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5.2 A Insegurança Alimentar no Nordeste Urbano

5.2.2 Análise Multivariada

A Tabela 5 indica o modelo final obtido após a estratégia de modelagem explicitada na metodologia. Resumidamente, as características que se revelaram estatisticamente significativas para explicar a insegurança alimentar nos domicílios situados nas áreas urbanas da região Nordeste foram: renda domiciliar per capita, condição de ocupação, água canalizada, posse de geladeira, combustível do fogão, tamanho do domicílio, se algum morador recebe benefício de programas sociais do Governo Federal, e se algum morador recebe aposentadoria ou pensão. Finalmente, quanto às características da pessoa de referência, sexo, raça/cor, anos de estudo e tipo de ocupação profissional também se revelaram com significância estatística (valor de p inferior a 0,05). Os resultados significativos são descritos a seguir.

TABELA 5 - Regressão logística multivariada para modelar a chance de os domicílios urbanos estarem em insegurança alimentar, Região Nordeste,

2004.

(continua)

Razão de Chance

(IC 95%) Valor de p Renda domiciliar per capita

Até ¼ SM 27,29 (22,0 - 39,9) 0,000 Mais de ¼ até ½ SM 11,71(9,8 - 14,0) 0,000 Mais de ½ até 1 SM 5,57 (4,7 - 6,6) 0,000 Mais de 1 até 2 SM 2,82 (2,4 - 3,0) 0,000 Mais de 2 SM 1,00 . Condição de ocupação Cedido/outro 1,12 (1,0 - 1,3) 0,088 Próprio pagando/alugado 1,25 (1,1 - 1,4) 0,000 Próprio quitado 1,00 . Água canalizada Não 1,46 (1,3 - 1,7) 0,000 Sim 1,00 . Posse de geladeira Não 1,25 (1,1 - 1,4) 0,013 Sim 1,00 . Combustível do fogão Lenha/carvão/outro 1,34 (1,1 - 1,6) 0,004 Gás 1,00 . Tamanho do domicílio

domicílio com 2 a 3 moradores 1,23 (1,1 - 1,4) 0,004 domicílio com 4 a 6 moradores 1,26 (1,1 - 1,5) 0,002 domicílio com 7 ou mais moradores 1,64 (1,3 - 2,0) 0,000

domicílio unipessoal 1,00 .

recebe benefício 1,61 (1,4 - 1,8) 0,000

não recebe benefício 1,00 .

Recebe aposentadoria Recebe 1,16 (1,1 - 1,3) 0,002 Não recebe 1,00 . Masculino 0,75 (0,7 - 0,8) 0,000 Feminino 1,00 . Branca 0,54 (0,5 - 0,6) 0,000 Parda 0,75 (0,7 - 0,9) 0,001 Preta 1,00 .

Fonte dos dados básicos: IBGE/PNAD, 2004. Fatores associados

Recebe benefício de programas sociais do Governo Federal

Sexo (pessoa de referência do domicílio)

TABELA 5 - Regressão logística multivariada para modelar a chance de os domicílios urbanos estarem em insegurança alimentar, Região Nordeste,

2004. (fim) Razão de chance (IC 95%) Valor de p Militar/Funcionário público 1,10 (0,9 - 1,4) 0,449 Sem carteira 1,16 (1,0 - 1,3) 0,040 Trabalhador doméstico 1,26 (0,8 - 1,9) 0,270 Conta própria 1,15 (1,0 - 1,3) 0,061 Empregador 0,52 (0,4 - 0,8) 0,001 Não remunerado 0,50 (0,2 - 1,3) 0,157 Outras categorias 1,02 (0,7 - 1,5) 0,907

Empregado com carteira 1,00 .

Sim 0,79 (0,7 - 0,9) 0,010

Não 1,00 .

Fonte dos dados básicos: IBGE/PNAD, 2004. Atividade Agrícola (pessoa de referência do domicílio)

Ocupação(pessoa de referência do domicílio)

Fatores associados

Os domicílios com renda per capita domiciliar até ¼ do salário mínimo apresentam 27,3 vezes a chance de estar em insegurança alimentar se comparados aos domicílios com renda per capita domiciliar de mais de dois salários mínimos (categoria de referência). Para os domicílios com renda per capita domiciliar de mais de ¼ até ½ salário mínimo a chance de estarem inseguros é 11,8 vezes a chance da categoria de referência. Quando os domicílios possuem renda de ½ salário até um salário mínimo a chance de insegurança alimentar é 5,6 vezes a chance da categoria de referência e daqueles com renda per capita de um a dois salários mínimos a chance de estarem em insegurança alimentar é 2,8 vezes a chance da categoria de referência.

Quanto à condição de ocupação, os domicílios em imóveis alugados ou próprios, mas ainda sendo pagos, apresentam chance 25% maior de estarem em insegurança alimentar, se comparados àqueles situados em imóveis já quitados.

Com relação às características do domicílio verifica-se que a falta de acesso à água canalizada, à geladeira e ao gás de cozinha continuam apresentando associação com a insegurança alimentar. A chance de estarem em insegurança é 46% maior quando o domicílio não tem água canalizada, 25% maior quando não há geladeira e em 34% maior quando o combustível utilizado no fogão é lenha/carvão/outros.

Domicílios com muitos moradores apresentam chance maior de estarem em insegurança alimentar, comparativamente aos unipessoais. Para estes, a chance de estarem em insegurança alimentar é 64% maior, relativamente àqueles domicílios de apenas uma pessoa. Domicílios com 4 a 6 pessoas apresentam chance 26% maior, quando comparados a categoria de referência. Já os domicílios formados por 2 a 3 pessoas tem chance 23% maior de insegurança alimentar, comparativamente aos domicílios unipessoais.

Os domicílios que possuem beneficiários de programas sociais do Governo Federal possuem chance 61% maior de estarem em insegurança alimentar, do que a dos não beneficiários. Já a chance para os domicílios que têm moradores que recebem aposentadoria ou pensão é 25% maior, comparativamente àqueles que não recebem.

Quanto às características da pessoa de referência, o sexo masculino está associado a uma chance ¼ menor de insegurança alimentar do domicílio (RC= 0,75). Ser da raça/cor branca ou parda, comparativamente à raça/cor preta, também está associado a uma menor chance de insegurança alimentar no domicílio. Os domicílios nos quais a pessoa de referência é branca apresentaram chance 46% menor de estarem inseguros (RC= 0,54) e os que têm pessoa de referência que se declaram pardas, possuem chance 25% menor (RC= 0,75), relativamente à categoria de referência.

A escolaridade da pessoa de referência apresentou associação com a insegurança alimentar. Os domicílios cuja pessoa de referência possui até três anos de estudo apresentaram 2,3 vezes a chance de estar em insegurança alimentar, quando comparados aos que possuem pessoa de referência com 15 anos ou mais de estudo (categoria de referência). Já os domicílios cuja pessoa de

referência tem de 4 a 10 anos de estudo, a chance de insegurança alimentar é 2 vezes a chance da categoria de referência. Para os domicílios com pessoa de referência com 11 a 14 anos de estudo, a chance é 49% maior, relativamente à categoria de referência.

Quanto à ocupação da pessoa de referência, não ter carteira assinada está associado a uma maior chance de o domicílio estar em insegurança alimentar em 24%, relativamente aos domicílios cuja pessoa de referência é empregado com carteira de trabalho assinada (categoria de referência). Para os domicílios com pessoa de referência não ocupada, a chance de insegurança alimentar aumenta em 86%, relativamente à categoria de referência. Quando a pessoa de referência é empregador, a chance de insegurança alimentar do domicílio é 41% menor, quando comparado a categoria de referência (RC= 0,59).

5.3 A Insegurança Alimentar no Nordeste Rural