De acordo com os dados analisados no questionário de avaliação 01 que foi aplicado aos funcionários no início da pesquisa, observa-se que no quadro 01 a incidência de dor ou desconforto osteomuscular foi maior do que os sujeitos que afirmam não sentir desconforto.
“A dor é considerada como um fenômeno essencial para estudos referentes aos mecanismos de desenvolvimento dos distúrbios do sistema locomotor” (MAEDA, 1982; BROWNE, NOLAN & FAITHFULL, 1984, apud PEREIRA, 2009, p. 21).
Iniciei as aulas de Ginástica Laboral, com sessões de 15 minutos, durante os exercícios os questionava sobre o que estavam achando das sessões, e as respostas eram positivas e que não viam o tempo passar e que cada sessão deveria durar mais tempo, não somente 15 minutos.
Depois de um mês das sessões, aumentei o tempo de 15 min para 30 min. Percebi um efeito positivo, pois quando aplicava os exercícios podia ver no rosto deles o alívio que sentiam após as sessões de ginástica laboral.
Os estudos apresentados sobre Ginástica laboral são categóricos na afirmação de seus benefícios, assim como a literatura que relata as melhorias de prática da atividade física para a saúde ( Reis (2006), Fonseca (2006), Lima (2006), Morato (2006) et al., CRUZ, 2007).
Nos dias atuais observa-se que o lazer está se tornando um aspecto muito importante na vida das pessoas. Percebe-se que o fato de passear numa praça, brincar com bola, conversar livremente não é direito apenas das crianças nem dos idosos ou aposentados. O trabalhador, vem demonstrando a necessidade do seu tempo livre como uma maneira de livrar-se das tensões do dia-a-dia e buscando atividades físicas como alternativas de liberar suas emoções e sentimentos.
Quadro 01 – Sentido dor ou desconforto atualmente.
Fonte: pesquisa realizada em 02/08/2012 até 30/10/2012.
Segundo Fernandes (2003 apud PEREIRA, 2009, p. 24) a definição de dor destaca que, mais do que uma sensação, ela é uma percepção que remete à subjetividade da experiência dolorosa, por envolver aspectos cognitivos, emocionais e comportamentais.
Quadro 02 – Região do corpo em que sente dor.
Nota-se que a região do corpo em que mais sentem dor ou desconforto é a região das costas, seguido da região lombar e da região cervical. Analisando algumas figuras que foram apresentadas no trabalho, notamos principalmente nas figuras 08, 11, 23, 24, 25, 26, 32, 59, 64, 65, 77 o surgimento destas dores pela postura inadequada em que se encontram os funcionários.
Para Moraes 2002 (apud NASPOLINI & ENNES, 2002, p. 09) indivíduos que adotam uma mesma posição corporal durante a jornada de trabalho, podem gerar alterações significativas no alinhamento do corpo, podendo apresentar desconforto na musculatura mais solicitada, o indivíduo acaba adquirindo postura viciosa além de outros problemas relacionados ao trabalho.
Em alguns exercícios durante as sessões da ginástica laboral, os participantes relatavam sentir um desconforto muscular ao alongar certos segmentos. Após as sessões, relatavam sentir um alivio e o corpo mais leve e uma maior disposição para as tarefas diárias.
Quadro 03 – Momento em que a dor se manifesta e quantas vezes na semana.
Fonte: pesquisa realizada em 02/08/2012 até 30/10/2012.
A maior porcentagem de dor ou desconforto entre os funcionários, ocorre durante o trabalho todos os dias da semana. O esforço fisico que realizavam durante a sua jornada de trabalho, junto com o estresse, cansaço psicologico e clima, faziam com que seus musculos ficassem sobrecarregados.
O esforço fisico repetitivo pode acarretar doenças graves, consideradas ocupacionais relacionadas ao trabalho como a LER (Lesão por Esforço repetitivo) ou DORT (Desconforto Osteomuscular relacionado ao Trabalho).
Alguns fatores de risco que contribuem para o surgimento desta doença, são: postura inadequada, força e repetitividade dos movimentos, mobiliários e equipamentos inadequados e ainda o acumulo de trabalho, ausência de pausas, ansiedade e pressão por produtividade.
Os Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao trabalho são doenças ocupacionais relacionadas a lesões por traumas cumulativos. É o resultado de uma descompensação entre a capacidade de movimento da musculatura e a execução de movimento rápido e constante. (MARTINS ; DUARTE, 2001 apud OLIVEIRA, 2007).
Quadro 04 – Intensidade do desconforto.
Fonte: pesquisa realizada em 02/08/2012 até 30/10/2012.
Neste tópico 77% dos participantes marcou a opção média quanto a intensidade de desconforto. O desconforto se manifestava com maior intensidade em dias que o tempo estava se preparando para chover, por causa da pressão atmosférica, que pode ocasionar desconfortos principalmente nas articulações. Não obtivemos relatos de dores de intensidade forte, mas sim de uma dor fraca a média, caracterizando uma dor continua e diária.
Os trabalhos estaticos provocam nos musculos exigidos uma fadiga penosa, que pode evoluir até dores insuportáveis. Se forem repetidas as exigencias estaticas diariamente durante um tempo mais longo, podem se estabelecer incomodos maiores ou menores, nos membros atingidos, sendo que as dores se localizam não só nos
musculos, mas também nas articulações, nas extremidades dos tendões e outros tecidos envolvidos. Grandjean (1998 apud PEREIRA, 2009, p. 21).
Quadro 05 – Classifição da postura corporal na execução das suas atividades diárias no trabalho.
Fonte: pesquisa realizada em 02/08/2012 até 30/10/2012.
Na análise do questionário, 47% dos participantes acham sua postura razoavelmente adequada durante o trabalho. Outra porcentagem alarmante é pouco adequada com 23%.
Esses resultados são preocupantes porque, mesmo os funcionários sabendo que sua postura não é correta, continuam exercendo suas tarefas com uma postura incorreta, tornando-se um vício difícil de corrigir.
Ao analisar a postura dos participantes em seu ambiente de trabalho, realizando as tarefas diárias, normalmente não podia corrigí-los, pois também tinha meus afazeres. Porém, em dias que o movimento de clientes não era grande, auxiliava e mostrava qual a postura mais adequada para cada tarefa.
Os participantes em suas opiniões sempre concordavam comigo ao corrigí-los, mas logo após eu sair de perto e depois voltar para analisá-los sem que percebecem, estavam novamente com a postura inadequada. Tentava argumentar que não iria obrigá-los a realizarem as tarefas de maneira correta, que iria do bom senso de cada um seguir os meus conselhos quanto a adotar uma postura correta.
Quadro 06 - Diagrama de Corllet (Corllet e Manica 1980):
Fonte: pesquisa realizada em 02/08/2012 até 30/10/2012.
Passar horas na posição em pé, subindo e descendo escadas, realizando atividades com esforço repetitivo, isso tudo em conjunto com outros fatores que ocasionam o estresse. Como a politica da empresa que faz com que os trabalhadores sofram pressões nas épocas de safra pela demanda de produto ser maior podem ser responsáveis pelo surgimento de doenças ocupacionais relacionadas ao trabalho, DORT/LER.
No quadro 06, apresentamos os resultados obtidos através do Diagrama de Corllet (anexo A e B, ficha de avaliação 01 e 02), o qual, os participantes da pesquisa deveriam assinalar a região do corpo que havia dor ou desconforto osteomuscular.
O Diagrama de Corllet apresenta uma diversidade de locais no corpo humano citados entre membros superiores e inferiores, tendo uma maior incidência de 31% na região lombar seguida de 21% no ombro direito, 11% nas costas superior e nas pernas com 14% das indicações. Nas figuras 06, 10, 11, 12, 13, 15, 16, 20, 21, 37, 45, 50, 67, 73, 80 e 89 percebemos as atividades que sobrecarregam os membros superiores, ombros, braços. Analisando esses dados, certifica-se que durante o trabalho, os funcionários realizam tarefas não percebendo o esforço excessivo nos seus movimentos, lhes causando desconfortos.
Ao fotografar os participantes, notava que eles tentavam fazer a postura correta, corrigindo o vício da má postura, pedia que agissem normalmente, trabalhar como se não estivessem sendo fotografados, isto, para que quando analisasse as fotografias, tivesse uma maior percepção da postura de cada um.
Os movimentos de erguer o bico de carregamento quando cheios, são os que mais sobrecarregam os membros superiores, braços e ombros e quando os caminhões são mais altos que a plataforma a dificuldade é maior ainda.
Ao não flexionar os joelhos para levantar os bicos de carregamento, ou para pegar outros objetos os trabalhadores acabavam com um desconforto na parte inferior das costas, pois é a parte em que mais ouvi relatos de sentirem dor, tendo uma porcentagem bem superior às outras. Mesmo sendo duas sessões semanais nas terças e quintas, já sentiam um alívio nos desconfortos e mais disposição para sua jornada de trabalho.