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O conhecimento do crescimento passado de uma árvore pode ser obtido por análise de tronco, técnica que permite verificar como uma árvore cresce, em altura e diâmetro, e como ela muda de forma à medida que aumenta em volume (CAMPOS; LEITE, 2006)

Para Finger (2006) a análise de tronco é um método retrospectivo para determinação do crescimento da árvore que permite determinar as curvas de crescimento da altura, volume, etc. sobre a idade, bem como estudos cronológicos pela datação dos anéis anuais de crescimento, com aplicações na Dendroecologia e Dendroclimatologia.

A análise de tronco (ANATRO) é uma técnica que possibilita "o registro do crescimento passado de uma árvore" (HUSCH et al., 1982), mediante a contagem e medição dos anéis de crescimento de seções transversais tomadas a diversas alturas no tronco. Segundo Finger (2006),a vantagem do método está na rapidez, boa precisão e baixo custo para a obtenção dos dados. Entretanto, limita-se a

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quantificar o crescimento da árvore-amostra sem poder inferir sob as condições de densidade do povoamento nas diversas fases do crescimento.

Nagel e Athari (1982) consideram a análise de tronco uma importante fonte de dados para as seguintes linhas de pesquisa: a) investigação sobre a reação do crescimento em relação a fatores ambientais (bióticos, abióticos) e ao manejo do povoamento (adubação, poda, desbaste); b) avaliação das alterações de forma das árvores em função dos fatores mencionados no item (a); c) sincronização das medidas dos anéis de crescimento e determinação do número de anéis ausentes como indicadores do grau de danos sofridos pelas árvores; d) elaboração de modelos de produção (ROSOT et al., 2003).

Segundo Encinas, Silva e Pinto, (2005) este método adquire importância, uma

vez que em qualquer época pode-se reconstruir o passado de uma árvore,

sintetizando seu comportamento desde o estágio juvenil até o momento em que é

realizada a análise.Esses autores relataram, também, que a produção florestal de

um determinado povoamento ou floresta nativa é estimada a partir do estudo do crescimento das árvoresindividuais ou da floresta como um todo. Em geral, este tipo deestudo é realizado por meio de inventários florestais contínuosrealizados em parcelas permanentes, em intervalos de tempo pré-determinados(normalmente de 3, 5 ou 10 anos).

Existem dois métodos de análise de tronco: análise de tronco completa ou total e análise de tronco parcial, que apresenta a vantagem de poder ser realizada em maior número de árvores sem que seja necessário derrubá-las (SILVA; PAULA NETO, 1979).

3.6.1. Análise de Tronco Completa (ATC)

Para a análise completa de tronco, a árvore é abatida, sendo retirado um determinado número de fatias ao longo do tronco. Nessas fatias (discos) são realizadas a contagem e medição dos anéis de crescimento anuais, a fim de avaliar, além da idade da árvore, o crescimento em volume, a área basal, diâmetro e altura (FINGER, 2006).

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Segundo Silva e Paula Neto (1979), o método da análise de tronco total, permite traçar o perfil longitudinal da árvore, o que praticamente reconstitui seu desenvolvimento passado.

Encinas, Silva e Pinto(2005) relataram que a análise de tronco completa

aparece como uma alternativa para a avaliação da capacidade produtiva de um sítio,

pois em qualquer época pode-se reconstituir plenamente o desenvolvimento de uma

árvore em termos de crescimentos passados, desde sua fase jovem até a idade da

análise, para tal a árvore deve ser derrubada.

Sempre que possível, deve-se preferir a utilização da técnica da análise completa de tronco, pois pode-se observar com maior nitidez e precisão os anéis em toda a circunferência do disco, facilitando assim sua visualização e a eliminação de possíveis anéis de crescimento falsos ou ausentes. Porém, quando se trabalha com espécies nativas, principalmente na região sul do Brasil, existe certa dificuldade na obtenção de licenças para o abate das árvores em que se deseja realizar a análise de tronco completa.

Segundo Rosot et al. (2003), o procedimento da análise de tronco completa, no entanto, é um tanto laborioso, em primeiro lugar pelo trabalho de campo propriamente dito, que envolve a derrubada das árvores, a marcação e o seccionamento das fatias. Em seguida é necessário transportá-las ao laboratório, onde serão secadas e, depois, lixadas para facilitar a visualização dos anéis. Na última etapa são efetuadas, sobre cada fatia, a marcação e a medição de raios, cujas médias constituem o conjunto de dados gerador de todas as demais informações obtidas na análise de tronco.

3.6.2. Análise de Tronco Parcial (ATP)

Na análise de tronco parcial a árvore não necessita ser derrubada; no entanto, requer um maior número de árvores para compensar os possíveis erros de medição que possam existir. A leitura dos anéisde crescimento se dá em amostras cilíndricas de madeira retiradas à altura do DAP (a 1,30 metros de altura), por meio de Trado de incremento ou Trado de Pressler. As amostras devem ser

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acondicionadas em recipientes apropriados para evitar que ressequem e quebrem (ENCINAS; SILVA; PINTO, 2005).

Para a determinação do Incremento Periódico Anual (IPA) Stokes e Smiley (1968)recomendaram que, em primeiro lugar, o trado de incremento deve chegar até a medula, que não é necessariamente o centro geométrico da árvore, evitando a queda da casca e identificando em um envelope o material coletado.

Schweingruber (1983) indicou que as características macroscópicas de uma sequência de anéis são de fundamental importância para a análise de uma série histórica de crescimento obtida pela medição dos anéis de crescimento, já que por meio deles é possível obter informação da idade e de muitas outras condições de uma árvore. Além disso, este autor mencionou que as mais importantes características são a largura do anel de crescimento, a largura do lenho tardio, as variações da densidade, os tecidos calosos e os tecidos saudáveis.

Já Stokes e Smiley (1968) ressaltaram que, para a datação, é necessário que apenas um anel seja gerado por cada estação de crescimento, sendo este o motivo do termo “anel anual”, devendo-se descartar aquelas espécies que geram mais de um anel por ano. Embora o crescimento estacional total seja o resultado da interação de muitos fatores ambientais e genéticos, apenas um fator ambiental é geralmente o que domina como limitante do crescimento. A variação ano a ano deste fator climático se reflete na largura dos anéis, porém esta largura não necessariamente é diretamente proporcional às mudanças experimentadas por esse fator limitante.

No entanto, alguns distúrbios climáticos, antrópicos ou ecológicos sofridos pela planta em algum período do ano, podem ocasionar certo “stress” em seu crescimento o que, por sua vez, pode gerar um anel de crescimento falso. Muitas vezes devido ao fato do crescimento ser bastante lento em algumas espécies, e quando não se dispõe de instrumentos precisos para visualizar as diferentes camadas do lenho, alguns anéis deixam de ser mensurados tornando-os, ausentes nas series cronológicas. Desta forma, o processo de datação cruzada garante a eliminação ou a redução destes anéis ausentes e falsos.

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