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Do total pesquisado (n=921), 88% dos produtos (n=813)

apresentaram algum dos alérgenos.

O alérgeno mais frequente foi a fragrância (n=566; 61,5%). O

conservante mais frequente foi o propilenoglicol (n=346; 37,6%), seguido pelo

fenoxietanol (n=304; 33%) e pelos parabenos (n= 298; 32,2%).

A média de alérgenos por produtos foi de 2,89, com desvio-padrão

de 1,95 e a mediana igual a 3 (Tabela 5).

Tabela 5 - Média, mediana, desvio-padrão e coeficiente de

variação dos alérgenos por classe de produtos

Categoria

Média Mediana

Desvio-

padrão

Coeficiente de variação

Medicamentos tópicos

2,07

2

1,74

0,84

Medicamentos

tópicos

genéricos

2,06

2

1,51

0,73

Protetores solares

3,96

4

1,70

0,43

Cosmecêuticos

3,41

3

1,97

0,58

Sabonetes e loções de limpeza

2,46

2

1,54

0,63

Xampus

2,30

2

1,28

0,56

Hidratantes

3,76

4

2,19

0,58

Medicamentos injetáveis

0,36

0

0,50

1,39

Total

2,89

3

1,95

0,68

O formaldeído foi encontrado em apenas quatro produtos, todos

sabonetes em barra do mesmo laboratório farmacêutico. Já os três liberadores

de formaldeído pesquisados foram encontrados em 68 produtos (7,4%).

A lanolina foi encontrada em 4,2% dos produtos (n=39), mas se

acrescidos os seus derivados, ter-se-ia 45% de frequência (n=415).

70

O sistema MCI/MI foi encontrado em 9,2% do total de produtos.

Entre os sabonetes e loções de limpeza foram nove, com prevalência de 8,6%,

25 entre os cosmecêuticos (11,9%), cinco hidratantes (5,1%), dois

medicamentos (0,9%), 33 protetores solares (22,8%), 10 xampus (21,7%) e um

medicamento tópico genérico (1,1%).

O metildibromo glutaronitrilo apresentou uma prevalência de 1,1%,

presente em 10 produtos. São cinco produtos sem enxágue (três protetores

solares do mesmo laboratório, e dois hidratantes de laboratórios diferentes); e

cinco com enxágue (quatro xampus e um sabonete de outro laboratório - o

mesmo laboratório em que estão presentes os produtos com formaldeído).

Em todas as classes de produtos, as fragrâncias foram os alérgenos

mais prevalentes, com 80% de presença entre os sabonetes e loções de

limpeza, 79% nos cosmecêuticos, 75% nos hidratantes, 30% nos

medicamentos tópicos, 73% nos protetores solares, 96% nos xampus, 18% nos

medicamentos injetáveis e 27% dos medicamentos genéricos tópicos.

Tabela 6 - Quantidade de alérgenos por categoria de produto

pesquisado e porcentagem de cada categoria sem alérgenos

Categoria

Número de alérgenos (%)

0

1

2

3

4

5

6

7 8 9 10

Medicamentos tópicos

48 (22,5)

46

36

41

21 15

3

2 0 1

0

Medicamentos tópicos genéricos

22(23,9)

10

20

25

11

3

1

0 0 0

0

Protetores solares

1(0,007)

9

20

30

30 25 22

6 1 1

0

Cosmecêuticos

11(5,2)

32

31

38

34 31 22

8 3 1

0

Sabonetes e loções de limpeza

9(8,6)

19

31

24

12

4

5

1 0 0

0

Xampus

2 (4,3)

8

22

6

6

0

2

0 0 0

0

Hidratantes

8 (8,2)

10

11

14

18 13 16

4 3 0

1

Medicamentos injetáveis

7(63,6)

4

0

0

0

0

0

0 0 0

0

71

Em relação à representatividade dos laboratórios farmacêuticos

(Tabela 1), o coeficiente de correlação de Spearman, ou ρ (rho) de Spearman,

dos produtos conseguidos foi de 0,95. Com um valor alto e positivo, este

coeficiente revela a correlação positiva entre as duas classificações (ou

ranking). O coeficiente de correlação por postos de Kendall, τ, foi de 0,89, o

que mostra que os dados deste trabalho, de fato, representaram

adequadamente os laboratórios pesquisados.

Figura 1 - Representatividade dos alérgenos, em termos

percentuais

0

10

20

30

40

50

60

70

Áci

d

o

s

ó

rb

ico

La

n

o

lina

Form

al

d

do

Ál

co

o

l ce

lico

Ál

co

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l ce

to

es

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Ál

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stearí

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Bron

o

p

o

l

Di

az

o

lidi

n

il

u

re

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d

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e

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u

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n

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lo

MCI/MI

Pa

ra

b

en

o

s

Prop

ile

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Tri

cl

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san

Qu

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Tri

eta

n

o

lami

n

a

N

en

h

u

m

d

o

s a

rge

n

o

s

Percentual dos alérgenos presentes

72

Figura 2 - Composição das classes pesquisadas por percentual

de cada alérgeno

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Quaternium 15

Trietanolamina

Triclosan

Propileno glicol

Perfume

Parabenos

Metildibromo glutaronitrilo

MCI/MI

Lanolina e/ou derivados

Lanolina

Imidazolidinil ureia

Formaldeído

Fenoxietanol

Etilenodiamina

Diazolidinil ureia

Clorexidina

Bronopol

BHT

Ác sórbico

Nenhum

73

6 DISCUSSÃO

A DCA a conservantes e fragrâncias é, sabidamente, importante

causa de consultas dermatológicas

10

e de significativa morbidade. Evitar a

reexposição a um alérgeno é o cuidado central nos pacientes com DCA, tendo

em vista que a sensibilização persiste ao longo da vida.

34

Uma vez realizado o diagnóstico de DCA, é preciso informar os

pacientes sobre os alérgenos presentes nos produtos para que evitem o

contato com a substância causadora. A falta de adesão a estas normas muitas

vezes vem da falta de conhecimento ou de entendimento do assunto.

A informação dos ingredientes dos produtos é a base para a

prevenção da DCA a estas substâncias.

4,34,35

Dentro desta concepção, este

trabalho pode ser extremamente útil aos dermatologistas.

A condução dos casos de DCA pode ser desafiadora aos pacientes

e médicos, pela dificuldade em se evitar os alérgenos, principalmente se

encontrados nos produtos de uso pessoal. Os nomes típicos dos alérgenos são

longos, difíceis de se pronunciar ou soletrar, o que muitas vezes intimida e

dificulta a adesão dos pacientes.

Não há, no Brasil, fonte de consulta para a prescrição para pacientes

alérgicos aos veículos dermatológicos, e não há relatos de estudos da

presença destes alérgenos nos produtos prescritos por dermatologistas.

Neste estudo, examinou-se a presença de alérgenos selecionados

em 921 produtos de prescrição dermatológica, sem realizar análise química

dos produtos. Somente foram analisados os ingredientes declarados nos

rótulos/bulas, de modo que substâncias não declaradas ou concentrações não

74

puderam ser avaliadas. Entretanto, sabe-se que estudos feitos através dos

rótulos/bulas dos produtos podem trazer informações importantes sobre a

exposição aos alérgenos

2,18,36

e vir a prover listas extremamente úteis de

produtos que os indivíduos alérgicos podem utilizar,

38

o que facilita a educação

do paciente e aumenta a sua satisfação,

40

bem como auxilia na prescrição

médica.

Uma das dificuldades do trabalho foi a legibilidade das bulas,

dificultada pelo tamanho e tipo das fontes, como já relatado por outros

autores,

35

além de vários sinônimos que os ingredientes apresentam, ainda não

totalmente padronizados na INCI.

Sabe-se que a terminologia dos ingredientes é uma das dificuldades

para o paciente acessar as bulas. A INCI, com nomes extensos e complexos, é

um obstáculo significativo à leitura das bulas/rótulos pelos pacientes que

precisam evitar determinados alérgenos. Estudo recente de Yazar et al. sugere

que medidas simples, como adequar o tamanho da fonte da letra, o contraste

entre o tipo e o papel, e a ordem alfabética dos ingredientes poderiam

melhorar, em muito, a legibilidade das bulas/rótulos pelos pacientes.

62

Outra grande dificuldade é a recente americanização dos nomes dos

produtos dermatológicos, que se tornaram extensos, com nomes e sobrenomes

muito semelhantes, por vezes até com nomes em francês. Na hora de

prescrever o produto a ser utilizado, o médico deve estar ciente desta

complexidade, pois produtos com nomes muito semelhantes, não raro com

diferenças de apenas duas letras, são completamente diferentes em sua

composição.

75

Optou-se por não comparar individualmente os produtos, do ponto

de vista da quantidade de alérgenos, tendo em vista que o poder de

sensibilização das substâncias é diferente e ainda não totalmente categorizado

in vivo.

56,146

Do mesmo modo, há sensibilizantes cutâneos que se tornam ativos

somente em consequência da oxidação ou da ativação metabólica. Finalmente,

há fatores individuais e locais que predispõem à DCA, como a existência de

dermatose prévia no local onde o produto vai ser aplicado.

Para seu melhor estudo, os produtos foram divididos em classes, ou

seja, em categorias: medicamentos tópicos

“de marca” e genéricos,

medicamentos injetáveis, sabonetes e loções de limpeza, cosmecêuticos,

xampus e protetores solares. Sabe-se que pode haver discordância quanto à

classe de cada produto. Um exemplo disto é a de um cosmecêutico com

proteção solar, que pode ser alocado em ambas as classes, o mesmo

ocorrendo com alguns hidratantes ou alguns tipos de clareadores, que podem

ser considerados medicamentos ou cosmecêuticos, dependendo do ponto de

vista. Tentou-se, entretanto, detectar o âmbito em que o produto é utilizado,

sua história, a finalidade divulgada para seu uso, entre outros aspectos e

características, para melhor classificá-lo.

Cabe uma explicação mais detalhada acerca do termo

cosmecêutico. Este termo foi inicialmente creditado ao dermatologista Albert

Kligman, na década de 1990,

167,168,169

como um cosmético com um benefício

terapêutico, mas sem necessariamente um benefício biológico. Esta

classificação depende do que o fabricante intenciona ser o uso do produto.

Seriam, assim, cosméticos híbridos, para melhorar a saúde e beleza da pele,

168

incluindo, assim, não somente os tópicos “anti-idade”, mas outros, tais como

76

desodorantes, estimulantes do crescimento capilar e cremes para área dos

olhos.

Quanto aos medicamentos genéricos, ressalta-se que seus fabricantes

precisam demonstrar a bioequivalência do produto, mas que os veículos não

precisam ser idênticos, inclusive para preservar o segredo industrial,

resguardando a patente do medicamento “de marca”.

18

Assim sendo, produtos

“de marca” e genéricos com a mesma substância ativa não possuem, em sua

maioria absoluta, todos os componentes iguais.

As fragrâncias são o capítulo de mais difícil compreensão pelo

paciente alérgico. Quando se fala em fragrâncias, os pacientes e a maioria dos

médicos pensam apenas em colônias ou perfumes, e não nos ingredientes

vários das fragrâncias, que estão presentes em inúmeros produtos de uso

pessoal.

Somente um quarto dos pacientes com alergia as fragrâncias, em

estudo Europeu,

66

mostrou-se alérgico a perfumes finos, que são os produtos

com maior concentração destes alérgenos.

28

É importante esclarecer os

pacientes de que não se está tratando, portanto, de colônia ou perfume fino,

mas de qualquer fragrância que possa estar presente no produto em questão.

Os pacientes precisam ser instruídos de que a inscrição “sem

fragrância” no rótulo do produto não significa ele que possa ser utilizado por

alérgicos a fragrâncias. Sabe-se que, se um ingrediente de fragrância tem mais

de uma função, como por exemplo, ser um conservante, ele pode não ser

considerado um perfume e constar nos produtos.

30,35,38,42,158

Isto implica em

maior estudo e atenção do médico por ocasião da prescrição para este tipo de

paciente.

77

Do mesmo modo, há que se lembrar de que a inscrição no

rótulo/bula “hipoalergênico” ou “testado dermatologicamente” não tem

significado para um paciente alérgico. O importante é analisar o rótulo/bula e

pesquisar o alérgeno em questão entre seus ingredientes.

Optou-se por um rigor excessivo na classificação dos produtos,

principalmente no que diz respeito às possíveis reações cruzadas e às

fragrâncias. Um paciente alérgico ao Fragrance mix I, por exemplo, não

necessariamente é alérgico a todas as fragrâncias, entretanto, neste trabalho,

definiram-se como fragrâncias todas as substâncias já citadas.

A RDC 16/2011

165

diz que as empresas deverão abrir a carta de

fragrância (parfum) informando os ingredientes individualizados dos

componentes de fragrância. Observou-se, entretanto, neste trabalho, que a

maioria dos produtos ainda não se adequou à norma. Isto facilitaria a

prescrição aos pacientes alérgicos a fragrâncias, principalmente se

pudéssemos testá-las individualmente, o que ainda não há no Brasil. O

paciente poderia evitar somente aquela substância a que tem alergia, ao invés

de evitar todo produto que contém algum ingrediente de fragrância.

As fragrâncias foram encontradas em 61,5% dos produtos

pesquisados. Estudo de Yazar et al., em 2011, mostrou frequência de 50% de

fragrâncias nos cosméticos pesquisados.

2

É escassa a literatura sobre pesquisa de alérgenos nos produtos

dermatológicos, sobretudo no Brasil, dificultando comparações com este

estudo.

Os principais conservantes encontrados foram o propilenoglicol, os

parabenos e o fenoxietanol. Cabe aqui ressaltar que o propilenoglicol pode ser

78

um veículo ou um conservante, dependendo da concentração em que se

encontra. Nas bulas/rótulos não há a concentração deste alérgeno, e assim,

não há como se dizer qual a sua finalidade em cada um dos produtos.

Estudo de Coloe e Zirwas em corticoides tópicos “de marca” e

genéricos, encontrou entre propilenoglicol, formaldeído e sesquioleato de

sorbitana, a presença de ao menos um dos alérgenos em 77% dos produtos,

sendo que o mais prevalente foi o propilenoglicol. Ao estudarem os produtos

por tipo de veículo, apenas entre as pomadas encontraram diferença entre os

medicamentos “de marca” e genéricos, com maior prevalência de alérgenos

entre os primeiros. O Kathon CG foi encontrado apenas em corticosteroides

que continham o halobetasol como substância ativa.

18

Neste trabalho, o halobetasol foi encontrado em apenas um produto,

em creme, e o sistema MCI/MI não estava presente. Não se encontrou

diferença estatisticamente significativa entre os medicamentos tópicos

genéricos e “de marca”, em termos de alérgenos, apesar de não terem sido

estudados separadamente por veículos (resultados não mostrados).

Em 1991, época na qual o número de medicamentos dermatológicos

era muito menor que hoje, Catanzaro et al. já chamavam a atenção para o fato

de que a fórmulas dos medicamentos podem ser modificadas sem aviso

prévio.

41

Estudo de Travassos et al. identificou o predomínio de formaldeído e

liberadores entre cosméticos a que os pacientes apresentavam alergia,

seguidos pelo Kathon CG. Dos componentes dos veículos, os alcoóis de

lanolina foram descritos como os mais frequentes, contudo, as porcentagens e

79

quantidades não foram relatadas, limitando comparações mais precisas com o

presente estudo.

Nesta pesquisa, encontrou-se a lanolina em 4,2% dos produtos, e,

se acrescidos os seus derivados, a prevalência foi de 45%.

É relatada na literatura prevalência de 22% do Kathon CG em

produtos cosméticos pesquisados.

2

Entre os conservantes, neste estudo, este

sensibilizante extremamente potente, cuja epidemia tem sido relatada de modo

repetido,

107,108

apresentou uma prevalência de 9,2%, sendo mais frequente

entre os protetores solares e os xampus. Entre os medicamentos (305

produtos), que são mais utilizados em pele lesada, ocorreu em apenas dois

produtos (0,7%), “de marca”.

O metildibromo glutaronitrilo, substância proibida na Europa nos

produtos sem enxágue desde junho de 2008, e, posteriormente, nos produtos

com enxágue,

2,96,97,98,108

foi encontrado por Yazar et al., em estudo sueco no

ano de 2011, em dois xampus e um sabonete líquido.

2

Apresentou, neste

trabalho, uma prevalência de 1,1%, presente em 10 produtos. Ainda não há a

proibição do seu uso no Brasil, e esta substância não é testada nas baterias de

teste de contato deste país.

Os parabenos foram encontrados em 32,2% dos produtos

pesquisados. Yazar et al. encontraram-nos em 44% dos cosméticos

investigados.

2

A principal dificuldade do trabalho foi a obtenção dos rótulos/bulas

dos produtos, principalmente dos produtos “não medicamentos”.

O contato com a indústria foi muito difícil, no sentido de conscientizá-

los a abrirem os ingredientes dos produtos para a prescrição aos pacientes

80

alérgicos. Apesar do processo de procura e sensibilização, alguns laboratórios

não responderam às indagações, e, por vezes, sugeriram a compra de todos

os produtos para obtenção de seus rótulos/bulas. Percebia-se a suspeita de

que segredos industriais poderiam ser revelados ou de que tal trabalho

denegriria a imagem de determinado produto contenedor de substâncias que

acarretam alergia, apesar de sempre se reafirmar que seriam elaboradas listas

de produtos sem as substâncias causadoras de alergia.

Por outro lado, ao longo dos anos de pesquisa, percebeu-se que em

muitos sites, principalmente os de medicamentos, as informações foram se

aperfeiçoando. Houve dois sites em que identificou-se discrepância entre a

informação do rótulo do produto e a sua página da web. As empresas foram

questionadas e obtivemos a informação de qual era a bula/rótulo correto. Um

site, de empresa de medicamentos, apresentou melhora desta informação. O

outro, de cosmecêuticos, com o passar dos meses, retirou a declaração de

ingredientes de seus produtos de sua página.

Espera-se que, a partir deste estudo, haja conscientização e

facilitação neste contato com a indústria farmacêutica, para que se tenha maior

acesso às informações dos ingredientes dos produtos dermatológicos.

6.1 LIMITAÇÕES DO ESTUDO

Este estudo possui algumas limitações que devem ser mencionadas.

Inicialmente, não foi feita análise química dos produtos. De outro modo, os

produtos não foram estudados separadamente por veículos, mas é possível

informar que as pomadas foram os veículos com menor número de alérgenos,

81

tal como relatado na literatura,

1

por apresentarem menor quantidade ou

ausência de água, e, consequentemente, menor número de conservantes.

Outra limitação é o fato de as fragrâncias não se terem sido

estudadas por cada alérgeno separadamente, o que se sugere que seja objeto

de próximos estudos, dada a sua importância e crescente presença em

produtos dermatológicos.

Cabe, ainda, observar que, muito embora o trabalho apresente boa

representatividade dos produtos dermatológicos, não foram obtidos todos

aqueles disponíveis atualmente, principalmente no que diz respeito aos

cosmecêuticos.

A composição dos produtos pode mudar, e, apesar de este trabalho

ter sido apresentado a todas as empresas que forneceram os rótulos/bulas,

raramente a mudança nas fórmulas dos produtos tem sido comunicada.

Finalmente, é escassa a literatura sobre pesquisa de alérgenos nos

produtos dermatológicos, sobretudo no Brasil, e, por isso, houve limitações nas

comparações dos resultados deste trabalho com estudos nacionais.

82

7 CONCLUSÃO

Todos os 21 alérgenos pesquisados foram identificados nos

produtos dermatológicos. O alérgeno mais frequente foi a fragrância e, entre os

conservantes, os mais prevalentes foram o propilenoglicol, os parabenos e o

fenoxietanol. A classe com maior número de alérgenos foi a de protetores

solares.

Foi criado o banco de dados chamado Programa para Pesquisa de

Alérgenos de Contato (PPAC), disponível no site www.ppac.com.br, em que

são fornecidas listas de produtos dermatológicos sem a presença de

determinados alérgenos.

83

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