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Os resultados das análises físico-químicas estão dispostos na Tabela 5.

Tabela 7 - Resultados das análises físico-químicas

PARÂMETRO DATA DA COLETA

25/04 02/05 A B A B TEMPERATURA (ºC) 26 27 26 27 COR (PtCo) 2510 1410 1280 2240 TURBIDEZ (NTU) 303 136 190 71,1 PH 7,49 7,45 8,31 7,75 SÓLIDOS SEDIMENTÁVEIS (mL/L) 0,3 ≈ 0 0,6 ≈ 0 DQO (mgO2/L) * * * * DBO (mgO2/L) 61 48 54 43 Legenda:

A – Efluente antes do processo de tratamento; B – Efluente depois do processo de tratamento;

* – Os resultados não serão apresentados, pois a amostra possui constituinte interferente na análise;

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A Tabela 6 mostra um comparativo entre os resultados obtidos nesta pesquisa (Tabela 5) e os obtidos pelos autores Queiroz (2014) e Soeiro (2014) (Tabela 4).

Tabela 8 - Comparativo entre os dados obtidos e os da literatura

PARÂMETRO CONCENTRAÇÃO

QUEIROZ (2014) SOEIRO (2014) AUTORIA PRÓPRIA (2017) 1 A B A B A B pH 7,92 7,84 6,98 6,53 7,90 7,60 Turbidez (NTU) 45,9 36,27 - - 246,5 103,6 DBO5 (mg O2/L) - - 89,55 30,60 57,5 45,5 Temperatura (ºC) 23,67 23,67 - - 26 27 Legenda:

A – Efluente antes do processo de tratamento; B – Efluente depois do processo de tratamento;

1– Dados referentes à média dos resultados das análises das duas coletas;

Fonte: Autoria própria (2017).

Diante do panorama apresentado na Tabela 6, cabe as seguintes considerações:

 pH: percebe-se que foi mantido um certo padrão quanto ao potencial hidrogeniônico do efluente tratado desta pesquisa e do efluente analisado por Queiroz (2014). Pode-se perceber que não trata-se de um componente ácido, como os efluentes analisados por Soeiro (2014), descartando a possibilidade de haver problemas de corrosão na tubulação de esgoto, e, não tão básico, reduzindo a possibilidade de haver problemas de incrustações na tubulação, além de comprovar o uso de componentes neutros na lavagem dos veículos;

 Turbidez: percebe-se uma diferença considerável, comparando com os dados de Queiroz (2014), cabendo a interpretação de que algum dispositivo de tratamento não está operando com eficiência suficiente devido à falta de manutenção ou sobrecarga do sistema. Além disso, houve um desequilíbrio nesse parâmetro em relação às duas coletas, possivelmente devido ao estado dos veículos;

 DBO5: o tratamento feito pelo empreendimento remove em torno de 20 a 22% a DBO,

considerando o valor deste parâmetro antes e depois do tratamento para as duas amostras. No caso da pesquisa de Soeiro (2014), a eficiência na remoção de DBO foi

de 65,8 %. Essa diferença pode ter ocorrido devido a forma de tratamento de efluente ser diferente, no caso de SOEIRO (2014) foi do tipo Processo Oxidativo Avançado;  Temperatura: a temperatura do efluente final é 3,33 ºC maior em comparação com os

valores obtidos por Queiroz (2014);

A resolução do CONAMA nº 430/2011 trata das condições e padrões de lançamento de efluentes, cujas condicionantes estão expostas na Tabela 2. A Tabela 7 apresenta a comparação entre os resultados obtidos neste trabalho e a referida resolução.

Tabela 9 - Comparação entre os resultados obtidos e a resolução CONAMA nº 430/2011

PARÂMETRO LIMITE VERIFICAÇÃO

pH Entre 5 e 9 Ok

Temperatura Inferior a 40 ºC Ok

Materiais sedimentáveis Até 1 mL/L Ok

Materiais flutuantes Ausentes Ok

DBO5,20 No máximo 120 mg/L ou

remoção mínima de 60%

Ok

Fonte: Autoria própria (2017).

Vale ressaltar que a mesma resolução explana limites para concentração de óleos e graxas nos efluentes, porém não foi possível realizar o ensaio referente a esse critério.

A tabela 3 explana limites de parâmetros físico-químicos e microbiológicos para cada finalidade de reúso da água, de acordo com a norma NBR 13969/1997. Comparando esses dados com os obtidos nesta pesquisa, percebe-se claramente que, utilizando como referência apenas os ensaios realizados no LASAN, a água reutilizada para atividade de irrigação de jardins (Classe 2), lavagem do pátio (Classe 2) e descarga de vasos sanitários (Classe 3) não atende aos padrões estabelecidos pela norma, nem há uma outra finalidade a qual essa água possa ser designada, a não ser seu lançamento na rede de esgoto municipal ou em mananciais próximos, desde que atendidos a critérios específicos, exigidos pelos órgãos ambientais.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A fiscalização ambiental nos postos de lavagem é bastante falha. A cidade carece de uma legislação e fiscalização mais severa, visto que a água é um elemento vital para o homem. O licenciamento ambiental funciona, basicamente, até a instalação do empreendimento, sendo ignorado, por parte do proprietário, os serviços de controle e manutenção dos sistemas de tratamento.

Quanto à qualidade do efluente, percebe-se que está adequado aos padrões exigidos pela resolução do CONAMA nº 430, faltando fazer a análise para o teor de óleos e graxas. Porém, para fins de reúso, o efluente não está adequado a nenhum propósito para o qual está sendo utilizado. Ou seja, há algum tempo essa prática vem oferecendo um risco ao meio ambiente e ao ser humano. Percebeu-se que a turbidez foi bastante elevada e os sólidos sedimentáveis do efluente pós-tratamento foram, aproximadamente, 0. Logo, sugere-se como redução da turbidez, a instalação de um processo floculação-coagulação, como propõe Pimentel (2003 apud MENDONÇA, 2004), com a finalidade de reduzir a turbidez e a cor do efluente.

Faz-se necessário a formulação de uma legislação severa e uma assistência dos órgãos competentes aos empreendimentos que atuam na lavagem de veículos para que haja um maior controle da qualidade dos efluentes desses locais e possíveis soluções de reúso da água.

Recomenda-se para trabalhos futuros a pesquisa em mais postos de lavagem para melhor caracterização do efluente. Além disso, sugere-se a análise da eficiência de cada dispositivo de tratamento (caixa de areia, caixa separadora de água e óleo, filtro) e dos demais parâmetros, como teor de óleos e graxas, coliforme fecal e cloro residual para melhor comparação desses dados com a legislação de reúso.

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