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5.2 Análises realizadas aos 120 dias após a semeadura

5.2.1 Análises bioquímicas aos 120 dias após a semeadura

Quando se trata do processo da fotossíntese, os pigmentos fotossintéticos são de fundamental importância, uma vez que, a luz, indispensável no processo, é absorvida pelos pigmentos onde a partir disso são desencadeados todos os processos químicos conhecidos da fotossíntese. Diante disso, na Figura 6 observa-se que as concentrações de clorofilas a e b apresentaram diferenças significativas após a aplicação do PA ao nível de 5% de probabilidade, com a maiores médias nas concentrações de 15 e 35 g kg-1 na duas espécies estudadas.

Em relação aos teores de carotenoides nota-se que as espécies apresentam aumento constante até a última dose testada. A catingueira não apresentou valores significativos.

De acordo com a Figura 6 é possível observar que ao final dos 120 DAS, as mudas de jucá não apresentaram alterações significativas em relação aos teores de amido ao longo das doses de PA testadas, porém o acúmulo máximo ocorreu no tratamento onde se aplicou a maior concentração de PA (40 g kg-1). Em relação à catingueira os teores de amido apresentaram uma redução gradativa em resposta ao aumento da concentração do PA, a um nível de 5% de probabilidade (Figura 6).

Figura 6: Concentrações de clorofila a (a), clorofila b (b), carotenóides (c) e teores de amido (d) de jucá (círculo branco e linha tracejada) e catingueira (círculo fechado e linha contínua), obtidos por métodos espectrofotométricos aos 120 dias após a semeadura.

Geralmente as clorofilas têm suas concentrações elevadas com o uso de produtos a base de algas marinhas (SCHOEFS, 2002; BLUNDEN et al., 1997). A época do ano também é um fator que interfere na concentração de pigmentos, pois altera a disponibilidade de água no solo,

apesar de que a maioria das espécies da Caatinga mantém o potencial hídrico mesmo em elevadas situações de estresse hídrico (TROVÃO, 2007). Essa baixa disponibilidade de água na planta provavelmente causa danos aos pigmentos por consequência de uma elevada taxa de radiação provocar a degradação das clorofilas e ainda pode acarretar redução da síntese dos pigmentos (MORAIS et al., 2007; MARENÇO e LOPES, 2007).

Assim como as resposta oferecidas pelo jucá e pela catingueira foram diferentes nesse trabalho, os estudos realizados por Szabó e Hrotkó (2009) sobre a análise de bioestimulante comercial (Kelpak®) em duas espécies de plantas distintas (Cráteos e Prunus) obtiveram diferença significativa no teor de clorofila apenas para a Prunus, mostrando que a resposta ao tratamento também pode variar entre as espécies estudas. Essa espécie mostrou maiores sensibilidades em relação ao bioestimulantes utilizado com maior número de brotos, peso de folhas, peso de corte e teor de clorofila foliar, além de constatarem que o uso do bioestimulante proporcionou que a especie (broto) atingisse o tamanho indicado para corte (3 mm) cerca de duas semanas antes da testemunha. Este efeito pode ajudar a decidir os cortes mais cedo, o que resulta em um maior crescimento após o enraizamento.

Costa (2014) avaliou os aspectos ecofisiológicos da catingueira em uma área de Caatinga e quantificou as concentrações de pigmentos fotossintéticos, comparando as estações do ano, concluiu que na estação chuvosa tanto a Clorofila a, b e os carotenóides apresentaram maiores valores que na estação seca, isso mostra que os baixos teores de CO2 típicos da estação seca

(essencial para que a fotossíntese ocorra) provocaram baixos valores dessas variáveis.

De acordo com Ahmed et al., (2013) em seu estudo analisando o efeito da aplicação combinada ou isolada de rosela (0,2%) extrato de açafrão (0,1%) e extrato de algas marinhas (0,2%) em laranjeiras, concluiu que o tratamento composto por extratos de algas marinhas proporcionou melhorias em todas as variáveis analisadas, entre elas, os teores de pigmentos totais nas folhas. Desta forma, o aumento na concentração de pigmentos observada nas duas espécies estudadas pode ser um efeito direto, pela melhoria da qualidade químicas e/ou pode ser um efeito físico, particularmente possibilitando maior retenção de água no substrato.

Os resultados obtidos nos teores de clorofilas com as concetrações de amido para a catingueira indicam que provavelmente o aumento de pigmentos seguida da redução no teor de amido ocorre devido a um aumento na atividade dos drenos. Pode também apontar para um uso de energia voltado para células responsáveis pela função estrutural, ou ainda, que houve atividade

da enzima amilase, responsável pela hidrólise do amido em açúcar que são, posteriormente, transportados via floema da parte aérea (fonte) para as raízes (dreno).

Pode também ser atribuido ao fato de que o processo de acumúlo do amido ocorre com maior intensidade no período de luz e ao final dele inicia-se a etapa de exportação (SOUZA, 2011). As folhas utilizadas para as análises de amido para ambas as espécies foram coletadas ao final da tarde, quando provalmente estava inciando-se o processo de degradação. Silva et al., (2010) verificou a concentração de carboidratos solúveis em folhas de Phaseolus lunatus L. em relação ao sombreamento e concluiu que além da posição, o horário de coleta da folha são fatores que podem interferir no teor de carboidratos presente na seiva e ainda observou que a sacarose foi o carboidrato com maior concentração, considerando como o açúcar mais presente na maioria das plantas de ambiente tropical.

De acordo com Kramer (1995) quando a planta é submetida a algum tipo de estresse, o conteúdo de amido sofre processo de deterioração nos tecidos que estão sendo acumulados e consequetemente esse acúmulo é reduzido, uma vez que o estresse exerce controle nas reações de carboidratos em várias espécies. Souza et al. (2011) determinando respostas fotossintética e acumulação de carboidratos, íons salinos e prolina em feijoeiro caupi submetido a quatro níveis de concentrações de salinidade, observou que altas concentrações de NaCl (200 mmol L-1) causaram estresse salino na planta e isso resultou em baixa fotossíntese por baixa assimilação de CO2 e consequentemente redução das concentrações dos produtos finais da fotossíntese, como o

teor de amido, que segundo os autores, possivelmente ocorreu por hidrólise. Desta forma, conforme comentado anteriormente no tópico das análises de crescimento aos 120 DAS, pode ter havido estresse nas plantas submetidas às maiores doses de PA. Outros resultados, no entanto, principalmente de pigmentos e diâmetro do coleto apontam para plantas menos estressadas nas maiores doses testadas. Trabalhos futuros ajudarão a esclarecer este efeito.

Amaral et al., (2007) testaram um novo método enzimático de extração e dosagem de amido em materiais vegetais, comparando com o método químico mais utilizado no Brasil desde a década de 70, o de McCready (1950) que é realizado atraves da solubilização do amido por ácido perclórico ou ácido sufúrico e quantificado por antrona ou fenol, segundo os autores esse método se faz ineficiente para espécies que não apresentam o amido como principal fonte de reserva, uma vez que, o ácido perclórico consegue solubilizar junto com o amido outros polissacarídios e assim influenciar na quantidade de amido quantificado. Os resultados obtidos

mostraram que o método de enzima proporciona uma análise ou estimativa mais sensível ao amido para diferentes espécies e tecidos de plantas, descartando outros carboidratos que possam se fazer presente na espécie.

Apesar dos resultados apresentados neste trabalho indicarem que não é viável se iniciar a produção de mudas a partir da germinação de sementes em substrato contendo PA, os dados de TCA sugerem que as algas podem ser utilizadas como uma alternativa viável na produção de mudas de catingueira e jucá, visto que até o período máximo desse estudo (120 DAS) verificamos também um leve estímulo no aumento de biomassa das raízes, diâmetro do caule, concentração de clorofilas a e b, carotenóides e maiores teores de amido em jucá. Houve também o aumento na concentração de pigmentos em relação às doses de PA em P. pyramidalis, além da TCA que apresentou maiores incrementos com a maior dose do PA testado. Há necessidade de estudos suplementares para confirmar esta suposição, particularmente com sementes germinadas na ausência do PA, bem como de mais análises fisiológicas e bioquímicas para confirmar nossa suposição de efeito benéfico do PA na nutrição e crescimento das plantas.

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