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Análise da evolução temporal dos teores de ferro total nas localidades

No documento JOSÉ SILVIO DOS SANTOS (páginas 56-63)

Através da análise do gráfico 16, é possível verificar a evolução dos teores de ferro total na área da bacia do Riacho do Silva. Nota-se que esses valores vem progredindo substancialmente ao longo do tempo. Nos pontos P2 e P4, localizados respectivamente nos bairros de Vila Saem e Monte Alegre, os teores de ferro presente na água vem oscilando, mas encontram-se dentro do padrão de potabilidade aceitável para o consumo humano. Porém, nos pontos P1 e P3, localizados nos bairros de Bebedouro e Chã da Jaqueira respectivamente, os teores relativo a esse parâmetro, ultrapassaram de forma significativa o limite estabelecido pela legislação brasileira vigente (0,30 mg/L Fe).

Gráfico 16 – Evolução temporal das concentrações de ferro total nos poços

localizados na região da bacia do Riacho do Silva. Fonte: Autor.

A evolução dos teores de ferro total nas localidades situadas na região da bacia do Reginaldo apresenta excelentes resultados. No gráfico 17 é possível observar que a qualidade da água consumida na área dos pontos P5(Farol), P6(Feitosa), P7(São Jorge) e P8(Ouro Preto) encontra-se em conformidade com o padrão de potabilidade estabelecido na vigente legislação do Ministério da Saúde. A única distorção que resultou no aumento significativo dos teores desse parâmetro, foi registrado em 2016 no ponto P5, indicando possível foco de contaminação pontual que se normalizou nos anos seguintes ou erro na transcrição dos resultados.

Gráfico 17 – Evolução temporal das concentrações de ferro total nos poços

localizados na região da bacia do Riacho do Reginaldo. Fonte: Autor.

No gráfico 18, nota-se que a evolução dos teores de ferro nas localidades da bacia do Tabuleiro apresenta níveis evolutivos bastante diferenciados. Nos pontos P9

e P10, localizados respectivamente nos bairros de Santa Lúcia e Dubeaux Leão, a evolução dos teores desse indicador se manteve dentro dos padrões de potabilidade legais. Os dados revelam que na localidade do ponto P11(Salvador Lira) em 2017, as concentrações de ferro alcançaram o dobro do limite (0,62 mg/L Fe) estabelecido na legislação, que corresponde a 0,30 mg/L Fe. No ponto P12(Tabuleiro) os teores desse parâmetro entre os anos 2017 a 2018, ficaram exatamente no limite máximo permitido.

Gráfico 18 – Evolução temporal das concentrações de ferro total nos poços

localizados na região da bacia do Tabuleiro. Fonte: Autor.

5 CONCLUSÕES

A pesquisa revelou que a água consumida, em grande parte das localidades pesquisadas, encontra-se fora do padrão de potabilidade estabelecido na legislação brasileira vigente. A magnitude das condições de acidez encontradas na área de estudo, pode estar relacionada a contaminação do aquífero por esgotos domésticos e efluentes industriais. O baixo pH das águas pode estar contribuindo para a corrosão das tubulações de água, porém, faz-se necessário estudos mais aprofundados para confirmação de tal fato. Para reduzir o nível de acidez, recomenda-se o tratamento da água utilizando métodos para correção de pH.

Constatou-se um percentual significativo de amostras com teores muito elevados de amônia e nitrato. Fato preocupante, e que merece a atenção dos órgãos fiscalizadores competentes, pois a ingestão dessas substâncias pode acarretar sérios danos à saúde humana. Esses percentuais poderão elevar-se, pois, em algumas amostras os teores dessas substâncias ficaram muito próximos dos valores máximos permitidos na legislação. Cabe destacar que devido ao processo químico de oxidação da amônia, poderá ocorrer um aumento significativo das concentrações de nitrato.

A presença de elevadas concentrações desses indicadores na área de estudo, podem estar relacionadas a falta de esgotamento sanitário na região, a proximidade de agentes contaminantes das fontes de captação de águas, e da falta de proteção do aquífero verificado em algumas localidades.

A análise da evolução temporal comprovou que a deterioração da qualidade da água nos locais onde houve maiores alterações desses indicadores, faz parte de um processo de degradação, que já vem se delineando há muito tempo, o que configura a ineficiência de políticas públicas aplicadas a preservação e conservação desse recurso hídrico.

A ocorrência de ferro em concentrações acima do permitido na legislação, em alguns pontos de coletas, pode ser resultante da oxidação e corrosão de parte das tubulações de água e da dissolução de minerais contidos nos solos que compõem a Formação Barreiras.

Os resultados obtidos no total de amostras analisadas para os parâmetros cloretos, sódio e sólidos totais foram satisfatórios, ficando todos os valores relativos a

esses indicadores, em conformidade com o padrão de potabilidade estabelecido na legislação vigente do Ministério da Saúde.

Conclui-se diante do exposto, que os recursos hídricos subterrâneos da cidade de Maceió, encontram-se em um intenso processo de degradação. A expansão desordenada das áreas urbanas da cidade, sem os devidos investimentos em obras de esgotamento sanitário, aliada às ações antropogênicas são os principais fatores atuantes nesse processo. Desse modo, faz-se necessário reforçar os mecanismos de controle e monitoramento da qualidade desse recurso, procurando direcionar maiores investimentos públicos em obras de infraestrutura hídrica, que contemple a ampliação e modernização dos sistemas de abastecimento e esgotamento sanitário da cidade.

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