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Para o tratamento da informação considerei os dados obtidos através de diferentes instrumentos de recolha de dados. Assim, o objecto de estudo empiricamente definido é descrito e interpretado através dos dados obtidos através dos instrumentos de recolha dos dados seleccionados.

Os dados obtidos foram analisados através da técnica de análise de conteúdo, esta é definida como uma das diversas técnicas para descrever e analisar o conteúdo do que é

escrito no diário de campo, falado nas entrevistas informais ou pictoria, nas fotografias. As fotografias recolhidas foram analisadas, tendo sido elaborada uma legenda para cada fotografia.

Segundo Bardin (1977) existe“por detrás do discurso aparente geralmente simbólico e polissémico, esconde-se um sentido que convém desvendar”(pp.14). O mesmo autor refere ainda que em análise de conteúdo existem apenas algumas normas essenciais, mas que “a técnica de análise de conteúdo adequada ao domínio e ao objectivo pretendido tem que ser reinventada a cada momento” (pp. 31).

Após um contacto inicial, com todo os dados disponíveis, é realizada uma segunda leitura e reflexão para elaborar as descrições e interpretações do objecto de estudo.

2ª Parte

A segunda parte do trabalho sobre as “Práticas Sociais em Espaços Públicos: o Bairro dos Arneiros e o Bairro Social Nª Sra do Monte nas Caldas da Rainha” encontra-se organizada em quatro capítulos.

No primeiro capítulo desta parte, o terceiro capítulo do trabalho, realizo uma apresentação e descrição da Cidade das Caldas da Rainha e particularmente dos dois bairros seleccionados para este estudo. Tecerei considerações de ordem histórica relacionadas com a sua localização, origem, forma de povoamento, organização espacial e funcional, bem como com os principais momentos em que ocorrem alterações significativas na sua forma urbana relevantes para o seu desenvolvimento urbano, processo social de sua expansão e modificação das suas áreas e bairros.

O quarto capítulo é destinado a uma apresentação e caracterização geral do Bairro dos Arneiros, quer fisica quer socialmente através das práticas sociais aí vividas.

O quinto capítulo é destinado a uma apresentação e caracterização geral do Bairro Social Nª Sra do Monte, quer fisica quer socialmente através das práticas sociais aí vividas.

No sexto capítulo são desenvolvidos, analisados e interpretados alguns aspectos relativos ao quotidiano e práticas dos bairros em estudo, a partir dos seus moradores, e as inter-relações e usos, configuradas no quotidiano dos moradores. Segue-se a apresentação e discussão dos resultados obtidos. Compararei e interpretarei as práticas sociais dos bairros em estudo, tendo em conta os dados recolhidos e a análise teórica realizada. Serão ainda identificados e caracterizados os principais elementos morfológicos que estruturam cada bairro e as principais modificações que estes elementos introduzem nos usos quotidianos e nas interacções.

O espaço público da rua é entendido como lugar de referência na cidade, que estabelece relações entre o edificado e a vivência urbana. A rua com um espaço público assume o papel de espaço de passagem, espaço de convivência e espaço para a realização de actividades para os seus utilizadores, pois é um lugar onde são postas em prática as vivências do quotidiano urbano. A rua é o espaço onde de desenvolvem interacções e actividades entre os seus diferentes utilizadores, proporcionando uma vida social colectiva, proporcionando o contacto com os outros.

Este trabalho desenvolve-se no âmbito das relações entre morfologia espacial e usos do espaço público. Para o desenvolvimento do trabalho seleccionou-se como área de estudo o Bairro dos Arneiros e o Bairro Social Nª Sra do Monte nas Caldas da Rainha.

O estudo de caso foi desenvolvido com base numa recolha de dados apartir de várias técnicas: análise documental, fotografias e entrevistas informais para conhecer a história dos bairros, um mapeamento do edificado e dos lugares que se constituem como espaços de uso público. Esta recolha de dados teve como objectivo o de conhecer os bairros e os lugares pertencentes ao espaço público e identificar os usos e práticas específicas de cada espaço nos dois bairros.

A pesquisa consiste num estudo caso dos usos quotidianos dos habitantes de dois bairros da cidade das Caldas da Rainha. Os dois bairros localizam-se na periferia, na zona norte da cidade e situados em freguesias distintas separadas pela linha de comboio da cidade das Caldas da Rainha. O aparecimento destes bairros deve-se ao crescimento da cidade, com a vinda de migrantes, trabalhadores em várias áreas profissionais para a cidade.

As deslocações aos dois bairros foram escolhidas de forma a abarcar diferentes momentos do dia, diferentes dias da semana e diferentes meses, procurando apreender de forma mais aprofundada os diversos usos praticados pelos seus moradores. O percurso nos bairros foi realizado maioritariamente a pé para um maior contacto com o espaço e as pessoas, tendo tomado anotações que foram registadas no diário de campo.

As incursões nos bairros proporcionaram-me o registo fotográfico do edificado e dos espaços públicos, nomeadamento das ruas, dos lugares. Permitiram-me o contacto com

os moradores e “habitantes temporários” (comerciantes, estudantes...), o deambular pelas ruas e frequentar alguns estabelecimentos comerciais para capturar o quotidiano dos bairros, nas suas diferentes temporalidades e apreender o sentido de alguns usos, práticas quotidianas vividas nos bairros.

No decorrer do trabalho de campo, a metodologia preconizada, partindo das observações e relatos dos moradores sobre suas experiências, procurou identificar as vivências cotidianas. Para isto, utilizaram-se como instrumentos metodológicos, as observações, visitas sistemáticas ao bairro e o subsequente relato da experiência em diários de campo. Isto tudo permitiu analisar, no espaço público do bairro, detalhes, práticas, apropriações do território.

As entrevistas informais foram realizadas na sua maioria aos moradores e comerciantes, tendo como ponto de partida os contatos os encontros espontâneos nas ruas, cafés e comércio local do bairro. O ambiente criado nos encontros favoreceu o estabelecimento de relações, criando uma aproximação inicial que depois foi reforçada através das visitas continuadas aos bairros, passando a ser vista como “conhecida” e já não como um elemento estranho. Isso foi fundamental para o estabelecimento de uma confiança, que permitiu maior profundidade. Optei por realizar entrevistas informais, o que permitiu a inclusão de outras perguntas durante no decorrer da entrevista, dando liberdade para as pessoas contarem a sua história de vida e darem a sua opinião sobre os usos e hábitos, o que nem sempre segue uma cronologia linear.

Capítulo III