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INVÓLUCRO

ORIENTAÇÃO SOLAR

A orientação solar é um factor essencial na idealização de um novo projecto, na medida em que será através de uma boa exposição solar que a qualidade interior dos edifícios (tanto a nível da térmica, como a nível da iluminação) pode ser garantida. Em Portugal, tendo em conta o clima existente, será sempre vantajoso uma orientação focada a Sul, permitindo uma prolongada exposição, optimizando os ganhos solares sem qualquer tipo de intervenção por parte dos habitantes e a necessidade de um recurso exagerado de energia alternativa. No entanto, tendo em conta o projecto em mãos, deve-se destacar que a reabilitação elimina (grande parte das vezes) este passo no processo de potencializar este recurso natural, com mais evidência ainda com um projecto que se encontre na malha urbana de uma cidade, como é o caso de estudo.

Apesar da exposição imposta a priori na concepção do projecto de reabilitação, esta não deixa de ter a sua importância na constituição do mesmo, sendo que a respectiva orientação do edificado vai obrigar a certas medidas projectuais. Estas medidas podem passar, tanto por uma compartimentação condicionada aos espaços mais ou menos iluminados, como pelo dimensionamento das aberturas para o exterior consoante a orientação existente. Independentemente destas condicionantes, assim como é para uma construção nova, uma exposição completamente a Norte será sempre o pior cenário, no que diz respeito a habitações. Isto porque naturalmente o tempo e intensidade do sol são muito mais reduzidos em comparação com outras orientações, não satisfazendo assim as necessidades pretendidas.

No projecto em estudo, a orientação existente expõe a fachada da Rua do Cativo para Norte e a fachada de tardoz para Sul, o que significa que haverá espaços claramente mais expostos em relação aos compartimentos a Norte. Outro factor importante no estudo da orientação e respectivas condicionantes passa também pela influência dos edifícios envolventes ao caso de estudo. A sombra projectada, neste caso, terá um grande impacto relativamente à exposição solar do edificado a intervir, principalmente pela superioridade de altitudes que as construções adjacentes apresentam, como já foi referido.

Tendo em conta o objectivo de manter a estrutura pré-existente praticamente intacta, rejeita-se de certa forma a hipótese de favorecer a exposição solar através de uma redimensionamento das entradas de luz (janelas e/ou portas), derivado da instabilidade que poderia ser posta em causa numa intervenção pontual nas paredes estruturais. Foi, neste sentido, que a organização espacial

A Sustentabilidade aplicada ao Projecto de Reabilitação de Edifícios

adoptada seguiu estas necessidades, procurando-se antes de mais expor todos os compartimentos relevantes a uma iluminação e aquecimento natural, embora as possibilidades de compartimentação não sejam muitas, no caso em estudo. Sendo assim, a ideia de um possível rendimento energético motivado pela orientação solar é, no caso em análise, pouco aplicável, face às limitações espaciais mencionadas e, no caso do dimensionamento das aberturas exteriores, face ao estilo das fachadas que se deve preservar.

CAIXILHARIAS, VIDROS & SOMBREAMENTO

As funções desempenhadas pelas caixilharias são extremamente importantes no desempenho energético-ambiental de um edifício. Estes elementos de transição entre áreas opacas e áreas envidraçadas podem representar a diferença na eficiência térmica dos espaços interiores. Neste sentido, a estanquicidade das caixilharias marca sem dúvida um passo importante na concepção sustentável de elementos construtivos. Este atributo permite controlar, de forma eficaz, o intercâmbio de calor e frio entre o interior e o exterior, apesar desta evolução tecnológica obrigar a outras formas de renovação do ar interior (Tirone, 207). No âmbito da sustentabilidade, as caixilharias podem e devem ser tão recicláveis quanto possível, sendo desta forma prevista aplicação de caixilharias em alumínio, no projecto de intervenção.

Independentemente do material usado, é extremamente importante que haja no mínimo uma abertura em cada espaço das habitações que permita a ventilação, tendo sido desta forma necessária a aplicação de janelas oscilo-batentes, exemplificada na FIGURA 4.4. Aliado a estas medidas, dever-se-á sempre prever a continuidade do isolamento térmico nestes elementos, anulando o efeito de ponte térmica – isolamento no interior da caixilharia (Tirone, 2007).

Em relação à aplicação de vidro nas janelas e portas, é sem dúvida essencial o recurso a vidros duplos, visto que apresentam características claramente mais sustentáveis, promovendo um melhor desempenho energético, assim como um isolamento acústico mais reforçado. A sua especificação dependerá essencialmente da exposição solar a que o vidro estará sujeito. Estes devem ser ainda completamente incolores para possibilitar plenamente a entrada de luz.

De forma a controlar melhor as trocas energéticas com o exterior, o sombreamento das janelas possibilita o doseamento da exposição solar a que as mesmas estão sujeitas. Isto permite evitar uma radiação térmica acima do desejado no interior dos edifícios. Este sistema deve ter em

consideração alguns aspectos que optimizam o seu papel na procura da eficiência energética. De entre os quais se destacam (Tirone, 2007):

• A existência de uma boa ventilação natural (com a janela aberta);

• A capacidade de permitir vários graus de protecção da radiação solar, consoante a inclinação dos raios solares;

• O fácil manuseamento (preferivelmente pelo interior);

• A capacidade de controlar completamente o nível de luminosidade que se pretende.

Neste sentido, optou-se pela implementação de um sistema de estores exteriores orientáveis composto por lamelas em alumínio, que deslizam em calhas laterais, comandadas de forma mecânica (manual) ou por um motor eléctrico.

A Sustentabilidade aplicada ao Projecto de Reabilitação de Edifícios