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4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.2. Membranas de nanocompósitos poliméricos

4.2.5. Análise Térmica Dinâmico-Mecânica (DMA)

Segundo Li e colaboradores [LI, 2010], o processo de cristalização global sob resfriamento pode ser dividido em um estágio controlado de nucleação (temperatura mais alta) e um estágio controlado de crescimento de cristais (temperatura mais baixa). Os núcleos formados em temperaturas mais altas podem crescer rapidamente e formar esferulitos maiores, enquanto uma grande quantidade de núcleos formados em temperaturas mais baixas cresce devagar e forma esferulitos menores.

4.2.5. Análise Térmica Dinâmico-Mecânica (DMA)

Sólidos perfeitamente elásticos, quando submetidos a uma deformação, armazenam toda energia na forma de energia potencial. Na deformação de líquidos, toda energia é dissipada na forma de calor. Materiais poliméricos apresentam um comportamento viscoelástico, intermediário entre sólido e líquido, parte da energia é armazenada e parte é dissipada na forma de calor.

A análise de DMA é capaz de fornecer informações a respeito do comportamento viscoelástico do sistema, desmembrando o módulo em duas componentes, a contribuição elástica (módulo de armazenamento – E’) e a viscosa (módulo de perda – E’’) [LUCAS, 2001]. Ela relaciona as propriedades macroscópicas, tais como as propriedades mecânicas, as relaxações moleculares associadas às mudanças conformacionais e as deformações microscópicas geradas a partir de rearranjos moleculares [CASSU, 2005].

A curva do módulo de armazenamento (E’) versus temperatura fornece informação importante sobre a rigidez do material em função da temperatura, que é sensível a mudanças estruturais como massa molar, interação fibra-matriz e grau de reticulação. É a medida da energia armazenada elasticamente [STEPHEN, 1999].

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Figura 4.20 – Análise de DMA para PLLA e nanocompósitos. (A) Módulo de Armazenamento – E’, (B) Módulo de Perda – E”, (C) Tan δ.

(B) (A)

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O comportamento do módulo de armazenamento (E’) pode ser observado na Figura 4.20A. A 25°C ocorreu um aumento de 64% no valor de E’ após a adição de 0,25% de p-NTCPM. Com a adição de 0,5%, o aumento foi de 110% e na concentração de 1%, o módulo se manteve estável. Comportamento similar foi relatado em outros trabalhos, em que concentrações altas de NTC não refletem, necessariamente, em aumento de E’ [ZHAO, 2009; DONDERO, 2006].

É importante também observar que o E’ se manteve superior nos nanocompósitos com o aumento da temperatura antes e após a transição vítrea, quando as cadeias poliméricas da parte amorfa adquirem mobilidade (estado borrachoso ou elastomérico) [HEDGE, 2014]. Em 100 °C, o E’ aumentou 44%, 51% e 110% nas concentrações de p-NTCPM de 0,25%, 0,5% e 1%, respectivamente.

O aumento do E’ é uma consequência direta do aumento das interações polímero- nanotubos, devido à grande área superficial e ao efeito de rigidez dos p-NTCPM na matriz de PLLA, que permitiu maior transferência de tensão na interface. [TAN, 2011; ZHAO, 2009].

As curvas relativas ao módulo de perda (E”) podem ser observadas na Figura 4.20B. O E” mede a energia dissipada como calor por ciclo de deformação, ou seja, corresponde a resposta viscosa do material. Pode ser visualizado pela conversão máxima de energia mecânica em energia térmica, que na região da transição vítrea está associado com a mudança do estado vítreo para o borrachoso [CASSU, 2005]. Os valores de Tgestão relacionados na Tabela 4.9.

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Tabela 4.9 – Valores de temperatura de transição vítrea obtidos pelo módulo de perda (E”).

Amostra Tg (°C)

PLLA 65

PLLA/0,25% p-NTCPM 62

PLLA/0,5% p-NTCPM 66

PLLA/1% p-NTCPM 67

Com esses resultados é possível afirmar que a variação de temperatura foi pequena e que a Tg não foi afetada pela incorporação de p-NTCPM no PLLA, concordando com os resultados de DSC. Porém, os valores das temperaturas entre as técnicas de DSC e DMA são diferentes devido aos princípios de cada técnica de análise utilizada. A análise de DSC mede a diferença de fluxo de calor entre a amostra e uma referência e o DMA envolve a aplicação de uma tensão oscilatória na amostra, medindo a deformação sob uma variação de temperatura ou frequência. Como os métodos utilizam princípios diferentes, os resultados obtidos foram diferentes para as duas técnicas de análise.

Geralmente, a adição de nanopartículas tende a aumentar a Tg, devido às interações entre as cadeias poliméricas e as nanopartículas e à redução da mobilidade das cadeias ao redor das nanopartículas na região de interface [CHIRSSAFIS, 2008; CHEN, 2007]. Todavia, nesse trabalho, a mobilidade das cadeias poliméricas da fase amorfa não foi influenciada pela adição de p-NTCPM. Papageorgiou e coautores [PAPAGEORGIOU, 2010] obtiveram os mesmos resultados em nanocompósitos de PLLA com NTC, óxido de silício (SiO2) e montimorilonita

(MMT).

Podemos observar também que o pico E’’, na região da Tg, é mais alto para os nanocompósitos quando comparado ao PLLA. Segundo Ornaghi e colaboradores [ORNAGHI, 2010], esse fato pode ser atribuído ao aumento da fricção interna com o aumento da quantidade de p-NTCPM, causando maior dissipação de energia nos nanocompósitos.

Abaixo da Tgpodem ocorrer outras relaxações relacionadas à fase amorfa, denominadas como relaxações secundárias ou β. Elas estão relacionadas a movimentos moleculares mais

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localizados, pois ocorrem em temperaturas onde a mobilidade das cadeias é reduzida. Na Figura 4.20B, é possível verificar uma relaxação do tipo β nas amostras, em torno de -25 °C que, no caso do PLLA, está associada à mobilidade de grupos laterais ligados à cadeia principal. [HENRY, 2005; ROSA, 2013].

A razão entre os valores de módulo de perda (energia dissipada por ciclo) e módulo de armazenamento (energia potencial máxima) define uma grandeza denominada tangente de perda ou amortecimento, o tan δ (Equação 09).

(09)

A Figura 4.20C mostra o gráfico relativo ao tan δ do PLLA e nanocompósitos. A posição e altura do pico tan δ refletem o comportamento da estrutura e propriedades de um material [ORNAGHI, 2010]. Os resultados obtidos mostram uma altura menor do pico de tan δ, em relação ao PLLA, para os nanocompósitos e a altura menor indica que os nanocompósitos apresentam maior rigidez, com maior E’. Segundo Nielsen e Landel [NIELSEN, 1993], materiais mais rígidos apresentam tan δ menores e, materiais mais flexíveis apresentam valores de tan δ maiores.

Desta forma, pela análise de DMA ficou evidente o efeito de reforço dos p-NTCPM na matriz de PLLA, entretanto, não houve mudança na Tg, ou seja, os p-NTCPM não interferiram na mobilidade da parte amorfa do nanocompósito.

4.2.6. Ensaio Mecânico de Tração

As Figuras 4.21A, 4.21B e 4.21C mostram os resultados obtidos a partir dos ensaios de tração do PLLA e nanocompósitos.

Os resultados indicam, primeiramente, que não houve variação significativa nos valores de tensão máxima e tensão na ruptura entre o PLLA e os nanocompósitos (Figuras 4.21A e 4.21B).

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Entretanto, o alongamento aumentou com a adição de 0,25 e 0,5% de p-NTCPM, mas, diminuiu drasticamente com 1% de p-NTCPM, apresentando um comportamento frágil, inferior ao PLLA (Figura 4.21C).

A queda brusca no alongamento pode ser devida a aglomeração de nanotubos de carbono, que pôde ser observado nas micrografias por MEV (Figuras 4.7G e 4.7H). O aumento da concentração pode fazer com que os aglomerados de p-NTCPM se comportem como concentradores de tensão, tornando o material frágil. Esses defeitos podem diminuir as propriedades mecânicas e ocasionar uma separação de fases entre o PLLA e os p-NTCPM [BIKIARIS, 2010; XIAO, 2010].

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Figura 4.21 - Ensaio de Tração para PLLA e nanocompósitos. (A) Tensão máxima, (B) Tensão na ruptura, (C) Alongamento.

(A)

(B)

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A Figura 4.22 exibe as curvas obtidas no ensaio mecânico de tração com o comportamento tensão-deformação para o PLLA e nanocompósitos. As amostras PLLA e nanocompósitos com p- NTCPM nas concentrações de 0,25 e 0,5% apresentam as três regiões características, deformação elástica seguida por escoamento e a deformação plástica. O nanocompósito com 1% de p- NTCPM não exibe ponto de escoamento e apresenta baixo alongamento, caracterizando um material frágil.

Figura 4.22 - Curvas de tensão-deformação obtidas no ensaio de tração para PLLA e nanocompósitos.

O escoamento das moléculas ocorre após atingirem níveis de deformação irreversíveis e está relacionado com a orientação das moléculas durante a solicitação que, ao atingirem um grau elevado de orientação, inicia o processo de ruptura [CANEVAROLO, 2010]. A ausência do escoamento no nanocompósito pode indicar que a concentração de 1% de p-NTCPM causou uma rigidez muito alta nas cadeias poliméricas, impedindo sua orientação antes do estágio final da ruptura. A análise de nanoindentação (seção 4.2.7) exibe os resultados de dureza e módulo de elasticidade, que estão diretamente relacionados com o comportamento das amostras no ensaio de tração.

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Pela Figura 4.22, também é possível verificar que a tenacidade à fratura dos nanocompósitos com 0,25 e 0,5% de p-NTCPM é maior quando comparado às outras amostras. Segundo Zhang e colaboradores [ZHANG, 2006], as nanopartículas podem formar uma estrutura do tipo core-shell, e quando a distância entre as partículas atinge valores menores que o próprio diâmetro da partícula, ocorre a formação de uma rede percolada na interface, podendo aumentar a rigidez e a tenacidade do nanocompósito.

Na análise de DMA, foi constatado um aumento no módulo (E’) para os nanocompósitos e, as concentrações com 0,5 e 1% de p-NTCPM apresentaram, praticamente, os mesmo valores a 25°C. O ensaio de tração, a composição com 1% de p-NTCPM apresentou um comportamento bem mais frágil.

A análise da morfologia por MFA, discutida na seção 4.2.2, demonstrou que na composição de 1%, os valores de rugosidade, profundidade máxima e altura máxima não aumentaram como nas outras composições (0,25 e 0,5%) (Tabela 4.3). Isso confirma que o ganho em propriedades com a adição de p-NTCPM não é progressivo, como foi mencionado na seção 4.2.5. Os resultados sugerem que a composição de 1% de p-NTCPM apresenta baixa viabilidade para aplicações que exijam solicitação mecânica do tipo tração.

4.2.7. Nanoindentação

A nanoindentação é um método indireto para determinação de propriedades mecânicas. O principal objetivo é extrair o módulo de elasticidade e a dureza de amostras através de leituras experimentais da carga de indentação e profundidade de penetração. Por essa razão, esse método é amplamente utilizado para análise em filmes com espessuras variando da escala micro até a escala de nanômetros. Os resultados da análise de nanoindentação estão apresentados na Figura 4.23.

É um método baseado na utilização de um penetrador de diamante de base triangular, que impressiona a superfície da amostra com forças e profundidades que são computadas

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simultaneamente, de acordo com a curva força (mN) versus penetração (nm), conforme apresenta a Figura 4.24. Com isto, é possível caracterizar o comportamento plástico e elástico de um material com influência mínima do operador. No regime elástico, é possível obter o modulo de elasticidade do material usando a inclinação da curva de força em função do deslocamento [CONTIERI, 2013].

Em comparação ao ensaio de tração convencional, a principal vantagem do ensaio de nanoindentação está em fornecer informações em relação à heterogeneidade do material, devido à natureza localizada do ensaio. Para os nanocompósitos com regiões de aglomerações, que podem ser caracterizadas como defeitos em um ensaio de tração, a análise de nanoindentação é uma opção interessante, além de utilizar pouca quantidade de material, minimizando os custos de preparação de amostras [SHEN, 2006].

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Figura 4.23 - Ensaio de nanoindentação para PLLA e nanocompósitos – (A) Dureza, (B) Módulo de Elasticidade.

Os resultados obtidos mostram um aumento na dureza (Figura 4.23A) e módulo de elasticidade (Figura 4.23B) após adição de p-NTCPM. No ensaio de tração, a composição de 1% de p-NTCPM apresentou baixo alongamento, que pode ser relacionado com a alta dureza e alto módulo de elasticidade obtidos no ensaio de nanoindentação.

A Figura 4.24 indica um exemplo de curvas obtidas no ensaio de nanoindentação para cada amostra. Podemos observar que com o aumento da concentração de p-NTCPM, ocorre uma

(A)

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diminuição na profundidade de penetração, que está diretamente relacionada com a dureza da amostra.

Figura 4.24 - Curvas de nanoindentação para PLLA e nanocompósitos.

O ensaio de nanoindentação complementa e confirma os resultados das análises de DMA e ensaio de tração, evidenciando que a adição de p-NTCPM aumenta a rigidez dos nanocompósitos, e, na composição de 1% de p-NTCPM, ocorre uma fragilização acentuada do material.

O alto desvio nas análises pode ser atribuído às aglomerações dos p-NTCPM, que faz com que as amostras apresentem regiões com características diferentes devido, principalmente, às aglomerações dos p-NTCPM [XU, 2004; TJONG, 2006]. As análises de MFA, seção 4.2.2., comprovam as irregularidades das superfícies dos nanocompósitos pelo aumento da rugosidade após a adição de p-NTCPM.

Os resultados obtidos nas análises de propriedades mecânicas (DMA, tração e nanoidentação) comprovam o efeito de reforço do p-NTCPM na matriz polimérica. Esse

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resultado é devido, principalmente, à combinação das propriedades já citadas dos p-NTCPM (principalmente flexibilidade) e da grande área de interface nos nanocompósitos.

Segundo Wagner e Vaia [WAGNER, 2004], um dos problemas mais difíceis na física dos nanocompósitos poliméricos é a medida da extensão e transferência de tensão na interface entre os nanotubos e a matriz. A alta razão comprimento/diâmetro dos NTC implica também em uma grande área interfacial, muito maior que os compósitos com fibras em escala micro. O efeito dos p-NTCPM no tamanho dos esferulitos, observados na seção 4.2.4, influencia nas propriedades mecânicas. Para um mesmo grau de cristalinidade, a diminuição do tamanho dos esferulitos resulta em um número maior de moléculas atadoras, ocasionado aumento da dureza, módulo de elasticidade e alongamento [RABELLO, 2013].

Geralmente, as possíveis causas de inconsistência nos resultados estão relacionadas aos métodos de preparação dos nanocompósitos, variação na qualidade e pureza dos NTC, dispersão, razão de aspecto.

A funcionalização também possui um papel importante na transferência de tensão matriz- nanotubo. Os grupos hidroxilas (–OH) e carboxilas (–COOH) gerados agem como uma ponte entre os CNT e a matriz polimérica, tornando parte integral da matriz, melhorando a eficiência do nanocompósito [YANG, 2011].

Os resultados obtidos, como aumento da rigidez (DMA), alongamento (tração) e módulo de elasticidade (nanoindentação), sugerem que estão diretamente ligados à boa transferência de tensão matriz-nanotubo. A concentração de 1% de p-NTCPM pode ter apresentado baixa interação matriz-nanotubo ou a alta concentração de p-NTCPM fizeram com que os mesmos atuassem como concentradores de tensão, resultando na fragilidade do material.

89 4.2.8. Difração de Raios X

Na Figura 4.25 é possível observar os difratogramas obtidos do PLLA e nanocompósitos cristalizados a partir da solução. O objetivo dessa análise foi investigar se ocorrem modificações na estrutura cristalina do PLLA após a adição de p-NTCPM.

De acordo com o método de obtenção, o PLLA pode apresentar três estruturas cristalinas diferentes, as formas α, β e γ. A forma α, utilizada nesse trabalho, cresce a partir da fusão, da cristalização a frio ou a da solução. Possui estrutura ortorrômbica com parâmetros de rede a=1.066 nm, b=0,616 nm, c=2,888 nm [LORENZO, 2011].

Figura 4.25 - Difratogramas de Raios X do PLLA e nanocompósitos.

É possível notar picos de difração em torno de 15° (010), 16,7° (110)/(200), 19° (203) e 22,8° (015). Pela da lei de Bragg (Equação 10), foi calculado o espaçamento interplanar (d):

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Onde d é o espaçamento interplanar, θ é o ângulo de incidência em relação ao plano, n é um número inteiro e λ é o comprimento de onda da radiação incidente.

A Tabela 4.10 indica que a distância entre os planos atômicos (d) das amostras praticamente não se altera e, por isso, podemos afirmar que a adição de p-NTCPM não alterou a estrutura cristalina do PLLA. Resultados similares foram encontrados em trabalhos de Wang e Qiu [WANG, 2012] e Hua e colaboradores [HUA, 2010], em que a adição de nanoestruturas de carbono não alterou a estrutura cristalina dos nanocompósitos.

Tabela 4.10 - Valores de d - distância entre os planos atômicos.

d - distância entre os planos (Å)

Planos Cristalinos PLLA 0,25% p- NTCPM 0,5% p- NTCPM 1,0% p- NTCPM (010) 2,96 3,08 3,08 2,96 (110)/(200) 2,66 2,66 2,66 2,66 (203) 2,33 2,33 2,33 2,33 (015) 2,03 2,03 2,03 1,97

4.2.9. Ensaios in vitro de adesão e proliferação celular

A avaliação biológica foi realizada nas amostras de PLLA, PLLA/p-NTCPM 0.25% e PLLA/p-NTCPM 0,5%. Como a amostra com concentração de p-NTCPM 1% apresentou acentuada fragilidade nos testes mecânicos, a mesma não foi incluída estudo in vitro.

Nas imagens de MEV após 2 dias (Figuras 4.26A, 4.26D, 4.26G), as células apresentam

distribuição uniforme e morfologia fibroblástica, predominantemente alongada e achatada, espraiadas sobre as membranas, emitindo prolongamentos citoplasmáticos que facilitam a adesão e a comunicação celular.

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Figura 4.26 - Micrografias de cultura de células obtidas por MEV: (A)(B)(C) PLLA após 2, 5 e 10 dias respectivamente, (D)(E)(F) PLLA/p-NTCPM 0,25% após 2, 5 e 10dias respectivamente, (G)(H)(I) PLLA/p-NTCPM 0,5% após 2, 5 e 10 dias respectivamente.

Após 5 dias de cultivo (Figuras 4.26B, 4.26E, 4.26H), são visualizados depósitos de material particulado, possivelmente provindos da síntese de matriz extracelular durante o cultivo, de metabólitos celulares ou até do precipitado de componentes do meio de cultura. A presença de material particulado entre projeções das superfícies celulares, os quais se assemelham a microvilos e vesículas, sugerem a manutenção da atividade metabólica das células. Estas características ultra-estruturais são consideradas como sendo resultante da capacidade de células Vero secretarem componentes da matriz extracelular [SANTOS, 2003].

Com a progressão dos tempos de cultivo, após o tempo de cultivo de 10 dias a identificação celular tornou-se difícil, uma vez que as células apresentam-se em estágio de confluência, formando um tapete celular contínuo sobre as membranas poliméricas (Figuras 4.26C, 4.26F, 4.26I). O padrão morfológico irregular achatado com fenótipo espraiado em íntimo contato com

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o substrato condiz com os resultados exibidos por outros tipos celulares quando cultivados em materiais compósitos com nanotubos de carbono como cardiomiócitos e células nervosas [STOUT, 2011], osteosarcoma Saos2 e ROS 17/2.8 e células fibroblásticas [ZANELLO, 2006; SHI, 2008; RODRIGUES, 2012].

As imagens obtidas por MEV evidenciam que as membranas de PLLA, independentemente da presença de p-NTCPM, permitiram que as células Vero se estabelecessem nas superfícies, por m ei o da adesão e espraiamento celular (Figura 4.26), não havendo, contudo, diferenças morfológicas salientes entre as membranas de PLLA e as concentrações de p-NCTPM utilizadas.

A citocompatibilidade das amostras de PLLA contendo porcentagens de 0,25% e 0,5% de p-NTCPM foi avaliava pelos ensaios de adesão e proliferação celular, obtidos pelo teste do MTT e ensaio do Pico Green, respectivamente.

O fenômeno da adesão celular é uma etapa fundamental no processo de interação célula- biomaterial e está associada à capacidade das células em reconhecer, se ligar e interagir com um substrato, portanto, apresentarem afinidade celular. Somente depois de aderidas, as células iniciam seu processo de espraiamento, proliferação, produção de matriz extracelular nova e manutenção do fenótipo celular [SANTOS, 2004; BARBANTI, 2005].

Na Figura 4.27 são apresentados os valores médios de absorbância obtidos pelo teste do MTT, proporcionais à quantidade de células viáveis aderidas sobre as amostras após 24 horas de cultura. Pode se observar que todas as amostras apresentaram-se atóxicas quando comparadas ao controle negativo (p<0,01), permitindo que as células aderissem à superfície das membranas de PLLA.

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Figura 4.27 - Viabilidade celular após 24 horas de cultivo de células Vero em membranas de PLLA. Os valores representam as médias ± desvio padrão (n=6).

Em comparação com a membrana de PLLA, os resultados revelam que a adição de p- NTCPM à matriz polimérica, independente das concentrações avaliadas, é capaz de promover a afinidade celular, estimulando significativamente o processo de adesão sobre a superfície das membranas (p<0,05). Não há diferença significativa entre os índices de adesão celular apresentados pelas amostras de PLLA/0,25%, p- NTCPM e PLLA/0,5% p-NTCPM (p>0,05).

Paralelamente ao estudo de adesão, a taxa de proliferação celular exibida pelas células Vero cultivadas por 2, 5 e 10 dias sobre as membranas de PLLA, PLLA/0,25% p- NTCPM, PLLA/0,5% p-NTCPM e controle (placa de poliestireno, PS), foi avaliada pelo ensaio do Pico Green. Na Figura 4.28 são apresentados os valores do número médio de células presente nas diferentes amostras em função do tempo de cultivo.

0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 1,6

Fenol (Cont -) PS (Cont +) PLLA PLLA+0,25% NTC PLLA+0,5% NTC A b sor b an ci a 570nm

Viabilidade Celular

Fenol (Cont-) PS (Cont+) PLLA PLLA+0,25% PLLA+0,5% p-NTCPM p-NTCPM

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Figura 4.28 - Viabilidade celular após 24 horas de cultivo de células Vero em membranas de PLLA. Os valores representam as médias ± desvio padrão (n=6).

Condizente com os resultados obtidos no teste do MTT, após 2 dias de cultivo, ambas as amostras de PLLA acrescidas de p-NTCPM foram capazes de estimular significativamente a quantidade de células aderidas em comparação ao controle e membranas de PLLA sem adição de p-NTCPM (p<0,05) Além disso, a análise estatística dos resultados confirmou que independente das porcentagens de p-NTCPM (0,25% e 0,5%) adicionadas ao PLLA, o índice de células aderidas nas amostras não é influenciado (p>0,05).

A partir do 5º dia de cultura, os níveis de densidade celular encontrados entre a amostra de PLLA e nanocompósitos tornaram-se semelhantes entre si (p>0,05). Entretanto, a análise dos dados estatísticos revela que entre o período de 5 e 10 dias de cultivo, o número de células presente em todas as amostras, com exceção da membrana de PLLA/0,5 % p-NTCPM no último tempo (p>0,05), aumentou progressivamente, com taxa de crescimento celular estatisticamente significativa (p<0,01).

A diminuição da taxa de proliferação observada nas membranas de PLLA/0,5 % p-NTCPM após o tempo de 10 dias de cultivo não deve ser atribuída ao fato de uma maior concentração de nanotubos estar presente no material, mas sim, ao comportamento natural que células aderentes

Proliferação Celular

0 20000 40000 60000 80000 100000 120000 140000 160000

Cont (PS) PLLA PLLA+0,25% p-NTCPM PLLA+0,5% p-NTCPM

M é d ia d o N ú me ro d e C é lu las 10 dias 5 dias 2 dias

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exibem em sistemas de cultivo celular quando atingem o limiar máximo de densidade, desencadeando o processo de inibição por contato.

Resultados semelhantes aos apresentados no presente estudo são demonstrados pelos pesquisadores Lizundia e col. [LIZUNDIA, 2012] e Montesano e col. [MONTESANDO, 2013]. Os autores relatam que a adição de porcentagens entre 0,1% e 3% de p-NTCPM à matriz polimérica de PLLA não interferem na citocompatibilidade de células mesenquimais humana de medula óssea e mioblastos murinos, permitindo que os níveis de atividade metabólica celular e taxa de proliferação sejam muito semelhantes ao encontrado no polímero PLLA.

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