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Este tópico tem por objetivo apresentar a análise das hipóteses de pesquisa levantadas no modelo para avaliar o impacto da oferta e da demanda de mão de obra de profissionais qualificados da área de TI. Foram analisadas as cinco hipóteses de pesquisa propostas, cada qual com o conjunto de dados já levantados que lhe foram convenientes. Ao final de cada análise fez-se um diagnóstico final quanto à aceitação ou refutação da hipótese baseada na técnica de análise estatística multivariada denominada modelagem de equações estruturais com estimação por Mínimos Quadrados Parciais (MEE-PLS).

4.3.1 A hipótese H1

A hipótese H1 diz que a qualidade da formação acadêmica dos membros do estoque de mão de obra influência na aquisição das competências necessárias para determinar sua admissão profissional.

A qualidade da formação acadêmica dos membros do estoque de mão de obra tem sido por vezes considerada como uma variável importante para se estudar o desequilíbrio da oferta de mão de obra. Desde o estudo seminal Lewis (1954), esse constructo tem sido cada vez mais como um fator limitador da demanda de mão de obra. A teoria do capital humano também fortaleceu esse argumento ao afirmar a influência da formação acadêmica no salário pago ao trabalhador e ao questionar o equilíbrio da oferta e demanda de mão de obra para atividades que exigem maior qualificação (SCHULTZ, 1961; BECKER, 1964; JUNANKAR, 2009).

Em seus estudos Bertolin (2007) e Nascimento e Verhine (2009) associaram a aquisição de competências à qualidade do processo de formação de mão de obra, indicando que os melhores salários estariam ligados a indivíduos formados em instituições que tenham um mecanismo de aferimento da qualidade do ensino por elas promovida, associando assim, a qualidade da formação à competência adquirida pelo indivíduo.

Nesse contexto, esta tese buscou verificar junto ao mercado evidências de que essa hipótese se mostra válida. O que se observou através do estudo dos dados analisados por meio da modelagem de equações estruturais de acordo com as cargas fatoriais exibidas na figura 15 e os teste de significância do caminho estrutural

apresentados na tabela 33 cujo valor de influência dos constructos analisados ficou em 0,4062 com um nível de significância de 1% (p < 0,01), é que há evidências da influência da qualidade da formação acadêmica na aquisição das competências e as habilidades por parte do membro do estoque de mão de obra, logo, a hipótese H1 foi suportada.

4.3.2 A hipótese H2

Ao analisar as notas de matemática de diversos alunos em diferentes países, Jamison, Jamison e Hanushek (2007) verificaram que a qualidade da educação implicava positivamente no aumento da renda per capita nesses países. Reforçando, assim, a hipótese da influência da qualidade da formação acadêmica como um fator econômico relevante.

Em um estudo recente, Gusso e Nascimento (2014) alertam para o fato de que apenas 20% a 30% dos profissionais formados nas áreas de ciências, matemática, computação e engenharias no Brasil, nos anos pesquisados, seriam egressos de cursos de melhor desempenho em avaliações de qualidade organizadas pelo Ministério da Educação (MEC), indicando que a qualidade de formação seria um fator implicante na percepção do desequilíbrio da oferta e demanda de mão de obra.

A hipótese H2 diz que a qualidade da formação acadêmica dos membros do estoque de mão de obra é um pressuposto determinante para sua admissão no mercado de trabalho. Buscando, assim, saber se existem indicativos da implicação da qualidade da formação acadêmica como fator influenciador na demanda de mão de obra qualificada na área de TI.

A análise dos dados vindos da base secundária sobre a qualidade da formação de mão obra na área estudada também indica um cenário com a existência de um número de profissionais provenientes de instituições bem qualificadas, de acordo com a avaliação do Ministério da Educação, como mostrado na tabela 22, tabela 23 e tabela 24, suficiente para atender ao mercado de trabalho nos anos analisados, exceto para o maior nível de qualidade, correspondente à faixa CPC de número 5. Entretanto, os dados levantados quanto a esse item no questionário proposto às empresas, conforme apresentado no quadro 5, indicam que o mercado apesar de considerar importante a qualidade da formação acadêmica como critério de admissão, desconhece a existência dos instrumentos de aferimento de qualidade

acadêmica propostos pelo INEP/MEC.

Nesse contexto, esta tese buscou verificar junto ao mercado evidências de que essa hipótese se mostra válida. O que se observou por meio do estudo dos dados analisados via modelagem de equações estruturais de acordo com as cargas fatoriais exibidas na figura 15 e os testes de significância do caminho estrutural apresentados na tabela 33 cujo valor de influência dos constructos analisados ficou em 0,1952 com um nível de significância de não significativo, ou seja, p > 0,10, é que não há como fazer inferências a respeito da influência da qualidade da formação acadêmica um pressuposto determinante para sua admissão no mercado de trabalho. Logo, a hipótese H2 foi refutada.

4.3.3 A hipótese H3

A hipótese H3 diz que o tempo de permanência no ambiente escolar dos membros do estoque de mão de obra influencia a aquisição das competências necessárias para determinar sua admissão profissional.

O tempo de permanência no ambiente escolar considera como variável de análise o tempo gasto por indivíduo para concluir um curso superior. De acordo com Pereira et al. (2015) esse tempo tem impactos tanto de ordem institucional, quanto de ordem social. Para esses autores, a integralização de um curso em seu tempo ideal permite um aproveitamento dos recursos investidos, bem como maximiza o acesso de novos indivíduos a essa modalidade de ensino, principalmente nas instituições públicas.

Dados de pesquisas atribuídas à Confederação Nacional da Indústria apontam que aproximadamente 43% conseguem concluir os estudos no tempo ideal (BITENCOURT, 2014) ainda que nem todos deixam de concluir seus estudos em tempo ideal por reprovações ou trancamentos de matrículas, sendo que alguns o fazem por participarem de estágios e intercâmbios, como analisaram Campello e Lins (2008).

Da mesma forma que o acúmulo de capital humano depende do tempo gasto na educação do indivíduo (MINCER, 1974), de acordo com CNE/CP (2002) a competência de um indivíduo depende do capital humano por ele acumulado. Logo, a noção de competência passa a ser o elemento orientador dos currículos dos cursos de formação profissional. E esses currículos passam a ser pedagogicamente

concebidos e organizados para promoverem aprendizagens significativas

Assim, esta tese busca determinar qual a percepção do mercado quanto às influências exercidas pelo o tempo de permanência de um indivíduo no ambiente escolar na aquisição de competências necessárias para que esse indivíduo consiga ser admitido.

Nesse contexto, esta tese buscou verificar junto ao mercado evidências de que essa hipótese se mostra válida. O que se observou por meio do estudo dos dados analisados por meio da modelagem de equações estruturais de acordo com as cargas fatoriais exibidas na figura 15 e os teste de significância do caminho estrutural apresentados na tabela 33 cujo valor de influência dos constructos analisados ficou em 0,3240 com um nível de significância de 1% (p < 0,01), é que há evidências da influência do tempo de permanência no ambiente escolar na aquisição das competências e das habilidades por parte do membro do estoque de mão de obra. Logo, a hipótese H3 foi suportada.

4.3.4 A hipótese H4

A hipótese H4 diz que o tempo de permanência no ambiente escolar dos membros do estoque de mão de obra é um pressuposto determinante para sua admissão no mercado de trabalho.

Como a teoria do capital humano defende uma estreita relação entre escolaridade, produtividade e salários (SCHULTZ, 1961; BECKER, 1964; MINCER, 1958), Dickson e Smith (2011) ao estudarem os efeitos da educação no mercado de trabalho argumentaram que um aumento no tempo de escolaridade de um indivíduo, além daquele necessário para se qualificar, implicaria menor tempo de uso da força de trabalho e, consequentemente, perda de produtividade durante o período de trabalho desse indivíduo.

De acordo com Pereira et al. (2015), esse aumento de tempo gera, ainda, ociosidade de recursos humanos e de materiais, prejuízos de ordem pessoal, profissional e financeiro, além de comprometer a eficiência e a produtividade do sistema educacional, o que, por fim, penaliza a sociedade, retardando a disponibilização de cidadãos capacitados para o mercado de trabalho e reduzindo o retorno social ligado à formação de profissionais de nível superior.

Neste contexto, esta tese buscou verificar, junto ao mercado, evidências de que essa hipótese se mostra válida. O que se observou por meio do estudo dos dados analisados via modelagem de equações estruturais de acordo com as cargas fatoriais exibidas na figura 15 e os teste de significância do caminho estrutural apresentados na tabela 33, cujo valor de influência dos constructos analisados ficou em 0,1133 com um nível de significância classificado como não significativo, ou seja, p > 0,10, é que não há como fazer inferências a respeito da influência do tempo de permanência no ambiente escolar dos membros do estoque de mão de obra ser um pressuposto determinante para sua admissão no mercado de trabalho. Logo, a hipótese H4 foi refutada.

4.3.5 A hipótese H5

A hipótese H5 diz que as competências adquiridas pelos membros do estoque de mão de obra constituem-se um pressuposto determinante para sua admissão no mercado de trabalho.

As competências associadas a um indivíduo que é qualificado em uma instituição de educação de nível superior no Brasil têm como origem os documentos oficiais homologados por órgãos do Ministério da Educação: (i) o Parecer CNE/CP (2002), homologação com o título de Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Profissional de Nível Tecnológico; (ii) o Parecer CNE/CES n. 136 de 2012, homologado com o título de Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de graduação em Computação (CNE/CP, 2012).

De acordo com CNE/CP (2002, p. 27) a competência é definida como “[...] a capacidade de mobilizar, articular e colocar em ação conhecimentos, habilidades, atitudes e valores necessários para o desempenho eficiente e eficaz de atividades requeridas pela natureza do trabalho e pelo desenvolvimento tecnológico”.

Segundo ManPowerGroup (2013) e Brasscom (2012) a competência do profissional da área de TI constitui-se no fator mais valorizado e mais escasso que existe no mercado. Sendo esse fator também indicado por Lins et al. (2014) como um possível fator para exprimir o sentimento de desequilíbrio na oferta de profissionais qualificados no mercado. Assim, havia uma grande expectativa na coleta dos dados junto ao mercado de que refletisse o mesmo sentimento encontrado na maior parte dos artigos presentes no referencial teórico.

No entanto, ainda que em uma análise individual dos itens constantes no questionário enviado às empresas apresentasse uma concordância com a importância da maioria das competências e habilidades listadas no quadro 4, tem-se que por meio do estudo dos dados analisados via modelagem de equações estruturais de acordo com as cargas fatoriais exibidas na figura 15 e os teste de significância do caminho estrutural apresentados na tabela 33 cujo valor de influência dos constructos analisados ficou em 0,1715 com um nível de significância de não significativo, ou seja, p > 0,10, é que não há como fazer inferências a respeito da influência das competências dos membros do estoque de mão de obra ser um pressuposto determinante para sua admissão no mercado de trabalho. Logo, a hipótese H5 foi refutada.