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Análise das propriedades métricas da versão para o português brasileiro de The

3.4.1 Validade de face e conteúdo

A validade de face ou aparente e a validade de conteúdo da versão adaptada para o português brasileiro do instrumento The Barriers to Research Utilization Scale foram verificadas pelo consenso obtido entre os profissionais do Comitê de Juízes, quanto à avaliação do instrumento, se está medindo o que se propõe medir (validade de face) e a relevância de cada item no construto estudado (validade de conteúdo).

3.4.2 Validade de constructo

3.4.2.1 Dimensionalidade

A validade de constructo dimensional foi testada, considerando o artigo da autora principal e colaboradores da escala (FUNK et al., 1991). Para tanto, foi utilizada a análise fatorial confirmatória que constitui uma modalidade ou classe de modelos conhecidos como equações estruturais (structural equation modelling), já que um de seus objetivos é precisamente testar a adequação da estrutura dimensional (fatorial) de um modelo de relações entre variáveis latentes, não observadas ou medidas, designadas como fatores, com um conjunto de itens medidos com um questionário (neste caso, o instrumento sendo validado), designados como variáveis observadas. De fato, a análise fatorial confirmatória empregada buscou verificar o ajuste de um modelo, proposta pela autora principal e colaboradores da escala, contendo quatro fatores (tetrafatorial): Características do Enfermeiro, Características da Organização, Características da Pesquisa e Características da Comunicação.

A adequação do modelo à estrutura proposta pela autora pode ser medida empregando-se critérios de ajuste que buscam determinar a similaridade entre as matrizes de variância-covariância observada na amostra com aquela predita pelo modelo que está sendo testado. Estes critérios são quantitativamente medidos por coeficientes de ajuste, entre os quais citam-se:

1. medidas de ajuste absoluto determinam o quanto o modelo testado se ajusta aos dados obtidos com a amostra, destacando-se:

a. o teste qui-quadrado, medida estatística cujo valor, ao ser comparado com um valor crítico, indica um ajuste adequado ou não; na análise fatorial confirmatória, o pesquisador deseja não rejeitar a hipótese de nulidade, isto é, que o modelo testado não difere dos dados observados; o problema com este indicador é que o valor do qui-quadrado é afetado pelo tamanho amostral, isto é, em amostras grandes é altamente provável que o pesquisador rejeite a hipótese de nulidade, mesmo em situações em que o modelo testado, em termos práticos, não se

diferencie da matriz de dados, razão pelo qual este indicador não é utilizado sem a comparação com outros indicadores (KLINE, 2010);

b. raiz quadrática média do erro de aproximação (Root Mean Square Error of Aproximation, RMSEA) informa o ajuste do modelo aos dados, sendo este ajuste considerado adequado para valores de RMSEA entre 0,05 e 0,08 (MACCALUM; BROWNE; SUGAWARA, 1996);

c. índice de ajuste (Goodness of Fit Index, GFI) indica o ajuste aprimorado do modelo, quando comparado a nenhum modelo, e varia de 0 (ausência de ajuste) a 1 (ajuste perfeito), não havendo um ponto de corte proposto (KLINE, 2010);

2. medidas de ajuste incrementais comparam o modelo testado com algum outro, geralmente designado como modelo independente, em que se supõe não haver correlações entre as variáveis observadas. Como exemplos, citam-se o Índice de Tucker-Lewis (Tucker-Lewis Indexes, TLI) e o Índice de Ajuste Comparativo (Comparative Fit Indexes, CFI), os quais variam de 0 (ausência de ajuste) a 1 (ajuste perfeito), sendo o valor acima de 0,9 para cada índice o indicativo de ajuste aceitável para um modelo em teste (KLINE, 2010).

3.4.2.2 Grupos conhecidos

A validade de grupos conhecidos é baseada no princípio de que grupos específicos podem, antecipadamente, apresentar diferenças de outros, dado que o instrumento é sensível para prever tais diferenças (FAYERS; MACHIN, 2007). A análise da validade foi realizada empregando-se técnica de grupos conhecidos, sendo os grupos definidos, tanto por critérios profissionais e acadêmicos (vínculo empregatício único ou não, realização de capacitação e/ou cursos sobre a utilização de resultados de pesquisas na prática clínica, capacitação em busca de evidências científicas em bases de dados, leitura de artigos científicos referentes à prática de enfermagem, desenvolvimento de pesquisa em enfermagem e aprimoramento) quanto pelo local de trabalho: enfermeiros que atuavam em hospital em que a PBE era incorporada à cultura organizacional, e outro grupo de enfermeiros em que a instituição não adotava tal prática em sua cultura organizacional.

3.4.3 Análise da confiabilidade

3.4.3.1 Consistência interna

A consistência interna dos itens da escala foi calculada por meio do coeficiente alfa de Cronbach, indicador amplamente utilizado para medir o grau de covariância ou correlação entre os itens, podendo seus valores variar entre 0 e 1.

3.4.3.2 Confiabilidade teste-reteste

O processo de confiabilidade refere-se à consistência com que o instrumento mede o atributo, ou seja, o instrumento apresenta confiabilidade, quando revela resultados semelhantes em medidas repetidas (POLIT; BECK, 2011). O nível de concordância entre diversas ocasiões é a medida de confiabilidade do instrumento, desde que os sujeitos estejam em condições estáveis (FAYERS; MACHINE, 2007).

A análise da confiabilidade da versão adaptada para o português brasileiro de The Barriers to Research Utilization Scale foi verificada pela reprodutibilidade do instrumento, por meio das etapas de teste-reteste (aplicação do instrumento de medida na mesma pessoa em momentos distintos). Essa análise quantifica a reprodutibilidade e estabilidade das medidas, quando o teste for repetido. Não há consenso quanto ao intervalo de tempo das duas aplicações; entretanto, recomenda-se que o respondente não se recorde das respostas dadas no teste (PASQUALI, 2004). Fayers e Machin (2007) afirmam que um período muito curto pode fazer com que os participantes se recordem das respostas anteriores, enquanto um período muito longo pode alterar o estado do participante. No presente estudo, foi adotado intervalo de uma semana entre o teste e o reteste da aplicação do instrumento, intervalo semelhante ao realizado pela autora principal e pelos colaboradores do instrumento.

3.5 Aplicação da versão para o português brasileiro de The Barriers to

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