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Este capítulo objetiva apresentar os resultados encontrados nas duas etapas planejadas para o estudo, conforme explicitado no capítulo do método. Inicialmente serão apresentados os resultados dos dados obtidos na primeira etapa, com a aplicação do Inventário da Motivação e do Significado do Trabalho (IMST); em seguida, os resultados das análises das entrevistas realizadas na segunda etapa do estudo. Ambos os resultados estão descritos partindo dos objetivos traçados para a tese.

5.1. O que revela o IMST

O primeiro objetivo traçado foi identificar a valência atribuída pelos profissionais de saúde das UBS’s aos resultados esperados pelo seu trabalho. Tendo em vista a consecução desse objetivo, estimou se os escores nos fatores, levantando se as médias e os desvios padrão da amostra em cada fator, bem como a frequência de participantes por intervalos da distribuição de escores (0 a 4), cujos valores são mostrados na Tabela 9. Observando essa distribuição, verifica se que as maiores frequências de profissionais de saúde ocorrem nos intervalos de escores mais elevados (x > 3), no fator (FV2) Autoexpressão e Realização Pessoal e no fator (FV3) Sobrevivência Pessoal e Familiar. Nesses fatores, o desvio padrão é menor. No fator (FV1) Justiça no Trabalho ocorre uma maior dispersão, com maiores concentrações de profissionais nos intervalos moderado inferior (1 < x ≤ 2), moderado superior (2 < x ≤ 3) e superior (x > 3), sendo que, nesse último intervalo, a frequência é um pouco mais elevada que nos dois anteriores. Ainda nesse fator, há uma pequena concentração de profissionais no intervalo inferior (x< 1). No fator (FV4) Desgaste e Desumanização, também ocorre uma maior dispersão, porém de maneira diferente que no fator FV1, ou seja, as maiores frequências estão nos intervalos inferior (x< 1), moderado inferior (1 < x ≤ 2) e moderado superior (2 < x ≤ 3), sendo no intervalo moderado inferior que ocorre a maior concentração de profissionais. E ao contrário do fator FV4, a menor frequência de profissionais ocorre no intervalo superior (x > 3). Vale salientar que são nos fatores FV1 e FV4 que ocorrem os maiores desvios padrão (respectivamente, 1,04 e 0,85).

Tabela 9

9 F'G 3&7H

Fatores Média

Desvio padrão

Frequência de participantes por intervalos

x ≤ 1 1 < x ≤ 2 2 < x ≤ 3 x > 3

FV1 – Justiça no Trabalho 2,51 1,04 7,8 28,0 30,7 33,5

FV2 – Autoexpressão e Realização Pessoal 3,43 0,45 0,0 0,5 16,1 83,5

FV3 – Sobrevivência Pessoal e Familiar 3,42 0,50 0,0 1,4 17,4 81,2

FV4 – Desgaste e Desumanização 1,77 0,85 21,1 37,6 32,1 9,2

ANOVA F= 514,83 para < 0,001

Pode se observar, portanto, na Tabela 9, que os profissionais de saúde apresentam médias com magnitudes diferentes entre os fatores, o que é corroborado pela ANOVA (F= 514,83 para < 0,001). Por sua vez, teste FD H revelou haver três níveis distintos de valência, conforme se pode visualizar na Figura 11.

% && Níveis identificados nos fatores de valência

FV2 – Autoexpressão e Realização Pessoal (M= 3,43)

FV3 – Sobrevivência Pessoal e Familiar (M= 3,42)

FV4 – Desgaste e Desumanização (M= 1,77)

De acordo com a Figura 10, em um primeiro nível de valência estão os fatores (FV2) Autoexpressão e Realização Pessoal (M= 3,43) e (FV3) Sobrevivência Pessoal e Familiar (M= 3,42), cujas médias, de acordo com o teste FD H, não apresentam diferenças significativas entre si (diferença média= 0,14 para p= 0,69); em um segundo nível, encontra se o fator (FV1) Justiça no Trabalho, cuja média difere de forma estatisticamente significativa com as médias dos fatores do primeiro nível, FV2 e FV3 (sucessivamente diferenças médias= 0, 92 e 0,90 para p < 0,001) e com a média do fator que se encontra no último nível, (FV4) Desgaste e Desumanização (diferença média= 0,14 para p= 0,69).

Conforme mostra a Figura 12, no estudo de 2001 (Borges & Alves Filho) encontrou se no fator Justiça no Trabalho uma média de 3,65, sendo esta a maior média; no fator Realização, média de 3,41; em Bem estar, 3,49; no fator AutoExpressão, 3,54; e, em Desgaste e Desumanização, uma média de 1,97. No estudo de 2003, esses autores encontraram média de 2,54 para Justiça no Trabalho, bem abaixo do valor encontrado em 2001, verificando se claramente que no tempo decorrido entre os dois estudos houve uma queda considerável nesse fator, revelando que os profissionais de saúde não valorizam Justiça do Trabalho da mesma forma. Também encontraram uma média de 3,46 em Autoexpressão e Realização Pessoal; 3,42 em Sobrevivência Pessoal e Familiar; e média de 1,82 para Desgaste e Desumanização.

% &3 Médias encontradas nos Fatores Valorativos

Como se pode verificar na Figura 12, o número de fatores valorativos no primeiro estudo (2001) era maior que no estudo de 2003, como também não eram exatamente iguais quanto à composição (conjunto de itens) ou conteúdo, mas, por equivalência, é possível afirmar serem as médias dos fatores muito próximas, importando, no entanto, uma observação com relação ao escore do fator Justiça no Trabalho. No estudo atual, o escore nesse fator se assemelha ao estudo de 2003, sendo ainda um pouco menor e, apesar das diferenças entre as médias não serem estatisticamente significantes, revela que no tempo decorrido entre os dois estudos houve uma manutenção da percepção dos profissionais de saúde com relação a esse fator, sendo que o ideal era ter aumentado o escore. Desse modo, em nível de valência, esse fator contribui de forma desfavorável à motivação desses profissionais, à medida que pode implicar na sua diminuição.

FATORES VALORATIVOS 2001 2003 ATUAL Justiça no Trabalho M= 3,65 Justiça no Trabalho M= 2,54 Justiça no Trabalho M= 2,51 Realização M= 3,41 Bem estar M= 3,49 Autoexpressão M= 3,54 Autoexpressão e Realização Pessoal M = 3,46 Sobrevivência Pessoal e Familiar M= 3,42 Desgaste e Desumanização M= 1,82 Autoexpressão e Realização Pessoal M = 3,43 Sobrevivência Pessoal e Familiar M= 3,42 Desgaste e Desumanização M= 1,77 Desgaste e Desumanização M= 1,97

Assim, sendo valência (Vroom, 1964/1995) uma orientação dos trabalhadores acerca dos resultados esperados em termos de atração ou não, podemos dizer que os resultados mais atrativos para os profissionais de saúde são os relacionados ao fator Autoexpressão e Realização Pessoal e ao fator Sobrevivência Pessoal e Familiar, sendo então os que mais contribuem, em termos de valência, para o aumento da força motivacional dos profissionais de saúde das UBS,’s. Por outro lado, os resultados menos atrativos e, portanto, os que podem contribuir para baixar a força motivacional desses profissionais, são os relacionados à Justiça no Trabalho, seguido por Desgaste e Desumanização.

No entanto, de acordo com Vroom (1964/1995), não é a valência sozinha que irá resultar numa força motivacional elevada ou baixa dos profissionais de saúde. Para o autor, além da valência existem, por parte dos trabalhadores, expectativas de que determinados resultados ocorram ou não no seu trabalho e essas também contribuem para a força motivacional. Nesse sentido, outro objetivo traçado para a tese foi saber o que os profissionais de saúde esperam com o trabalho que desempenham nas UBS’s.

Observando a Tabela 10 e examinando a coluna das frequências de participantes por intervalo, nos fatores de expectativa, pode se verificar que os profissionais de saúde, em três desses fatores (FE1) Autoexpressão e Justiça no Trabalho, (FE2) Segurança e Dignidade e (FE4) Responsabilidade se concentram no intervalo no qual os escores são maiores que 3 (escala de 0 a 4). É nesses fatores que os desvios padrão são menores. No outro fator (FE3) Desgaste e Desumanização, no qual o desvio padrão é maior, as respostas mostram se mais dispersas, sendo as maiores frequências de profissionais nos intervalos moderado superior (2 < x ≤ 3) e moderado inferior (1 < x ≤ 2). Ainda nesse fator, observa se concentração de participantes no intervalo superior (x > 3), como também no intervalo inferior (x ≤ 1).

Tabela 10

9 K F'G 3&7H

Fatores Média

Desvio padrão

Frequência de participantes por intervalos

x ≤ 1 1 < x ≤ 2 2 < x ≤ 3 x > 3

FE1 – Autoexpressão e Justiça no Trabalho 3,52 0,57 0,0 3,2 13,3 83,5 FE 2 – Segurança e Dignidade 3,50 0,67 0,0 5,0 12,4 82,5 FE3 – Desgaste e Desumanização 2,10 0,81 8,7 35,3 42,7 13,3 FE4 – Responsabilidade 3,34 0,69 0,5 4,6 17,0 78,0 ANOVA F= 145,64 para p< 0,001

Pode se observar por essa Tabela que os profissionais de saúde apresentam médias com magnitudes diferentes entre os fatores, o que é corroborado pela ANOVA (F= 145,64 para p< 0,001). Por sua vez, assim como nos fatores de valência, teste

FD H revelou haver também três níveis distintos de expectativa, conforme se pode visualizar na Figura 13.

% &< Níveis identificados nos fatores de expectativa FE1 – Autoexpressão e Justiça no

Trabalho (M = 3,52)

FE2 – Segurança e Dignidade (M= 3,50)

FE3 – Desgaste e Desumanização (M= 2,10)

FE4 – Responsabilidade (M= 3,34)

De acordo com a Figura 13, em um primeiro nível de expectativa estão os fatores (FE1) Autoexpressão e Justiça no Trabalho (M= 3,52) e (FE2) Segurança e Dignidade (M= 3,50), cujas médias, de acordo com o teste , não apresentam diferenças significativas entre si (diferença média= 0,17 para p= 0,59). Isso significa dizer que o mais esperado por esses profissionais no seu trabalho é oportunidade para se sentirem reconhecidos, expressar sua criatividade, influenciar nas decisões e obter justiça no trabalho, nas formas de assistência pessoal e familiar, sustento, estabilidade e proporcionalidade entre esforço e recompensas econômicas. Esse é o conjunto de itens referentes ao fator Autoexpressão e Justiça no Trabalho. E igualmente esperam no trabalho poder contar com adoção de medidas de segurança e com respeito ao profissional como pessoa, em condições de igualdade (conjunto de itens referentes ao fator (FE2) Segurança e Dignidade).

Em um segundo nível se encontra o fator (FE4) Responsabilidade, cuja média difere de forma estatisticamente significativa com as médias dos fatores do primeiro nível, FE1 e FE2 (respectivamente diferenças médias= 1,75 e 1,589 para p < 0,001) e com a média do fator que se encontra no último nível, (FE3) Desgaste e Desumanização (diferença média= 0,24 para p<0,001). Assim, após esperarem resultados referentes ao fator Autoexpressão e Justiça no Trabalho e ao fator Segurança e Dignidade, os profissionais de saúde das UBS’s esperam ser responsáveis pelo que fazem, assumindo suas ocupações, suas obrigações e respeitando a hierarquia (conjunto de itens que compõem o fator Responsabilidade). Em seguida, num terceiro plano, mesmo atribuindo menor expectativa, os profissionais de saúde esperam esgotamento, ocuparem se, trabalhar com pressa, desumanizarem se (negando a própria condição humana), receberem recompensas econômicas aquém de seus esforços e exercerem esforços físicos (conjunto de itens relacionados a Desgaste e Desumanização).

No estudo desenvolvido por Borges e Alves Filho em 2001, com profissionais de saúde em Natal, conforme mostra a Figura 14, encontrou se no fator denominado Justiça no Trabalho e Autoexpressão um escore de 3,43; no fator Bem estar e Independência, 3,41; em Responsabilidade, 3,40; e, em Desgaste e Desumanização, um escore de 1,88. No estudo de 2003, também desenvolvido por Borges e Alves Filho, ainda envolvendo profissionais de saúde, os escores encontrados foram: 3,56 no fator Autoexpressão e Justiça no Trabalho; 3,47 em Segurança e Dignidade; 3,30 em

Responsabilidade; e 2,11 em Desgaste e Desumanização. Apesar de os fatores não serem exatamente iguais, o que se revela nas diferentes nomenclaturas12, também é possível, por equivalência, afirmar que as médias foram muito próximas.

% &5 Médias encontradas nos Fatores de Expectativa

Pelos resultados acima expostos, os fatores em expectativa que mais contribuem para elevar a força motivacional dos profissionais de saúde são os de Autoexpressão e Justiça no Trabalho, Segurança e Dignidade e o fator Responsabilidade. Por outro lado, o fator que contribui para baixar a força motivacional desses profissionais é o fator Desgaste e Desumanização. Entretanto, assim como em valência, expectativa é apenas mais um elemento que contribui para a força motivacional (Vroom, 1964/1995), e, desse modo, sozinha, apenas pode revelar o que mais contribui para elevar ou baixar a força motivacional. Para o autor, além da valência e da expectativa, um terceiro e último elemento se faz necessário para que se encontre a força motivacional. Esse elemento é a instrumentalidade que, na teoria (Vroom, 1964/1995), significa a percepção de que o

12

Importa ressaltar que esses dois estudos, 2001 e 2003, serviram para aperfeiçoamento do IMST.

FATORES DE EXPECTATIVA 2001 2003 ATUAL Justiça no Trabalho e Autoexpressão M = 3,43 Justiça no Trabalho e Autoexpressão M = 3,56 Autoexpressão e Justiça no Trabalho M = 3,52 Bem estar e Independência M = 3,41 Responsabilidade M = 3,40 Desgaste e Desumanização M = 1,88 Segurança e Dignidade M = 3,47 Responsabilidade M = 3,30 Desgaste e Desumanização M = 2,11 Segurança e Dignidade M = 3,50 Responsabilidade M = 3,34 Desgaste e Desumanização M = 2,10

trabalho que se faz é um meio eficaz para a obtenção dos resultados esperados. Assim, outro objetivo traçado para esta tese foi saber se os profissionais de saúde das UBS’s percebem seu trabalho como instrumental para alcançar os resultados.

Observando a Tabela 11 e examinando a coluna das frequências de participantes por intervalo nos fatores de instrumentalidade, pode se verificar que apenas em um dos quatro fatores (FI1) Envolvimento, ocorre maior concentração dos profissionais de saúde no intervalo no qual os escores são maiores que 3. Nos demais fatores, ocorrem maior dispersão, porém com concentrações elevadas no intervalo moderado superior (2 < x ≤ 3), o que é o caso dos fatores (FI3) Desgaste e Desumanização e (FI4) Reconhecimento e Independência Econômica. Vale ressaltar que o fator (FI3) Desgaste e Desumanização apresenta uma frequência considerável no intervalo superior (x > 3), bem como o maior desvio padrão. Além disso, a somatória das frequências dos intervalos moderado superior e superior em FI3 pode indicar que apesar dos resultados referentes ao fator Desgaste e Desumanização serem pouco valorizados e esperados pelos profissionais de saúde, conforme mostram as Tabelas 1 e 2, estes percebem o seu trabalho como responsável por sua obtenção.

No Fator (FI2) Justiça no Trabalho também ocorre dispersão. Porém, de modo inverso ao do fator Desgaste e Desumanização, em Justiça no Trabalho as maiores frequências ocorrem nos intervalos moderado inferior (1 < x ≤ 2) e moderado superior (2 < x ≤ 3). Além disso, é nesse fator que ocorre a maior concentração de profissionais de saúde no intervalo inferior (x ≤ 1) e a menor no intervalo superior (x > 3). Outrossim, a somatória das frequências dos intervalos moderado inferior deixa evidente que os profissionais de saúde não percebem o seu esforço no trabalho como responsável pela obtenção de Justiça no Trabalho.

Tabela 11 9 F'G3&7H Fatores Média Desvio padrão Frequência de participantes por intervalos x ≤ 1 1 < x ≤ 2 2 < x ≤ 3 x > 3 FI1 – Envolvimento 3,32 0,49 0,0 1,4 18,3 80,3

FI2 – Justiça no Trabalho 1,67 0,65 16,5 53,7 28,4 1,4

FI 3 – Desgaste e Desumanização 2,37 0,73 2,8 27,1 52,3 17,9

FI4 – Reconhecimento e Independência Econômica 2,87 0,65 0,5 11,0 43,1 45,4

ANOVA F= 518,30 para p< 0,001

Pode se observar, pela Tabela 11, que os profissionais de saúde apresentam médias com magnitudes diferentes entre os fatores, o que é corroborado pela ANOVA (F= 518,30 para p< 0,001). E teste FD H revelou haver quatro níveis distintos de instrumentalidade, conforme se pode visualizar na Figura 15.

% &= Níveis identificados nos fatores de instrumentalidade FI1 – Envolvimento

(M = 3,32)

FI3 – Desgaste e Desumanização (M= 2,37)

FI4 – Reconhecimento e Independência Econômica

(M= 2,87)

FI2 – Justiça no Trabalho (M= 1,67)

De acordo com a Figura 15, em um primeiro nível de instrumentalidade está o fator (FI1) Envolvimento (M= 3,32); em sequência, estão o fator (FI4) Reconhecimento e Independência Econômica (M = 2,87), o fator (FI3) Desgaste e Desumanização (M = 2,37) e, no último nível, o fator (FI2) Justiça no Trabalho (M = 1,67). De acordo com o teste , as diferenças entre as médias nesses fatores não se mostraram estatisticamente significantes, podendo então serem dispostas em uma hierarquia a partir dos valores das médias (maior para a menor).

Isso demonstra que, em um primeiro momento, os profissionais de saúde percebem a importância do seu desempenho no trabalho nas UBS’s como útil para resolverem problemas, serem responsáveis pelas decisões, sentirem se dignos, adaptados às normas, respeitadores da hierarquia, identificados com as tarefas, merecedores de confiança, incluídos no grupo e serem produtivos e eficientes; em um segundo momento, percebem a utilidade do seu desempenho para obtenção de reconhecimento pelo mérito, de consideração pelas suas opiniões, de oportunidade de profissionalização, de independência econômica e de garantia de sustento; em um terceiro momento, vem a percepção de que seu desempenho é responsável por provocar esforço físico, atarefamento e pressa, por submetê los à discriminação, por sentirem se esgotados e como máquina ou animal. Em último plano, a percepção de que pelo desempenho no trabalho podem obter equipamentos adequados, conforto, igualdade de direitos, assistência, salário suficiente e proporcionalidade entre esforços e recompensas.

No estudo desenvolvido por Borges e Alves Filho em 2001 com profissionais de saúde em Natal, conforme mostra a Figura 16, encontraram se escores de 3,24 no Fator Envolvimento; 2,88 em Independência e Bem estar; 2,39 em Justiça no Trabalho e 2,35 em Desgaste e Desumanização. No estudo de 2003, os escores encontrados foram: 3,32 em Envolvimento; 2,29 em Justiça no Trabalho; 2,22 em Desgaste e Desumanização; e 3,07 em Reconhecimento e Independência Econômica. A proximidade dos escores e a ordem de grandeza das médias revelam estabilidade da percepção dos profissionais de saúde da instrumentalidade do desempenho para obter os resultados desejados. Observa se ainda que nesses dois estudos o número de fatores era o mesmo (quatro fatores) e a nomenclatura pouco diferia.

% &> Médias encontradas nos Fatores de Instrumentalidade

O que chama a atenção é a queda no escore do fator Justiça no Trabalho (M = 2,35 no estudo de 2001, M = 2,22, no estudo de 2003, no atual, M = 1,67), revelando a percepção dos profissionais de saúde de que o seu desempenho cada vez menos contribui para a obtenção do conjunto de resultados que compõem esse fator. Esse dado ganha em importância quando nos reportamos ao fato de que Justiça no Trabalho, apesar de também ter apresentado em cada estudo uma diminuição na valência, vem se mantendo como um fator com maiores escores de expectativas. Ou seja, os profissionais de saúde têm elevadas expectativas nos resultados referentes à Justiça no Trabalho, ainda valorizam consideravelmente esses resultados, apesar da diminuição na valência, porém a instrumentalidade do trabalho para obtenção desses resultados tem sido cada vez menor.

A relevância desses dados é justificada pelo fato de serem esses três elementos (valência, expectativa e instrumentalidade) que juntos compõem, segundo Vroom (1964/1995), a força motivacional para o trabalho. Sendo assim, quanto menor forem os

FATORES DE INSTRUMENTALIDADE 2001 2003 ATUAL Envolvimento M = 3,24 Envolvimento M = 3,32 Envolvimento M = 3,32 Independência e Bem estar M = 2,88 Justiça no Trabalho M = 2,39 Desgaste e Desumanização M = 2,35 Reconhecimento e Independência Econômica M = 3,07 Justiça no Trabalho M = 3,29 Desgaste e Desumanização M = 2,22 Reconhecimento e Independência Econômica M = 2,87 Justiça no Trabalho M = 1,67 Desgaste e Desumanização M = 2,37

escores, menor será a força motivacional, apesar de que o contrário também é verdadeiro, ou seja, quanto maiores os escores, maior a força motivacional. Nesse sentido, tendo então obtido os escores em valência, expectativa e instrumentalidade, dois outros objetivos foram traçados para esta tese, quais sejam: identificar a força motivacional dos profissionais de saúde das UBS’s e saber que fatores são mais determinantes dessa força.

A força motivacional foi estimada por meio do produto dos somatórios nos escores de expectativas e o somatório dos escores nos fatores de instrumentalidade, subtraído o produto dos escores no fator de expectativa e de instrumentalidade referidos a resultados do trabalho não atrativo, ou seja, para os quais se atribui, por hipótese, valência negativa. Na fórmula13 está incluída valência negativa apenas nos fatores referentes a Desgaste e Desumanização. Os escores encontrados (mínino, máximo, média e desvio padrão) são mostrados na Tabela 12.

Como a aplicação da fórmula implica em gerar um resultado que em hipótese pode variar de 0 a 144, verifica se pela Tabela 12 que a força motivacional mínima encontrada entre os profissionais de saúde das UBS’s é de 17,14 e a máxima de 127,89. A média ficou em 76,62 e o desvio padrão 20,66. No entanto, diante desses valores, não é possível fazer maiores reflexões, uma vez que não revelam a quantidade de profissionais que estão com força motivacional mínima ou máxima, nem tampouco quantos estão concentrados em torno da média.

Desse modo, como mostra também a Tabela 12, subdividiu se os escores em intervalos para se verificar a frequência de profissionais em cada um deles. Feito isso, o intervalo com escores menores que 40 foi denominando de Força Motivacional Inferior, o de escores entre 40 até 73, denominado de Força Motivacional Moderada Inferior, o intervalo de escores entre 73 a 106 foi denominado de Força Motivacional Moderada Superior e o de escores maiores que 106 denominado de Força Motivacional Superior.

13

Tabela 12

9 % ) 1 % ) 1 +

F'G 3&7H

Escores Mínimo Máximo Média

Desvio Padrão

Força Motivacional Intervalar (%) Inferior Moderada Inferior Moderada Superior Superior Força Motivacional 17,14 127,89 76,62 20,66 4,6 36,2 52,8 6,4

De acordo com a Tabela 12 e conforme mostra a Figura 17, a maior concentração de profissionais de saúde (52,8%) se encontra no intervalo de Força Motivacional Moderada Superior, seguida do intervalo de Força Motivacional Moderada Inferior (concentração de 36,2%). Diante desses dados, podemos dizer que, apesar da distinção entre intervalo moderado inferior e intervalo moderado superior, importa observar que uma parcela elevada da amostra (89%) apresenta força motivacional moderada. No entanto, apesar de em menores concentrações, há profissionais tanto no intervalo de força motivacional inferior (4,6%) quanto no intervalo de força motivacional superior (6,4%). Ou seja, se por um lado há uma pequena quantidade de pessoas muito desmotivadas, por outro ainda há uma quantidade um pouco maior de pessoas muito motivadas.

% &? Gráfico da distribuição da força motivacional

No estudo realizado por Borges e Alves Filho em 2003, com profissionais de saúde em Natal, encontrou se uma média de força motivacional de 85,34, com um desvio padrão de 22,97. Comparando se essa média com a encontrada no estudo atual, verifica se que no espaço de tempo decorrido entre esses dois estudos houve uma queda na força motivacional desses profissionais, uma vez que, aplicado o , a diferença entre as duas médias se mostrou estatisticamente significativa (t= 4,41 para p< 0,001).

Com relação à distribuição da força motivacional por intervalos, naquele estudo observou se que 50,7% dos participantes apresentaram força motivacional no intervalo moderado superior (de 70 a 106) e 27,2% dos participantes no intervalo moderado inferior (de 40 a 73). Os demais se distribuíram do seguinte modo: 18,3% no intervalo superior (acima de 106) e 2,8% no intervalo inferior (de 7 a 40). Comparando se essa distribuição com a do estudo atual, podemos observar que naquele havia uma concentração bem maior de profissionais no intervalo superior e bem menor do intervalo inferior, apesar da maior concentração também ter sido nos intervalos

moderado superior e moderado inferior (77,9%). Além disso, neste estudo, o número de profissionais no intervalo inferior praticamente dobrou e, no outro extremo (intervalo superior), o número de profissionais caiu consideravelmente (18,3% para 4,6%). Ou seja, 13,7% dos profissionais que apresentavam força motivacional superior estão agora distribuídos nos demais intervalos, principalmente nos moderado superior e moderado inferior, uma vez que ocorreu um aumento na concentração de profissionais nesses intervalos no atual estudo. Porém, não podemos desconsiderar o aumento de profissionais com força motivacional inferior.

Como a força motivacional encontrada é referente a todos os profissionais de

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