• Nenhum resultado encontrado

Análise Estatística do Questionário

3.3 FORMA DE ANÁLISE DOS RESULTADOS

3.3.2 Análise Estatística do Questionário

O presente estudo buscou inicialmente utilizar apenas estatísticas descritivas simples com o suporte de gráficos e tabelas de distribuição de freqüência para caracterizar as empresas que compuseram a amostra de 20 respondentes da pesquisa. Todos os respondentes responderam às questões que compunham a primeira parte do questionário, que explorava as características descritivas dos participantes, a exemplo de seu porte (questão 2), participação das montadoras em suas vendas (3), tipos de veículos (4), origem do capital (5) e período de estabelecimento no país (6), sendo que as questões 2

e 3 determinariam se as empresas atenderiam aos requisitos originais da pesquisa, enquanto que as questões de 4 a 6 abrangeriam alguns dos fatores contingenciais analisados pela pergunta 3 da pesquisa.

A segunda parte do questionário, que descrevia o processo de precificação da empresa, não foi respondida por todas as empresas, dado que o processo de precificação seria analisado sob a abordagem do Custeio Alvo. No entanto, foi utilizada a estatística descritiva a título de comparação também para as empresas que não atendiam aos requisitos do presente trabalho, embora a ênfase na segunda parte do trabalho seja dirigida às empresas que atendiam aos requisitos.

O presente estudo utilizou uma abordagem similar à adotada por Dekker e Smidt (2003) para o processo de inferência estatística, tanto em relação ao tipo de testes utilizados (não-paramétricos) quanto ao nível de significância sugerido. O uso de testes não- paramétricos deveu-se à dimensão limitada da amostra e à possibilidade de distribuições amostrais inadequadas para a maioria das variáveis analisadas, enquanto que o uso de um nível de significância mais alto, a 10%, deve-se ao desejo de se aumentar o poder estatístico do estudo e não se incorrer em um erro do tipo I, rejeitando-se a hipótese nula quando ela fosse válida. Sierra Bravo (1997) comenta que os testes não-paramétricos possuem a mesma finalidade dos paramétricos, sem que, no entanto, demande-se que as variáveis analisadas na amostra cumpram com o requisito de apresentar uma distribuição normal. As conseqüentes vantagens são justamente o aumento da aplicabilidade do teste (por não demandar que se cumpra o requisito de distribuição normal) e sua utilidade para amostras menores (sendo a única opção quando o tamanho da amostra é muito pequeno), embora se reconheça que sejam menos potentes que os testes paramétricos, levando-se às vezes à ocorrência de um erro do tipo I.

As inferências analisadas são descritas abaixo.

1. As indústrias brasileiras de autopeças de médio e grande porte utilizam-se de práticas de gerenciamento de custos que possam caracterizar-se como Custeio Alvo?

A. Preço definido externamente à empresa: esperou-se uma alta correlação entre as

B. Custos comprometidos na fase de desenvolvimento: foram usadas estatísticas

descritivas para avaliar o uso das ferramentas de desenvolvimento e controle de custos, descritas pela questão 32, e para verificar se há uso freqüente do Custeio Alvo para produtos que já estejam desenvolvidos, conforme as questões 19 e 20.

2. Há significativas adaptações realizadas pelas indústrias brasileiras de autopeças em relação à Literatura?

A. Processo formalizado: foram utilizadas estatísticas descritivas para as questões de

27 a 29, que determinam a freqüência com que o Custo Máximo Admissível é atingido. Foi utilizado um teste não-paramétrico (Kruskal-Wallis) para verificar se os resultados obtidos para cada uma das alternativas da questão 29 poderiam ser considerados estatisticamente diferentes.

B. Estrutura formal dos grupos multifuncionais: foram inicialmente aplicadas

estatísticas descritivas às questões de 21 a 23, a respeito da estruturação hierárquica dos grupos multifuncionais e poder de decisão dos grupos; foi também utilizado um teste não-paramétrico (Kruskal-Wallis) para verificar se os resultados obtidos para cada alternativa da questão 21 poderiam ser considerados estatisticamente diferentes entre si.

C. Uso de grupos multifuncionais: a questão 24, sobre os níveis de envolvimento dos

departamentos dentro dos grupos multifuncionais, foi analisada com o uso de estatística descritiva, sendo utilizado o teste de Kruskal-Wallis para avaliar se as diferenças de importância foram estatisticamente significativas entre os departamentos.

D. Razão da adoção: a questão 18 foi analisada com o uso de estatística descritiva e

com o teste de Kruskal-Wallis para verificar se houve diferenças estatisticamente significativas entre as razões para a adoção do Custeio Alvo.

E. Elementos de custo considerados: os principais elementos de custo, considerados

F. Nível de relacionamento com fornecedores: além das análises originadas pelas

estatísticas descritivas, as questões 25 e 26 foram analisadas com o uso do teste de Kruskal-Wallis, para verificar se houve diferenças estatisticamente significantes entre o nível de relacionamento utilizado com os fornecedores. Foi também realizada uma análise de correlação, confrontando resultados financeiros (pergunta 10) com o tipo de relacionamento usado com os dois principais fornecedores.

3. Dentre um grupo específico de fatores contingenciais selecionados a partir de outros estudos similares sobre a aplicação do Custeio Alvo em outros países, quais deles poderiam influenciar características específicas dentro do processo do Custeio Alvo?

A. Origem da matriz: além das análises originadas pelas estatísticas descritivas,

desejou-se também realizar análises que permitissem verificar se empresas com origens específicas apresentavam níveis de comportamento que se pudessem considerar diferentes. Planejou-se a aplicação de testes de Mann-Whitney para as médias obtidas para empresas de diferentes origens para as questões 21 (nível de envolvimento de departamentos externos na execução de processos do Custeio Alvo), 26 (nível de relacionamento com fornecedores), 28 (nível de aceitação dos ajustes do Custo Máximo Admissível), 32 (ferramentas utilizadas) e 33 (elementos de custo utilizados).

B. Porte da empresa: além das análises originadas pelas estatísticas descritivas,

desejou-se também realizar análises que permitissem verificar se empresas com diferentes portes apresentavam níveis de comportamento que se pudessem considerar diferentes. Foram realizados testes de Mann-Whitney para as médias obtidas para empresas de diferentes portes para as questões de 21 a 24 (nível de envolvimento de departamentos internos e externos nos processos e em equipes multifuncionais), 26 (nível de relacionamento com fornecedores), 28 (nível de aceitação dos ajustes do Custo Máximo Admissível), 32 (ferramentas utilizadas) e 33 (elementos de custo utilizados).

C. Tempo de estabelecimento da empresa: além das análises originadas pelas

estatísticas descritivas, desejou-se também realizar análises que permitissem verificar se empresas estabelecidas há mais tempo possuíam efetivamente um processo de Custeio Alvo mais estável. Foi realizado um teste de Mann-Whitney para as médias obtidas para empresas de diferentes portes para as questões 32 (ferramentas utilizadas), além da

comparação das médias obtidas para a questão 28 (dimensão do ajuste aceitável para o Custo Máximo Admissível).

D. Nível de competição: além das análises originadas pelas estatísticas descritivas,

desejou-se também verificar se a estratégia adotada pela empresa (pergunta 7) ou o nível de competitividade presente no mercado (perguntas 11 e 12) poderiam ser fatores que influenciassem a adoção do Custeio Alvo, de forma que se utilizou o teste de Mann- Whitney para avaliar se as diferenças de estratégia e de nível de competitividade eram estatisticamente significantes para diferenciar empresas que adotaram o modelo ou não. Em relação aos clientes, buscou-se verificar o impacto de dois elementos: se o fornecimento a outras autopeças ao invés de a uma montadora envolve um maior nível de competição (pergunta 9); e se o fornecimento a partir de um condomínio logístico, gerido por uma montadora, implicaria em maior nível de competição, dado que a ingerência da montadora é maior (questão 8).

Adicionalmente às perguntas acima descritas, desejou-se verificar também um importante ponto identificado por alguns estudos anteriores (HAKALA, 2006; RATTRAY et al, 2007) – se seria possível afirmar que as empresas que adotam o Custeio Alvo possuíam melhores resultados financeiros que as aquelas que não o adotam, buscando-se correlação entre as respostas às questões 10 e 14.

4 ANÁLISES DOS RESULTADOS