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3.1 Coleta dos dados da pesquisa

3.1.2 A coleta dos dados secundários

Os dados secundários utilizados nesta tese foram coletados em bases historicamente estabelecidas e divulgadas por institutos de coleta e análise públicos com reconhecida reputação no meio acadêmico tais como o Censo da Educação Superior (CES) e o Conceito Preliminar de Cursos (CPC) medidos e divulgados pelo

Ministério da Educação (MEC) por intermédio do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), bem como do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) medidos e divulgados pelo Ministério do Trabalho e do Emprego (MTE), conforme esquema apresentado na figura 13.

Figura 13 - Esquema de coleta dos dados secundários

CES CPC CAGED Formação do Estoque de Mão de Obra Qualidade da Formação Acadêmica Demanda de Mão de Obra

Fonte: Elaborada pelo autor da tese.

Para a coleta de dados que determinasse o quantitativo de egressos das Instituições de Ensino Superior (IES) que iriam compor o estoque de mão de obra na área de TI foram utilizadas como fonte de coleta de dados as Sinopses Estatísticas da Educação Superior divulgadas pelo INEP a partir dos dados coletados no Censo da Educação Superior (CES)16.

O Censo da Educação Superior foi normalizado pelo Decreto n. 6.425, de 4 de abril de 2008, e a Portaria n. 794, de 23 de agosto de 2013, cuja declaração tornou- se obrigatória para os estabelecimentos públicos e privados de educação superior, mediante sistema eletrônico de informações. De acordo ainda com a Portaria n. 794/2013, o preenchimento do Censo constituiu-se em pré-requisito para que a instituição avaliada pudesse participar do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes), além de poder obter a expedição de atos regulatórios de seus cursos, aderir ao Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), ao Programa Universidade para Todos (Prouni) e participar dos programas de bolsas da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) (DAES, 2015).

Esse censo reuniu uma vasta gama de informações sobre as instituições de ensino superior, seus cursos de graduação, seja no modo presencial ou a distância, cursos sequenciais, vagas oferecidas, inscrições, matrículas, ingressantes e concluintes, entre outras. A coleta de dados tem sido anual e regulamentada pelo Ministério da Educação. Ela ocorre desde 1994, sendo o seu mecanismo aperfeiçoado a cada ano. Nesta tese, foram analisados os dados a partir de 2008, tanto para os cursos presenciais, quanto os ofertados na modalidade de a distância, abrangendo tanto os cursos de bacharelado, tecnológicos, de engenharia e de licenciatura.

Neste trabalho, foram analisados os dados divulgados pelo CES entre os anos de 2005 a 2014 abrangendo um período de 10 anos, ainda que existam sinopses divulgadas desde 1995. O levantamento alcançou os egressos de todos os cursos que se caracterizam como da área de TI, seja ele um curso de bacharelado, de licenciatura ou mesmo um curso classificado como tecnólogo, tanto na modalidade de oferta presencial quanto na modalidade de oferta a distância.

Quanto à modalidade de oferta do curso, apenas depois de 2009 é que os dados foram disponibilizados separadamente para a modalidade presencial e para a modalidade a distância. Entre 2005 e 2008 os dados a respeito da modalidade de ensino a distância eram apresentados apenas com relação à instituição de oferta, sem relacionar a natureza da oferta de vagas a um determinado curso. Assim, esta tese admitiu que os dados apresentados entre 2005 e 2008 retratavam também a oferta a distância devido ao comportamento dos valores apresentados.

Para a coleta de dados a respeito da qualidade da formação dos membros do estoque de mão de obra foram consultadas as bases do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (SINAES) e avaliaram-se as notas emitidas no quesito de Conceito Preliminar de Curso (CPC) nos anos de 2008, 2011 e 2014, anos em que foram avaliados cursos da área de TI. Os dados foram coletados diretamente das planilhas disponíveis para consulta pública em http://portal.inep.gov.br/educacao- superior/indicadores/cpc. Os dados coletados foram tratados em planilha eletrônica e nela foi contabilizado o quantitativo de cursos em cada faixa de classificação do CPC, de acordo com a tabela 1, anteriormente apresentada.

Por fim, para a coleta de dados do mercado de trabalho foi realizada uma coleta de dados junto ao mercado mediante a base de dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) com a finalidade de determinar o quantitativo de admitidos e demitidos pelas empresas de TI.

O CAGED é um registro administrativo do Ministério do Trabalho e Emprego, criado em dezembro de 1965 por meio da Lei n. 4.923, que tem periodicidade mensal e suas informações destinam-se a acompanhar e fiscalizar o processo de admissão e dispensa dos trabalhadores, além de subsidiar a adoção de medidas contra o desemprego e o estabelecimento de mecanismos de assistência aos desempregados. Somente os estabelecimentos sujeitos ao regime da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT)17 e que apresentaram movimentações de admissão e desligamento dos seus trabalhadores são obrigados a prestar informações ao CAGED (MTE,2009). Os dados do CAGED, segundo MTE (2009), têm um caráter censitário, o que permite a sua desagregação em domínios geográficos, setoriais e ocupacionais pesquisados de forma mais detalhada propiciando elaboração de estudos, pesquisas, projetos e programas ligados ao mercado de trabalho. O CAGED coleta dados que caracterizam a região onde foi feita admissão/demissão e dados demográficos tais como gênero, escolaridade, faixa etária, raça/cor, que caracterizam dados pessoais do admitido/demitido. Além do mais o CAGED também apresenta atributos relativos ao cargo exercido tais como salários, tempo de emprego e a divisão, grupo e classe ocupacional.

Assim, para coletar os dados relativos à admissão e à demissão de profissionais no mercado de TI, foram utilizados os dados fornecidos pelo CAGED no campo denominado descrição que contém a descrição da Classificação Brasileira de Ocupações (CBO).

A CBO foi instituída pelo Ministério do Trabalhe e Emprego (MTE) por meio da portaria ministerial n. 397, de 9 de outubro de 2002, e tem por finalidade a identificação das ocupações no mercado de trabalho para fins classificatórios junto aos registros administrativos e domiciliares. A CBO é periodicamente revisada sendo que as suas duas principais versões são a CBO 94 e a CBO 2002, sendo esta última a que está atualmente em vigor (BRASIL, 2006).

A CBO busca descrever, com a maior fidelidade possível, o mercado de trabalho, não fazendo distinção entre as profissões regulamentadas e as de livre exercício profissional. Cada profissão classificada contém a designação de um código numérico que é utilizado em diversos documentos trabalhistas e previdenciários. Essa numeração é organizada em formato de uma árvore de diretórios em que um grande

17 A Consolidação das Leis do Trabalho é um Decreto-Lei, nº 5.452, de 1 de maio de 1943, que regulamenta as

grupo de ocupações é dividido em vários subgrupos amplos, que, por sua vez se dividem em subgrupos mais específicos, segundo Brasil (2006).

Devido às suas características, a CBO destina-se ao desenvolvimento de estudos e pesquisas sobre o mercado de trabalho, política de emprego e de formação profissional, orientação para definição e investimentos tecnológicos e como base informativa para os censos demográficos.

Para esta pesquisa foram utilizadas as seguintes famílias ocupacionais listadas no quadro 2:

Quadro 2 - Famílias ocupacionais - CBO2002

Código Família Ocupacional

1236 Diretores de serviços de informática 1425 Gerentes de tecnologia da informação

2031 Pesquisador em Ciências da Computação e Informática 2122 Engenheiros em computação

2123 Administradores de redes, sistemas e banco de dados 2124 Analistas de sistemas computacionais

2341 Professor no ensino superior 2624 Designer Gráfico

3132 Técnico em manutenção de equipamentos 3133 Técnico em redes de dados

3171 Programador

7311 Montador de equipamentos eletrônicos Fonte: Brasil (2006)

Vale observar que, para a CBO, não importa a natureza da atividade econômica exercida pela empresa, importa apenas se houve ou não uma contratação ou demissão na ocupação exercida. Assim, se um estabelecimento comercial comum contratar um profissional cujo CBO seja da área de TI, como um programador, essa contratação será registrada no CAGED, tanto quanto a demissão de um programador em uma empresa de desenvolvimento de software por encomenda.

Esta coleta demandou, também, a criação de um software para cruzar os dados fornecidos pelo MTE. A necessidade de criar um software se deu pela enorme quantidade de registros que são apresentados em cada arquivo eletrônico disponibilizado - que corresponde à movimentação de admitidos e demitidos em todas as cidades do Brasil durante o mês de coleta. Esse grande volume de dados não é

suportado pelas planilhas eletrônicas tradicionais.

Vale aqui observar que o preenchimento dos dados nas tabelas ofertadas não apresentou um comportamento padronizado, o que dificultou, também, uma análise direta por planilhas eletrônicas. Como exemplo desse problema teve-se que em algumas tabelas alguns campos que foram preenchidos com dados codificados utilizando números, e em outras planilhas os mesmos campos foram preenchidos com os dados descritivos. Essa falta de padronização provocou inconsistências no levantamento dos dados que só puderam ser corrigidas com o uso do software de análise desenvolvido.

O software coletou os dados disponibilizados em arquivo .TXT, tipo de arquivo que mantém os dados em modo de texto sem qualquer formatação. Esses dados foram convertidos para uma base de dados e a partir daí foi possível fazer um mecanismo de busca de dados que entregasse o número de admitidos e demitidos por mês dentro de um ano, para cada família de ocupação profissional consultada. Esses dados foram consolidados por mês e ano consultado.

4 ANÁLISE DOS DADOS

Neste capítulo os dados levantados na tese são apresentados e analisados de forma isolada, favorecendo, assim, o entendimento de suas origens e suas naturezas. Esta análise ocorrerá, primeiro, para os dados vindos de fontes secundárias que serão utilizados apenas para contextualizar a atual situação do equilíbrio da oferta e demanda de mão de obra qualificada na área de TI considerando os dados disponíveis dentro do Brasil. Posteriormente serão analisados os dados oriundos da pesquisa realizada junto ao mercado de TI e analisados por meio da técnica de modelagem de equação estrutura.

Quanto ao tratamento dado a esses dados, os dados de origem secundária foram tratados de forma descritiva, dada a origem de suas fontes que têm um caráter censitário ou que, quando se tratava de uma fonte amostral, o erro amostral era bastante baixo, favorecendo a análise de toda a população.

Para os dados de origem primária, mostrou-se necessário o uso de instrumentos estatísticos mais aprimorados para que se pudessem verificar os itens mais importantes de cada constructo componente da pesquisa realizada, bem como realizar uma análise de confiabilidade e validação desses constructos, comparar os indicadores e correlacionar os indicadores entre eles.

A técnica utilizada para tratamento dos dados de origem primária foi a análise estatística multivariada. Adotou-se a Modelagem de Equações Estruturais com estimação por Mínimos Quadrados Parciais (MEE-PLS), um método estatístico de segunda geração. Para o tratamento e a estimação dos resultados, foi utilizado software estatístico denominado Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) da empresa americana International Business Machines (IBM).