• Nenhum resultado encontrado

3.6 R ESULTADOS E I NTERPRETAÇÃO

3.6.2 Análise qualitativa

No que diz respeito à análise qualitativa, optámos por fazer um estudo dos textos das peças analisadas dos dois jornais, procurando identificar-lhes marcas de proximidade e referências aos próprios títulos, de acordo com as hipóteses levantadas. Além disso, fizemos ainda uma análise qualitativa das peças veiculadas na mesma edição pelos dois títulos, procurando saber mais acerca das notícias sobre os mesmos temas dadas por ambos os periódicos.

3.6.2.1

Marcas de proximidade

Em termos dos elementos textuais que denotam proximidade, encontrámos várias referências nos textos das peças analisadas, as quais mostram que existe uma linguagem em que o jornalista emite juízos e pareceres, assim como, por outro lado, casos em que o título apela à perspectiva regional de um determinado acontecimento nacional, sinal de proximidade como critério para o jornal.

Começando pela questão das citações que denotam juízos de valor da parte dos seus autores, os exemplos são variados. No que toca ao Diário de Coimbra encontramos, de facto, elementos no corpo de texto com marcas de subjectividade. É o caso de afirmações como: “o Pampilhosa foi o vencedor deste «derby» bairradino que pecou pela qualidade do jogo. O desempenho das formações no terreno deixou muito a desejar” (3/10/2005, p.18) ou ainda “a ementa foi suculenta, com destaque para o prato da chanfana, não falando nas deliciosas sobremesas, todas de confecção caseira,

merecendo destaque a qualidade do serviço de café colocado à disposição pela Carvidro” (22/12/2005, p.23). O uso de adjectivos é, como podemos ver, outros dos pontos que figura entre muitas peças do jornal em causa. “O presidente timorense, que veio até à cidade do Mondego a convite de José Eduardo Simões, assistiu a uma péssima partida de futebol” (12/03/2006, p. 14 e 15) é um dos exemplos da qualificação de um evento, como o é também a frase “Inimaginável e espantoso. Dois adjectivos que classificam com exactidão e sem exagero aquilo que é o Espaço Makro da Horexpo” (5/04/2006, p.9).

In: Diário de Coimbra, 5/04/2006, p. 9

O mesmo acontece no Diário As Beiras, onde os recursos a juízos de valor estão patentes em frases como “muito mal vai a arbitragem portuguesa, e principalmente o futsal nacional, com exemplos como aquele que a dupla portuense deu este sábado” (28/11/2005, p. XII) ou “já ninguém tem dúvida que Marcelo Rebelo de Sousa é o melhor comunicador português” (6/12/2005, p. 21). Este recurso está ainda patente em descrições mais pormenorizadas de locais como: “Pelo menos durante um mês, Taveiro ver-se-á de novo transformada em Capital do Livro, num título que lhe assenta como uma luva dada a iniciativa que irá transformar um grande espaço comercial numa verdadeira cidade dos livros, com ruas, avenidas, praças, rotundas e jardins a ostentarem uma sinalética, cujo grande objectivo é convidar à visita e ao passeio todos os leitores, presentes e futuros” (Diário As Beiras, 15/05/2008, p. 8). Os exemplos são mostrados mais abaixo

In: Diário As Beiras, 28/09/2006, p. 19

A utilização de adjectivos também está patente no corpo do texto de algumas das notícias analisadas, como por exemplo: “uma decoração que transparece o estilo contemporâneo de new luxury, inovador e com um toque de sumptuosidade, o Sofitel Lisboa tem em cada recanto um espaço de descoberta e de afinidade com os sentidos” (Diário As Beiras, 30/12/2005, p. 16. Outros casos existem em que as considerações estão plasmados no título. É o caso do exemplo que se segue.

In: Diário As Beiras, 14/12/2005, p. 18

Ainda no que respeita ao Diário As Beiras, encontramos excertos como: trata-se de um lugar ideal para passar momentos de descontracção, nesta época de Verão, sobretudo porque se podem apreciar os magníficos mariscos” (24/06/2006, p. 12) e “os visitantes pertencem a um “planeta de futebol” a que os da casa ficam a “anos-luz”. E quando assim é há pouco a fazer” (4/09/2006, p. 16).

De notar que a maioria dos exemplos encontrados no que toca à qualificação dos eventos acontece nas secções de Desporto e de Empresas & Negócios e Vida Empresarial dos dois jornais. Expressões como “foi nesta altura que se viu um pouco a falta de pulso e de maior rigor no trabalho do árbitro, que consideramos fraco” (12/09/2006, p. 20) ou até “a União continuou uma equipa lenta, submissa e demasiado fácil para o bem organizado Beira-Mar, prático nas trocas de bola, rápido na progressão

no terreno e com uma excelente ocupação dos espaços” (12/09/2006, p. 18) mostram precisamente isso. Frases como “Sobretudo, a Briosa que, com a experiência adquirida nestas “andanças” e com objectivos mais ambiciosos, tinha a obrigação de fazer mais e melhor” (29/04/2006, p. 26) denotam uma crítica clara ao clube de futebol da cidade e revelam o conhecimento que o jornalista tem das prestações da equipa em questão. Também no Diário As Beiras o Desporto é uma secção “adjectivada” por excelência. São disso exemplos referências como “muito competitiva e bem disputada, mas quase sempre mal jogada” (28/11/2005, p. III); “ganhou a equipa que mais fez por isso, ainda que tenha feito muito pouco. Mas o adversário esteve pior, pois nada fez” (28/11/2005, pp. IV e V); ou “o resto do tempo assistiu-se a muita luta, e à gritante incapacidade da Académica em construir um lance com cabeça, tronco e membros” (23/01/2006, p. VI). Já no que toca à secção de Empresas & Negócios, o Diário de Coimbra oferece-nos exemplos como: “o espaço prima pelo bom gosto e pela qualidade” (13/04/2006, p. 21). O Diário As Beiras conta com frases de entre as quais exemplificamos: “como não podia deixar de ser, esta colecção revela-se um “must” quando se pretende um ambiente requintado e sóbrio” (3/08/2006, p. 15).

A adjectivação nos textos e os juízos de valor patentes são marcas claras de subjectividade. Como já aqui dissemos, o distanciamento do jornalista em relação aos acontecimentos é mais difícil quando se trata de factos que acontecem à sua porta. Nos casos mencionados, e sobretudo nos exemplos a nível desportivo, o responsável pelos textos conhece bem as equipas e acompanha a sua trajectória ao longo do ano. Como tal, não se inibe de dar palpites e criticar o desempenho das equipas, mostrando assim que está dentro do assunto e tem conhecimento de causa. No entanto, não cabe ao jornalista este papel, a menos que o faça num texto devidamente identificado com o género de opinião e não em textos generalistas. Se a proximidade geográfica é um dos valores que definem a prioridade dos acontecimentos que se tornam notícia, é também a responsável por muitos dos exemplos acima citados.

Além disso, e aqui queremos salientar mais os casos de notícias do meio empresarial, o facto de o jornalista de deslocar a um local, olhar o ambiente ou provar a comida, não significa que numa peça de cariz jornalístico deva fazer elogios do tipo daqueles que em cima foram mencionados. O que para ele pode ser “inimaginável e espantoso” (Diário de Coimbra, 5/04/2006, p.9) ou até “um must” (Diário As Beiras, 3/08/2006, p. 15)

pode não o ser para o resto das pessoas, logo não se trata de um dado adquirido nem objectivo.

3.6.2.1.1

Profissionais que conhecem o objecto das notícias

Outro dos casos que encontrámos no Diário de Coimbra prende-se com um texto acerca do pórtico degradado de contagem regressiva para o Euro 2004, onde o autor da peça emite o seguinte parecer: “Sabem onde há aquelas coisas que são tão chatas que até chateiam? Que a gente tenta esquecer mas estão sempre presentes de tão chatas que são, as marotas… aquelas que a gente fecha os olhos e as imagens perseguem-nos por serem mesmo chatas? Mesmo, mesmo? Sabem? Sabem? Então… não se calem. […] Até por haver pormenores, como o que a foto documenta, que desgastam qualquer imagem positiva da cidade que se quer transmitir aos turistas, já para não falar nos que cá vivem e que não são, com absoluta certeza, menos importantes” (28/09/2006, p. 2). O jornalista em questão denuncia uma situação e apela directamente a uma acção dos leitores (“não se calem”) face a um bem comum (a imagem da cidade de Coimbra) e salienta o todo dos cidadãos (“os que cá vivem”).

In: Diário de Coimbra, 28/09/2006, p. 2

Outro do exemplo de denúncia de situações é encontrado no Diário As Beiras. Sobre o sistema de rega em Paço de Tavarede, na Figueira da Foz, o jornal diz: “é água a mais pelo desperdício deste bem vital, mas também pelos gastos financeiros de uma câmara com assumidos problemas de dinheiro” (5/04/2006, p. 12). Torna-se claro para nós que a pessoa responsável por este texto sabe sobre o que está a falar, conhece a situação financeira da Câmara e aponta o dedo a uma situação que classifica como sendo de “desperdício”.

In: Diário As Beiras, 5/04/2006, p. 12

Mais um dos exemplos similares prende-se com uma acção de vandalismo em que os carros no bairro Norton de Matos foram pintados durante a noite. Diz o Diário de

Coimbra na peça sobre o assunto (3/10/2005, p.4): “Não! Não resolveram, qual

competição com vista a conseguir o carro mais brilhante do bairro, lavar os automóveis todos ao mesmo tempo. […] As queixas chegaram depressa à PSP. E não é para menos. Com os valores que cobram os pintores, se o petróleo sugerido pelo repórter fotográfico não removeu o inoportuno spray, vai doer no bolso dos proprietários. É caso para dizer: se alguém viu o artista…”. A subjectividade está patente através de um recurso claro à ironia (“não resolveram, qual competição com vista a conseguir o carro mais brilhante do bairro, lavar os automóveis todos ao mesmo tempo”) e à presença e participação da equipa de reportagem no acontecimento (“o petróleo sugerido pelo repórter fotográfico”).

No Diário As Beiras também encontramos exemplos de apelo. É o caso da peça sobre o jogo entre o União de Coimbra e o Gouveia, publicada a 3/10/2005 (p. III), em que o autor do texto diz: “os conimbricenses têm é de perder a vergonha e deixar-se de cerimónias na casa dos outros, por lá também podem e devem sentir-se felizes, quanto mais não seja porque têm valor suficiente para isso”. Além da consideração acerca do valor da equipa, o jornalista dá um recado à equipa da casa, afirmando aquilo que os atletas “têm” de fazer.

Outra das referências textuais que denota o conhecimento em relação à cidade é quando, no âmbito da demissão de Pina Prata, o Diário de Coimbra revela que o vice-presidente

“fez questão de deixar vazio o lugar que lhe estava destinado na sessão e de se sentar no última cadeira da bancada da maioria, logo a seguir a Mário Nunes, onde nem sequer se costuma sentar nenhum vereador” (18/07/2006, p. 3). O jornalista claramente conhece aquele espaço e partilha esse conhecimento com o público.

Mostrando a proximidade entre jornalista e população, a peça de 11/10/2005 do Diário

de Coimbra (p. 13) sobre o convívio em dia de eleições na Serra da Boa Viagem, diz o

seguinte: “Nas autárquicas de domingo passado tudo se repetiu e as pessoas da mesa pedem-nos para aqui deixar um agradecimento sincero a Diamantino Lebre que há duas décadas oferece o almoço a todos”. O jornal é utilizado pelo público para passar uma mensagem de agradecimento e, ainda que devidamente atribuído aos seus autores, este agradecimento não deixa de ser uma marca de proximidade entre o profissional e as pessoas que marcaram presença no convívio.

Ainda de destacar outro caso patente no Diário de Coimbra, que denota a proximidade não só com os cidadãos mas, neste caso, com os atletas da cidade. A citação é a seguinte: “Depois de ter alinhado ontem pelos estudantes, o jogador viaja hoje de manhã para terras de “Vera Cruz” onde, no dia seguinte, irá contrair matrimónio. Ao jovem casal, o Diário de Coimbra aproveita para desejar as maiores felicidades”, uma mensagem directamente do jornal para o jogador em questão e sua mulher (22/12/2005, p. 15).

Mais vezes do que o Diário de Coimbra, o Diário As Beiras fala directamente ao leitor da notícia. Frases como “aproveite este novo lançamento e conheça o concessionário Peugeot MCoutinho Centro” (12/11/2005, p. 15); “ficou curioso? Esperamos que o suficiente para não deixar escapar o roteiro na edição de segunda-feira do Diário As Beiras” (12/11/2005, p. 15) são sinal de uma proximidade maior em relação aos destinatários das notícias. Além disso, estas interpelações servem ainda para promover alguma coisa. No primeiro caso é um carro e no segundo caso é o próprio jornal.

Há ainda a citar outros casos como a retribuição das boas festas enviadas aos dois jornais, por época do Natal.

In: Diário de Coimbra, 22/12/2005, p. 6)

In: Diário As Beiras, 22/12/2005, p. 6

De facto, todas estas marcas textuais têm um elemento em comum: a proximidade. Seja ela em relação aos eventos, às pessoas, às instituições ou ao público em jornais. O

Diário de Coimbra e o Diário As Beiras são jornais de imprensa regional e fazem jus à

ligação que detêm com a região que abrangem. Mais uma vez aqui se revela impreterível remeter ao autor João Carlos Correia (1998, p. 158), quando ele afirma que um dos traços típicos pré-industriais que subsiste na imprensa regional portuguesa é “a presença de marcas discursivas que remetem para formas de sociabilidade que pressupõem um saber comum partilhado pelos produtores de mensagens e pelos públicos”. As citações acima referidas são disso um exemplo e mostram esse saber partilhado entre jornalista e leitor.

A subjectividade inerente aos exemplos acima citados é uma questão que merece alguma atenção em particular. Se tantas vezes se associa esta noção à imprensa regional, fica aqui provado que esta afirmação não é uma falácia, mas antes uma barreira que é preciso derrubar. De que serve ao jornalista proteger-se das críticas de falta de objectividade através do uso das aspas, ou seguindo qualquer outro ponto do ritual estratégico enunciado por Gaye Tuchman (1973, p. 75), se, no final, ele contínua a ter voz no interior da notícia? Ainda que como já aqui vimos o conceito de objectividade esteja desgastado, o esforço deveria ser no sentido de combater a subjectividade e não olhar a objectividade como uma espécie de ideal inalcançável. Tal como afirma Mário Mesquita (2004, p. 49), o facto de o jornalista estar envolvido numa causa comunitária ou regional não impede o rigor e a isenção em contexto informativo. Assim, não só o autor das notícias se deve preocupar em não ocultar nenhuma informação importante e eu ouvir as duas partes de uma mesma questão, como também deve evitar inserir juízos de valor no meio de conteúdos jornalísticos.

3.6.2.1.2

O ângulo regional

Quanto às questões em que o título procura um ângulo regional, são de mencionar exemplos, no Diário de Coimbra, como uma peça em que o ministro da Saúde é ouvido no âmbito das taxas moderadoras de saúde. A meio do texto existe um entre-título com a afirmação “Pediátrico de Coimbra não sai afectado” e a informação vai precisamente enquadrar o caso de Coimbra.

In: Diário de Coimbra, 20/09/2006, p.18

Outro dos exemplos no mesmo jornal é a peça sobre as mudanças nos tribunais de todo o país. Desta vez é o antetítulo da notícia de âmbito nacional que apela directamente à cidade, trazendo uma perspectiva de interesse regional.

Ainda de citar casos como a referência, no âmbito das candidaturas a Unidades de Saúde Familiares, das quais o Diário de Coimbra dizia que “17 estão localizadas na região Centro, cabendo a Coimbra e Aveiro o maior interesse por esta «reconfiguração dos novos centros de saúde». As propostas dos centros de saúde Norton de Matos e Celas estão prestes a receber o parecer final” (19/08/2006, p. 5). Outro dos exemplos está no futebol e diz respeito a Hélder Barbosa, na época jogador da Académica, no âmbito do jogo entre Portugal e Escócia em sub-19: “Recorde-se que entre os jogadores que integram a equipa portuguesa se encontra Hélder Barbosa, atacante que vai vestir a camisola da Académica esta época, cedido pelo FC Porto” (24/06/2006, p. 24). Por último, um outro exemplo ainda na área do Desporto. Quando a selecção portuguesa venceu à Inglaterra, o jornal deu a informação com destaque de primeira página e dentro da edição fez uma peça com o visionamento do jogo de futebol na região e relatava: “As cidades de Coimbra e Figueira da Foz explodiram de alegria ontem à tarde com a vitória da selecção portuguesa sobre a Inglaterra” 2/07/2006, p. 14 e 15).

Também no Diário As Beiras o ângulo regional pauta algumas das notícias analisadas. É o caso da peça sobre o número de presumíveis incendiários no país, em que o lead da notícia apela ao facto de o distrito de Coimbra liderar: “O distrito de Coimbra “lidera” em números de presumíveis incendiários detidos” (11/10/2005, p.3). No mesmo dia há o caso do alerta nacional da protecção civil, motivo suficiente para o jornal ouvir o representante da protecção civil municipal do distrito sobre os perigos face às chuvas e ventos (11/10/2005, p. 4). Numa outra peça de âmbito nacional, o primeiro-ministro falava na saída da sessão de encerramento do Fórum Ciência, no Porto, mas a notícia assume preponderância regional porque Sócrates fez declarações sobre a co-incineração e Souselas era um dos locais onde o processo ia avançar. Neste caso, o jornal preocupou-se mesmo em ouvir Carlos Encarnação, presidente da Câmara Municipal de Coimbra, acerca destas declarações (19/10/2005, p. 19). Para finalizar, vejamos o caso abaixo demonstrado, em que a notícia começa por frisar o número de diabéticos na Europa, depois em Portugal e finalmente na região Centro, onde são pormenorizados os distritos de Aveiro e Coimbra.

In: Diário As Beiras, 12/11/2005, p. 3

Todos estes exemplos mostram que a perspectiva regional é, de facto, importante. Acreditamos que muitas destas notícias de âmbito nacional tenham passado pelos mecanismos de decisão do que faz ou não faz notícia nos jornais regionais, precisamente devido a esta perspectiva regional e local. No que toca à informação estritamente nacional, aquela cuja presença num jornal regional é dar uma visão global do país, os mecanismos de selecção deverão atender a critérios diferentes da informação local. Sendo a informação de âmbito local e regional a prioridade deste tipo de imprensa, as notícias do país, assim como as internacionais, cumprem uma função mais informativa e condensadora acerca do estado dos locais que não são abrangidos pelo jornal em termos de cobertura geográfica.

De facto, os “gates” referenciados pelo estudo de White (1950 p. 142) sobre o processo de selecção de notícia, estarão, em princípio, sempre abertos na imprensa regional para receber qualquer informação de âmbito nacional que contenha uma perspectiva, ainda que mínima, sobre a região a que o jornal se reporta.

Ainda no que toca à perspectiva regional dos eventos, o Diário das Beiras coloca várias vezes peças que dizem respeito a Coimbra ou à região na sua secção de Nacional. São disso exemplos textos sobre as festas de Montemor, publicado na edição de 19 de Agosto de 2006, os protestos na freguesia de Ribeira de Frades, em Coimbra, contra o encerramento da passagem de nível, na edição de 12 de Setembro de 2006, uma colisão

entre dois automóveis, em Cruz de Morouços, em Coimbra, na edição de 23 de Janeiro de 2006, ou a marcha pelo infantário dos Covões, que mais abaixo mostramos.

In: Diário As Beiras, 8/06/2006, p. 19

A informação é de interesse local e, ainda assim, o Diário As Beiras utiliza várias vezes o recurso de a colocar junto às peças do que fez notícia naquele dia no país. A nosso ver, esta poderá ser uma estratégia derivada da falta de espaço no interior da edição, ou então uma forma de o jornal declarar que aquelas informações são suficientemente relevantes para dizerem também respeito ao resto do país. Neste caso acima ilustrado de um protesto contra o encerramento do infantário dos Covões, podemos assumir que a notícia até seria passível de figurar nos jornais nacionais ancorada a Coimbra. Já no que toca a outros exemplos, como as festas de Montemor-o-Velho acima mencionadas, ou a colisão em Cruz de Morouços, não nos parece que isso pudesse ser matéria de interesse nacional. Assim, resta-nos acreditar, que esta opção editorial deverá estar directamente relacionada com a falta de espaço para colocar aquelas peças nas secções que lhes são devidas.

No fundo, resume-se a uma questão de prioridades que vai ancorar no processo de selecção das notícias, naquilo que toca à noticiabilidade das mesmas, ou seja, aos

requisitos de fazem de uma notícia mais “publicável” que outra. Assim, tendo o Diário

As Beiras, efectivamente, falta de espaço dentro da edição, não admira que a informação