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ANÁLISE DOS FATORES EXTERNOS AO TEXTO

INTENÇÃO TB Fragmento do livro-texto impresso TM Infográfico (e-book) Fragmento do livro-texto

impresso Informar de maneira sintetizada e representar

visualmente os dados epidemiológicos apresentados no TB.

Informar. Informar verbal e

graficamente (ícones). Fonte: produzido por Hoffmann (2015).

Quadro 21 – Análise textual nível micro: gênero textual.

Por se tratarem de gêneros textuais diferentes, é inegável que o DE/tradutor necessitou adequar e adaptar a oferta informativa base às especificidades do outro gênero textual, o que caracteriza o processo como uma tradução/retextualização, conforme postulam Marcuschi (2003) e Dell‘Isola (2007).

Por esta razão ter clareza das condições de funcionamento do gênero para o qual se traduz/retextualiza é de grande valia para o DE, pois permiti a ele planejar melhor a escrita do TM, auxiliando-o na escolha dos elementos semióticos mais adequados para facilitar, neste caso, a aprendizagem e otimizar a visualização dos aspectos primordiais do conteúdo.

64 Para alguns estudiosos, o infográfico é considerado um recurso gráfico-visual

complementar ao texto e não necessariamente um gênero textual; enquanto para outros, e inclusive para nós, se trata de um gênero moldado pela preferência contemporânea pela modalidade visual.

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GÊNERO TEXTUAL TB Fragmento do livro-texto impresso TM Infográfico (e-book) O gênero texto didático

se constitui a partir de ressignificações do discurso científico, didático e cotidiano. (MARTINS, 2006). Infográfico2 de informação quantitativa de caráter didático específico e independente (TEIXEIRA, 2007, p.114). Específico, porque se trata de uma temática datada (dados do levantamento são de 2009) e por isso singular; e independente, porque não complementa outro texto.

Quadro 22 – Análise textual nível micro: situação de interação.

Podemos observar no quadro que a produção do TM foi feita tendo em vista uma nova situação de interação. Essa mudança na situação de interação possibilitou e induziu o DE/tradutor a retextualizar a oferta informativa base tendo em mente um novo enquadre (modelo mental de como representar a informação) com um novo quadro de referência (o gênero infográfico multimodal). Tal movimento caracteriza, de acordo com Matencio (2002), uma atividade de retextualização.

Quadro 23 – Análise textual nível micro: propósito (subskopos). ANÁLISE DOS FATORES EXTERNOS AO TEXTO

SITUAÇÃO DE INTERAÇÃO TB Fragmento do livro-texto impresso TM Infográfico (e-book) Igual a apresentada na

análise nível macro. Igual a apresentada na análise nível macro.

A interação entre os sujeitos (autor e leitor) se dá pela da leitura do texto escrito dialogado.

A interação ocorre por meio de um computador e pela leitura de todos os modos semióticos que compõem o infográfico. Interação: AUTOR- CONTEÚDO/ RECURSO -LEITOR/ CURSISTA Interação: AUTOR- CONTEÚDO/ RECURSO – LEITOR CURSISTA

Fonte: produzido por Hoffmann (2015).

continua ANÁLISE DOS FATORES EXTERNOS AO TEXTO

PROPÓSITO (SUBSKOPOS) TB Fragmento do livro-texto impresso TM Infográfico (e-book) Apresentar dados de um levantamento nacional referente ao uso de drogas entre universitários brasileiros de instituições públicas e privadas, para que de posse dessas

Representar de forma sintetizada e visualmente atraente os dados do levantamento apresentado no TB, para que o cursista tenha um acesso rápido à informação.

Conforme já relatado, para Vermeer ([1984]1996) o tradutor sempre traduz por um motivo, o qual esta sempre subordinado ao skopos do trabalho, ou seja, ao propósito pretendido pelo iniciador para a produção deste novo texto. É o skopos que define a escolha da melhor estratégia e do melhor método para realizar a ação. Contudo, Vermeer ([1989]2000) explica que o skopos não se aplica unicamente a textos completos, mas também, na medida do possível, a segmentos de ações, isto é, às partes de um texto (parágrafos, notas, etc.). Isto significa que a regra do skopos também pode ser utilizada “com respeito a segmentos de um translatum [tradução], onde esta pareça ser razoável ou necessária” (VERMEER, [1989]2000, p. 222). Neste caso tem-se o que Vermeer ([1989]2000) chama de subskopos (a intenção/função comunicativa secundária) das unidades menores.

Nord ([1988]1991, p. 102) concorda com esta proposição ao afirmar que “o conceito de skopos é aplicável não só a textos inteiros, mas também a segmentos de textos”. De acordo com a teórica, o skopos (ou subskopos) de tais unidades menores podem ser diferentes da dos outros segmentos ou do texto como um todo.

Neste contexto, acreditamos que o conceito do subskopos pode ser ampliado e aplicado também para gêneros do discurso primário, quando estes integram um texto mais elaborado e complexo, um gênero textual secundário.

Bakhtin (2011) distingue os gêneros de discurso em: primários (simples) – constituídos de comunicação verbal cotidiana – e secundários (complexos), que aparecem naquelas circunstâncias de comunicação cultural mais complexa e evoluída, transmutando e absorvendo, em seu

continuação PROPÓSITO (SUBSKOPOS) informações o cursista possa consultar as publicações originais; mostrar o que é um levantamento epidemiológico, em oposição ao indicador epidemiológico, temática esta tratada no Capítulo em que este material se encontra no livro. Fonte: produzido por Hoffmann (2015).

processo de formação, os gêneros primários de todas as espécies. Um exemplo de gênero tido como secundário é o livro didático, constituído por vários gêneros primários, como resumo, infográfico, etc.

Nesse sentido, acreditamos que os subgêneros que integram um gênero maior possuem subskopos particulares, isto é, propósitos e intenções comunicativas específicas que podem ser diferentes do skopos do gênero “mãe” que os abriga, exigindo, assim, outros métodos e estratégias tradutórias para tornar compreensível determinada informação. Diante disso trazemos o termo subskopos para esta categoria de análise micro, uma vez que o fragmento analisado (recorte de um gênero textual maior) possui um subskopos específico que difere do skopos do gênero “mãe”.

Assim, em relação a análise, observamos que o subskopos do TM implicou em uma mudança de propósito, que fez com que o DE operasse com novos parâmetros de ação da linguagem (MATENCIO, 2002). Assim, para alcançar o subskopos pretendido para o novo texto e representar gráfica e suscintamente os dados do levantamento expostos no TB, o DE teve que reescrever e adaptar a oferta informativa base para o outro gênero textual e mídia por meio de um processo de retextualização. Quadro 24 – Análise textual nível micro: função textual.

Podemos observar no quadro que a função comunicativa do TB e do TM mantêm-se iguais às intenções pretendidas pelo emissor, diferenciando-se, porém, uma da outra. Essa mudança na função provocou uma transformação acentuada no formato do texto durante o processo de retextualização. Contudo, é importante destacarmos que houve a preocupação do DE em se manter leal à intenção do produtor do TB e ao sentido pretendido por ele na redação de seu texto. Tal atitude demonstrou que o DE está em consonância com o princípio da lealdade descrito por Nord (2006).

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