertas pela vacina e sobre a sua efectividade.

Por outro lado, os custos de vacinação são elevados e é improvável que esta seja custo-efectiva nos preços praticados. A Bexsero, tem um custo de 98,36€ a dose, não fazendo parte do Plano Nacinal de Vacinação.

Quando falamos de custo-benefício, obrigatoriamente temos que colocar um preço na vida de um individuo, e é neste ponto que surge a questão: Quanto vale a vida do seu filho?

Á medida que ia contactando com os pais, e explicando o que é a meningite B, fui-me

apercebendo, que embora o valor praticado em Portugal seja muito elevado, a adesão a vacina era poucas vezes colocada em causa. Os pais perceberam a gravidade da doença e a importância da sua prevenção e transmissão. É verdade que este meu trabalho não me permite retirar valores objectivos (nº de vacinas vendidas, e um questionário não me pareceu fazer sentido neste caso), o que de certa forma não lhe dá a importância que merece. O que posso descrever, visto que estagiei seis meses na mesma farmácia, é a diferença na atitude e visão dos pais, para com a vacina. Se na primeira dose apresentavam-se na farmácia reticentes, confusos e por vezes revoltados, quando voltavam para a segunda dose, a atitude era diferente. O meu trabalho passou por informar toda a equipa, pois não estaria a tempo inteiro na farmácia, e afixar algumas informações acerca da vacina no nosso quadro de cortiça (anexo IX). Aquando o esclarecimento dos pais, focávamos na explicação da meningite B, nas manifestações clinicas, nas doses que iriam ter que comprar e nos efeitos secundários possíveis depois da vacinação. Explicávamos que era verdade que não era custo-eficaz, mas que neste momento era a única solução, pois o “melhor remédio é a vacinação”. Estariam portanto a investir no futuro do seu filho: “Quanto vale a vida do seu filho?”

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42

43 ANEXO I

Figura 1: Vista exterior da FSG

Figura 2: Área de atendimento ao público

Figura 3: Gabinete de atendimento personalizado

44 Figura 4: Área de stock ativo

Figura 5: Área de apoio

Figura 6: Armazém

45 ANEXO II - Fatura

46 ANEXO III – Nota de devolução

47 Anexo IV – Receita com Regime normal

48 Anexo V – Receita com regime especial

49 Anexo VI – Receita de um psicotrópico

50 Anexo VII – Panfleto de sensibilização á vacinação contra a gripe

52 Anexo VIII

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