• Nenhum resultado encontrado

Análise sazonal para as sub-regiões do Nordeste do Brasil segundo os índices de extremos

As tendências para as cinco sub-regiões do Nordeste brasileiro durante cada período sazonal (DJF, MAM, JJA e SON) são apresentadas na Tabela 7. Na maioria dos pontos de observação analisados, durante o DJF uma tendência positiva significativa no domínio geral foi observada para máximo mensal de temperatura mínima diária (TNx), diminuição de noites frias (TN10p) e aumento de noites quentes (TN90p). A região SS (Sul do Semiárido) mostrou um aumento consistente em todos índices de temperatura associados aos dias e noites mais quentes e decrescentes para TX10p e TN10p (dias e noites frios). Além disso, as indicações (embora não estatisticamente significativas) de modificação na hidrometeorologia foram claramente observadas na sub-região SS.

A estação MAM caracterizou-se pela diminuição do TN10p em todas as sub-regiões com significância estatística, exceto NO. No entanto, a tendência para NO TX10p foi negativa e houve uma diminuição de -0,162% na frequência de dias frios (TX10p) e de -0,324% na frequência de noites frias (TN10p). Para o período MAM, houve aumento de 0,983 dia em TR, 0,080ºC em TXx e 0,040ºC em

TNx, além de aumento de 0,175% na frequência de dias quentes (TX90p) e 0,263 dias em dias secos consecutivos (CDD). Observou-se também redução (-0,193%) na frequência de dias frios (TX10p) e os índices de precipitação revelaram decréscimos significativos (-0,298% e -4,339 mm) na frequência de chuvas nas noites frias (TN10p) e dias extremamente úmidos dias (R99p). Isso significa que as temperaturas diurnas e noturnas diárias nessa sub-região aumentaram, levando a uma redução no número de dias em que a precipitação total foi inferior a 1 mm.

Para o período JJA, houve aumento significativo de 0,054ºC na temperatura TNn e diminuição de 0,219% na frequência de noites frias (TN10p) e de 0,007° C na faixa de temperatura (DTR). Enquanto as taxas de precipitação nos dias em que a precipitação foi superior a 1 mm (SDII) diminuiu em 0,014 mm / dia, houve também decréscimos de 0,204 mm e 0,117 mm em precipitações diárias superiores a 10 mm (R10mm) e 20 mm (R20mm). A precipitação diária máxima (RX1dia), a precipitação máxima em 5 dias consecutivos (RX5dia), a precipitação em dias húmidos (R95p) e a precipitação total (PRECPTOT) também diminuíram em 0,609mm, 1,411mm, 5,018mm e 4,751mm, respectivamente. Por fim, durante o período SON, houve um aumento de 0,043°C no TNn e uma diminuição de 0,239% na frequência de noites frias (TN10p) (Tabela 4).

Em relação à sub-região NS, a Tabela 7 mostra aumentos de 0,068ºC para TXx, 0,027°C para TNx, 0,248% na frequência de dias quentes (TX90p) e 0,253% na frequência de noites quentes (TN90p) durante o período DJF. Para o período MAM, houve aumento de 0,037 ° C no TNn e de 0,246% no TN90p, enquanto ocorreram decréscimos de 0,071% na frequência de noites frias (TN10p) e de 0,878 mm no RX5dia. Durante o período de JJA, os índices de temperatura TXx, TX90p e TN90p aumentaram 0,071ºC, 0,218% e 0,239%, respectivamente. Por fim, durante o período SON, houve aumentos de 0,061ºC em TXx, 0,046ºC em TNx, 0,057ºC em TNn, 0,342% em TX90p, 0,276% em TN90p, 0,260mm / dia em SDII, 0,013mm em R20mm, 13,728 dias em CDD, 0,603 mm em R95p e 0,446 mm em R99p. O índice TN10p foi o único que apresentou redução (-0,166%) nesse período.

Com relação à sub-região CS, durante o período DJF houve aumento de 0,068ºC em TNx, 0,070 ºC em TXn, 0,051ºC em TNn, 0,115% na frequência de noites quentes (TN90p) e 0,209 dia na contagem de dias secos consecutivos (CDD). Para o período MAM, também ocorreram aumentos de 1,071 dias no TR, 0,081ºC no TNx, 0,076ºC no TNn, 0,143% no TN90p e 4,696 mm no R99p e reduções de 0,225% no TN10p e 0,018°C no DTR. A maioria dos índices de temperatura foi estatisticamente significativa durante a JJA, registrando aumentos de 0,315 dia no TR, 0,066ºC no TNx, 0,055ºC no TXn, 0,118ºC no TNn e 0,117% no TN90p. No entanto, houve decréscimos de 0,092ºC em TXx, 0,219% em TX90p, 0,266% em TN10p e 0,027ºC em DTR. Por fim, durante o período SON, houve

aumentos de 0,064°C no TNx e 0,107% no TN90p, além de reduções de 0,116°C no TXx, 0,264% no TX90p e 0,021° C no DTR. Em geral, o verão (DJF) na sub-região SC mostrou dias e noites mais quentes, enquanto maiores taxas de precipitação ocorreram durante o outono (MAM), como mostrado pelo índice R99p (Tabela 7).

Os resultados mostram mudanças locais nos padrões de temperatura e precipitação. Esses resultados corroboram os achados apresentados nos relatórios do IPCC, nos quais as mudanças globais nos padrões de precipitação em todo o mundo deverão alterar a frequência e a intensidade de precipitações e secas intensas. Se a ocorrência desses eventos permanecerem ou se intensificarem, a temperatura para a região ficará mais elevada nas próximas décadas, o que fará com que os dias se tornem mais quentes e provavelmente mais secos.

Tabela 7: Tendências sazonais (DJF) nos índices de Climdex para temperatura máxima / mínima e extremos de precipitação para cada uma das cinco sub-regiões selecionadas do Nordeste do Brasil, a níveis de significância de 1% e 5%, no período de 1980 a 2013.

Indice Sub-região – Período Sazonal - DJF

CN NS NO CS SS SU 0.007 -0.002 0.002 0.054 *0.101 TR **0.970 -0.002 0.001 0.529 **1.105 TXx *0.054 **0.068 **0.046 -0.032 *0.044 TNx *0.031 *0.027 *0.017 **0.068 * 0.030 TXn 0.045 -0.021 0.039 **0.070 *0.060 TNn *0.042 0.016 0.011 *0.051 *0.069 Tx10p **-0.162 *-0.044 **-0.114 *-0.102 *-0.125 TX90P **0.148 **0.248 **0.153 -0.081 0.084 TN10p **-0.324 -0.075 -0.057 *-0.146 **-0.195 TN90p 0.096 **0.253 *0.114 *0.115 **0.142 DTR 0.001 0.000 0.009 -0.010 0.004 SDII -0.003 0.000 -0.009 -0.003 -0.002 R10mm -0.076 -0.024 -0.056 -0.161 -0.139 R20mm -0.002 -0.003 -0.006 -0.018 -0.005 RX1day 0.111 0.440 -0.357 0.199 -0.473 RX5day -0.406 0.140 0.103 -0.020 -0.314 CDD 0.228 0.231 -0.149 *0.209 0.033 CWD -0.041 -0.098 0.017 -0.287* -0.058 R95p -1.330 -0.234 -2.576 -2.639 -1.388 R99p -0.724 0.444 -2.378 0.960 -1.107 PRCPTOT -1.470 -0.424 -2.342 -3.991 -1.840

Cont.Tabela 7: Tendências sazonais (MAM) nos índices de Climdex para temperatura máxima / mínima e extremos de precipitação para cada uma das cinco sub-regiões selecionadas do Nordeste do Brasil, a níveis de significância de 1% e 5%, no período de 1980 a 2013.

Subregion - Seasonal Period - MAM

Index CN NS NO CS SS SU 0.014 -0.001 -0.001 0.055 0.012 TR **0.983 0.006 0.004 **1.071 **1.238 TXx **0.080 0.041 0.021 -0.036 0.027 TNx *0.040 0.027 0.001 **0.081 *0.039 TXn -0.020 0.030 *0.055 0.001 0.040 TNn 0.040 *0.037 0.001 * 0.076 *0.053 Tx10p **-0.193 -0.078 **- 0.121 -0.068 -0.092 TX90P **0.175 0.188 *0.197 -0.089 0.150 TN10p **-0.298 *-0.071 -0.057 **-0.225 **-0.234 TN90p 0.047 *0.246 0.111 * 0.143 **0.167 DTR 0.004 0.004 **0.006 **-0.018 -0.003 SDII -0.012 -0.012 -0.002 0.019 0.005 R10mm -0.202 -0.227 0.020 0.208 0.075 R20mm -0.097 -0.092 0.039 0.179 0.025 RX1day -0.602 0.119 -0.130 0.874 0.103 RX5day -1.758 -*0.878 -0.018 1.447 0.173 CDD **0.263 -0.004 -0.132 0.050 -0.149 CWD 0.908 1.043 *1.389 1.039 1.140 R95p -5.743 -4.590 0.572 6.833 1.775 R99p *-4.339 -1.475 0.431 *4.696 0.944 PRCPTOT -6.576 -4.324 0.796 5.343 1.779

Cont.Tabela 7: Tendências sazonais (JJA) nos índices de Climdex para temperatura máxima/mínima e extremos de precipitação para cada uma das cinco sub-regiões selecionadas do Nordeste do Brasil, a níveis de significância de 1% e 5%, no período de 1980 a 2013.

Indice Subregion - Seasonal Period - JJA

CN NS NO CS SS SU 0.187 -0.001 -0.001 0.104 *0.025 TR 0.532 0.229 *0.208 *0.315 0.092 TXx 0.008 **0.071 **0.049 **-0.092 **0.047 TNx **0.054 0.019 0.009 **0.066 *0.030 TXn 0.008 0.003 0.018 *0.055 0.016 TNn 0.027 0.038 0.018 **0.118 **0.055 Tx10p -0.066 -0.104 *-0.168 -0.030 **-0.153 TX90P 0.020 *0.218 0.061 **-0.219 **0.106 TN10p **-0.219 -0.031 *-0.114 **-0.266 **-0.201 TN90p 0.050 **0.239 **0.117 *0.117 **0.138 DTR *-0.007 0.003 0.003 **-0.027 0.000 SDII **-0.014 -0.030 -0.002 -0.014 0.031 R10mm *-0.204 -0.004 -0.004 0.233 0.001 R20mm *-0.117 -0.006 -0.017 0.083 0.001 RX1day *-0.609 0.057 -0.137 0.699 -0.039 RX5day **-1.411 -0.143 -0.122 1.162 -0.031 CDD -0.032 0.169 0.121 -0.063 24.921 CWD 0.468 -0.014 0.596 0.558 -0.002 R95p *-5.018 -0.132 -0.614 5.265 -0.084 R99p -3.137 0.012 -0.547 2.641 0.000 PRCPTOT *-4.571 -0.383 -0.597 4.716 -0.080

Cont.Tabela 7: Tendências sazonais (SON) nos índices de Climdex para temperatura máxima / mínima e extremos de precipitação para cada uma das cinco sub-regiões selecionadas do Nordeste do Brasil, a níveis de significância de 1% e 5%, no período de 1980 a 2013.

Subregion – Período Sazonal - SON

Indice CN NS NO CS SS SU 0.031 -0.001 -0.001 0.075 0.042 TR 0.031 -0.001 -0.001 0.075 0.042 TXx 0.036 **0.061 **0.070 **-0.116 **0.056 TNx **0.043 **0.046 0.005 **0.064 **0.056 TXn -0.011 0.017 *0.072 0.012 0.039 TNn 0.011 **0.057 0.000 0.022 *0.067 Tx10p 0.009 -0.132 **-0.215 0.007 **-0.106 TX90P -0.008 **0.342 **0.255 **-0.264 **0.119 TN10p **-0.239 *-0.166 -0.066 -0.084 **-0.157 TN90p 0.045 **0.276 0.031 *0.107 **0.129 DTR -0.008 0.002 **0.014 **-0.021 0.005 SDII -0.005 **0.260 -0.020 0.008 0.001 R10mm -0.088 0.013 -0.010 0.079 -0.016 R20mm -0.006 *0.013 -0.009 0.089 -0.003 RX1day -0.128 0.394 -0.027 0.339 0.148 RX5day -0.280 -0.424 -0.022 *1.543 0.401 CDD 0.203 *13.728 0.754 0.115 0.278 CWD 0.134 -0.040 0.009 0.222 0.132 R95p -2.078 *0.603 -0.163 2.571 0.138 R99p -0.794 *0.446 -0.074 2.242 0.421 PRCPTOT -2.175 0.240 -0.472 1.627 0.155

4.4 Análise das mesorregiões da Amazônia e Nordeste do Brasil quanto aos índices do Climdex

A Tabela 8 e Figura 13 apresentam as mesorregiões significativas por índice de extremos climáticos de temperatura e precipitação. Desta forma, com os resultados revelam que as maiores mudanças ocorreram para os índices de temperatura, sendo 48 mesorregiões com detecção de tendências para os índices TXx, seguido do índice TX90p, com 47 mesorregiões, TNx e TX10p com 42 mesorregiões, e a região com as maiores mudanças refere-se ao NEB. No que se refere à precipitação da AMZ e do NEB, os índices de extremos climáticos mostraram que houve mudanças em 20 ou mais mesorregiões, para os índices R20mm, RX5day, CDD, R95p e PRECPTOT.

Tabela 8: Mesorregiões com tendências estatisticamente significativas aos extremos climáticos de temperatura do ar e precipitação para Amazônia e Nordeste do Brasil, período de 1980 a 2013.

Fonte: baseado nos índices do Climdex

Em relação aos 11 índices de temperatura disponibilizado pelo Climdex, é possível observa que todas mesorregiões do estudo apresentaram mudanças, com destaque para Agreste Alagoano e São Francisco Pernambucano, que mostraram tendências significativas para todos os índices (Figura 14). Em contrapartida, Norte Maranhense, Norte e Sudoeste Piauiense, Nordeste Baiano, Oeste e Central Potiguar, Sertões Cearenses, Sertão Paraibano e Sul e região metropolitana de Recife não apresentaram nenhuma tendência significativas aos extremos de precipitação. Por outro lado, o Sertão e Agreste Sergipano indicam 10 índices com mudanças significativas (Figura 13).

Analisando a ocorrência dos extremos de temperatura e precipitação dos 21 índices selecionados para o estudo, percebe-se que região amazônica e nordeste brasileiro apresentam mudanças significativa aos extremos climáticos (Figura 13), corroborando com trabalhos desenvolvidos por Marengo (2007), Ambrizzi et al. (2007) e Marengo et al. (2007) mostrando que essas duas regiões são mais vulneráveis no Brasil quanto aos extremos climáticos. A maior mudança ocorreu para o Sertão Sergipano que apresentou 20 índices com mudanças, seguido do Sul de Roraima com 16 índices, Agreste Sergipano, Centro Maranhense, Leste Alagoano, Norte de Roraima e Vale do Juruá com 15 índices, enquanto mesorregiões como Agreste Pernambucano, Nordeste Baiano e Nordeste Cearense revelam as menores mudanças com 3 e 4 índices significativos (Figura 13).

Índices (Temperatura do ar) Mesorregiões Total Índices (Precipitação) Mesorregiões Total

AMZ NEB AMZ NEB

Su25 01 14 15 RX1day 06 08 14 TR20 09 21 30 RX5day 08 07 15 TXx 16 32 48 SDII 06 14 20 TXn 06 16 22 R10mm 07 09 16 TNx 13 29 42 R20mm 12 07 20 TNn 11 19 30 CDD 10 12 22 TX10p 13 29 42 CWD 05 06 11 TX90p 17 30 47 R95p 11 12 23 TN10p 11 27 38 R99p 07 09 16 TN90p 15 21 36 PRCPTOT 13 09 22 DTR 14 24 38

Figura 13: Distribuição espacial das mesorregiões da Amazônia e do Nordeste do Brasil com tendências significativas para os índices de extremos de temperatura e precipitação, no período de 1980 a 2013. TEMPERATURA

Fonte: baseado nos índices do Climdex

PRECIPITAÇÃO

Cont. Figura 13: Distribuição espacial das mesorregiões da Amazônia e do Nordeste do Brasil com tendências significativas para os índices de extremos de temperatura e precipitação, no período de 1980 a 2013.

TEMPERATURA E PRECIPITAÇÃO

Apresentam-se nas Figuras 14, 15 e 16, as tendências dos índices SU, TR, TXx, TNx, TXn, TNn, TX10p, TX90p, TN10p, TN90p, DTR, Rx1day, Rx5day, SDII, R10mm, R20mm, CDD, CWD, R95p, R99p e Precptot. Foram considerados no estudo as tendências estatisticamente significantes ao nível de significância de 1%, 5% e 10%. A análise detectou tendências climáticas no padrão de temperatura (Figura 14), em que é possível verificar tendência positivas a mudanças climáticas locais para o índice SU para as mesorregiões da região semiárida do Nordeste, com destaque para o Leste (1,59 dias) e Agreste Alagoano (1,17 dias). Por outro lado, houve uma redução para as mesorregiões do Sudoeste Paraense (-0,04 dias) região semiárida e litoral do nordeste, sobressaindo o Centro Norte Baiano (-0,83 dias) e Borborema (-0,72 dias).

Os resultados evidenciam que o número anual de dias em que a temperatura mínima do ar foi superior a 20ºC (TR20) está aumentando para as mesorregiões da Amazônia ocidental e oriental, sendo que as mesorregiões Madeira-Guaparé (2,35 dias), Vale do Acre (2,46 dias) destacam-se com por indicarem as maiores tendências, enquanto no Nordeste do Brasil o aumento ocorreu no sertão, meio norte e zona da mata, sendo que tendências muito mais elevadas foram observadas no Leste Sergipano com 7,55 dias, Agreste Alagoano com 7,47 dias , Sertão Sergipano com 6,69 dias, Leste Alagoano com 5,57 dias, e Sertão Alagoano (5,65 dias). Em contrapartida, apenas nas mesorregiões Sul Amazonense (-0,59 dias) e Centro Norte Baiano (-3,22 dias) foi evidenciado uma redução do número de noites que a temperatura mínima ultrapassava 20ºC. Essas mudanças podem provocar alterações no volume de chuvas que podem levar a ocorrência eventos extremos, como secas e inundações. Estes fenômenos climáticos impactam na irrigação, na perda do potencial de pesca e na redução da produção agrícola, afetando diretamente a segurança alimentar das populações que vivem nessas regiões.

O índice dos máximos valores das temperaturas máximas diárias (TXx) revelou um aumento para 44 mesorregiões estudadas (Figura 14) corroborando com o relatório do IPCC (2013) e Skansi et al. (2013). As maiores tendências foram observadas no Agreste Alagoano com 0,16ºC, seguido das mesorregiões Sertão Sergipano com 0,14ºC, Sertão Alagoano com 0,12ºC e Leste Alagoano com 0,11ºC. É possível observar comportamento similar para o índice do valor máximo da temperatura mínima diária (TNx), no qual 37 mesorregiões exibem tendência de aumento, sobressaindo o Agreste Alagoano com tendência de aumento 0,11ºC aproximadamente, exceto as mesorregiões Sul Amazonense (-0,04ºC), Centro Norte Baiano (-0,05ºC), Agreste Paraibano e Borborema (-0,04ºC) que revelaram tendências negativas.

Quanto ao índice TXn evidencia-se que o valor mínimo da temperatura máxima diária tem aumentado em algumas mesorregiões da Amazônia oriental e ocidental e Sertão nordestino com

destaque para o Agreste Alagoano que apesentou um aumento de 0,11ºC. Apenas 5 mesorregiões revelaram redução do valor mensal mínimo da temperatura máxima diária (Figura 14): -0,02ºC para o Agreste Potiguar, -0,07ºC para Centro Norte Baiano, e -0,08ºC para Vale do Acre, Agreste Paraibano e Borborema.

A distribuição espacial apresentada na Figura 14 para o índice TNn revela que a temperatura mínima está aumentando com maior relevância para Agreste Alagoano (0,11ºC), e Leste Maranhense (0,08ºC), Leste Sergipano (0,07ºC) e Leste Alagoano (0,06ºC). Por outro lado, mesorregiões como Norte do Amapá e Nordeste Baiano apresentam uma redução de -0,02ºC, Centro Norte Baiano de - 0,08ºC e Extremo Oeste Baiano de -0,13ºC (Figura 14).

No período estudado constatou-se (Figura 14) redução do índice de dias quentes (TX10p), indicando menor porcentagem de dias com temperatura máxima abaixo do percentil 10 em 38 mesorregiões que engloba da Amazônia e Nordeste do Brasil. Em contrapartida, o Sudeste do Paraense destacou-se por apresentar o maior aumento de dias muito frios no ano que corresponde a 0,65%. Por outro lado, 42 mesorregiões revelaram aumentos no índice dias quentes (TX90p), indicando maior porcentagem de dias com temperatura máxima acima do percentil 90 tendo as mesorregiões Sul do Amapá (1,03%) e Mata Pernambucana (1,18%) indicando tendências mais expressivas. Em 4 mesorregiões houve diminuição de dias quentes: Sul Baiano com -0,45%, Agreste e Leste Potiguar com -0,57% e -0,62% respectivamente, Fortaleza com -0,71% e Centro Norte Baiano com -0,93%.

Figura 14: Distribuição espacial das tendências dos índices de extremos climáticos (Su, TR,TXx,TNx,TXn,TNn,TX10p e TX90p) baseados na temperatura diária para as mesorregiões da Amazônia e do Nordeste do Brasil, no período de 1980 a 2013.

O registro da porcentagem de dias com temperatura mínima abaixo do percentil 10, conhecido como índice de noites frias (TN10p), mostrado na Figura 15, apresenta uma redução das noites frias para 36 mesorregiões e a maior redução ocorreu no Leste Sergipano (-1,53%), Agreste Alagoano e Sertão Sergipano (-1,44%), Sertão Sergipano (-1,26%), Mata Paraibana (-1,21%) e Agreste Sergipano (-1,07%). O índice extremo denominado noites quentes (TN90p), o qual indica a porcentagem de dias com temperatura mínima acima do percentil 90, exibe o aumento em 34 mesorregiões nas noites quentes com maior magnitude no Norte Maranhense com 1,16%, Baixo do Amazonas com 1,03%, região metropolitana de Belém com 1,01% e Marajó com 1%, e uma diminuição para mesorregiões Centro Norte Baiano (-1,12%), Agreste Paraibano e Borborema (-0,64%). Para amplitude térmica observaram 38 índices com mudanças de variação, sendo que 20 mesorregiões apresentaram aumento e 18 mesorregiões uma diminuição como mostra a Figura 15 validando o estudo desenvolvido por Skansi et al. (2013) que apresenta os índices TN10p está diminuindo e TN90p aumentando na América do Sul.

Para os índices de precipitação foi possível observar para o índice de extremo climático precipitação máxima em 1 dia (Rx1day), esse índice reflete a intensidade de chuva que pode causar inundações bruscas e nota-se que mesorregião Vale do Juruá exibe um acréscimo na precipitação máxima em 1 de 1,81mm/dia, seguido do Centro Maranhense com 1,15 mm/dia e Sul de Roraima com 1,12 mm/dia, e o excesso de chuva no NEB estão associados a Zona de Convergência Intertropical e os distúrbios de leste no qual o desenvolvimento convectivo pode ocorrer relacionado aos extremos de precipitação na região como Cavalcanti (2012). Enquanto, mesorregiões do Sudoeste Amazonense revelou a maior redução em torno de -1,13 mm/dia e nessa região os episódios de El Niño – Oscilação Sul têm sido relacionados a secas.

A mesorregião Vale do Juruá revelou o maior aumento na tendência para o índice máximo mensal de precipitação em 5 dias consecutivos (RX5day) no valor de 3,11 mm/dia, seguido do Centro Maranhense com 2,29 mm/dia e uma maior diminuição para metropolitana de Belém (-3,39 mm/dia) e Sudoeste Amazonense (-2,25 mm/dia), e este índice indica possibilidade de deslizamento. Dessa forma, os resultados são indicativos de que os eventos chuvosos tendem ocorrerem de forma descontinuada.

O índice SDII, que expressa a média de precipitação com dias de chuvas ≥ 1 mm exibe 9 mesorregiões com tendências positivas e 11 mesorregiões com redução na intensidade média da precipitação durante o ano, como mostra a Figura 15. Isso significa que a precipitação total anual está

diminuindo ou o número anual de dias com chuvas está aumentando, como mostra a Figura 16. Estudos como Bezerra et al. (2018) desenvolvido para bacia do rio São Francisco colabora os resultados encontrados para o Nordeste do Brasil onde possível encontrar para este índice mudanças regionais.

O índice R10mm exibe uma redução no número de dias com precipitação ≥ 10 mm com destaque para as mesorregiões do Nordeste brasileiro, Agreste Sergipano (-0,57 dia/ano), metropolitana de Salvador (-0,44 dia/ano), enquanto, na Amazônia apenas as mesorregiões Vale do Acre (-0,45 dia/ano) e Sudoeste Amazonense (-0,43 dia/ano) apresentaram uma redução. Porém, mesorregiões como Centro Amazonense (0,81 dia/ano), Norte de Roraima e Baixo do Amazonas (0,72 dia/ano) apresentam um aumento no número dias com precipitação acima de 10mm (Figura 6). Para o índice R20mm nota-se de forma geral um aumento no número de dias com precipitação ≥ 20 mm para Amazônia e Nordeste do Brasil, e a mesorregião como metropolitana de Belém (-1,06 dia/ano) indica uma redução mais expressiva em relação a precipitação acima de 20mm.

Analisando a Figura 15 observaram tendências mais significantes de mudanças dos dias consecutivos secos (CDD) no Sul Cearense (1,49 dias), Noroeste Cearense (1,26 dias), Centro Sul Cearense e Baiano (1,23 dias), e Leste Rondoniense (-0,68 dias) e Norte de Roraima (-0,58 dias) tendências negativas mais expressivas, concordando com os resultados de Haylock et al. (2006) e Santos & Brito (2007). Portanto, observa-se que ocorreu um aumento no número de dias consecutivos secos e uma diminuição dos dias consecutivos com chuvas, resultando na evidencia de uma mudança local na precipitação.

Figura 15: Distribuição espacial das tendências dos índices de extremos climáticos (TN10p, TN90p, DTR, SDII, R10mm, R20mm, RX1day, RX5day, SDII, R10mm, R20mm e CDD) baseados na precipitação e temperatura diária para as mesorregiões da Amazônia e do Nordeste do Brasil, no período de 1980 a 2013.

Para o índice CWD nota-se que apenas 11 mesorregiões indicam mudanças significativas para o número de dias consecutivos chuvosos, o qual as mesorregiões Noroeste Cearense (-0,61 dias) e Sudeste do Paraense (-0,46 dias) revelaram tendências negativas mais expressivas, ou seja, ocorrendo uma diminuição dos dias consecutivos com chuvas, como mostra a Figura 16, e um maior aumento para o Marajó e Mata Pernambucana com 0,57 dias aproximadamente.

Investigando o índice dias muito úmidos (R95p) observaram mudanças significativas para 11 mesorregiões da Amazônia e 12 do Nordeste brasileiro, como mostra a Figura 16, ocorrendo uma maior redução dos dias muitos úmidos na AMZ em 5 mesorregiões com valores mais elevados para região metropolitana de Belém (-38,17mm) e Norte Amazonense (-18,93mm) e maior aumento no Vale do Juruá, com 29 mm, Sul, Centro Amazonense e Sul de Roraima, com 13mm aproximadamente. O índice R99p apresenta 26% das mesorregiões com mudanças na precipitação para os dias muito úmidos com uma maior redução para Norte do Amazonense com -11,83mm, Sudoeste Amazonense e metropolitana de Belém com -11mm, e uma maior aumento pata Vale do Juruá com 12,15mm.

A distribuição espacial das tendências (mm/ano) da precipitação total anual (Precptot), apresentada na Figura 16, revela que das 62 mesorregiões em estudo, 22 apresentaram mudanças, sendo aumento de precipitação anual em 15 mesorregiões das regiões Amazônia e Nordeste do Brasil com destaque para Vale do Juruá com 28,03mm, Centro Amazonense e Norte de Roraima com 20mm validando o estudo desenvolvido por Skansi et al. (2013), e redução mais expressiva na AMZ nas mesorregiões como metropolitana de Belém com -43,82mm e Sudoeste Amazonense com -22,49 mm e estudos como Santos et al. (2016) revela forte correlações negativas entre os índices R20mm, R50mm, R95p, R99p e Precptot com o Niño 4 indicado que anomalia positiva na Temperatura da superfície do mar (TSM) dessa região do Pacifico reduz os eventos de precipitação intensa e a precipitação total principalmente na mesorregião Sudoeste Amazonense.

A configuração dos resultados da Figura 16 para o Nordeste brasileiro está de acordo com os estudos de Haylock et al. (2006) e Santos & Brito (2007), que também observaram tendência de aumento na precipitação total anual. De uma maneira geral, os índices apontaram para um aumento dos dias úmidos, da precipitação total anual e dos dias consecutivos secos. Porém, isto não é uniforme para as duas regiões em estudo, pois, observa-se variação espacial das tendências nesses índices, oscilando entre negativas e positivas, corroborando com os estudos de Santos et al. (2009).

Figura 16: Distribuição espacial das tendências dos índices de extremos climáticos (CWD, R95p, R99p e PRECPTOT) baseados na precipitação para as mesorregiões da Amazônia e do Nordeste do Brasil, no período de 1980 a 2013.

Anteriormente o estudo analisou as tendências de extremos climáticos de temperatura e precipitação no período entre 1980 e 2013. Neste momento será realizado uma análise dos dados originais dos 21 (vinte e um) índices selecionados no Climdex no período entre 1980 e 2013, e dois períodos, sendo o primeiro correspondente a 1980-1984 e segundo a 2009-2013.

4.5 Análise das magnitudes dos extremos climáticos de temperatura e precipitação para região amazônica e nordeste brasileiro

De acordo com os períodos 1980-1984 e 2009-2013 pode-se observar um aumento discrepantes para os índices TR20, TX90p, TN90p, R95p e Precptot e redução TX10p e TN10p para o segundo período 2009-2013 (Tabela 9). Os índices TX10p e TN10p imdicaram tendências negativas para 65% das mesorregiões analisadas no estudo como mostra a Figura (14 e 15), com exceção do Norte e Sudeste do Pará, Extremos Oeste Baiano e Leste Rondoniense que apresentaram tendências positivas. Enquanto, os índices TR20 exibe maiores aumentos de dias com noites acima de 20ºC para o NEB, os índices como TX90, TN90p exibiram um aumento de dias e noites quentes para quase todo NEB e AMZ e por fim, o R95 que indica aumento de dias úmidos para algumas mesorregiões do Acre, Alagoas

Documentos relacionados