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UMA ANÁLISE DO NÍVEL E DO NÚCLEO CENTRAL DOS ELEMENTOS GERAIS DO PLANO DIRETOR PAULISTANO

Com base na síntese dos elementos que compõem o PDE (Lei n. 16.050, 2014) e com a finalidade de prover uma base e uma visão geral do PDE sustentada nos principais pontos e abordagens, os seus elementos gerais (isso é, o ordenamento, as políticas públicas urbanas, os sistemas urbanos e o SMPU participativo) foram classificados, sob análise qualitativa, o nível e o núcleo central de cada um (vide Figura 38).

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Figura 38. Elementos Gerais do PDE Paulistano classificados por nível e pelo núcleo central.

Para fins classificatórios e de aplicação à esta pesquisa, considera-se nível amplo quando o elemento (seja concreto ou abstrato) interagir com o sistema ou território municipal de forma geral ou abrangente; e o nível estrito quando o elemento interagir com o sistema ou território municipal de forma específica, isolada, zonal ou local. Também, entende-se a principal ou as principais ideias e perspectivas de determinado elemento.

A estruturação do ordenamento urbano pode ser classificada no nível amplo, pois se trata de um elemento abstrato que significa a delimitação de um território abrangente170, isso é, constitui-se em duas macrozonas e cada uma delas é distribuída em outras macroáreas. O núcleo central da estruturação urbana é composto por dois pontos que integram ao município, divididos e classificados pelo PDE (Lei n. 16.050, 2014) em duas macrozonas da cidade171, a saber, seu núcleo central é simultaneamente a promoção do desenvolvimento estrutural e qualificado e a proteção e recuperação ambiental no território paulistano.

O zoneamento do ordenamento socioespacial urbano paulistano é um elemento abstrato que é classificado no nível estrito, pois trabalha sob o conceito de zonas, que na sua maioria das vezes cobre uma quadra inteira e às vezes divide-se em dois ou mais tipos de

170 Pois, por exemplo, a designação “macrozona” ou “macroáreas” são termos abstratos, pois a não há

linhas divisórias físicas existentes entre elas, porém, elas representam uma porção do território municipal abrangente, território que possui uma natureza concreta.

171 Apresentado anteriormente nas páginas 88-91 deste trabalho. Porém, de forma sucinta, as

Macrozonas são a de “Estruturação e Qualificação Urbana” e de “Proteção e Recuperação Ambiental”. A primeira é dividida em cinco macroáreas, que são a de “estruturação urbana”, “urbanização consolidada”, “qualificação urbana”, “redução da vulnerabilidade urbana” e “redução da vulnerabilidade urbana e recuperação ambiental”; e a segunda é dividida em três macroáreas, que são a de “controle e qualificação urbana e ambiental”, “contenção urbana e sustentável”, e “preservação dos ecossistemas naturais”.

132 zona em uma quadra, ou seja, tem uma abordagem local e interage com o território municipal de forma específica e isolada para cada caso e condição socioespacial. O núcleo central do zoneamento é a constituição de zonas que visualizam um cenário propositivo de desenvolvimento socioespacial considerado desejável para o uso e a ocupação do solo de determinado local172; tal desenvolvimento desejável é configurado pelo poder público com a participação da sociedade, do setor produtivo e da academia, a saber, baseado no interesse público.

Os instrumentos urbanísticos do ordenamento espacial urbano paulistano são classificados no nível estrito, pois sua abordagem é direcionada aos imóveis urbanos, ou seja, os instrumentos urbanísticos são elementos abstratos que interagem com locais específicos da cidade (os imóveis) que devem ser bem aproveitados pela plenitude do seu uso e ocupação, preservados, divididos, parcelados e edificados; por isso, o núcleo central dos instrumentos urbanísticos é a promoção do - cumprimento da função social da propriedade.

As políticas públicas urbanas e os sistemas urbanos podem ser classificadas tanto no nível amplo quanto no nível estrito (predominantemente amplo), pois se tratam de planos (elementos abstratos), medidas (elementos abstratos), equipamentos (elementos concretos), estrutura dos órgãos das políticas públicas (elementos concretos) e dos recursos municipais (elementos abstratos ou concretos) que interagem com um local específico da cidade ou com toda a cidade e esses elementos promovem seu núcleo central - o cumprimento da função social da cidade - a qual tem uma função de nível amplo.

Considera-se que as políticas públicas urbanas e os sistemas urbanos são predominantemente amplos, pois possui uma política de desenvolvimento econômico sustentável, política ambiental, sistema de infraestrutura, política e sistema de saneamento ambiental, política e sistema de mobilidade, sistema de áreas protegidas, áreas verdes e espaços livres, política de habitação social, política de desenvolvimento social, sistema de

172 Observável na própria natureza das zonas em si por conta das qualidades socioespaciais que existem

no seu território e as qualidades que o interesse público considera desejáveis para cada tipo de zona. Essas zonas são classificadas no PDE em inúmeras categorias de: “eixos de estruturação”, de “centralidade”, de “corredor”, “mista”, “especial de interesse social”, de “desenvolvimento econômico”, “predominantemente industrial”, “ocupação especial”, “predominantemente residencial”, “residencial”, “exclusivamente residencial ambiental”, de “preservação e desenvolvimento sustentável”, “especial de preservação ambiental”, “especial de preservação”, “clubes esportivo social”, e “clubes de campo e clubes náutico” (Lei n. 16.050, 2014).

133 equipamentos urbanos e sociais, dentre outras políticas e sistemas que são um conjunto que interage com todo o território paulistano.

Os aspectos minoritários do nível estrito das políticas públicas urbanas e dos sistemas urbanos são os elementos internos das políticas e dos sistemas que interagem apenas em determinada zona ou determinado local ou bairro do município. Por exemplo, na política de desenvolvimento econômico sustentável, estabelece-se a criação de alguns pólos, de algumas centralidades e de alguns parques tecnológico em alguns locais específicos da cidade. Outro exemplo é observado no Sistema de áreas protegidas, áreas verdes e espaços livres no que tange aos cemitérios, parques lineares e às áreas de preservação permanente que são alguns locais específicos da cidade. Assim como as ações prioritárias nas áreas de risco da política de habitação social.

O Sistema Municipal de Políticas Urbanas (SMPU) participativo é classificado tanto no nível amplo quanto estrito - porém predominantemente de natureza ampla - pois se trata da governança geral municipal, elemento que interage em todo o município. Entretanto, há alguns elementos internos do SMPU participativo que interagem com algum local específico da cidade, por exemplo, o plano de bairro e o conselho participativo de cada Prefeitura Regional. Percebeu-se que o núcleo central desse sistema é a gestão democrática de suas políticas e a prestação de contas de tais políticas aos cidadãos.

Também, observou-se que o núcleo central dos elementos gerais do PDE (Lei n. 16.050, 2014) converge com os princípios do PDE173 e, além disso, dos sete princípios que regem a política de desenvolvimento urbano e o PDE, observou-se que houve ênfase em quatro princípios de forma harmônica com os outros três, a saber: primeiro, o elemento geral sobre os - instrumentos urbanísticos - enfatiza o princípio da função social da propriedade urbana e rural; segundo, o elemento geral sobre as - políticas públicas urbanas e os sistemas urbanos - enfatiza o princípio da função social da cidade; e terceiro, o elemento geral sobre o - SMPU participativo - enfatiza o princípio gestão democrática da cidade.

Enfim, a próxima seção conclui este capítulo com uma visão geral do conteúdo que compõe o PDE (Lei n. 16.050, 2014) com fundamento nesta seção (que analisou

173 Discutidos anteriormente, segundo o art. 5º do PDE (Lei n. 16.050, 2014), são: a função social da cidade;

a função social da propriedade urbana; a função social da propriedade rural; a equidade, a inclusão urbana e a inclusão rural; o direito à cidade; o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado; e a gestão democrática.

134 qualitativamente o nível dos elementos gerais do PDE) e nas seções antecedentes deste capítulo (descrição conceitual dos principais elementos do PDE de acordo com o próprio documento do PDE).

3.5 À GUISA DA CONCLUSÃO: UMA VISÃO GERAL DO PLANO DIRETOR