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Análise SWOT

No documento Vera Lia de Oliveira Sequeira (páginas 111-116)

CAPÍTULO IV: RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.3. Resultados e discussão da análise de diagnóstico à comunicação no MARE

4.3.6. Análise SWOT

A análise SWOT (do inglês Strenghts; Weaknesses, Opportunities, Threats) trata-se da avaliação geral das forças, fraquezas, oportunidades e ameaças de uma organização (Kotler, 2003). É uma ferramenta analítica básica utilizada na gestão e planeamento estratégico e que

96 permite que uma empresa, negócio, produto ou indústria compreenda o que pode ou não fazer com base em fatores internos e externos (website Investopedia). Utilizando a recolha de dados externos que permitem avaliar a posição de uma empresa, uma análise SWOT permite determinar o que poderá ajudar a empresa a atingir seus objetivos e quais os obstáculos que devem ser superados ou minimizados para alcançar os resultados desejados. Neste sentido, a realização deste tipo de análise no âmbito do presente trabalho de projeto assume-se como natural permitindo sintetizar as análises externa e interna, identificar elementos chave para a gestão da comunicação estabelecendo prioridades de atuação, propor opções estratégicas com base nos pontos positivos e reconhecendo os que há a melhorar.

Na sequência de toda a informação recolhida no âmbito deste trabalho de projeto, e com o objetivo de desenhar a proposta de plano de comunicação estratégica para o MARE sugere-se, então, a seguinte análise SWOT:

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POSITIVOS NEGATIVOS

INTERNOS (ORGANIZAÇÃO)

Forças

- Instituição recente com elevado potencial de crescimento e cujas unidades que lhe deram origem possuem já um longo historial, expertise e know-how que fazem do MARE uma instituição de referência nacional e internacional no estudo dos ecossistemas aquáticos e ambientais;

- Dimensão e implementação geográfica possibilitam maior ação local e consequentemente nacional;

- Diversidade de temas de investigação na área do mar e ambiente, cobrindo a totalidade dos ecossistemas aquáticos; - Competências e reconhecimento científico nas áreas de atuação que credibilizam a instituição;

- Diversidade de ferramentas de comunicação já implementadas; - Iniciativas publicamente reconhecidas e com bons resultados (“O MARE vai à escola”; MARE STARTUP; Quintas do MARE).

Fraquezas

- A dimensão e dispersão geográfica dificultam a comunicação interna;

- Ausência de gabinete de comunicação profissionalizado (sem recursos humanos a tempo total e orçamento dedicado);

- Ausência de planeamento de comunicação estratégico, integrado e anual;

- Dificuldade na comunicação interna;

- Falta de reconhecimento da comunicação de ciência em termos individuais e coletivos;

- Falta de envolvimento dos investigadores em iniciativas de comunicação de ciência;

- Falta de rotinas e procedimentos que agilizem a comunicação interna.

EXTERNOS (AMBIENTE)

Oportunidades

- Tomada de consciência mundial para a importância e fragilidade dos ecossistemas oceânicos;

- Elevado potencial de crescimento;

- Importância estratégica da comunicação de ciência para a instituição;

- Profissionalização do gabinete de comunicação;

- Estabelecimento de um plano de comunicação integrado; - Criação de parcerias estratégicas para dinamização de atividades de outreach.

Ameaças

- Concorrência direta (e.g. CIIMAR, Oceanário de Lisboa) com comunicação de ciência estrategicamente implementada há vários anos;

- Alteração sistemática das políticas nacionais de apoio à investigação;

- Alteração da visão das direções;

97 Em resumo, pode dizer-se que o MARE é uma unidade recente de investigação nacional na área do mar e do ambiente com dimensão e implementação geográfica que permite a sua afirmação como instituição de referência na sua área de atuação. Assume a comunicação de ciência como um objetivo estratégico, o que desde logo é um bom ponto de partida e uma mais- valia para o que se pretende implementar no futuro.

A sua dimensão, sendo um dos seus pontos fortes é também, provavelmente, a sua maior fraqueza pelo desafio que a comunicação interna e consequentemente externa, representa. Para colmatar esta dificuldade, a existência de um gabinete de comunicação dedicado e profissionalizado e um orçamento específico seriam fundamentais, permitindo o desenvolvimento da comunicação de forma estratégica e coerente, utilizando as já diversas ferramentas, iniciativas e atividades implementadas. Aliás, é notável o trabalho que tem sido desenvolvido tendo em conta as limitações encontradas, quer pelas audiências atingidas e canais utilizados, quer pelas atividades, projetos e iniciativas implementadas e pela participação e impacto conseguidos.

A existência de um gabinete e de um plano de comunicação dedicados permitiriam o crescimento e maior desenvolvimento da comunicação externa, estruturando não só tudo o que tem já sido realizado, mas também estabelecendo novos objetivos e mensagens comunicacionais dirigidas aos diferentes públicos-alvo do MARE, sem esquecer a medição de impacto. Por outro lado, a existência de um gabinete e plano de comunicação permitiriam agilizar a comunicação interna, crucial na alimentação da comunicação externa, através da implementação de procedimentos, medidas e iniciativas quer melhorem o reconhecimento interno da comunicação de ciência em termos individuais e coletivos.

Só com um enraizamento de uma política de comunicação de ciência na instituição transversal a todos os seus elementos e futuras direções poder-se-á pensar a médio/longo prazo e combater outras ameaças, nomeadamente a existência de outras organizações que concorrem pelo protagonismo na mesma área de atuação, e as próprias alterações constantes e sucessivas às políticas nacionais de financiamento científicos que colocam permanentemente em causa a natureza e existência das instituições científicas e das suas estratégias.

Mas as fragilidades encontradas não são uma novidade. A falta de recursos humanos e financeiros, a falta de profissionalização e a falta de envolvimento dos próprios investigadores em ações de comunicação pública de ciência foram também aspetos identificados no estudo de

98 Entradas (2015) como contribuindo para o caráter pontual da comunicação nas unidades nacionais de investigação e desenvolvimento, por um lado, e para o superficial enraizamento das práticas de comunicação nessas unidades (Granado e Malheiros, 2015).

Mas tendo em conta a sua ainda curta história de vida, o interesse estratégico que a comunicação de ciência assume e as iniciativas de sucesso que têm sido desenvolvidas, o MARE tem tudo para levar a bom porto esta tarefa, a da comunicação de ciência.

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No documento Vera Lia de Oliveira Sequeira (páginas 111-116)

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