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3 MOBILIDADE E ACESSIBILIDADE URBANA

3.3 Análise Espacial da Acessibilidade

A análise da acessibilidade se enquadra no âmbito da análise espacial (LIMA et al., 2004). Kneib (2012) afirma que a análise espacial é o estudo quantitativo de fenômenos que são possíveis de serem localizados no espaço. Esta análise que é feita por mensuração envolve muitos atributos, então o modelo de avaliação pode ser feito por métodos de avaliação

multicritério para obtenção de seus índices (LIMA et al., 2004). Segundo Câmara et al. (2014), a análise espacial é o conjunto de procedimentos encadeados que possuem a finalidade de uma análise exploratória e a visualização dos dados através de mapas e possuem como suporte as técnicas de visualização no SIG.

Os estudos de acessibilidade são variados, mas tem em comum o objetivo de quantificar ou medir as facilidade e/ou dificuldade de acesso. Leva em consideração a facilidade ou dificuldade de atingir algum lugar, o potencial ou a oportunidade para deslocamentos a lugares selecionados e o conforto com o qual um local pode ser alcançado (CARDOSO, 2006).

Para uma análise espacial da acessibilidade territorial, que considere o deslocamento a equipamentos públicos e aspectos do relevo é possível a utilização de SIG, que permite a representação gráfica da realidade da morfologia espacial associada a informações que são importantes na análise de acessibilidade. Segundo Câmara et al. (2014), o SIG permite construir uma abstração dos objetos e fenômenos do mundo real, obtendo-se uma representação simplificada que seja adequada às finalidades das aplicações do banco de dados. O procedimento da análise espacial segue com a utilização do método de cálculo de avaliação multicriterial que gera um índice de acessibilidade.

Os indicadores aplicados em mapas desenvolvidos em SIG permitem analisar a acessibilidade como uma variável espacial, demonstrando áreas com diferentes graus de acessibilidade aos equipamentos públicos e sua relação com a segregação espacial do espaço urbano.

3.3.1 O uso de Sistemas de Informação Geográfica no estudo da acessibilidade

Segundo Câmara et al. (2014), o geoprocessamento é a disciplina com técnicas matemáticas e computacionais para tratamento da informação geográfica. Essas ferramentas computacionais são denominadas Sistemas de Informação Geográfica (SIG) ou Geografic Information System (GIS). Os autores apontam que a ciência da geoinformação ainda não se consolidou como disciplina independente, por possuir uma natureza interdisciplinar, que aborda interesses de diferentes áreas, como a informática, geografia, planejamento urbano, engenharia, estatística e ciências do ambiente. Com a sua utilização obtém-se a redução dos conceitos da disciplina em representações, traduzindo o mundo real para o ambiente computacional, através da semântica de seu domínio de aplicação. As representações dependem de como o observador percebe o espaço, de sua experiência e necessidade específica. A sua utilização permite a

realização de análises complexas, ao integrar dados de diversas fontes e criar bancos de dados georeferenciados, automatizando a produção de documentos cartográficos, destinados a temática escolhida.

Segundo Câmara et al. (2014), os atributos de localização geográfica, são dados espaciais, que possuem sua localização estabelecida quando é possível descrevê-lo em relação a outro objeto, ou quando se determina sua localização, diante de um sistema de coordenadas em um determinado instante de tempo. Ou seja, o uso do SIG é uma forma de representação do espaço físico geográfico, que pode ser identificada no mundo real.

O SIG é um sistema que permite associar dados não geográficos à determinada área geográfica, sobrepondo informações em forma de camadas. Cada uma dessas camadas compõe um grupo de informações referentes ao espaço que sobrepõem. Tem como finalidade “capturar, armazenar, atualizar, manipular, analisar e apresentar todas as formas de informações referenciadas geograficamente” (RAIA, 2002, p. 109). Um SIG permite a utilização de diversas fontes de materiais gráficos como mapas, fotos aéreas, imagens de satélites, entre outras. O autor aponta dois conjuntos de informações, são o banco de dados espaciais (morfologia e posicionamento) e o banco de dados de atributos que descreve as informações.

Definido pelo tema da cartografia que se espera produzir, é representado no mapa uma seleção de atributos escolhidos para a análise, relacionadas com a superfície territorial. Os dados aplicados ao sistema são correspondentes ao real, representam seu território e associam as informações. O SIG permite produzir simulações de diferentes ações para uma previsibilidade do resultado, o que possibilita a escolha de uma melhor opção para decisões no âmbito do planejamento urbano.

O uso do SIG possibilita a espacialização dos dados, georeferenciados, dentre os quais importam para um trabalho de estudo de acessibilidade: dados socioeconômicos e demográficos da população; dados de uso e ocupação do solo; dados que demonstrem a oferta de transporte; dados sobre a demanda de transporte (RAIA, 2000). Ainda, podem ser necessários fluxos de origem e destino da população; trajetos; percursos e distâncias e dados sobre as características do território como geomorfologia, sistema viário, infraestrutura urbana.

O SIG possibilita a gestão e manuseamento dos dados que compõe o indicador de acessibilidade e uma visão global do território que se destina a analisar a acessibilidade. Além disso, com recursos gráficos de intensidades ou matizações de cores, é possível mapear a variação espacial do índice de acessibilidade no território estudado. Com a produção destas cartografias temáticas, tem-se um panorama geral da cidade e verificam-se as variações de

acessibilidade entre diversos locais. O cenário permite avaliar a situação em relação aos processos sociais e históricos de assentamento populacional e segregação espacial. Neste sentido, é possível questionar se a variação é aleatória ou está associada ao tipo de uso do solo, a infraestrutura urbana, a equipamentos urbanos, a classes sociais e outros fatores do desenvolvimento urbano.

A partir do cenário, que é representado o universo conceitual, que interessa à análise de acessibilidade, parte-se para o modelo de avaliação multicriterial.

O uso de Sistemas de Informação Geográfica no estudo da acessibilidade é largamente difundido no meio acadêmico. Lima et al. (2004) afirma que o sistema é uma plataforma que integram técnicas de gestão de dados, gestão e manuseamento das informações que se baseiam os índices de acessibilidade e ainda apresenta os resultados obtidos em mapas da área de estudo.

Cruz e Campos (2014) exemplificam diversos trabalhos que se utilizam da análise espacial com o uso do SIG em estudos de transporte, meio ambiente e ocupação do solo. As autoras concluem que o sistema facilita a análise e visualização de dados, a partir dos mapas e evidencia uma grande capacidade para geração novas informações. Kneib (2012) utiliza o SIG, para uma análise espacial, que enfoca as relações entre o espaço e transporte, a ferramenta possibilita o cálculo e visualização de um índice de acessibilidade específico.