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3. MATERIAL E MÉTODOS

4.5. Análise Sanitária

Uma condição extremamente importante é a qualidade sanitária que refere-se a ausência ou presença de patógenos, e que os mesmos podem reduzir a germinação e o vigor dos grãos. Os fungos de armazenamento podem produzir micotoxinas, que são um problema para a saúde dos animais e humanos (GOULART, 2005).

O objetivo do teste de sanidade é determinar o estado de infecção fitopatogênica de uma amostra, que pode interferir na qualidade, no vigor e reduzir o valor comercial do grão (HENING, 2004). Neste estudo os grãos apresentaram próximo de 100% de incidência, e os fungos encontrados com maior incidência nos grãos de cada tratamento foram: Fusarium spp., Cercospora spp., Phomopsis spp., e com menor incidência, Colletotrichum spp., Aspergillus spp., Penicillium spp., Chaetomium spp., Rhizopus spp., e bactérias (Tabela 5).

Em campo foi observado por Guerra (2017), na safra 2016/2017, cultivar Monsoy 8372 IPRO, submetida aos mesmos tratamentos deste trabalho (Tabela 1), as doenças mancha alvo (Corynespora cassiicola), míldio (Peronospora manshurica), e antracnose (Colletotrichum truncatum), onde esta doença apresentou aumento na severidade no final do ciclo da cultura. Analisando a severidade de antracnose em plantas submetidas aos tratamentos Produto Teste na dosagem de 0,5, 1,0, 1,5 e 2,0 L ha-1, houve uma porcentagem de infecção de 14,65%, 7,5%, 8,44% e 2,5% respectivamente, porém, a infecção no grão foi de 2,5%, 1,94%, 3,44% e 3,69% respectivamente. Portanto, pode-se inferir que quanto menor a dosagem se tem melhor qualidade fitossanitária de grãos, em contrapartida ocorre maior severidade da doença em campo.

Tabela 5. Incidência (%) de fungos e bactéria em grãos de soja grão submetida a diferentes

tratamentos para o controle de doenças foliares. Safra 2016/2017, Sinop – MT.

Tratamentos Incidência (%) Bion 500 WG® 25 g ha-1 Produto Teste 0,5 L ha-1 Produto Teste 1,0 L ha-1 Produto Teste 1,5 L ha-1 Produto Teste 2,0 L ha-1 Padrão Produtor Testemunha C.V. (%) Fusarium spp. 39,43 c 48,81 a 42,81 b 40,5 c 35,75 d 35,18 d 33 d 37,8 Cercospora spp. 44,5 c 48,68 c 44,37 c 55,25 b 48,06 c 62,06 a 52,75 b 26,93 Chaetomium spp. 0,31 b 0,06 b 0,18 b 0,25 b 0,25 b 0,93 a 0,18 b 367,22 Penicillium spp. 0,68 b 0,56 b 0,68 b 0,50 b 0,56 b 1,37 a 0,25 b 252,77 Aspergillus spp. 10,87 a 3,15 c 5,19 c 7,82 b 5,06 c 7,65 b 4,37 c 110,66 Colletotrichum spp. 3,19 b 2,50 c 1,94 c 3,44 b 3,69 b 7,15 a 3,94 b 110,74 Phomopsis spp. 36,31 a 36,56 a 40,63 a 26,75 b 37,69 a 18,31 c 33,88 a 37,67 Rhizopus spp. 1,19 a 1,44 a 1,50 a 1,63 a 0,75 a 1,82 a 1,19 a 203,15 Bactéria* 5,85 b 5,93 b 6,43 a 5,78 b 5,79 b 4,45 c 5,87 b 20,35

Médias seguidas pela mesma letra, na linha, não difere entre si, pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade. *Para as bactérias os dados foram transformados em "(x+k)^1/2" com k = 1.

Ocorreu variação nos resultados obtidos nesta análise, quanto à incidência de fungos, possivelmente isso se deu pela dificuldade de colheita no tempo correto, pela interferência da precipitação (Figura 2) e temperatura (Figura 1), prejudicando a qualidade fitossanitária dos grãos fazendo com que alguns fungos se desenvolvessem como: Phomopsis spp., Fusarium spp. Cercospora spp. e Colletotrichum spp..

De maneira geral, os tratamentos apresentaram infecção elevada por patógenos (Tabela 5), dentre os quais o tratamento com maior incidência de patógenos nos grãos foi Bion 500 WG® 25 g ha-1.

Dentre os tratamentos com Produto Teste a dose de 2,0 L ha-1 apresentou controle de Fusarium spp. e Rhizopus spp., e a dose de 1,5 L ha-1 apresentou controle de Penicillium spp., Phomopsis spp. e bactérias. Utilizando o produto na dose de 1,0 L ha-1 controlou-se a incidência de Cercospora spp. e Colletotrichum spp. e, com 0,5 L ha-1 houve controle de Chaetomium spp. e Aspergillus spp..

Os tratamentos apresentaram uma variação de controle total da infecção dos fungos, onde cada tratamento se destacou no controle de um fungo em específico. Quanto à incidência de grãos infectados por Fusarium spp. observou-se no tratamento Produto Teste

(0,5 L ha-1)48,81% de incidência deste fungo, seguido do Produto Teste (1,0 L ha-1)com 42,81% (Tabela 5). Segundo Goulart (2005) Fusarium spp. está associado ao atraso na colheita, alta temperatura (Figura 1), elevada precipitação (Figura 2) no final do ciclo da cultura. Os tratamentos que se destacaram no controle deste patógeno foram Produto Teste na dosagem de 2,0 L ha-1, Padrão Produtor e testemunha.

Um dos sintomas mais evidentes do fungo Cercospora spp. é a coloração roxa típica no grão, onde toda a amostra de cada tratamento apresentava este sintoma. Porém, nem todo o grão com esse tipo de sintoma, apresentou o fungo, entretanto, em grãos que não apresentaram sintomas ocorreu crescimento do fungo. Quanto à incidência, o tratamento que não obteve êxito no controle do patógeno foi Padrão Produtor com 62,06%, e o tratamento com maior eficiência no controle deste patógeno foi Produto Teste (1,0 L ha-1) com 44,37% de incidência (Tabela 5). Segundo Goulart (2005) e Henning et al. (2005), o fungo Cercospora spp. não afeta a germinação e a qualidade do grão.

Phomopsis spp., apresentou alta incidência nos tratamentos (Tabela 5), onde o tratamento Padrão Produtor obteve melhor controle de Phomopsis spp. apesentando 18,31% de incidência. O tratamento Produto Teste na dosagem de 1,5 L ha-1 obteve o melhor resultado em relação às outras dosagens apresentando 26,75% de incidência, entretanto foi superior em comparação com os resultados de Pereira (2017) que apresentou menor incidência de 21,00% na aplicação do produto Trifloxistrobina + protioconazol em R1+15 dias; e Picoxistrobina+ ciproconazole em R1+30 dias.

Este fungo está associado com baixa germinação e redução da qualidade do grão principalmente em períodos de precipitação contínua (Figura 2) na maturação (MUNDSTOCK; THOMAS, 2005). Segundo Goulart (2005) grãos altamente infectados por Phomopsis spp. quando avaliados pelo teste padrão (germitest) podem ter sua germinação reduzida drasticamente.

Neste estudo a porcentagem de incidência por Aspergillus spp. foi de 6,30%, índice relativamente baixo, os mesmos parâmetros encontrado por Pereira (2017) com uma incidência de 6,95%. Sales (2017) em estudo com a cultivar Monsoy 8372 IPRO, safra 2015/2016 submetida a diferentes tratamentos de proteção foliar obteve 51,2% de incidência deste fungo, superior aos valores deste estudo e aos de Pereira (2017).

Com exceção do tratamento Bion 500 WG® (25 g ha-1) que apresentou maior incidência de Aspergillus spp. com 10,87%, os demais tratamentos foram inferiores a 7,82%. O tratamento que controlou o patógeno foi Produto Teste na dosagem de 0,5 L ha-1, com 3,15% (Tabela 5).

Segundo Goulart (2005) a alta incidência o Aspergillus spp. pode reduzir o poder germinativo de semente e grão e emergência de plântulas no campo.

A incidência de fungo Colletotrichum spp. (3,69%) foi relativamente inferior ao encontrado por Prado (2016) de 40%, que avaliou a incidência de fungos de campo em grãos de cultivares de soja tratada com diferentes fungicidas, durante seu cultivo na safra 2014/2015, no município de Vera/MT. Pereira (2017) obteve uma porcentagem de incidência de 1,65% na safra de 2016/207, inferior ao deste estudo.

De acordo com os resultados obtidos o tratamento que controlou a incidência do patógeno (1,94%) foi Produto Teste na dosagem de 1,0 L ha-1 (Tabela 5). O fungo Colletotrichum spp. em relação a perda de viabilidade durante o armazenamento, demonstra maior persistência que Fusarium spp. e Phomopsis spp., apesar de sua incidência diminuir por um período curto de armazenamento (GOULART, 2005; GODOY et. al., 2004; ALENCAR et. al., 2008).

Sendo Rhizopus spp., um fungo de pós-colheita, considerado sem importância, mas que se houver infestação pode atrapalhar a leitura de outros fungos (GOULART, 2005), este trabalho apresentou baixa incidência do fungo (1,36%), não interferindo na leitura de outros fungos. Resultado semelhante ao obtido por Pereira (2017), que observou incidência de 1,83% na safra de 2016/207. Na safra de 2015/2016, Beteli (2017) e Sales (2017), analisando a cultivar Monsoy 8372 IPRO observaram incidência de Rhizopus spp., maior que 50%.

Neste estudo não foi observada diferença significativa entre os tratamentos, entretanto, o tratamento que se destacou no controle do patógeno foi Produto Teste na dosagem de 2,0 L ha-1 com 0,75% de incidência (Tabela 5).

Para Chaetomium spp. a incidência foi inferior a 1%, próximo aos dados de Muller (2015) que avaliou a cultivar CD205 RR submetida ao tratamento com diferentes Fosfitoa de Potássio no município Dois Vizinhos – PR, safra de 2012/2013, apresentando 0,5% de incidência. Sendo que neste estudo a menor incidência do fitopatógeno foi de 0,06%, submetido ao tratamento Produto Teste na dosagem de 0,5 L ha-1 (Tabela 6), e o tratamento Padrão Produtor diferiu dos demais obtendo a maior porcentagem de infecção do patógeno de 0,93%.

Para a região de Sinop, estudos como os de Beteli (2017), Pereira (2017), Sales (2017), Prado (2016) e Turra (2017) referentes às safras 2015/2016 e 2016/2017 não apresentaram incidência do patógeno Chaetomium spp..

De acordo os dados apresentado neste estudo (Tabela 5) a incidência de Penicillium spp. variou entre 1,37% e 0,25%, resultados similares aos observados por Pereira (2017)

que constatou incidência de 2,75% a 0,75%, e inferior a média de incidência encontrada por Beteli (2017), Prado (2016), Sales (2017) e Muller (2015), de 12%, 40%, 11,48% e 6,85%, respectivamente. Sugerindo que os tratamentos realizados neste estudo (Tabela 1) foram eficazes no controle do patógeno.

O tratamento Padrão Produtor diferiu dos demais tratamentos apresentando maior incidência do fungo de 1,37% (Tabela 5), entretanto os tratamentos Produto Teste nas dosagens de 0,5, 1,0, 1,5 e 2,0 L ha-1, apresentaram resultados similares. O fungo Penicillium spp. geralmente ocorre em semente e grãos de soja com baixa qualidade, e quando armazenados com alta umidade.

Os grãos não apresentaram sintomas aparente de bactérias, porém, ao passar pelo processo de incubação, houve um crescimento significativo em todos os tratamentos. Há duas fontes de origem de bactérias, sementes infectadas ou restos de cultura anterior (GOULART, 2005; HUNGRIA et. al., 2001). O tratamento que obteve melhor resultado no controle de bactéria foi Padrão Produtor com 4,45% de incidência (Tabela 5), diferindo dos demais tratamentos.

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