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4.1 - CENÁRIO DA PESQUISA

O estudo foi realizado em duas regiões administrativas de Brasília, em escolas às quais vamos denominar escola A, da V Região Administrativa de Brasília, com 596,37 Km², 128.789 habitantes fundada em 13 de maio de 1960. É uma cidade planejada cujo plano elaborado entre 1958 e 1959 pelo engenheiro Inácio de Lima Ferreira. A escola B, localizada na I Região Administrativa, conhecida como Plano Piloto tem 450.2 Km² e 198.906 habitantes e foi fundada em 1960. Nela estão incluídos diferentes bairros e setores de Brasília.

A escola A possui 54 turmas, 1929 alunos dos quais são nove surdos, a escola funciona nos três turnos, matutino, vespertino e noturno (anexo II). A escola conta com biblioteca, sala de recursos e equipamentos como: televisão, DVD, projetor de multimídia, computador e a sala destinada ao atendimento da unidade especial, na disciplina de Português, para os alunos surdos. Enquanto a escola B possui 46 turmas, 1649 alunos (anexo II), dos quais trinta e dois são surdos, informando que o número total de alunos, das duas escolas, é flutuante devido à entrada e saída dos mesmos. O atendimento da escola é realizado nos três turnos, matutino, vespertino e noturno. A escola possui as mesmas características da escola A.

As duas escolas A e B oferecem o mesmo atendimento aos alunos surdos. Um coordenador pedagógico, um professor intérprete na sala de aula e a unidade especial na disciplina de Português como segunda língua, que acontece no mesmo horário da aula de Português dos alunos ouvintes, conforme a Orientação Pedagógica (2010). Essa orientação destaca que a Língua Portuguesa deve ser ofertada como segunda língua para os estudantes surdos e ministrada no mesmo horário da disciplina Língua Portuguesa para os ouvintes, mas em ambiente exclusivo e com metodologia específica. Informa ainda que, no ensino médio, os estudantes poderão ser atendidos em unidades especiais apenas no componente curricular de Língua Portuguesa, ministrada como segunda língua. (DF, 2010, p.70).

Aos alunos surdos é disponibilizada a sala de recursos, que tem como função identificar, elaborar e organizar recursos pedagógicos e de acessibilidade que eliminem barreiras. O objetivo é a plena participação dos mesmos no processo de ensino e

aprendizagem, considerando suas necessidades específicas. (REGIMENTO INTERNO SEÇÃO IV p.29).

4.2 – OBSERVAÇÕES

4.2.1 – Escola A

A turma selecionada para a pesquisa, na escola A, tem quatro aulas de Português durante a semana, sendo duas aulas na terça-feira (quinto e sexto horário) e na quinta-feira (terceiro e quarto horário). Foi retirada da grade horária uma aula de Língua Portuguesa, sendo ela remanejada para a disciplina de Práticas Diversas – PD, que não atende a disciplina de Português. A sala de aula é dividida por uma divisória, para atender a dois grupos de alunos. Em uma das salas há um computador e uma impressora.

A observação teve início na primeira semana após a aplicação das provas do primeiro bimestre. Os alunos estavam fazendo prova de Português e Inglês, pois a professora que ministra a disciplina de Português como segunda língua é a mesma da disciplina de inglês. As provas haviam sido aplicadas na semana anterior, porém a professora disse não ser necessário colocar suas provas (da disciplina) junto com as outras avaliações de química, física, filosofia e outras, porque ela acredita que o número de provas é excessivo para os alunos. Assim, as duas aulas estavam destinadas para as avaliações.

Como era o primeiro dia da observação, um aluno pareceu ficar muito envergonhado e os outros continuaram bem à vontade fazendo a prova. Outro aluno disse que a prova estava fácil, por esse motivo, já havia terminado. Logo em seguida foi realizada a troca de sala, pois, o professor que ia ministrar o curso de Libras para servidores da escola necessitava do espaço que estava sendo utilizado pelos alunos surdos.

A professora também se preocupou em justificar para a pesquisadora as faltas dos alunos que não estavam presentes na aula, dizendo que a distância entre a escola e a residência dos alunos era um grande empecilho para a frequência.

Enquanto os alunos realizavam as provas ela mostra à pesquisadora um portfólio construído pelos alunos, no ano anterior, e na visão da pesquisadora a escrita estava correta, ou seja, sem erros de Português. A professora foi questionada pela pesquisadora

se os alunos haviam redigido sozinhos, pois não parecia escrita de alunos surdos, com tamanha perfeição. Ela responde que havia feito correção em sala de aula, junto com os alunos e que apenas um aluno demonstrou dificuldade e foi autorizado a levar o trabalho para casa. A professora informou que o irmão havia feito o trabalho para o aluno. A professora relatou as dificuldades que esse aluno apresentava em escrever.

Na terceira e quarta observações, a pesquisadora chega no horário do intervalo e observa que a professora passou para sala de aula e não chamou os alunos. O sinal tocou, eles continuaram conversando e todos chegaram atrasados na sala de aula. A professora informou aos alunos que faltaram na aula anterior, que eles iriam fazer a avaliação. Eles não apresentaram qualquer justificativa por terem faltado no dia do teste e a professora aplicou-lhes a avaliação.

Nesse momento a professora aproveita para mostrar à pesquisadora as avaliações de Língua Portuguesa. A pesquisadora percebe que o aluno que a professora diz apresentar maior dificuldade não consegue terminar a avaliação de Português. Ele questiona muito, ela o ajuda respondendo as suas dúvidas. Mesmo assim, ele não consegue fazer a prova sem o auxílio e ela então autoriza que consulte o livro para que possa terminar a avaliação. Enquanto isso, dois alunos fazem a avaliação de inglês. A pesquisadora percebe que os mesmos consultam com autonomia o dicionário de inglês e realizam as atividades com independência.

Com relação aos critérios para a realização das avaliações como postura, não conversar durante a realização da prova, não são exigidos pela professora. E os alunos conversam entre si, tiram dúvidas. Enquanto isso, a professora atende individualmente cada aluno que a solicita; porém não intervém em nenhum momento com relação à conversa silenciosa.

Na quinta e sexta observações, a professora chega à sala de aula e os alunos permanecem conversando do lado de fora. Então, a professora resolve chamá-los. Ela explica que eles irão fazer um trabalho para a disciplina de sociologia, faz a datilologia do título e em seguida escreve o título no quadro branco “um memorial da vida escolar” explicando o trabalho que eles deverão realizar. Em conversa anterior, a professora havia informado à pesquisadora que tinha feito um portfólio com os alunos da vida de cada um. O aluno que a professora disse ter mais dificuldade questiona: “- De novo? Ele então informa à professora que não tem foto, e ela prontamente responde que tem guardada do ano anterior. Todos os alunos questionam sobre o trabalho e a professora faz a explicação em Libras. Começa um momento de interação na sala de aula. Os

alunos relatam as suas dificuldades no passado, no período escolar de 2° série. De repente, um telefone toca e a professora procura saber de quem é o celular que está tocando. Quando descobre, o aluno lhe pede que atenda e ela prontamente lhe passa o recado. A aula continua com o relato de um aluno sobre suas dificuldades quando estudava no CEAL, ele fala que lá se trabalhava somente a oralização, e continua dizendo que a única disciplina que ele não tinha dificuldades era a de educação artística. Ele relata toda a sua trajetória escolar.

Todos observam. De repente, outro aluno interfere dizendo que sua experiência também é igual à do colega e afirma ser verdade tudo o que o amigo conta. Ressalta as dificuldades que é estudar com alunos e professores ouvintes.

Na verdade, eles já começam a fazer o memorial em Libras. Durante a aula de Português, outro aluno fala da chegada do professor surdo na escola, diz que passou a compreender melhor os conteúdos e que hoje não tem tempo para passear. Quando termina a aula, vai direto para o trabalho, e à noite, quando chega do trabalho, ele estuda até tarde. Ele diz que tudo está mais claro em sua mente. Enquanto ele sinaliza, três alunos conversam entre si e um aluno observa concentrado o relato do colega. A professora entrega então um texto falando sobre a importância da escola (anexo III).

O texto entregue contém um parágrafo e um exercício com duas alternativas. A primeira questão pede para explicar o significado de oito palavras retiradas do texto, que são elas, aprendizado, essencial, formação, fonte, aquisição, oportunidade, contribui e digna. A segunda questão é “responda: de acordo com o texto, porque a escola é importante?”

Após dez minutos, a professora inicia a questão – O que você entendeu do texto? Ela faz o questionamento em Libras e, de acordo com cada relato, ela escreve no quadro.

São respostas dos alunos em Libras e escritas no quadro pela professora da escola A:

• Aluno 1A – Eu li bom palavras algumas não conheço. Eu pensei no contexto, mas agora entendi que aprendizagem falta, aprender precisa mais. É importante estudar para melhorar a vida educação.

• Aluno 2A – Fala pessoa aprender estudar mais importante Português escrever palavras melhor pensamento inteligente.

• Aluno 3A – Eu ficar estudar mais importante crescer oportunidade lutar começo aprender ensinar livro ler eu próprio leio. Eu preciso também mais aconselhar para melhorar.

• Aluno 4A - O ser humano estuda aprende sabe poucas palavras lembrar, escrever, organizar, melhorar educação bom começar porque ler aprende bem e se desenvolve.

• Aluno 5A - Eu falar, estudar o livro estudar palavra diferente difícil. Boa fonte de cultura. Bom estudar tem importância, começar novo.

A professora faz uma interferência, no início da fala do aluno 4 A, explicando que é para ele retirar a ideia central do texto. Enquanto a professora escreve no quadro, as respostas dos alunos, os outros se dispersam.

De repente o aluno 5A sai da sala. A professora justifica que ele tem medo de expressar-se na língua Portuguesa, por isso foge. Ela então sai da sala e vai buscá-lo. O aluno inicia o seu relato, dizendo que as palavras são desconhecidas e que é muito difícil para ele. Porém na metade da explicação uma palavra lhe chama a atenção e ele questiona a professora - O que é fonte de cultura? Ela copia no quadro o questionamento dele “fonte de cultura”, e não explica o significado ao aluno. Não se sabe se ela não entendeu que era um questionamento, ou se deixou de esclarecer a dúvida, por esquecimento.

Ela então resolve liberá-los mais cedo e, nesse momento, um aluno pede para copiar do quadro as respostas dos colegas. A professora diz que não, e depois justifica que nem tudo está correto. Os alunos guardam o material e saem da sala. Percebe-se nesta aula que não houve retenção escrita de nenhuma forma por parte dos alunos surdos, lembrando que já são seis aulas observadas.

Na sétima e oitava observações havia somente três alunos presentes, a professora explica que é importante distinguir a mensagem do texto da opinião individual.

Esta aula antecede a manifestação dos surdos em Brasília, e dois professores organizam um texto no computador que se localiza dentro da sala de aula. Um aluno percebe a dificuldade do professor em imprimir, e avisa que é necessário ligar a impressora. A aula está parada em função dos professores, do computador e da manifestação. Os professores, que organizam o texto, não percebem que a presença deles interfere no aprendizado dos alunos. A aula continua e a professora interpreta o texto e inicia a correção dos exercícios, colocando no quadro o significado das palavras.

Ela explica o que é formação, e os alunos parecem entender, começam a escrever o significado das palavras no caderno.

Quando a professora se depara com a palavra digna, ela solicita a ajuda do professor surdo, que também está na sala organizando o bilhete da manifestação, ele interfere fazendo as devidas explicações, os alunos satisfeitos com a explicação assistem atentamente à aula.

4.2.2 – Escola B

A turma tem quatro aulas de Português no período de uma semana, sendo que duas aulas na quarta-feira, no terceiro e quarto horário e na quinta feira no primeiro e segundo horário foi retirada da grade horária das turmas de 3° ano, uma aula de Português, e remanejada para a disciplina de Práticas Diversas, que não atende a disciplina de Português.

A primeira observação teve inicio na primeira semana após a aplicação das provas do primeiro bimestre. Os alunos estavam refazendo a prova de Português, que havia sido aplicada na semana de provas, que aconteceu na semana anterior. A professora disse que a finalidade de refazer a prova é para que os alunos possam corrigir erros. Após essa tarefa os alunos deveriam copiar as mesmas questões, agora de forma correta, no caderno, e em cada momento de dúvida por parte do aluno, a professora fazia a interferência individualmente, fazendo as devidas explicações. Não havia conversa paralela. Percebe-se muita concentração por parte dos alunos. A disposição da sala e das carteiras favorece o aprendizado. À medida que os alunos iam acabando a correção da avaliação, passavam automaticamente para a leitura do texto adaptado e resumido pela professora (ver anexo III).

A professora disse que muitas vezes os alunos assinalam palavras que conhecem, mas esqueceram como, por exemplo, a palavra decidir. Ela então mostra para o aluno o sinal e ele se recorda da palavra. Ela fala que é comum acontecer isso.

A professora então auxilia os alunos com atividade que identifica o verbo e o sujeito. E eles começam a se organizar para classificar as palavras no texto. Eles vão assinalando no texto e a professora os auxilia individualmente, isso acontece à medida que a dúvida vai surgindo. Após isso eles copiam no caderno a palavra enquanto os outros consultam o dicionário. Quando algum aluno começa a dispersar e a conversar a professora corrige e reclama da postura em sala de aula.

A pesquisadora observa que no quadro havia um vocabulário com 28 palavras do texto globalização (anexo III). A professora já estava fazendo a introdução, com vocabulário a ser desenvolvido no segundo bimestre.

Enquanto os alunos realizavam as atividades, a professora explicou que o texto já havia sido trabalhado com os alunos ouvintes da turma em que os alunos surdos estão incluídos, e que o professor passou o filme sem legenda. Quando a professora soube se propôs a trabalhar com os alunos o texto e o filme. Pediu ao professor um prazo para se organizar. A professora resumiu o texto e selecionou o vocabulário com o objetivo de explicar o significado das palavras aos alunos.

A professora disse que está atuando também na sala de recursos, com alunos surdos do turno contrário, na área de humanas e com a unidade especial com todos os alunos surdos, do 3° ano, nas seguintes turmas A, B, e C. Ela disse que desenvolve um trabalho com eles desde o 2° ano. Ela explica que gosta de desenvolver atividades com o uso do dicionário.

Na segunda e terceira observações os alunos continuaram a consultar o dicionário com autonomia. A professora reclama do cumprimento do horário de chegada na escola, pois no primeiro horário havia somente três alunos. Ela responsabiliza os pais (família), pelos atrasos dos filhos, Ressalta que “não é só o trânsito, o culpado” pelo atraso. Nessa aula os alunos presentes continuam a atividade do texto, procurando palavras no dicionário. Enquanto isso, a professora organiza grupos para que eles trabalhem com vocabulário, do texto acima citado (anexo III). Ela elaborou fichas de cartolina colorida, com palavras do vocabulário a ser desenvolvido em sala.

A atividade realizada em sala de aula seria: fichas laranja com vocabulário selecionado pela professora e fichas brancas contendo o significado das palavras. Os artigos acompanhavam as palavras nas fichas brancas. A professora organizou as palavras em um lado da carteira. Do outro lado estava o significado; o aluno deveria localizar o significado e colocar no lugar correto.

Os dois primeiros alunos que terminaram a correção dos erros e a reescrita no caderno iniciaram a atividade. A professora então explica, os alunos observam as palavras e discutem entre si, tiram dúvidas com a professora e ela, então, sinaliza dando a eles algumas pistas. Quando o aluno acerta a primeira palavra e seu respectivo significado vibra e se sente motivado a procurar mais. Após concluírem o agrupamento:

palavra/significado os alunos copiam no caderno. Nesse momento a professora trabalha treino ortográfico e memorização das palavras.

Na quinta e sexta observações, estava escrito no quadro: 2° Bimestre. Texto Globalização/Milton Santos.

1 - Sublinhe as palavras desconhecidas e procure-as no dicionário. 2 - Jogo de vocabulário com fichas.

Os dois primeiro alunos, que já haviam terminado o jogo de vocabulário com as fichas, fazem revisão do vocabulário sozinhos e no segundo momento com a orientação da professora, eles trocam as informações dos cadernos, ou seja, após a memorização individual de cada um, eles copiam as informações dos cadernos, ficando cada um com as dúvidas do colega.

Enquanto os dois alunos fazem essa atividade os outros três alunos realizam o jogo do vocabulário, sempre com a orientação e observação da professora. Os alunos apresentam tranquilidade e interesse pela tarefa realizada em sala de aula e parecem já estar habituados com o método da professora, pois conseguem realizar as atividades com familiaridade. De repente um aluno se levanta, pega o pincel e assinala duas palavras no quadro sendo elas GUEDA e MONOLA. Ele pergunta à professora “O que significa?” A professora explica que as palavras estão erradas e em seguida dá algumas alternativas no quadro para GUEDA (quieta)? ou queda?. Nesse momento há interferência de todos os alunos, querendo ajudar o colega.

A professora começa a aula expositiva do texto, explicando aos alunos o texto globalização já trabalhado em sala. A exposição é feita em Libras e há muita interação na sala de aula com relação às palavras e aos sinais. Eles interferem mostrando o sinal correto. Os alunos demonstram conhecimento dos sinais das cidades dos EUA como, por exemplo, Washington e prestam atenção na explicação interagindo o tempo todo com a professora. A professora segue sua aula explicando todo o texto. Para isso ela também utiliza o pincel, o quadro branco e a Libras. A professora finaliza a aula explicando que na próxima aula eles irão assistir ao filme. Ressalta ainda que eles vão fazer um exercício valendo nota para a aula de artes.

Na sétima e oitava apresentações os alunos assistem ao filme: “Encontro com Milton Santos ou o Mundo Global visto do lado de Cá”. Lançamento: 2007 (Brasil), Direção de: Sílvio Tendler. Duração de 89 minutos. Gênero: Documentário.

4.3 - ANÁLISE DAS ENTREVISTAS COM OS COORDENADORES PEDAGÓGICOS

A entrevista com os coordenadores foi agendada previamente de acordo com a disponibilidade de horário de cada um. Também com prévia autorização para gravação (anexo IV), sendo o depoimento transcrito posteriormente.

A coordenadora da escola A é graduada em Educação Física enquanto a coordenadora da escola B é graduada em Letras. A coordenadora da escola A, tem 42 anos e a coordenadora da B tem 35. O tempo de atuação na coordenação pedagógica da escola A é de três anos enquanto da escola B esta há quatro meses como coordenadora.

A coordenadora da escola A informou ter realizado cursos específicos na área de surdez. Ela disse possuir os seguintes cursos: “Conversando com o Surdo, Libras I, Libras II, Contexto I, Contexto II e Intérprete”, enquanto a coordenadora da escola B diz que não possui cursos e explica que não trabalhou com surdos antes.

Na escola A, pelo fato de a coordenadora conhecer a Língua de Sinais, a comunicação entre coordenação pedagógica e alunos surdos é realizada em Libras. Na escola B, a coordenadora disse “A gente não ouve esses alunos. O trabalho que a gente faz é sempre usando o professor intérprete ou os professores da sala de recursos”, ou seja, os professores da sala de recursos e os intérpretes são intermediários da conversa. Ela informa que: “sabe pelos bastidores que alguns alunos se queixam de algumas professoras intérpretes, mas isso dificilmente é passado para a gente, até porque quem faz essa intermediação, é o professor intérprete, e ele dificilmente vai trazer para a gente”. Os alunos reclamam da interpretação feita em sala de aula pelo professor intérprete. Com isso, a coordenadora justifica que pelo fato de ela não saber Libras os alunos não procuram a coordenação. Com isso, “o aluno fica no prejuízo porque ele praticamente, não é ouvido exatamente naquilo que ele precisa reivindicar porque não existe essa pessoa intermediando”.

Na verdade, a coordenadora da escola B está sendo omissa. Sabe das queixas dos alunos, porém não se manifesta. Ela poderia auxiliar os alunos, orientando-os a procurar a professora itinerante responsável, pelo grupo de professores que atende os alunos surdos, no caso o intérprete de Libras.

É importante ressaltar que na SEDF, o intérprete não é profissional de carreira, e sim professores das diversas áreas que atuam como intérprete. O intuito aqui não é criticar o papel do intérprete, pois há carência do profissional na área, mas auxiliar os

alunos ensinando-os a reclamar e a perceber que para o intérprete é difícil assumir a

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