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A analise Morfoestratigráfica efetuada na presente pesquisa objetivou a aquisição de dados de campo e laboratório que em associação com as datas obtidas pela Luminescência Opticamente (LOE) permitissem inferir de modo coerente, o desenvolvimento dos depósitos recentes na bacia analisada.

3.7.1 Estratigrafia de Seqüências

A Estratigrafia de Seqüências é uma técnica de análise estratigráfica que teve origem e evoluiu principalmente a partir da interpretação geológica de seções sísmicas (sismoestratigrafia). Para Severiano Ribeiro (2002), com a evolução dos conceitos, passaram-se a buscar analogias entre o comportamento das reflexões sísmicas e o de outras ferramentas geológicas, todos fornecidos como resposta a determinadas características dos depósitos sedimentares.

Atualmente, segundo o autor (op. cit.) a estratigrafia de seqüências relaciona-se à análise integrada de todas as informações que permitem o entendimento detalhado de como processa a sedimentação nas bacias.

3.7.2 Parâmetros Morfoestratigráficos

Mello (1997), ressalta a importância da interação Geomorfologia- Estratigráfica, tendo sido utilizada a perspectiva de reconhecimento morfoestratigráfico, sendo possível abordar as superfícies deposicionais e caracterizando-se como importante instrumento para o reconhecimento e mapeamento dos depósitos quaternários.

Segundo Mello (1997), os depósitos quaternários não se encontram restritos a bacias sedimentares em sentido estrito, sendo que distribuem-se sob as múltiplas formas de relevo e portanto, em estreita relação genética com as

feições geomorfológicas. A conciliação entre os estudos geomorfológicos e a estratigrafia, sendo de extrema importância para os estudos sedimentares do quaternário.

Para Mello (op. cit.) o modelo proposto por Bigarella e colaboradores propiciou importantes avanços de Estratigrafia do Quaternário brasileiro, mas que atualmente ocasionam problemas em sua aplicação, se levados em consideração os seguintes aspectos:

1) reconhecimento complicado em campo, de diferentes superfícies assim como suas correlações como os depósitos sedimentares;

2) não há uma correlação cronogeológica bem definida, sendo que podem estar envolvidos também sedimentos terciários;

3) o excesso de interpretações paleoclimáticas, já que mecanismos tectônicos podem ter também atuado no escalonamento das superfícies e restringem a análise sedimentar a um caráter secundário.

Outro enfoque necessário, de acordo com Mello (1997), para a realização das análises estratigráficas refere-se a Aloestratigrafia para que haja a ordenação estratigráfica do registro sedimentar em estudo, sendo a possível cronologia de eventos, seria definido entro outros aspectos, através das descontinuidades estratigráficas.

3.7.3 Aloestratigrafia

Segundo Mello (1997), a Aloestratigrafia como instrumento de classificação estratigráfica foi introduzida pelo último Código Estratigráfico Norte-Americano (NACSN) em 1983, destinada particularmente à análise de depósitos quaternários, sendo que também ressaltada para as seqüências sedimentares mais antigas.

De acordo com Suguio (2001) a utilização da Aloestratigrafia é proposta para depósitos quaternários, levando em consideração que as abordagens tradicionais, empregadas no estudo de seqüências sedimentares antigas apresentam sérios problemas quando aplicadas na análise do registro quaternário, já que um nível maior de detalhamento é exigido, tanto pela natureza descontínua e espessura delgada destes depósitos, suas freqüentes similaridades e recorrências de fácies, ou seja pelo registro paleontológico

inadequado a análises estratigráficas, ou além disso pela reduzida disponibilidade de dados geocronológicos precisos (Figura 21).

Figura 21 – Exemplo de classificação aloestratigráfica de depósitos aluvionais e lacustres em um gráben.

O esquema ilustra 4 unidades aloestratigráficas superpostas (1 – 4), definidas por descontinuidades traçáveis lateralmente (desconformidades e paleosolos). Notar que o conjunto sedimentar pode ser separado lateralmente em formações distintas, caracterizadas por aspectos texturais.

Fonte: Mello, (1995, modificado de NACSN, 1983).

Uma unidade aloestratigráfica corresponde segundo o autor (op. cit.), a um corpo sedimentar estratiforme, mapeável, definido pelo reconhecimento de descontinuidades limitantes. A categorização neste tipo de unidade, permite distinguir como unidade única, depósitos caracterizados por heterogeneidade lítica, limitados por descontinuidades.

As unidades morfoestratigráficas identificadas durante a fase de mapeamento da bacia foram descritas com base nas suas propriedades sedimentológicas e pedológicas. A análise e descrição das fáceis encontradas seguirá o esquema proposto por Miall (1996), no entanto o método a ser aplicado a área será do aloestratigrafia, como utilizado para outros setores do Sudeste do Brasil por Moura e Meis (1986) e Mello et al.(1991).

Para Suguio (2001), como as descontinuidades representam planos de tempo, as unidades estratigráficas são essencialmente diacrônicas, constituindo importante base para uma classificação cronoestratigráfica. Além disso, as unidades aloestratigráficas podem exibir grandes variações faciológicas temporais e espaciais, constituindo um instrumento mais adequado às análises paleoambientais que as formarão.

A unidade da aloestratigrafia denomina-se aloformação que pode ser sudividida em alomenbros ou constituir um alogrupo em associação com outras aloformações.

Moura e Meis (1986), Mello et al.(1991) e Mello et al.(1995), assim como outros autores, buscaram uma estratégia para investigar a formação das unidades deposicionais estruturadoras dos compartimentos morfoestratigráficos. Em virtude da semelhança faciológica dos sedimentos estudados: leques alúvio-coluvionares, sedimentos aluviais e coluvionamentos de diversas gêneses e magnitudes, estes autores optaram pela análise aloestratigráfica.

A aloestratigrafia compreende uma abordagem dos depósitos sob a ótica do evento deposicional (estratigrafia de eventos), onde cada unidade é determinada a partir de suas descontinuidades erosivas, e corresponde a um evento deposicional discreto. No caso dos sedimentos quaternários , com expressão superficial como unidade do relevo, a recorrência faciológica é notável, uma vez que os ambientes deposicionais permanecem discerníveis na paisagem.

No presente trabalho, a análise dos sedimentos coletados na Bacia do Ribeirão Entupido será comparada com a Coluna Estratigráfica da região do Bananal, elaborada por Moura & Mello (1991), já as datas obtidas pela luminescência (LOE) serão confrontadas com as obtidas por Mello (1995) através da datação por C14 no Vale do Rio Doce (Figura 22).

Figura 22 - Coluna Estratigráfica (Quaternário Superior) da região do Bananal segundo Moura & Mello (1991).

3.8 Aspectos Morfoestruturais e Estratigráficos da Região do Médio Vale