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Análise sobre a estratégia de política pública de financiamento socioambiental baseada em fundos

FORTALECIMENTO DE FUNDOS SOCIOAMBIENTAIS

85 de Pernambuco e com outros fundos do país Atualmente, encontra-se em processo

5.3. Análise sobre a estratégia de política pública de financiamento socioambiental baseada em fundos

5.3.1. Resultados alcançados

Podemos perceber claramente um avanço importante no que diz respeito à formação de massa crítica no país a respeito de fundos socioambientais. Ao longo do processo, a equipe do FNMA falou diretamente sobre financiamento ambiental baseado em fundos para quase duas mil pessoas, entre técnicos, gestores, conselheiros e representantes da sociedade civil organizada. Somado às pessoas envolvidas nas atividades de socialização promovidas pelos técnicos e colaboradores dos fundos, tivemos em 2006 mais de 8.500 pessoas, participando de eventos e debatendo acerca de aspectos ligados aos fundos, financiamento e atuação em rede.

Participantes do processo de capacitação de fundos já estão atuando como multiplicadores de conteúdos e princípios da gestão de fundos: como técnicos e colaboradores do Fundo Único do Meio Ambiente de Natal (FUNAM-Natal)); em ações do Programa Nacional de Capacitação de Gestores Ambientais (PNC) no Rio Grande do Norte e do Fundo Especial do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de São Paulo, no 16o Encontro Nacional da ANAMMA.

Observando o volume e a diversidade de citações na mídia, fica evidente o ganho de visibilidade na temática de fundos. São mais de cem reportagens e citações em jornais impressos de abrangência nacional, estaduais e locais. Utilizando as principais páginas de busca, na internet, surgem quase quatro mil endereços, quando buscamos “Rede Brasileira de Fundos Socioambientais”, e aproximadamente 17.500 páginas eletrônicas quando a busca é por “fundos socioambientais”.

É também notável a geração de demanda para apoio à constituição e fortalecimento de fundos após o Seminário de Fundos em Fortaleza (2005) e, especialmente a partir do lançamento do Edital de Fundos e do seminário inicial do processo de capacitação, realizado em paralelo à II CNMA. No Capítulo 1, podemos ver que 236 das deliberações (30%) dessa conferência refletores demandas relacionadas ao financiamento, tais como

o fortalecimento e a gestão participativa de fundos estaduais e municipais, a criação de fundos temáticos, desenvolvimento de instrumentos econômicos, a Rede Brasileira de Fundos Socioambientais, entre outros, ao longo de todos os temas da Política Nacional de Meio Ambiente (PNMA). Após a criação da rede de fundos, surgiram quase setenta manifestações de interesse em adesão por parte de instituições, públicas e privadas que atuam no financiamento socioambiental.

A produção de conhecimentos, a organização e a elaboração de uma quantidade enorme de materiais (são mais de 500 eletrônicos e 150 impressos) voltados aos mais variados aspectos da criação, estruturação e gestão de fundos socioambientais serão de grande importância na concepção e execução de futuras ações envolvendo gestores e técnicos de fundos municipais e estaduais de todo o país, contribuindo para a consolidação de uma política de financiamento sistêmico no setor socioambiental. Para tal, torna-se necessário um tratamento adequado, pedagógico e didático para todo esse material.

5.3.2. Lições Aprendidas

Questões relativas ao exercício e qualidade das representações devem ser consideradas durante a fase de envolvimento de instituições parceiras em processos massivos de fortalecimento institucional. É importante negociar e deixar claras, desde as etapas de concepção e planejamento dos processos, as expectativas com relação ao exercício das representações institucionais, que podem envolver:

• Atuação na disseminação de informações entre representados e para a sociedade como um todo;

• Mobilização dos envolvidos em processos de fortalecimento institucional que permaneçam ativos e comprometidos com os objetivos do processo, contribuindo para o seu bom desempenho e prevenindo eventuais desistências;

• Trazer conteúdos, mapear experiências entre seus representados que sejam referências em determinadas temáticas; identificar pessoas “especialistas” que possam contribuir no processo;

• Promoção e estímulo à formação de parcerias para a produção de material didático voltado ao seu público (gestores estaduais ou municipais);

• Estimular a temática do aprimoramento institucional e operacional de fundos, bem como de modelos sistêmicos de financiamento socioambiental para que entrem nas respectivas agendas e instâncias políticas.

A institucionalização dos fundos, como instrumentos de estado, tende a minimizar efeitos negativos advindos de eventuais mudanças de gestão. Mas, mudanças de gestão não são necessariamente negativas. Há registro de casos em que a mudança de gestor foi fator de fortalecimento das ações voltadas à implementação de fundos.

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5.3.3 Desafios a serem enfrentados

Há uma enorme distância a ser percorrida entre os resultados diretamente obtidos pelo processo de capacitação realizado no Edital de Fundos e a realidade dos fundos brasileiros nos dias de hoje. O Brasil possui cerca de 5.500 municípios com realidades distintas. A grande maioria ainda carece de estruturas operantes para o financiamento socioambiental e essa maioria não participou desta experiência-piloto. Para aumentar a escala é fundamental que haja esforços múltiplos e conjugados no sentido de fortalecer os fundos socioambientais existentes e apoiar a criação de fundos onde estes não existem.

Além do aumento de escala, é preciso alcançar maior eficiência nos processos de formação/capacitação, especialmente por meio da integração entre as políticas e ações desenvolvidas na área. Estratégias a serem desenvolvidas no âmbito da rede de fundos devem contemplar em sua formulação e execução os avanços alcançados em ações como o PNC. Para isso, deve haver um esforço para identificar iniciativas e atores, estabelecendo conexões e gradações entre conteúdos, de forma a gerar sinergia entre as ações, que passariam a compor um sistema de formação (mesmo que informal).

Uma estratégia recomendável é que outras iniciativas de formação/capacitação sejam desencadeadas em âmbitos regionais e que não sejam iniciativas exclusivas do Ministério do Meio Ambiente. Nesse aspecto, a rede de fundos tem o papel de facilitar a colaboração e o fluxo de informações e experiências entre os fundos.

Podemos notar que diversos aspectos da criação, regulamentação, gestão e aporte de recursos aos fundos socioambientais podem sofrer influências de outros poderes e atores não- governamentais, além do próprio poder Executivo. Dessa forma, no sentido de alcançar maior efetividade em ações futuras, torna-se imperativa a adoção de estratégias visando maior e mais sistemático envolvimento de outros setores do executivo e, especialmente, dos poderes Legislativos e Judiciários nas três esferas de governo. Da mesma forma, os Ministérios Públicos e setores produtivos da iniciativa privada podem ter importante atuação em questões ligadas ao financiamento socioambiental devendo ser envolvidos em planejamentos e ações nesta temática. Também neste ponto, consideramos que seja um desafio a ser enfrentado pela Rede Brasileira de Fundos Socioambientais.

Os resultados, lições aprendidas e desafios obtidos com essa experiência piloto devem subsidiar as próximas iniciativas, especialmente a atuação da Rede Brasileira de Fundos e o desenvolvimento de um novo modelo para o financiamento socioambiental do país, apresentados no Capítulo 7.

Este capítulo discute as perspectivas para o financiamento da educação ambiental, a partir do fortalecimento dos fundos socioambientais e implementação da Rede de Fundos.