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3. MATERIAL E MÉTODO

4.4 ANÁLISE LABORATORIAL

No Grupo TachoSil® a análise dos índices hematológicos mostrou valor médio de leucócitos 7.550 ± 1.817/ mm3 no D3 e 6.800 ± 1.661/mm3 no D14, sem diferença estatisticamente significante (p= 0,56). O valor médio de hematócrito foi 29,5 ± 1,64 % no D3 e 32,1 ± 1,47% no D14, com diferença estatisticamente significante (p=0,02) (TABELA 6).

Na avaliação das aminotransferases deste grupo, pôde-se observar redução nos níveis sanguíneos quando comparados os animais no D3 e D14, sendo a média de AST no D3 169,8 ± 48,0 U/l e no D14 127,8 ± 10,7 U/l. Quanto à ALT no D3 a média foi 71,5 ± 22,1 U/l e no D14 70,0 ± 5,5 U/l. Houve diferença estatisticamente significante nos valores de AST (p= 0,02) (TABELA 6).

Quanto aos níveis de fosfatase alcalina houve elevação neste grupo, com diferença estatisticamente significante (p=0,03), a média dos valores foi 289,8 ± 67,6 U/l no D3 e 408,6 ± 64,2 U/l no D14 (TABELA 6).

Em relação aos níveis de GGT no grupo TachoSil® a média dos valores foi 2,50 ± 1,3 U/l no D3 e 2,33 ± 1,0 U/l no D14,houve diferença estatisticamente significante nesse subgrupo (p=0,02). No Grupo Surgicel® foi de 6,83 ± 3,9 U/l no D3 e 1,50 ± 0,83 U/l no D14 (TABELA 6).

TABELA 6 - DADOS DOS EXAMES LABORATORIAIS SANGUÍNEOS DO GRUPO TACHOSIL® NO 3° E 14° DIA DO PERÍODO PÓS-OPERATÓRIO

VARIÁVEL Período Valor de p D3 D14 média dp média dp Leucócitos mm3 7.550 1.817 6.800 1.661 0,56 Hematócritos % 29,5 1,64 32,1 1,47 *0,02 AST U/l 169,8 48,0 127,8 10,7 *0,02 ALT U/l 71,5 22,1 70,0 5,5 1,00 FA U/l 289,8 67,6 408,6 64,2 *0,03 GGT U/l 2,50 1,3 2,33 1,0 *0,02

p= Nível de significância estatística em cada grupo; dp= desvio padrão; * = valor de p<0,05; D3= 3° dia do período do pós-operatório; D14=14° dia do período pós-operatório.

No Grupo Surgicel® a média de leucócitos foi 8.683 ± 1.956/ mm3 no D3 e 5.850 ± 1.264/ mm3 no D14, essa diferença foi estatisticamente significante (p=0,02). A média de hematócrito foi 34,8 ± 5,34 % no D3 e 30,1 ± 2,63% no D14. Essa diferença não foi estatisticamente significante (p=0,12) (TABELA 7).

Neste grupo a média de AST no D3 foi 262,5 ± 87,6 U/l e no D14 foi 249,8 ± 72,1 U/l. A média da ALT foi 127,8 ± 72,3 U/l no D3 e 154,6 ± 97,3 U/l no D14. Embora tenha ocorrido diminuição das transaminases, não houve diferença estatisticamente significante (AST- p=0,60 e ALT- p=0,34) (TABELA 7).

Na avaliação dos níveis de FA do Grupo Surgicel®, a média dos valores foi 263 ± 80,7 no D3, 419 ± 251,6 no D14 (TABELA 7).

O valor médio da GGT no Grupo Surgicel® era 6,83 ± 3,9 U/l no D3 e 1,50 ± 0,83 U/l no D14 (TABELA 7).

TABELA 7 - DADOS DOS EXAMES LABORATORIAIS SANGUÍNEOS DO GRUPO SURGICEL® NO 3° E 14° DIA DO PERÍODO PÓS-OPERATÓRIO

Variável Período Valor de p D3 D14 média dp média dp Leucócitos mm3 8.683 1.956 5.850 1.264 *0,02 Hematócritos % 34,8 5,34 30,1 2,63 0,12 AST U/l 262,7 87,6 249,8 72,1 0,60 ALT U/l 127,8 72,3 154,6 97,3 0,34 FA U/l 263,0 80,7 419,0 251,6 0,14 GGT U/l 6,83 3,9 1,50 0,83 *0,02

p= Nível de significância estatística em cada grupo; dp= desvio padrão; * = valor de p<0,05; D3= 3° dia do período do pós-operatório;D14=14° dia do período pós-operatório

Os dados da Tabela 8 mostram que no D3, houve alteração significante (p= 0,04) na atividade enzimática da ALT no Grupo Surgicel® quando comparado com o Grupo TachoSil®.

TABELA 8 - COMPARAÇÃO DAS TAXAS SANGUÍNEAS BIOQUÍMICAS ENTRE OS GRUPOS TACHOSIL® E SURGICEL® NO 3° DIA DO PERÍODO PÓS-OPERATÓRIO

Variável Tachosil® D3 Surgicel® D3 p

média dp média dp Leucócitos mm3 7.550 1.817 8.683 1.956 0,323 Hematócritos % 29,5 1,64 34,8 5,34 *0,042 AST U/l 169,8 48,0 262,7 87,6 0,054 ALT U/l 71,5 22,1 127,8 72,3 *0,045 FA U/l 289,8 67,6 263,0 80,7 0,057 GGT U/l 2,50 1,3 6,83 3,9 0,053

p= Nível de significância estatística em cada grupo; dp= desvio padrão; * = valor de p<0,05; D3= 3° dia do período do pós-operatório; D14=14° dia do período pós-operatório.

No D14, também houve alteração significante na atividade enzimática das aminotransferases no Grupo Surgicel® quando comparado com o Grupo TachoSil (AST p=0,004 e ALT p=0,01) (TABELA 9).

TABELA 9 - COMPARAÇÃO DAS TAXAS SANGUÍNEAS BIOQUÍMICAS ENTRE OS GRUPOS TACHOSIL® E SURGICEL® NO 14° DIA DO PERÍODO PÓS-OPERATÓRIO

Variável Tachosil® D14 Surgicel® D14 p

média dp média dp Leucócitos mm3 6800 1661 5.850 1.264 0,291 Hematócritos % 32,1 1,47 30,1 2,63 0,136 AST U/l 127,8 10,7 249,8 72,1 *0,004 ALT U/l 70,0 5,5 154,6 97,3 *0,013 FA U/l 408,6 64,2 419,0 251,6 0,920 GGT U/l 2,33 1,0 1,50 0,83 0,127

p= Nível de significância estatística em cada grupo; dp= desvio padrão; * = valor de p<0,05; D3= 3° dia do período do pós-operatório; D14=14° dia do período pós-operatório

4.5. ANÁLISE HISTOLÓGICA

A intensidade inflamatória aguda foi predominante no 3° dia do período pós- operatório, caracterizada pela presença congestão vascular, edema e presença de polimorfonucleares de grau moderado a acentuado em 83,3% dos animais do Grupo Surgicel® (TABELA 10). Quanto ao Grupo Tachosil®, verificou-se resultado semelhante com exceção da congestão vascular que foi identificada em 66,7% dos animais. As variáveis mononucleares e proliferação de fibroblastos não estão presentes no Grupo Surgicel® neste período, ao passo que no Grupo Tachosil®, essas mesmas variáveis foram observadas em 50% e 33,3% respectivamente, indicando sinais de inflamação crônica. No que concerne à angiogênese, o Grupo Tachosil® 66,7% dos ratos apresentaram grau de moderado a acentuado, enquanto no Grupo Surgicel® 83,3% apresentaram grau de ausente a discreto. Não houve diferença estatisticamente significante.

Em ambos os grupos não foi evidenciada presença de colagenização neste período.

TABELA 10 - CARACTERIZAÇÃO COMPARADA DOS ACHADOS HISTOLÓGICOS ENTRE OS GRUPOS TACHOSIL® E SURGICEL® NO 3° DIA DO PERÍODO PÓS-OPERATÓRIO

Variável Grau Grupo Tachosil®

D3 Grupo Surgicel® D3 p Congestão Ausente-discreto 2 ( 33,3%) 1 (16,7%) 1,00 Moderado-acentuado 4 (66,7%) 5 (83,3%) Edema Ausente-discreto 1 (16,7%) 1 (16,7%) 1,00 Moderado-acentuado 5 (83,3%) 5 (83,3%) Polimorfonucleares Ausente-discreto 1 (16,7%) 1 (16,7%) 1,00 Moderado-acentuado 5 (83,3%) 5 (83,3%) Mononucleares Ausente-discreto 3 (50%) 6 (100%) 0,18 Moderado-acentuado 3 (50%) 0 Proliferação de fibroblastos Ausente-discreto 4 (66,7%) 6 (100%) 0,45 Moderado-acentuado 2 ( 33,3%) 0 Angiogênese Ausente-discreto 2 ( 33,3%) 5 (83,3%) 0,24 Moderado-acentuado 4 (66,7%) 1 (16,7%)

Na avaliação com 14 dias, verificou-se no Grupo Surgicel® resultado semelhante àquele encontrado no 3º dia de pós-operatório, com presença de congestão, edema e polimorfonucleares na classificação de moderada a acentuada em 83,3% dos animais e, em 100% dos ratos deste grupo, verificou-se ausência ou presença moderada de mononucleares e proliferação de fibroblastos, sem diferença estatística significante (p>0,05). No Grupo Tachosil® foi observado polimorfonucleares em grau de moderado a acentuado em 66,7% dos animais e angiogênese em grau também de moderado a acentuado em 33,3% (TABELA 11).

TABELA 11 - CARACTERIZAÇÃO COMPARADA DOS ACHADOS HISTOLÓGICOS ENTRE OS GRUPOS TACHOSIL® E SURGICEL® NO 14° DIA DO PERÍODO PÓS-OPERATÓRIO

Variável Grau Grupo Tachosil®

D14 Grupo Surgicel® D14 p Congestão Ausente-discreto 5 (83,3%) 1 (16,7%) 1,00 Moderado-acentuado 1 (16,7%) 5 (83,3%) Edema Ausente-discreto 2 ( 33,3%) 1 (16,7%) 0,24 Moderado-acentuado 4 (66,7%) 5 (83,3%) Polimorfonucleares Ausente-discreto 2 ( 33,3%) 1 (16,7%) 0,24 Moderado-acentuado 4 (66,7%) 5 (83,3%) Mononucleares Ausente-discreto 5 (83,3%) 6 (100%) 1,00 Moderado-acentuado 1 (16,7%) 0 Proliferação de fibroblastos Ausente-discreto 5 (83,3%) 6 (100%) 1,00 Moderado-acentuado 1 (16,7%) 0 Angiogênese Ausente-discreto 4 (66,7%) 5 (83,3%) 1,00 Moderado-acentuado 2 ( 33,3%) 1 (16,7%)

5. DISCUSSÃO

Dados da literatura sugerem um percentual de 10% a 30% na taxa de morbidade em pacientes submetidos à hepatectomia, onde a perda de sangue no intra-operatório, sangramento pós-operatório, acúmulo de líquido intra-abdominal e extravasamento biliar são os principais contribuintes (BERREVOET; HEMPTINNE, 2007), o que torna relevante estudos nessa linha de pesquisa.

No presente estudo não houve morte, perda sanguínea excessiva no período intra e/ou pós-operatório em ambos os grupos.

Intervenção cirúrgica de fígado pode ser associada com excessiva perda sanguínea no intra-operatório, não só porque o fígado é um órgão altamente vascularizado, mas também porque ele desempenha papel central no sistema hemostático (STELLINGWERFF et al., 2012). Logo, a hemostasia continua a ser um desafio, apesar dos avanços das técnicas cirúrgicas (MOENCH et al., 2010).

Procedimentos químicos, térmicos e mecânicos podem ser usados durante a operação, para obtenção da hemostasia, especialmente quando a hemorragia difusa ocorrer. Instrumentos cirúrgicos, como eletrocautério, feixe de argônio, laser são úteis, mas às vezes esses métodos não alcançam resultados satisfatórios (TORO et al., 2011).

Existem várias técnicas para reduzir o sangramento, tais como: redução da pressão venosa central durante a transecção do parênquima do fígado mostrou reduzir significativamente a perda do sangue. Técnicas de oclusão vascular também têm mostrado reduzir potencialmente o sangramento durante a ressecção hepática. Além destas técnicas, vários agentes hemostáticos tópicos têm sido desenvolvidos para melhorar a hemostasia da superfície ressecada (BOONSTRA et al., 2009).

Um estudo holandês mostrou que 49% dos cirurgiões hepáticos utilizavam rotineiramente e 37%, utilizavam ocasionalmente agentes hemostáticos tópicos nas ressecções hepáticas (ZACHARIAS; FERREIRA, 2011).

Muitos agentes tópicos estão atualmente disponíveis em uma variedade de configurações. Eles exercem seu efeito numa variedade de maneiras. Alguns melhoram a hemostasia primária, ao passo que outros, estimulam a formação de fibrina ou inibem a fibrólise. Alguns são preparados com substância pró-coagulante

Outros usam uma matriz para simular a cascata de coagulação endógena e alcançar a hemostasia (SEYEDNEJAD et al., 2007).

Apesar do efeito claro dos agentes hemostáticos tópicos na hemostasia intra- operatória, estudos que comprovem os resultados da eficácia destes agentes no período pós-operatório continuam escassos e mais ensaios clínicos são necessários (BOONSTRA et al., 2009).

Neste estudo o rato da linhagem Wistar (Rattus norvegicus albinus) foi utilizado por possuir significativa resistência à infecção e apresentar baixa mortalidade cirúrgica (AGUIAR et al., 2011), além de mostrar-se adequado para esse tipo de estudo devido a sua semelhança anatômica e fisiológica com o fígado humano. Sabe-se que o modelo experimental em ratos contribui para o desenvolvimento da cirurgia, principalmente no aprimoramento de novas técnicas (OLIVEIRA et al., 2003).

Quanto ao tamanho da amostra, foram obedecidas as recomendações da SBCAL- Sociedade Brasileira de Ciência em Animais de Laboratório que exige redução do número de animais usados em pesquisas experimentais (BRASIL, 2008) e, optou-se por utilizar 24 animais, por ser um número suficiente para reproduzir resultados confiáveis.

A indução anestésica utilizada atendeu às recomendações da literatura, a partir de estudos equivalentes (PRESGRAVE; SANTOS, 2008), sem necessidade de doses adicionais. Os animais permaneceram sem dor no transoperatório e não houve morte em consequência do ato anestésico, o que confirmou a eficácia do método.

A hepatectomia parcial no rato tem sido o modelo cirúrgico experimental mais usado (AGUIAR et al., 2011).Neste estudo foi realizada a ressecção de apenas 30% do fígado, afim de minimizar os riscos inerentes a uma remoção mais extensa

No presente estudo utilizou-se dois hemostáticos tópicos na superfície de ressecção hepática, um à base de selante de fibrina, o TachoSil® e outro à base de celulose oxidada, o Surgicel®.Não houve morte em nenhum dos grupos.

No decorrer do experimento, foram observadas as recomendações do fabricante quanto ao manuseio, preparo e aplicação do produto.

Os vários hemostáticos tópicos atualmente disponíveis podem ser divididos em duas categorias: os que fornecem seu mecanismo de ação sobre a cascata de coagulação de uma forma biologicamente ativa (TachoSil®) e aqueles que agem de

forma passiva através da ativação de contato e promoção de agregação de plaquetas (Surgicel®) (SAMUDRALA,2008).

Neste estudo a hemostasia foi alcançada em ambos os grupos no tempo padronizado, de dois minutos, através de compressão digital do agente hemostático sobre a área ressecada. No entanto, nas bases de dados pesquisadas, não foram encontrados trabalhos com tempo de hemostasia semelhante ao deste estudo.

Frilling et al. (2005), realizaram um estudo no qual houve superioridade significativa do Tachosil® sobre o feixe de argônio em relação ao tempo de hemostasia. Nele, o selante de fibrina apresentou um tempo médio de hemostasia igual a três minutos e nove segundos, enquanto o argônio três minutos e trinta e nove segundos .O estudo concluiu que TachoSil® é superior ao feixe de argônio ao obter eficaz e rápida hemostasia no intra-operatório.

Objetivando comparar a incidência de complicações pós -operatórias entre os pacientes que receberam TachoSil ® para a superfície a transecção do fígado versus aqueles que receberam o Surgicel ®, evidenciaram que o uso rotineiro de TachoSil ® após a ressecção hepática não reduz a taxa de complicação global em comparação com a aplicação Surgicel ® (ZACHARIAS; FERREIRA, 2011).

Em todos os animais dos grupos pesquisados, a ferida operatória evoluiu de forma favorável, sem indicativos de complicações, tais como sinais de inflamação e/ou infecção, sangramento, deiscência de sutura e seromas.

Neste estudo, na avaliação macroscópica, pôde-se observar que nos animais cujo hemostático utilizado foi o TachoSil®, verificou-se melhores resultados em relação às aderências, pois 58,4% dos animais apresentaram Grau 0 e nenhum apresentou Grau III de aderência. O uso do Surgicel® pareceu potencializar a formação de aderências, pois 41,6% apresentaram Grau III de aderência. A formação de aderências pós-operatórias provoca significativas morbidades cirúrgicas, como obstrução intestinal, infertilidade e reoperações complicadas e continua a ser um ônus econômico para o sistema de saúde (GREENAWALT et al., 2012).

Poucos estudos pré-clínicos foram publicados sobre o potencial adesiogênico de agentes hemostáticos. Hoffman et al. (2009), implantaram vários agentes hemostáticos em um modelo de ratos com traumatismo parietal e avaliou a média total de aderência. Eles concluíram que a média de aderências com aplicação de

Surgicel® e FloSeal®, que é um hemostático à base de gelatina e trombina, não foi significantemente diferente.

Em um estudo experimental controlado em coelhas, cujo objetivo foi avaliar a eficácia entre métodos de barreira na prevenção de aderências pélvicas, comparando o uso do Surgicel® e Interceed®, verificou-se que não houve diferença significativa no uso destes produtos na prevenção de formação de aderências em videolaparoscopia (BALBINOTTO, 2009).

Nenhum dos animais que receberam TachoSil® apresentou abscesso e/ou coleções. Quanto ao Grupo Surgicel®, em 25% dos animais identificou-se coleções. Segundo Berrevoet e Hemptinne (2007), selantes de fibrina não estão associados com inflamação e necrose de tecidos.

Jarnagin et al. (2002), mostraram taxa de complicações de 45% após hepatectomias, sendo metade delas infecciosas. As infecções mais comuns foram relacionadas com o fígado e as vias biliares, seguidas de perto pelas pulmonares. A complicação mais comum foi a presença de coleção peri-hepática.

Mello et al. (1998), realizaram estudo cujo objetivo foi verificar a ação hemostática e avaliar a reabsorção da esponja de celulose Surgicel® em fígado de ratos, observou-se a formação de aderências ao peritônio no local do implante e reação inflamatória tipo corpo estranho.

Através da punção da veia cava caudal, realizou-se a coleta de sangue para avaliação laboratorial; optou-se por essa via, devido ao volume de sangue necessário para a análise. As principais vias de coleta de sangue em ratos são: punção cardíaca, veia jugular, seio orbital, veia ou artéria caudal e corte na cauda (PREGRAVE; SANTOS, 2008).

Foram realizados testes bioquímicos para análise da função hepática, que mostrou índices elevados nos grupos estudados, em comparação aos parâmetros bioquímicos normais de ratos Wistar (MELO et al., 2012).

As transaminases são indicadores sensíveis de dano hepático, particularmente quando é uma lesão aguda. A ALT é uma enzima encontrada quase que exclusivamente no citoplasma dos hepatócitos, sendo que níveis elevados da mesma são indicativos, portanto, de injúria do parênquima hepático (LARSSON et al., 1997). A AST existe também em outros tecidos como o coração, músculo esquelético, rins, cérebro, pâncreas e, portanto, é muito menos específica de lesão

hepática do que a ALT que existe primariamente no fígado (NUNES; MOREIRA, 2007).

No Grupo Surgicel®, houve elevação nos níveis de ALT e FA, quando comparados os dia D3 e D14, porém, sem diferença estatisticamente significante. Observou-se ainda que, apesar da redução dos níveis de AST, eles ainda permaneceram acima da média dos valores de referência. No Grupo TachoSil®, pôde-se observar aumento estatisticamente significante nos valores de FA no D14 (p=0,03) quando comparado ao D3,porém, neste mesmo período de pós-operatório, houve redução nos valores de ALT, AST e GTT, sendo estatisticamente significante nos dois últimos parâmetros.

Pôde-se evidenciar que no Grupo Surgicel® houve maior comprometimento da função hepática, caracterizado pelos elevados níveis das transaminases. Os dois grupos em estudo apresentaram elevação dos níveis séricos da FA, o que pode sugerir comprometimento do fluxo biliar. Houve alteração funcional do fígado no 3º e 14º dia de pós-operatório, independente do agente hemostático utilizado.

Resultado semelhante obteve Martino (2010), em um estudo que avaliou o efeito a pentoxifilina na regeneração hepática de ratos submetidos à ressecção de 70% do parênquima hepático, houve elevação de AST e ALT em 2 horas após a hepatectomia em relação ao grupo controle, com picos em 6 horas após o procedimento, e o retorno aos níveis normais em 48 horas.

Em um estudo que avaliou uma série de hepatectomias parciais com oclusão do fluxo sanguíneo aferente, em pacientes portadores de doenças benignas e malignas, verificou que após serem submetidos a processos isquêmicos para coibir sangramento transoperatório apresentaram elevação temporária das enzimas hepáticas, que tendem a normalizar em poucos dias de pós-operatório (GUERRA; PEREIRA, 2001).

Para Suc et al. (1992), algumas das variáveis usadas para avaliar função hepática, como aminotransferases, gama glutamiltransferase e fosfatase alcalina são mais influenciadas pela agressão cirúrgica e/ou regeneração do fígado remanescente do que propriamente um reflexo da função hepática.

A elevação nos níveis de atividades dessas enzimas reflete o aumento de permeabilidade das membranas celulares, o que favorece o extravasamento, desencadeando necrose do parênquima hepático, constituindo-se em indicadores de lesão hepática (GOULART, 2004).

Em uma análise da evolução pré, trans e pós-operatória de pacientes submetidos à hepatectomia por metástases hepáticas do adenocarcinomacolorretal, a fosfatase alcalina e a gama glutamiltransferase apresentaram um decréscimo nos três primeiros dias para em seguida elevarem a níveis acima da normalidade (FONSECA et al., 2003).

Pesquisa realizada por Matos Filho (2009), cujo objetivo foi avaliar a hemostasia e a cicatrização hepática após hepatectomia segmentar em coelhos, utilizando eletrocautério seco, ou emplastrado com gel de lidocaína, pomada de neomicina, loção de glicerina e pomada de vaselina, evidenciou aumento transitório dos níveis séricos de aminotransferases, as quais tiveram pico com 24 horas e normalizaram até o sétimo dia.

Foram avaliados os parâmetros hematológicos de leucócitos e hematócritos, para análise de processo infeccioso e perda sanguínea.

Em ambos os grupos houve diminuição dos níveis de leucócitos, porém, no Grupo Surgicel® esse decréscimo foi estatisticamente significante (p= 0,02). Apesar da ausência de leucocitose, neste grupo foi evidenciada na avaliação macroscópica, sinais de infecção, caracterizados por abscesso e coleções.

Em relação ao nível de hematócrito, nos dois grupos esse parâmetro encontrava-se abaixo do valor de referência. No Grupo Tachosil® houve aumento no valor de hematócritos no 14° dia do período pós-operatório e no Grupo Surgicel® houve diminuição no valor desta variável neste mesmo período, essa diminuição pode estar associada a sangramento indesejado no transoperatório.

Tal resultado assemelha-se ao encontrado por Guérios (2000) cujo estudo realizado em cães teve por objetivo avaliar o controle de hemorragia hepática, com o uso do adesivo não cirúrgico de cianoacrilato no parênquima hepático, observou-se pequena diminuição nos valores de hematócritos no 2° dia pós-operatório em todos os animais do experimento, fato este que pode estar associado com a possível hemorragia no transoperatório.

Na análise histológica dos dias D3 e D14, houve predomínio da fase inflamatória aguda no Grupo Surgicel®. A maioria dos animais (83,3%) apresentaram edema e polimorfonucleares na classificação de moderada a acentuada, elementos que caracterizam a inflamação aguda. Não foi encontrada diferença estatística na análise histopatológica na comparação intergrupos.

No Grupo TachoSil®,evidenciou-se presença na classificação de moderada a acentudada de edema e polimorfonucleares e, a presença na classificação ausente a discreta de mononucleares e proliferação fibroblástica em até 50% dos animais.

Não houve diferença estatística significante (p<0,05) entre as variáveis congestão, polimorfonucleares, edema, mononucleares, proliferação fibroblástica e angiogênese em ambos os grupos, nos dias de observação.

Segundo Martins et al. (2008) afirmaram que os agentes hemostáticos absorvíveis, provocam uma reação inflamatória durante o período de absorção do material, na maioria dos casos este processo é assintomático.

Não encontramos na literatura pesquisada, trabalhos voltados para análise dos efeitos dos agentes hemostáticos no parênquima hepático, eles centralizam suas pesquisas sobre ação hemostática propriamente dita e complicações, tais como ao comprometimento biliar, necessidade de transfusão sanguínea e alteração da função hepática após intervenção cirúrgica no fígado.

No presente estudo observamos que o processo no Grupo Surgicel®, ocorreu de forma gradativa, sendo caracterizado inicialmente por elementos específicos da fase inflamatória aguda (congestão, edema e polimorfonucleares) no 3º dia de pós- operatório e, posteriormente por sinais indicativos de inflamação crônica (mononucleares e proliferação de fibroblastos) No Grupo Tachosil®, apesar da presença dos elementos característicos da fase inflamatória aguda, pôde-se observar presença de elementos que caracterizam um processo inflamatório crônico ainda no 3º dia de pós-operatório, caracterizando melhor resposta no que se refere à cicatrização tecidual.

6. CONCLUSÃO

• Não houve morte entre os animais pesquisados;

• Não foram identificadas complicações, tais como: sangramento, deiscências de sutura, sinais inflamatórios ou seromas na ferida operatória dos animais de ambos os grupos;

• Os resultados referentes à ação hemostática foram semelhantes nos dois grupos pesquisados;

• Foram encontradas aderências nos dois grupos, com maior predominância no Grupo Surgicel®;

• Não foi observado abscesso e/ou coleções no Grupo Tachosil®;

• Os dados laboratoriais mostraram níveis séricos de transaminases elevados em ambos os grupos, porém mais acentuado no Grupo Surgicel®,

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