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2. REVISÃO DA LITERATURA

4.7. Análise estatística

Os dados dos 16 diferentes parâmetros avaliados foram analisados de forma

independente, com uso do software estatístico JPM versão 10(69), sempre

considerando cada um dos 6 indivíduos avaliados como blocos.(70)

Para o parâmetro dor foi utilizado o teste não-paramétrico de Wilcoxon (71),

com nível de significância de 5%, onde foram considerados dois tratamentos, pré e pós-bandagem.

As hipóteses testadas foram:

H0: o parâmetro dor se mantém inalterado pré e pós–bandagem.

H1: o parâmetro dor não se mantém inalterado pré e pós–bandagem.

Os demais parâmetros - em função de não normalidade da distribuição dos resíduos e/ou heterocedasticidade, testados pelos métodos de Sharipo-Wilk e Levene, respectivamente - foram transformados pelo método de rank (ZAR, 2010) e então submetidos à análise da variância (ANOVA) considerando dois fatores principais, tratamento (pré e pós–bandagem) e linfadenectomia cervical (lado operado e não operado), e sua interação.

As hipóteses testadas foram:

H0: o parâmetro avaliado se mantém inalterado pré e pós–bandagem

H1: o parâmetro avaliado não se mantém inalterado pré e pós–bandagem

H0: a linfadenectomia cervical não tem efeito sobre a média do parâmetro

H1: a linfadenectomia cervical tem efeito sobre a média do parâmetro avaliado.

H0: o efeito da bandagem é o mesmo para o lado submetido à linfadenectomia

e o não submetido.

H1: o efeito da bandagem não é o mesmo para o lado submetido à

5.

RESULTADOS

Em relação ao parâmetro dor, avaliado pela escala analógica visual, pré e pós-aplicação da bandagem Dynamic tape, houve diferença significativa, com p- valor igual a 0,0103, evidenciando uma redução na dor referida pelos pacientes com o uso da bandagem (Tabela 2).

Tabela 2. Resultados da análise comparativa entre pré e pós-bandagem para Escala Visual Analógica de Dor (média ± erro-padrão)

Parâmetro Pré-bandagem Pós-bandagem Diferença p-valor

EVA 4,83 ± 0,28 3,67 ± 0,28 1,17 ± 0,40 0,0103*

* diferença significativa ao nível de 5% pelo teste F (Análise da Variância) ou Wilcoxon

A análise dos parâmetros de força mostra que houve diferença significativa entre o lado submetido à linfadenectomia cervical e o lado não submetido ao procedimento em todos os 5 testes realizados, sendo que o lado submetido à linfadenectomia cervical apresentou força menor quando comparado ao lado não operado (Tabela 3).

Tabela 3. Resultados da análise comparativa entre pré e pós-bandagem para força, em kgf

Parâmetro Rombóide Trapézio médio Abdução 60° Abdução 90° Flexão 60° p-value (Cirurgia) 0,0001* 0,0001* 0,0001* 0,0001* 0,0009* Não Operado 4,24 4,71 9,91 11,74 9,95 Operado 2,23 2,20 5,71 6,46 7,50 p-value (Tratamento) 0,0002* 0,0006* 0,0160* 0,5497 0,0651 Pré 3,07 3,11 7,61 9,16 9,06 Pós 3,40 3,81 8,02 9,04 8,38 p-value (Interação) 0,0369* 0,3611 0,3909 0,2377 0,0651 Não Operado Pré 4,22 4,58 9,78 11,81 9,65 Pós 4,27 4,85 10,05 11,67 10,24 Operado Pré 1,92 1,63 5,44 6,52 8,48 Pós 2,53 2,76 5,98 6,41 6,52 Desvio-Padrão 0,8833 1,0595 1,6066 2,6589 2,4511

* diferença significativa ao nível de 5% pelo teste F (Análise da Variância), dados transformados pelo método de rank.

Para o músculo rombóide a média de força do lado não operado foi de 4,22 Kgf e do lado homolateral à cirurgia a média foi de 1,92 kgf, no período pré aplicação da bandagem. Após o tratamento com a bandagem houve aumento significativo da força muscular do apenas do lado operado com p-valor igual a 0,0002, porém não houve melhora em relação à força do lado não operado (com p-valor para interação igual a 0,0369).

Para o músculo trapézio médio a média foi de 4,58 kgf do lado não submetido ao tratamento cirúrgico e de 1,63 kgf, com p-valor igual a 0,0001. Após o tratamento com a bandagem houve aumento significativo na força bilateralmente com p-valor igual a 0,0006.

Para os músculos do grupo abdutor 90˚ a média para o lado não operado foi de 11,81 kgf e de 6,52 kgf do lado operado apresentando diferença significativa com p-valor igual a 0,0001e para o grupo abdutor 60˚, a média de força em kgf para o lado não operado foi de 9,78 kgf e para o lado operado foi de 5,44 kgf e houve diferença significativa com p-valor igual a 0,0001.Quando aplicada a bandagem funcional houve incremento da força significativo bilateralmente com p-valor igual a 0,0160, apenas para o grupo abdutor a 60˚. Para o grupo abdutor 90˚ não houve diferença após o tratamento.

Ao analisar os dados em relação à força dos músculos flexores a 60˚ pode-se verificar que a média de força foi de 9,65 kgf para o lado não submetido à linfadenectomia e de 8,48 kgf para o lado submetido à cirurgia apresentando diferença significativa com p-valor igual a 0,0009. Porém não houve diferença após realizado o tratamento em ambos os lados.

Considerando a análise dos parâmetros de amplitude de movimento passivo, houve diferença significativa entre o lado submetido à linfadenectomia cervical e não submetido para os 4 movimentos testados. Para o movimento de abdução a média do não operado foi de 140,83˚ e para o operado foi de 128,89˚ com p-valor igual 0,0197, para a flexão a média foi de 155,11˚ para o lado não operado e de 147,11˚ para o lado operado com p-valo igual a 0,0005. Para o movimento de rotação interna a média foi de 67,50˚ para o lado não operado e 58,89˚ para o lado operado, apresentando p-valor igual a 0,0126 e para a rotação externa a média para o lado contralateral à cirurgia foi de 80,67˚ e do lado homolateral a cirurgia foi de 79,17˚,

com p-valor igual a 0,0219. Porém o tratamento com a aplicação da bandagem não apresentou diferença significativa. (tabela 4).

Tabela 4. Resultados da análise comparativa entre pré e pós-bandagem para amplitude de movimento passiva, em graus

Parâmetro Abdução Flexão Rotação interna Rotação Externa

p-value (Cirurgia) 0,0197* 0,0005* 0,0126* 0,0219* Não Operado 141,81 156,44 66,39 80,75 Operado 127,50 147,67 60,14 78,75 p-value (Tratamento) 0,4080 0,0602 0,4090 0,3126 Pré 134,86 151,11 63,19 79,92 Pós 134,44 153,00 63,33 79,58 p-value (Interação) 0,4080 0,4204 0,8352 0,8380 Não Operado Pré 140,83 155,11 67,50 80,67 Pós 142,78 157,78 65,28 80,83 Operado Pré 128,89 147,11 58,89 79,17 Pós 126,11 148,22 61,39 78,33 Desvio-Padrão 8,7275 5,7102 7,0749 5,3942

* diferença significativa ao nível de 5% pelo teste F (Análise da Variância), dados transformados pelo método de rank.

Quando avaliados os resultados obtidos para o parâmetro amplitude de movimento ativa, observou-se que houve diferença significativa entre o lado submetido à linfadenectomia cervical e não submetido para os movimentos de abdução (p-valor igual a 0,0001), rotação interna (p-valor igual a 0,0001, rotação externa (p-valor igual a 0,0012), abdução em pé (p-valor igual a 0,0003) e flexão em pé (p-valor igual a 0,0001) e não houve diferença para o movimento de flexão (tabela 5).

O tratamento com a aplicação da bandagem apresentou diferença significativa para o movimento de abdução (p-valor igual a 0,0007) e abdução em pé (0,0442) bilateralmente e não apresentou diferença para os demais movimentos

testados. O efeito da bandagem se mostrou semelhante no lado operado e não operado.

Tabela 5. Resultados da análise comparativa entre pré e pós-bandagem para amplitude de movimento ativa, em graus

Parâmetro Abdução Flexão Rotação

interna Rotação Externa Abdução em pé Flexão em pé p-value (Cirurgia) 0,0001* 0,0932 0,0001* 0,0012* 0,0003* 0,0001* Não Operado 143,47 159,03 63,06 79,44 146,39 155,00 Operado 121,67 139,06 51,94 69,72 113,39 127,92 p-value (Tratamento) 0,0007* 0,2011 0,5126 0,1480 0,0442* 0,1152 Pré 130,42 147,94 57,64 73,47 125,61 140,42 Pós 134,72 150,14 57,36 75,69 134,17 142,50 p-value (Interação) 0,0602 0,3886 0,1974 0,4606 0,2158 0,2311 Não Operado Pré 142,78 159,17 62,50 78,61 146,11 154,72 Pós 144,17 158,89 63,61 80,28 146,67 155,28 Operado Pré 118,06 136,72 52,78 68,33 105,11 126,11 Pós 125,28 141,39 51,11 71,11 121,67 129,72 Desvio-Padrão 9,4457 14,0205 8,4490 5,9781 15,7434 13,4478

* diferença significativa ao nível de 5% pelo teste F (Análise da Variância), dados transformados pelo método de

6. DISCUSSÃO

Para que um indivíduo possa realizar suas funções diárias ou movimentos complexos como nos esportes, é necessário que haja a adequada estabilização da escápula, que está relacionada à ADM e força muscular adequadas do complexo do

ombro e ausência de queixa de dor. (19)

Os tratamentos mais utilizados para tumores de cabeça e pescoço são a

cirurgia associada ou não a quimioterapia e radioterapia.(72) Desta forma a

linfadenectomia cervical, em suas diferentes formas, é o procedimento usual para o

tratamento de metástases cervicais. (74)

Este procedimento pode levar a sequelas estéticas e funcionais devido à

ressecção de diferentes estruturas(75,76), dentre as quais se encontra a disfunção

motora do ombro pelo sacrifício ou manipulação do nervo acessório, provocando limitações no desempenho das atividades diárias, reduzindo a capacidade individual e a satisfação pessoal em diversos setores, os quais variam desde como vestir-se, pentear os cabelos e barbear-se até a realização de atividades de lazer e

recreação.(77,78)

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