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A Sustentabilidade aplicada ao Projecto de Reabilitação de Edifícios Capítulo IV – PROPOSTA DE INTERVENÇÃO

4.1.1 Análise do Existente

O conjunto de edifícios analisados neste documento é parte integrante de uma zona urbana com valor patrimonial, representado através dessa mesma reciprocidade na necessidade de inclusão com os edifícios envolventes. É, portanto, apenas no conjunto urbano que estas construções históricas ganham importância na imagem da Cidade do Porto, contribuindo com características tipológicas e construtivas que revelam uma herança arquitectónica. Neste sentido, é necessário respeitar e, se possível, preservar o património existente que deverá proporcionar a continuidade da linguagem predominante, ao mesmo tempo que se procede a uma adequada requalificação do edificado a exigências construtivas e de salubridade actuais.

Assim, como se verifica na maioria dos edifícios inseridos no Centro Histórico do Porto, o conjunto em análise segue a tendência funcional predominante em edifícios de natureza semelhante, nos quais se confirma a componente residencial acima de tudo, sendo em alguns casos, assim como este, complementada por espaços comerciais nos seus pisos térreos, como já foi anteriormente discutido. Este facto, aliado à proximidade de diversos equipamentos culturais e turísticos, deve ser entendido como um potencial atractivo populacional, sendo por isso preferível conservar as respectivas funcionalidades.

Como foi analisado no contexto sócio-económico actual, os edifícios em estudo evidenciam na sua generalidade um mau estado de conservação (ver FIGURA 3.13), variando de uma forma mais pormenorizada de edifício para edifício, sendo por isso necessária diferentes abordagens interventivas para cada um, desde uma intervenção mais intrusiva, a uma intervenção quase superficial em alguns aspectos construtivos. Estruturalmente, os danos que se poderão evidenciar sem uma avaliação aprofundada do comportamento da estrutura não revelam grandes preocupações, já que, verticalmente, a presença da pedra se revela suficiente para um bom comportamento estrutural global, embora a estrutura horizontal, predominantemente em madeira, possa revelar a necessidade de um nível de intervenção superior para se obter uma estrutura completamente estável, não fugindo da utilização dos mesmos elementos construtivos presentes. Em alguns dos edifícios, principalmente no anexo traseiro do Edifício n. 36, as coberturas também apresentam alguns danos significativos, mais uma vez aliados ao estado de degradação da respectiva estrutura em madeira, que, de uma forma menos alarmante, também se pode verificar na madeira usada nas escadas interiores. Nas paredes exteriores, destaca-se apenas a má conservação dos revestimentos, visto que, assim como na estrutura global, estas paredes usufruem de uma boa estabilidade proveniente do uso de pedra. Já as paredes interiores, por serem elementos

independentes da estrutura do edifício, não revelam perigos relevantes, situação que poder-se-á pôr em causa em alguns pavimentos ou sobrados que, por datarem de séculos passados, poderão eventualmente estarem em contacto directo com a estrutura do edificado, contribuindo, de forma positiva ou negativa, para o seu comportamento. Torna-se por isso importante ter o cuidado de respeitar a sua posição na globalidade da construção, tentando reforçar os mesmos elementos construtivos de uma forma segura através de intervenções mais ou menos profundas.

Nesta fase, é importante salientar o facto de o espaço traseiro aos edifícios é predominantemente marcado por ruínas, o que comporta um leque relativamente largo de soluções a adoptar. Neste mesmo espaço, convém evidenciar a envolvência construtiva que delimita a área de intervenção, que se caracteriza principalmente por constituir, na sua generalidade, edificações de altitudes consideravelmente superiores às cotas que este vazio apresenta.

Noutro âmbito, os materiais usados seguem o protótipo da casa típica portuense referente ao século XVIII e XIX, amplamente abordados no levantamento e caracterização dos elementos construtivos. Estes edifícios podem ainda ter encontrado novos materiais com a importante alteração que o alinhamento da Rua do Cativo provocou, referido no contexto histórico, factor essencial que acabou por redefinir a organização interior dos mesmos, forçando a criação de vários espaços bastante irregulares de restrita funcionalidade. Quanto ao nível de conservação destes mesmos materiais, destaca-se a imposição de diversos níveis de intervenção, que possam dar resposta aos vários problemas aliados à degradação predominantemente dos elementos em madeira, uma vez que as situações dependem do local e da habitação em análise.

Do ponto de vista da organização e salubridade dos edifícios, verifica-se de imediato uma inadequada capacidade de resposta a requisitos ideais em qualquer tipo de construção. Dentro dos quais, evidencia-se a deficiente ventilação e iluminação procedente da fraca organização interior, já referido, com a criação de espaços fortemente restritos quanto à sua amplitude e comunicação com espaços abertos e iluminados. Daqui resultará sem dúvida uma reorganização interior significativamente distinta da original, de forma a criar condições de salubridade suficientes nas habitações. E como em qualquer reabilitação, a exposição solar também terá um peso importante neste novo desenho construtivo, de forma a tirar o máximo proveito da já fraca iluminação natural que o conjunto de edifícios apresenta – com uma implantação feita no sentido Norte-Sul, associando-se ainda a alturas significativamente inferiores às alturas das construções adjacentes. Relativamente ao importante papel de uma boa eficiência energética no âmbito da arquitectura sustentável, existem vários aspectos que foram tidos em conta na abordagem interventiva, de forma a solucionar problemas como o deficiente comportamento térmico dos edifícios, protagonizado pela possível ausência de isolamento térmico e pela degradação dos materiais construtivos existentes, entre outros factores que se opõem às noções de sustentabilidade.

A Sustentabilidade aplicada ao Projecto de Reabilitação de Edifícios