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Para a análise dos resultados foram construídos gráficos de abundância (n) e riqueza (S) com o programa Excel 2007. Foram calculados os índices de diversidade de Shannon (H’) e dominância de Simpson (D) (MAGURRAN, 2004), com auxílio do programa PAST 1.18 (HAMMER; HARPER; RYAN, 2004). Os estimadores de riqueza utilizados foram Jacknife de primeira ordem, Chao 1, Bootstrap e Michaelis-Menten com o programa EstimateS 8.0 (COLWELL, 2005). Esses estimadores foram utilizados por serem apontados como menos sensíveis ao tamanho das amostras e mais adequados a dados de abundância (HORTAL; BORGES e GASPAR, 2006).

Foram utilizados para as análises da similaridade e da relação espécie-área, seis levantamentos de Pentatomóideos (Anexo. A), realizados em seis fragmentos de diferentes tamanhos, sendo que o maior apresentava 112 ha e o menor 0,31 ha, e a distância máxima entre as áreas é de aproximadamente 40 km.

Os levantamentos foram realizados no sul de Santa Catarina, nas cidades de Araranguá, Criciúma e Maracajá (Fig. 2 e 3). Um dos levantamentos é a área amostrada no presente estudo e os outros são áreas amostradas em estudos anteriores ou concomitantes a este, porém realizados por outros pesquisadores. Os fragmentos foram descritos a seguir em ordem crescente, do de menor para o de maior área e nominados por F1, F2, F3, F4, F5 e F6 (Anexo. A).

Figura 2: Mapa do Brasil e de Santa Catarina, com destaque para os municípios de Araranguá, Criciúma e Maracajá, onde se localizam os seis fragmentos que foram realizados levantamentos de Pentatomóideos. Fonte: Modificado de CEGEO-IPAT (apud DANIEL, 2006).

O fragmento 1 (F1) localiza-se em uma área particular no município de Araranguá (28º53’56”S 49º22’01”W), apresentando, aproximadamente, 0,31 ha de Floresta Ombrófila Densa das Terras Baixas e com atividades de agricultura e pecuária em seu entorno (DAMINELLI, dados não publicados).

O fragmento 2 (F2) é o Parque Ecológico José Milanese e localiza-se no município de Criciúma (28° 41' 23"S 49° 25' 55"W), contando com uma área de 7,7 ha de Floresta Ombrófila Densa Submontana e sendo circundado por área urbana (BERTOLIN, 2007).

O fragmento 3 (F3) localiza-se no Campus da Universidade do Extremo Sul Catarinense, município de Criciúma (28°42’27”S 49°24’28”W), apresentando uma área de 16,45 ha de Floresta Ombrófila Densa Submontana, sendo circundado por área urbana e plantações de Eucaliptos sp. e Pinnus sp. (BIANCHI, dados não publicados).

O fragmento 4 (F4) localiza-se no balneário Morro dos Conventos, município de Araranguá (28° 56' 05"S 49° 21' 47"W). É uma área de 25 ha de Floresta Ombrófila Densa das Terras Baixas circundada por vegetação de restinga e sofre forte pressão antrópica devido a visitação turística (BERTOLIN, 2007).

O fragmento 5 (F5) é a área que foi estudada no presente trabalho, estando localizada no município de Araranguá (29º 02' 21''S 49º 31' 34'' W) e medindo cerca de 40 ha de Floresta Ombrófila Densa das Terras Baixas. No entorno é realizado a extração de turfa.

Conservação em nível Municipal, localizada no município de Maracajá (28° 52' 51"S 49° 27' 59"W) e apresenta 112 ha de mata nativa de Floresta Ombrófila Densa das Terras Baixas, com entorno ocupado por plantações de arroz e a sudeste com a BR 101 (BERTOLIN, 2007) .

Figura 3: Vista aérea da localização dos seis fragmentos, que foram realizados levantamentos de pentatomóideos no sul de Santa Catarina. Fonte: Google Earth.

Para a comparação foram utilizados cálculos de rarefação para padronizar as amostras transformando-as em tamanhos amostrais comparáveis (MORENO, 2001). Para a avaliação comparativa da riqueza nos diferentes fragmentos foi utilizado o índice de similaridade qualitativo de Jaccard por análise de agrupamento (UPMGA), com auxílio do programa PAST 1.18.

A análise da relação espécie-área foi realizada com auxílio do programa Excel 2007, por meio de regressão linear, avaliando a área de estudo, e outros levantamentos já realizados em fragmentos da região (KREBS, 1999).

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

No levantamento realizado durante o presente estudo, foram coletados 131 pentatomóideos pertencentes a três famílias, 14 gêneros e 17 espécies. A família mais rica em espécies e gêneros, e mais abundante foi registrada, em ordem decrescente, para Pentatomidae, Scutelleridae e Phloeidae (Tab. 1).

Tabela 1: Número de espécimes (N), espécies (S) e gêneros (G) e respectivos percentuais por família pelo total amostrado da superfamília Pentatomoidea em um fragmento de Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas no município de Araranguá, sul de Santa Catarina.

Famílias N N(%) S S(%) G G(%) Pentatomidae 127 96,94 14 82,35 11 78,57 Scutelleridae Phloeidae 2 2 1,53 1,53 2 1 11,77 5,88 2 1 14,29 7,14 Total 131 100,00 17 100,00 14 100,00

Em um estudo realizado em três fragmentos no sul de Santa Catarina, a família mais rica e abundante coletada também foi Pentatomidae (BERTOLIN, 2007). Nos estudos com Pentatomoidea no sul do Brasil, Pentatomidae é sempre a família mais representativa em abundância e riqueza (CAMPOS et al., no prelo; BARCELLOS, 2006; SCHMIDT, BARCELLOS, 2007).

A espécie mais abundante foi Banasa chaca (Tab. 2), representando quase um terço do total dos pentatomóideos coletados (n=43; 32,82%), sendo que este é o primeiro registro para o Brasil, pois antes era restrita para a Argentina, e só a fêmea da espécie foi descrita (THOMAS; YONKE, 1990). Demonstrando a importância da realização de estudos em fragmentos ainda não amostrados e de diferentes fitofisionomias.

O gênero Banasa Stål, 1860 (S=3; 17,47%) foi o que apresentou maior riqueza de espécies, seguido de Edessa Fabricius, 1803 (S=2; 11,76%), que juntos representam 29, 41% do total. Os outros gêneros apresentaram somente uma espécie cada (S=1; 5,88%), sendo responsáveis por 70,59% do total coletado. Em relação ao gênero Banasa, não foi encontrado estudos que obtiveram uma maior riqueza, sendo este o primeiro trabalho. Porém em relação ao segundo gênero Edessa, Bunde (2007) também registrou como o segundo gênero mais rico em espécies, e é comum em estudos no sul do Brasil. Isso pode ocorrer devido ser um dos gêneros mais ricos, e o maior de Pentatomidae, com cerca de 260 espécies descritas até o

momento (SILVA; FERNANDES; GRAZIA, 2006).

Tabela 2: Espécies de Pentatomoidea registradas no fragmento de Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas, no município de Araranguá, SC, e suas respectivas abundância absoluta (AA) e relativa (AR).

Família Espécie AA AR

Pentatomidae Banasa chaca Thomas, 1990 Podisus sp.1

Piezodorus guildinii (Westwood, 1837) Banasa sulcata Thomas, 1990

Galedanta truncata Distant, 1899 Chinavia geniculata (Dallas, 1851) Edessa cf. Scabiventris Stål, 1859 Chloropepla vigens (Stål, 1860) Edessa sp.1

Mormidea notulifera Stal, 1860 Banasa sp.1

Chlorocoris tau Spinola, 1837 Loxa deducta Walker, 1867 Thyanta humilisBergroth, 1891 43 20 17 14 10 7 4 3 3 2 1 1 1 1 32,82 15,27 12,98 10,69 7,63 5,34 3,05 2,29 2,29 1,53 0,76 0,76 0,76 0,76

Phloeidae Phloea subquadrata Spinola, 1837 2 1,53

Scutelleridae Scutelleridae sp.1 Symphylus sp.1 1 1 0,76 0,76 Total 17 131 100,00

Em relação às espécies coletadas, duas são consideradas espécies oportunistas, P.

guildini e M. notulifera, respectivamente da soja e do arroz, no entanto podem estar utilizando

o fragmento como abrigo ou fonte de recursos alimentares, sendo que a última pode ser encontrada também em plantas nativas, especialmente leguminosas (PANIZZI et al., 2000).

P.guildinii (Tab.2) apresentou abundância relativamente elevada (n=17; 12,98%), e em

observações de campo se notou grande afinidade da espécie com áreas mais abertas.

Bertolin (2007) analisou a diversidade de Pentatomoidea em três fragmentos de Floresta Ombrófila Densa no sul de Santa Catarina, um dos fragmentos era de FODTB isolado por plantações de arroz. A riqueza encontrada foi de 33 espécies e entre as mais abundantes estão espécies pragas agrícolas, apenas M. notulifera foi registrada também no presente estudo. O estado de conservação dos fragmentos, bem como a vegetação adjacente a eles podem ser os principais responsáveis pela grande dissimilaridade da riqueza entre os dois trabalhos.

T. humilis foi coletada apenas na trilha paralela à borda do fragmento, indicando

sua preferência por habitats abertos, como clareiras e bordas de mata corroborando com

Mendonça, Jr., Schwertner e Grazia (2009).

Muitos espécimes, assim como todos os indivíduos da espécie G. truncata, foram coletados em exemplares de Geonoma shottiana Mart., ficando como sugestão estudos futuros para ver se há alguma associação.

A captura de espécimes da família Phloeidae, que são insetos que vivem sobre cascas de árvores e tem a forma do corpo modificada para mimetizar o substrato (GRAZIA; FORTES; CAMPOS, 1999), demonstra a importância da utilização de mais de uma metodologia nos levantamentos de pentatomóideos, pois possibilita a captura de espécies com diferentes hábitos de vida. Coletas manuais permitem amostrar, por exemplo, insetos em cascas de árvores, o que dificilmente seria possível com o guarda-chuva entomológico (BARCELLOS, 2006). Bunde (2005) chama a atenção também para a importância da utilização de diferentes metodologias no sentido de obter uma maior abundância de insetos e assim uma melhor caracterização da comunidade estudada.

Não se tinha registro até o presente estudo de espécimes da família Phloeidae para o estado de Santa Catarina, se restringindo para os estados Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul (GRAZIA; FORTES; CAMPOS, 1999).

Com a coleta metodologia da coleta manual foram coletadas quatro espécies, com o método do guarda-chuva entomológico 14 espécies, sendo que uma espécie foi coletada com as duas metodologias. Schmidt e Barcellos (2007) coletaram seis espécies com coleta manual e 14 com guarda chuva entomológico, de um total de 20 espécies, sendo que uma foi coletada com as duas metodologias.

Uma vez que imaturos são de difícil identificação (SCHMIDT; BARCELLOS, 2007), a proposta apresentada por Mendonça, Jr., Schwertner e Grazia (2009) em relação à coleta e a criação de imaturos até a fase adulta para posterior identificação, mostrou-se importante para a ampliação dos dados e a caracterização da comunidade da área de estudo. Visto que foram coletados 29 indivíduos imaturos, porém apenas 20 (15,28% do total) pertencentes a três espécies (B. chaca, G. truncata e Podisus sp.1), chegaram a fase adulta, os outros nove indivíduos morreram. Mendonça Jr. et al. (2009) realizando um levantamento de Pentatomoidea no município de Bagé coletou 154 espécimes, sendo que destes 45 eram ninfas (29,22%).

A identificação em nível específico de alguns espécimes não foi possível, pois, conforme Mendonça, Jr., Schwertner e Grazia (2009), isso pode ocorrer em razão da

taxonomia de algumas famílias ser fragmentada, principalmente a família Scutelleridae, sendo que uma descrição exata dessas espécies é importante.

Baseado na Coleção Entomológica de Referência da UNESC (CERSC) e na lista das espécies de Pentatominae apresentada para Santa Catarina por Garbelloto (2008) são novos registros para o município de Araranguá e para a formação Floresta Ombrófila Densa das Terras Baixas as seguintes espécies: G. truncata; L. deducta; P. subquadrata e C.

geniculata. Para estas duas últimas espécies, é o primeiro registro para o Estado de Santa

Catarina. Sendo que a espécie B. chaca já citada também é um novo registro para o Brasil (THOMAS; YONKE, 1990).

A curva de acumulação de espécies não apresentou estabilidade razoável, indicando que um maior esforço amostral abrangendo, principalmente, outros meses do ano, poderia aumentar o número de espécies (Fig. 4).

Figura 4: Curva de acumulação de espécies de pentatomóideos ao longo de sete coletas, no município de Araranguá, SC, entre março e maio de 2009.

Verificou-se um aumento do número de espécies até a 6a coleta, seguida de estabilização da 6a para a 7a coleta. Bertolin (2007), porém, chama a atenção para a necessidade de maiores estudos para a determinação do número de horas mínimas por coletor, necessária para se obter uma amostragem representativa de Pentatomóideos em ecossistemas tropicais.

Em função da não estabilização plena da curva de acumulação das espécies, foram utilizados os estimadores de riqueza. Os estimadores de riqueza não paramétricos variaram

entre 19,37 (Bootstrap) e 26,08 (Michaelis-Menten), com valores intermediários de 22,14 (Jack 1) e 22 (Chao 1). Os estimadores de riqueza calculados indicam que a amostragem representou entre 65,18% (Michaelis-Menten) e 87,76% (Bootstrap) do número de espécies esperadas para o local (Fig. 5).

Entretanto, as curvas dos estimadores também não se estabilizaram, indicando que o aumento de amostragens pode aumentar o número estimado de espécies. Porém, levando em consideração o período de tempo deste estudo, pode-se considerar que o levantamento foi satisfatório.

Figura 5: Estimadores de riqueza não paramétricos: Chao 1, Jacknife 1, Bootstrap e Michaelis-Menten.

A curva de distribuição de abundância mostrou um pequeno número de espécies abundantes e um grande número de espécies com abundância baixa (Fig. 6). Este mesmo resultado foi obtido por Bertolin (2007) realizando um levantamento de Pentatomóideos em três áreas no sul de Santa Catarina. Price et al. (1995) afirmou que é comum ecossistemas tropicais serem constituídos de muitas espécies com abundância baixa e apresentarem uma pequena riqueza de espécies com abundância alta.

O número elevado de singletons (S=6; 35,29%) evidencia ser possível com o aumento da amostragem, ocorrer uma ampliação do número de espécies (SCHMIDT; BARCELLOS, 2007). Os mesmos autores em um levantamento de Pentatomoidea realizado no Parque Estadual do Turvo, com um esforço amostral de 153 horas, encontraram 16

singletons (28,57 % do total). Conforme Novotný e Basset (2000), o número elevado de espécies raras é esperado para insetos herbívoros em florestas tropicais, porém não se pode descartar a possibilidade de que algumas espécies tenham sido coletadas acidentalmente por limitações do método.

Contudo, Barcellos (2006) e Schmidt e Barcellos (2007) sugerem, que alguns grupos de pentatomóideos, por exemplo os edessíneos, são habitantes preferenciais dos estratos superiores, como o dossel da mata, podendo ser coletados acidentalmente em outros substratos por estarem desalojados do seu microhabitat. Porém, algumas destas espécies podem ser realmente raras no fragmento estudado.

Figura 6: Gráfico de Abundância de pentatomóideos em ordem decrescente, coletados no município de Araranguá, SC.

Os índices de diversidade de Shannon (H’) e dominância de Simpson (D) foram 2,14 e 6,08 respectivamente. Bertolin (2007) obteve respectivamente, H’: 2,73; 2,59 e 2,81 e D: 11,31; 9,46 e 13,14. O índice de diversidade de Shannon (H’) foi próximo do da área de estudo, e em outros estudos realizados no sul de Santa Catarina, também são encontrados valores próximos. Porém o de Dominância de Simpson (D) foi bem mais baixo demostrando que foram amostradas menos espécies dominantes.

Em relação aos seis levantamentos comparados neste trabalho, todos utilizaram para amostragem o guarda-chuva entomológico, porém alguns empregaram, juntamente, outra metodologia para uma melhor caracterização das comunidades de pentatomóideos. Apesar dessa diferença e do esforço amostral que foi padronizado, pode-se comparar os dados aqui apresentados com os obtidos em outros cinco levantamentos, avaliando a similaridade entre os

fragmentos e relacionando a riqueza obtida com o tamanho das áreas.

Já que conforme Barcellos (2006) mesmo com essas diferenças é possível traçar um comparativo entre as áreas estudadas e o número de espécies e morfoespécies, devido ser pequeno o número de levantamentos com insetos e outros invertebrados terrestres que possuem padronização amostral e ainda ser escassa a quantidade de informação acerca da taxonomia, biologia e ecologia desses grupos.

O índice de similaridade de Jaccard demonstrou baixa similaridade entre a riqueza de pentatomóideos encontrada nos seis fragmentos (Tab. 3). Apenas duas espécies, M.

notulifera e T. humilis foram encontradas nos seis fragmentos, sendo que a primeira é

considerada uma importante praga do arroz (PANIZZI et al., 2000). A presença desta espécie pode ser explicada pelo cultivo de arroz, estar bastante difundido no sul de Santa Catarina. E a segunda conforme Mendonça, Jr., Schwertner e Grazia (2009) é encontrada em clareiras e bordas de mata, podendo ser encontrada se correlacionada com o nível de fragmentação da vegetação do estado.

O menor valor encontrado foi entre o F5 e o F6 (0,04; S = 2) e o maior entre o F2 o F4 (0,49; S = 17) (Tab.3). A menor similaridade entre o F5 e o F6 pode ser explicada devido no segundo fragmento, terem sido coletadas mais espécies oportunistas, podendo estar associado à presença de cultivos adjacente e ao estado de conservação dos fragmentos, já que o F5 é mais conservado, e se encontra circundado apenas por área de extração de turfa . Em relação aos fragmentos que apresentaram maior similaridade o F2 e o F4, ambos foram amostrados no mesmo período, e se encontram em áreas que sofrem forte influência antrópica, o que pode ter determinado as espécies ali encontradas.

Tabela 3: Similaridade entre a riqueza de Pentatomóideos dos seis fragmentos amostrados no sul de Santa Catarina . F1 F2 F3 F4 F5 F6 F1 F2 F3 F4 F5 F6 - 0,21 0,14 0,17 0,26 0,20 0,21 - 0,23 0,49 0,08 0,41 0,14 0,23 - 0,20 0,05 0,24 0,17 0,49 0,20 - 0,13 0,36 0,26 0,08 0,05 0,13 - 0,04 0,20 0,41 0,24 0,36 0,04 -

Foi realizada análise de agrupamento (UPMGA) utilizando o índice de Jaccard, verificando assim o que poderia influenciar, além das espécies, na similaridade dos

fragmentos. Observou-se que o período em que foram realizados os estudos é importante para uma similaridade entre as áreas (Fig. 8), tendo em vista que os fragmentos F2, F4 e F6 foram amostrados na mesma época (setembro de 2005 a agosto de 2006), assim como F1 e F5 (outubro de 2008 a maio de 2009 e março a maio de 2009, respectivamente). Apenas F3 foi amostrado em um período (dezembro de 2007 a novembro de 2008) que não houve a realização de nenhum outro estudo paralelo, o que pode ter ocasionado a diferença de similaridade em relação aos outros fragmentos.

Os fragmentos F1 e F5 além de terem sidos amostrados na mesma época, também são constituídos da mesma formação vegetacional e se encontram no mesmo município, o que também pode ter contribuído para a similaridade entre esses dois fragmentos. A diferença maior observada é em relação à no F1 terem sido coletadas mais espécies pragas agrícolas, podendo estar correlacionada com as atividades de agricultura realizadas no entorno. Isto ressalta a importância de se observar a vegetação adjacente aos fragmentos para ver se a mesma pode ter correlação com a riqueza. O fragmento F3 foi o estudo que utilizou o maior esforço amostral, fato que pode também ter influenciado à dissimilaridade com os outros fragmentos.

Figura 7: Análise de agrupamento (UPGMA) por similaridade de Jaccard, utilizando as espécies de Pentatomóideos amostradas em seis fragmentos do Sul de Santa Catarina.

Foram encontradas 60 espécies que foram amostradas exclusivamente em uma das áreas, sendo o fragmento 3 foi o que apresentou o maior número de espécies exclusivas, com 26 espécies (43,33% ) seguido do fragmento 6 com 12 espécies (20%), o fragmento 5 com sete espécies (11,67%), o fragmento 1 com seis espécies (10%), o fragmento 4 com cinco espécies (8,33%) e o fragmento 2 com quatro espécies (6,66%). Portanto o fato do maior número de espécies exclusivas serem encontradas no F3, também pode ter sido influenciado, por ser o estudo que utilizou o maior esforço amostral.

Apesar de Barcellos (2006) assegurar ser possível traçar um comparativo entre áreas estudadas e riqueza, devido não haver ainda uma padronização amostral, em estudos com grupos de insetos, para se evitar o efeito de amostragem, as amostras foram padronizadas pelo número de espécimes coletados, usando o método de rarefação. Conforme Moreno (2001), este método é usado para comparar número de espécies entre comunidades quando o tamanho da amostra é diferente.

A partir do cálculo feito com o programa Excel (2007), foi traçada uma reta no número de espécimes da menor amostra, correspondente a 102 espécimes, sendo que os valores de riqueza obtidos até a reta (número estimado de espécies) foram utilizados para análise da relação espécie-área (Fig. 9). Observou-se que dos seis estudos utilizados para comparação o F1, F2 e F6 obtiveram valores de riqueza bem próximos. Sendo que o F3 obteve a riqueza maior e o F5 a riqueza menor, isso pode ter ocorrido devido, o primeiro ter utilizado o maior esforço amostral, e o primeiro talvez por ter sido realizado em um curto período de tempo.

Figura 8: Curvas de rarefação dos seis fragmentos realizados levantamento de pentatomóideos no sul de Santa Catarina, com uma reta traçada na menor amostra para padronização.

O número real de espécies (S) coletadas nos seis fragmentos foi padronizado por rarefação, sendo que a riqueza estimada foi utilizada para a análise da relação espécie-área (Tab.4).

Tabela 4. Número real e estimado de espécies de Pentatomóideos, dos seis fragmentos amostrados no sul de Santa

Catarina.

Fragmentos Número real de espécies (S) Riqueza de espécies estimadas (rarefação) F1 22 20 F2 25 21 F3 44 40 F4 27 27 F5 17 15 F6 33 22

Não houve uma correlação significativa entre o tamanho dos fragmentos e a riqueza estimada de espécies de Pentatomóideos (Fig. 10), não ocorrendo nem o aumento e nem a diminuição da riqueza com o aumento do tamanho dos fragmentos. Observando ainda que alguns fragmentos menores obtiveram uma riqueza maior ou equivalente aos fragmentos maiores.

Figura 9: Relação entre a riqueza de espécies (padronizada por meio de rarefação) e a área (ha) dos fragmentos florestais.

Outros autores trabalhando com outros grupos de insetos também observaram que não houve uma correlação significativa entre o tamanho dos fragmentos e a riqueza de espécies.

Tonhasca, Blackmer e Albuquerque (2002), Darrault et al., (2005), Storck-Tonon et al. (2007) estudando as abelhas euglossina (Hymenoptera: Apidae), observaram que o tamanho dos fragmentos não foi preditor para a riqueza .

Schiffler (2003), estudando espécies de Scarabaeidae (Coleoptera) em 12 fragmentos de Floresta Estacional Semidecidual Montana, localizados no sul de Minas Gerais, não constataram uma correlação entre a riqueza e a área dos fragmentos florestais estudados.

Lopes et al. (2005), em um estudo em quatro fragmentos localizados na divisa do Estado de Pernambuco com a mata norte de Alagoas, não observaram a existência de correlação significativa entre o tamanho dos fragmentos e os índices de diversidade de esfingídeos.

Florencio e Diehl (2006), estudando as termitofaunas em seis remanescentes de Floresta Estacional Semidecidual e em uma área desmatada em início de sucessão vegetal no município de São Leopoldo, Rio Grande do Sul, observaram que a relação entre o tamanho da área e a riqueza de espécies não foi significativa.

Santos et al., (2006), avaliando a riqueza de formigas da serapilheira em 12 fragmentos de floresta semidecídua da Mata Atlântica na região do Alto do Rio Grande, MG, não encontrou correlação entre a riqueza de espécies observada e o tamanho dos fragmentos florestais.

Souza, Costa e Louzada (2008), estudando comunidade de crisopídeos (Neuroptera: Chrysopidae) em 15 fragmentos de Floresta Estacional Semidecidual da região do Alto Rio Grande, sul do Estado de Minas Gerais, concluíram que o tamanho do fragmento não teve influência sobre a riqueza.

A relação da riqueza com a área dos fragmentos não foi significativa, contestando a relação espécie-área descrita na teoria de biogeografia, que relaciona a riqueza com a área do habitat. Contudo, sugere-se a realização de uma avaliação de outros fatores, como a composição florística, o efeito de borda, a forma do fragmento, o entorno entre outros fatores que possam estar interferindo na dinâmica destes fragmentos e influenciando a comunidade.

Conforme Thomazini e Thomazini (2000), os principais insetos utilizados e indicados para estudos de fragmentação são as formigas, as abelhas, principalmente da subfamília Euglossinae, os besouros, principalmente os da Família Scarabaeidae e da Família

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