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Análise da sustentabilidade dos agroecossistemas segundos seus eixos temáticos:

Os autores do método IDEA definem o índice de sustentabilidade a partir do menor valor obtido entre de três eixos temáticos: agroambiental, socioterritorial e econômico, o que apesar de que este índice não será usado aqui, o eixo limitante é ainda um fator de reflexão sobre os sistemas. Abaixo segue a Tabela 19 com os resultados da avaliação de sustentabilidade do G1 e G2, seguida dos Gráficos 1 e 2 por eixos temáticos. Como é possível observar, o grupo 1 adquiriu pontuação média igual a 77,46% no eixo Agroambiental, 65,50% no eixo Socioterritorial e 77,86% no eixo Econômico. O grupo 2 recebeu pontuação média igual a 83,41% no eixo Agroambiental, 62,64% no eixo Socioterritorial e 66,50% no eixo Econômico. A principal dimensão limitante em ambos os grupos foi o eixo Socioterritorial, seguido do eixo econômico no G2 e Agroambiental no G1. No caso do G2 o eixo econômico ficou próximo à pontuação do Socioterritorial, indicando ações necessárias para o fortalecimento, principalmente, desses dois eixos. Na comparação entre os dois grupos podemos observar uma leve superioridade do G2 ao G1 no eixo Agroambiental, sendo os demais eixos melhor avaliados no G1. As dimensões Agroambiental e Socioterritorial não tiveram diferença estatística significativa entre os dois grupos. O único eixo em que ocorre diferença estatística significativa entre os grupos é o Econômico. Algumas características já descritas no tópico 4.1. explicam o contexto e as realidades que promovem tal diferença entre os mesmos.

Tabela 19 – Resultados da avaliação dos eixos da sustentabilidade nos dois grupos (G1 e G2) a partir das médias, seguida de avaliação de diferença estatística pelo teste U de Mann-Whitney.

EIXO TEMÁTICO

(DIMENSÃO) VALORES LIMITES

G1 G2

U de Mann- Whitney Valor

Médio (%) Médio (%) Valor

AGROAMBIENTAL 100 77,46 83,41 13,00

SOCIOTERRITORIAL 100 65,50 62,64 16,00

ECONÔMICO 100 77,86 66,50 8,00**

Nota: ** rejeita-se a hipótese nula de igualdade entre os grupos a nível de

significância de 10% (p <0,1).

Fonte: Elaboração própria, a partir de dados da pesquisa.

Gráfico 1 – Avaliação da sustentabilidade agrícola do Grupo 1 a partir das dimensões Agroambiental, Socioterritorial e Econômica.

Fonte: Elaboração própria, a partir de dados da pesquisa.

Gráfico 2 – Avaliação da sustentabilidade agrícola do Grupo 2 a partir das dimensões Agroambiental, Socioterritorial e Econômica.

Fonte: Elaboração própria, a partir de dados da pesquisa.

77,46 65,50 77,86 0,00 10,00 20,00 30,00 40,00 50,00 60,00 70,00 80,00 90,00 100,00 Agroambiental Socioterritorial Econômico

Sustentabilidade Agrícola - Grupo 1

MÉDIA (G1) 83,41 62,64 66,50 10,000,00 20,00 30,00 40,00 50,00 60,00 70,00 80,00 90,00 100,00 Agroambiental Socioterritorial Econômico

Sustentabilidade Agrícola - Grupo G2

Jesus (2003) avaliando a sustentabilidade de modelos de produções diversos (monocultivo, covencional, policultivo, orgânico) no Estado do Rio de Janeiro com o método IDEA, obteve média nos eixos referentes à sustentabilidade média dos agroecossistemas orgânicos, localizados em São José do Vale do Rio Preto, igual a 45,69% no eixo Agroambiental, 76,24% no eixo Socioterritorial e 56% no eixo econômico, o que sugere uma realidade bem distinta em relação aos agroecossistemas analisados na presente pesquisa.

Melo e Cândido (2013) avaliaram a sustentabilidade da Agricultura Familiar no Município de Ceará-Mirim (Rio Grande do Norte) a partir de 30 propriedades familiares, sendo deste total 10 “convencionais”, 10 “agroecológicas” e 10 “orgânicas”. O principal fator limitante para a sustentabilidade (menor valor), segundo os autores, em ambos os 3 grupos foi a dimensão Socioterritorial, resultado este mais semelhante à realidade estudada aqui. Os autores concluíram que as unidades produtivas familiares orgânicas foram as que se mostraram mais sustentáveis, com valores médios de (aproximadamente) 72% na dimensão Agroambiental, 53% na Socioterritorial e 58% na Econômica. As demais propriedades, convencionais e agroecológicas obtiveram nas dimensões, respectivamente, valores aproximados de 50% na Dimensão Agroambiental, 46% na Socioterritorial, 69% na Econômica e 52% na dimensão Agroambiental, 48% na Socioterritorial, e 68% na Econômica. Os detalhes da comparação dos Componentes adotados na pesquisa estão presentes na Figura 8.

Figura 8 – Gráfico com os resultados médios dos componentes da sustentabilidade das três dimensões (Agroambiental, Socioterritorial e Econômica) em estudo de comparação entre 3 modelos de propriedades.

Santana (2014) comparou a sustentabilidade de agricultores familiares em perímetro irrigado no município de Lagarto em Sergipe a partir de uma adaptação e simplificação do Método IDEA proposta por Tavares (2008 apud GONÇALVES; LIRA; SOUSA, 2016, 2009 apud SANTANA, 2014;). O autor utiliza sistema divido entre os três eixos ou dimensões clássicas do método (sendo o eixo Agroambiental dividido por Gestão Agrícola e Uso dos recursos naturais) e parte de seus objetivos, adotando 14 indicadores que foram aplicados em 44 unidades produtivas de 4 zonas citrícolas do estado de Sergipe, também conhecido como IDAS (GONÇALVES; LIRA; SOUSA, 2016; TAVARES, 2008 apud GONÇALVES; LIRA; SOUSA, 2016, 2009). A autora avaliou 39 propriedades familiares com manejo convencional e 06 propriedades com manejo orgânico, obtendo os seguintes resultados: Convencionais obtiveram 75% no eixo Socioterritorial, 53,9% no Econômico e 49,6% no Agroambiental; as propriedades orgânicas obtiveram 80,7% no eixo Socioterritorial, 67,5% no econômico e 64,3% no Agroambiental.

Gonçalves, Lira e Sousa (2016) analisaram a sustentabilidade da agricultura Familiar na Produção de Tangerina no município de Matinhas, na Paraíba, utilizando o IDAS com 16 indicadores. Foram estudadas a sustentabilidade de 22 propriedades. Os autores concluíram que a citricultura na região é insustentável segundo a avaliação dos componentes: I - socioterritorial; II - socioeconômico; III - gestão ambiental e IV - recursos renováveis. Quanto ao índice de sustentabilidade, este obtido pelo somatório da pontuação dos componentes, os autores avaliaram segundo classificação dos mesmos como de sustentabilidade regular (devido ao grande número de propriedades alocadas nesse patamar).

Silva (2019) avaliou a sustentabilidade da fumicultura familiar em Lagarto (Sergipe), utilizando o método IDEA de forma similar a Santana (2014). Na pesquisa foram avaliadas 39 propriedades, onde o principal fator limitante foi o eixo Agroambiental. Segundo média das propriedades a sustentabilidade dos fumicultores no eixo Agroambiental foi 42%, no eixo Socioterritorial 48,1% e 66,1% no eixo Econômico.

Cândido et al. (2016) analisaram a sustentabilidade de agricultores familiares orgânicos e em transição agroecológica integrantes da associação Ecovárzea, sendo tais integrantes moradores em assentamentos da Zona da Mata Paraibana Norte e Sul, dos municípios Sapé, Espírito Santo, Mari e Conde. Os autores utilizaram o Método IDEA com 11 produtores, obtendo médias e valores favoráveis à sustentabilidade (classificados pelos

autores), sendo 85% do Eixo Agroambiental, 75% do eixo Socioterritorial e 100% do Eixo Econômico. Sendo o eixo Socioterritorial limitante para a sustentabilidade.

Benevides e Luz (2013) estudando a sustentabilidade da agricultura familiar no distrito de Jaibaras em Sobral, Ceará, construíram índices de sustentabilidade por meio de práticas de preservação do meio ambiente e de técnicas agroecológicas no manejo dos agricultores. O Índice Familiar de Sustentabilidade (Si) foi aplicado em 8 comunidades do distrito em um total de 136 unidades familiares de produção. Foi constatado que a média dos agricultores atingiu índice de sustentabilidade de 35,4%.

Oliveira et al. (2008) estudando a sustentabilidade da agricultura familiar orgânica dos produtores associados à APOI (Associação dos Produtores orgânicos da Ibiapaba), no Cerará, por meio de Índice de sustentabilidade (IS) constituído de 5 indicadores: Técnico Agronômico, econômico, manejo, ecológico e político-institucional. O resultado do índice varia de 0 a 1. O resultado médio do IS dos agricultores orgânicos foi de 0,829, classificado pelos autores como com “Alta” sustentabilidade. Ainda assim, para os autores, os indicadores econômico, técnico-agronômico e político institucional podem ser melhorados, sendo os fatores limitantes para o não alcance do índice máximo, os mesmos também destacam a importância de linhas de créditos específicas ao modelo orgânico e fatores como baixa produtividade inicial, custo alto para obter a certificação, bem como a abertura de novos mercados para o escoamento que interferem nos indicadores.

Utilizando o mesmo sistema de indicadores anterior Santos e Cândido (2010) buscaram avaliar a sustentabilidade da agricultura orgânica familiar no município de Lagoa Seca na Paraíba. O estudo foi realizado com 16 agricultores, sendo o IS média adquirido igual a 0,63 que segundo os critérios de classificação se enquadra em "Média Sustentabilidade". Neste caso os autores destacam que os principais fatores limitantes à sustentabilidade estão associados aos indicadores econômicos e político-institucional.

Sousa, Melo e Sousa (2017) analisaram a sustentabilidade da agricultura familiar no município de Barro, no estado do Ceará. Foram analisados 86 agricultores seguido de utilização do método do Índice de Sustentabilidade (IS), este composto por índice de desenvolvimento econômico social (IDES), índice de capital social (ICS), índice de manejo (IM), índice ecológico (IECOL) e índice político-institucional (IPI). As autoras encontraram IS igual a 0,4625 (escala de 0 a 1) ou 46,25%, sendo o indicador mais representativo o de Desenvolvimento Econômico e Social (78,32% na composição final) e o indicador de Manejo o que teve menor contribuição. As mesmas concluem que os agricultores familiares do

município possuem baixa sustentabilidade, sendo do total 80% dos agricultores classificados com “Baixa” sustentabilidade e 20% com sustentabilidade “Média”.

Embora a existência de diferenças metodológicas entre os trabalhos citados não permita comparações, os resultados referentes aos agroecossistemas mostram um nível de sustentabilidade acima da média considerando-se os valores obtidos estarem inseridos nos percentis acima de 50%. A melhor performance relativa à sustentabilidade se deu

especialmente considerando os aspectos agroambientais. Essa configuração era de certo modo esperada haja vista a proposta ecológica embutida. Ressalta-se também o resultado

relativamente elevado para eixo econômico no grupo G1, discutidos mais detalhadamente no próximo tópico.

4.3 Identificação dos pontos fortes e fragilidades dos dois grupos em transição