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CAPÍTULO 5 – ANÁLISE DE RISCO

5.2 Análise de risco

A primeira parte da análise do risco consiste na identificação das incertezas. A incerteza é um estado de incompleto conhecimento, onde sua ambiguidade, em planejamento e análise do meio ambiente, está relacionada com a variabilidade dos parâmetros envolvidos em um processo qualquer. Através do estudo das incertezas é possível traduzir o comportamento aleatório ou impreciso das variáveis envolvidas em um processo qualquer. As incertezas são conhecidas como aleatórias inerentes a processos naturais, e epistêmicas, associadas aos dados, variáveis físicas, parâmetros e condições de contorno. Em um processo de análise qualquer, dentro do campo dos recursos hídricos, é possível identificar quatro tipos de incertezas ao se estudar um problema (GANOULIS, 1994):

1. Incertezas Hidrológicas  presentes nos eventos hidrológicos; 2. Incertezas Hidráulicas  presentes nas estruturas hidráulicas;

3. Incertezas Econômicas  presentes na avaliação dos custos e benefícios dos investimentos que, certamente, afetará o projeto; e,

4. Incertezas Estruturais  presentes no material usado nas obras e estruturas de engenharia.

Dentro dessa linha de pensamento, assinala-se que existe uma distinção básica entre risco e incerteza. Segundo Kaplan (1992), suponha que uma pessoa recebe a herança de um parente rico que acaba de morrer. Os advogados estudam se o valor a receber é 2 ou 6 milhões de dólares. Nesse caso, tem-se a certeza, em um cenário de incertezas, que a pessoa será um milionário, mas ela está correndo algum risco nessa situação? Claro que não. Apesar de não se saber o valor exato da herança (incerteza) ela será do indivíduo, que não corre nenhum perigo, ou seja, nenhum risco. O conceito de risco envolve tanto incerteza quanto prejuízo ou perda. Essa ideia pode ser expressa da seguinte maneira:

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Risco

A importância da aplicação da teoria de risco, como uma metodologia de análise, é um fato inegável e atestado pelas crescentes publicações nesta área (BENDER et al., 2000; DUCKSTEIN et al., 1987; ESOGBUE et al., 1992; GANOULIS (Ed.), 1991). A análise de risco tem o desafio de trabalhar nos limites da previsibilidade do comportamento de sistemas

Segundo Collins (1988), várias metodologias de análise de risco foram desenvolvidas pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos com objetivo de minimizar ou controlar os riscos associados com testes e atividades militares. Os resultados obtidos contribuíram para computar riscos e adotar medidas que ajudassem aos tomadores de decisões, na escolha das condições para reduzir riscos nas operações militares.

Nas questões de qualidade de água, associa-se risco às incertezas presentes nas variáveis hidrológicas, no lançamento de poluentes, nas análises dos padrões de qualidade de água, assim como na modelagem matemática. Além das incertezas citadas anteriormente ainda existem as incertezas relacionadas com a sazonalidade, temporal e espacial de chuvas ou vazões.

Segundo Chagas (2005), o risco de poluição da água em reservatórios, rios ou estuários é calculado depois da análise das incertezas envolvidas no processo e dependem do uso destinado ao local: banho, recreação, pesca, criação de peixes, onde para cada fim são especificados os padrões de qualidade da água.

Ainda segundo Chagas (2005), para que haja risco de poluição três perguntas devem ser respondidas:

1. Quando o sistema irá falhar?

- Identificação das situações de perigo (Exemplo: entrada de substâncias tóxicas). 2. Com que frequência ocorrerá a falha?

- Cálculo do risco (probabilidade ou possibilidades da ocorrência de falha). 3. Quais as consequências dessa falha?

- Avaliação e gerenciamento dos riscos.

Assim, através da análise de risco são identificados os diferentes tipos de incertezas e as condições envolvendo falhas e, em seguida, o risco é quantificado de acordo com os diversos cenários estabelecidos. É importante observar que, nesse processo de análise do risco para problemas de qualidade de água, há a necessidade de se combinar várias teorias, tanto relacionadas com os aspectos quantitativos, como com os aspectos qualitativos. Esta concepção permite avaliar a capacidade de assimilação dos corpos hídricos e assim, definir os

Ganoulis et al. (1991) definem os passos para se aplicar a teoria de risco nos problemas de poluição hídrica. Quando se fala em avaliação de risco, no campo da engenharia ambiental, há necessidade de se definir um conjunto de etapas que compõem todo o processo de quantificação dos mesmos. Primeiramente, há a necessidade de se identificar o risco e seu grau de periculosidade. Em seguida, devem-se avaliar as variáveis básicas referentes ao agente agressor e a capacidade receptora do sistema. Nesta fase, a análise deve concentrar suas metas nesses dois elementos fundamentais, tendo em vista que, considerando que é a partir dessas duas variáveis que se processará a quantificação do risco.

Segundo Chagas (2005), uma vez avaliada as concentrações das cargas agressoras e a capacidade de resistência do sistema, a análise das incertezas contidas nestas variáveis deverá ser desenvolvida. Como última etapa deste processo, deverá ser feita a quantificação do risco que nada mais é do que explicitar as incertezas, previamente identificadas. Embora o principal objetivo da análise de risco seja permitir um melhor gerenciamento do sistema, definindo os critérios de controle do risco, através de providências que venham otimizar o projeto de engenharia no seu desenvolvimento e na sua operação, não é possível atingir este objetivo, sem que seja estabelecido o risco.

Este conjunto de etapas permite o desenvolvimento de planos de conservação e proteção de sistemas hídricos. Isto explica as razões pelas quais, somente após a quantificação do risco, pode-se estabelecer um critério de controle ambiental, que é conhecido como gerenciamento do risco.

Um dos fatores que podem complicar uma tomada de decisão racional é a incerteza. A maior parte das decisões é tomada com base em algum tipo de previsão, o que por si só, já coloca o fator incerteza no processo de decisão. Mesmo que o problema não exija alguma previsão, outro fator complicador é a insuficiência de informações (ANDRADE, 2000).

Em recursos hídricos e em engenharia ambiental, o principal problema de avaliação do risco e da confiabilidade é que os parâmetros físicos e os dados de entrada do sistema mostram desvios aleatórios, em razão da natural variabilidade espacial e temporal.

Quando é possível avaliar o risco sob certas premissas pode-se realizar uma gestão deste risco mediante a identificação dos riscos alternativos e associados, a avaliação dos custos em vários níveis de risco, a viabilidade técnica de soluções alternativas, a seleção de

opções aceitáveis de acordo com a percepção do risco pelo público em geral, pelas políticas de governo e fatores socias, e a implementação de uma escolha.

Do ponto de vista da engenharia, teorias e algoritmos de otimização sob incertezas, otimização multi-critério e tomada de decisão sob risco são todas aplicáveis.

Através do estudo das incertezas é possível traduzir o comportamento aleatório ou impreciso das variáveis envolvidas em um processo qualquer. As incertezas são conhecidas como aleatórias, inerentes a processos naturais, e epistêmicas, associadas aos dados, variáveis físicas, parâmetros e condições de contorno (GANOULIS, 1994).

A esta aleatoriedade natural várias outras incertezas devem ser acrescentadas, devido à escassez de informação, relacionada com os dados de entrada, e também à imperfeição do modelo. Conclui-se, portanto, que os dados de saída não são determinísticos, pois eles também mostram variações aleatórias. Para procedimentos tratando com aleatoriedade e incertezas, a análise de risco fornece uma estrutura teórica geral, com base na análise de incerteza, na avaliação de risco e na decisão sob condições de risco.

Através da análise de risco é possível avaliar e determinar a probabilidade ou possibilidade de ocorrência de eventos, fatos ou resultados adversos, durante um tempo especificado. Nesse sentido, a avaliação do risco baseia-se na relação entre confiabilidade e criticidade de sistemas complexos, onde o comportamento dinâmico de inúmeras variáveis deve ser analisado, dentro de um seleto conjunto de indicadores, para se monitorar as interações que se processam ao longo do tempo. Em contrapartida, a análise dos eventos considerados benéficos ou desejáveis conduz a noção de confiabilidade ou garantia.

Assim, através da análise de risco são identificados os diferentes tipos de incertezas e as condições envolvendo falhas e, em seguida, o risco é quantificado de acordo com os diversos cenários estabelecidos (NILSEN & AVEN, 2003).

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