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5. O CONTO COMO MEDIADOR DE CONFLITOS

5.2 Análises e resultados obtidos

Como frisamos anteriormente, as análises produzidas com base na pesquisa realizada não possuem intencionalidade de um estudo psicanalítico, pois nosso foco é pedagógico e está voltado para pensar e construir argumentos que sustentem a compreensão de como os contos de fadas podem contribuir para que a criança avance em sua formação humana, construa aprendizagens, e se desenvolva por meio da ficção que tem como foco a linguagem verbal e as ilustrações ao dirigir-se ao imaginário infantil. A respeito disso, Allebrandt3 afirma que:

A literatura, enquanto objeto de arte, tem sua dimensão estética, seu trabalho específico com a palavra e as imagens e, enquanto discurso, atua na nossa formação. Esse diálogo com este artefato cultural nos constitui. Logo, quando lemos recolhemos aquilo que faz sentido para nós e nos constitui, quer no plano emocional ou cognitivo. Ler é refletir sempre.

Compreendendo que a literatura possui influencia direta na formação e subjetividade dos sujeitos, configurando-se como instrumento potencializador em suas vivencias, o ato de contar histórias atua em conformidade com o relacionamento entre adultos e crianças, assim, as experiências construídas dão formas, significados e pertencimento à relação, construindo-se assim, um relacionamento potencializador comprometido e focado no desenvolvimento da criança e em sua relação com o outro. Rizzoli atenta para o fato de que:

Essa relação é estabelecida entre a capacidade de contar e a capacidade de ouvir. Essa comunicação destrói qualquer tipo de barreira e supera todas as contradições que podemos ter, porque nós, nesse momento, nos

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ALLEBRANDT, Lídia Inês. Literatura e alfabetização: possibilidades pedagógicas no uso de softwares educacionais. In: Seminário de Tecnologia Educacional, 4, 2007, Ijuí. Anais... Ijuí: Editora UNIJUI, 2007. 1 CD- ROM.

sentimos unidos, nos sentimos diferenciados e podemos conhecer a experiência humana nesse relacionamento (RIZZOLI, 2005, p. 6).

Quando contamos uma história para uma criança, estamos construindo uma relação de encontro entre sentimentos que satisfazem e envolvem o ato de ser e estar em contato com o outro, algo comum do ser humano, que necessita dessa interação para desenvolver-se. É através desse ato de contar uma história que possibilitamos a criança viver aventuras, acessando sua imaginação e desenvolvendo prazer de estar em contato com o outro.

[...] A criança enriquece a história ouvida e se enriquece com todas as fantasias que a história deflagra. Isso é muito importante porque é só com o adulto, só com o relacionamento com uma outra pessoa, que ela pode desenvolver essas fantasias. A atitude do adulto é extremamente importante para que a criança possa se introduzir na história de um livro (RIZZOLI, 2005, p. 14).

Para que a criança compreenda a importância que o ato de ler exerce no ser humano, em seu modo de ser e agir no mundo, crítico e de posição independente, a atitude do adulto é fundamental, pois é ele quem abre as possibilidades para a criança adentrar o mundo da literatura. Rizzoli enfatiza que:

As histórias realmente bonitas sempre ensinam alguma coisa e nos fazem ser melhor. Também fazem crescer dentro de nós um sentido moral e nos dão um sentimento de empatia, de satisfação. Por isso, as histórias fazem surgir o alfabeto dos sentimentos, o alfabeto das emoções que nós vamos reconstruir, aceitar e adotar como comportamento consciente (RIZZOLI, 2005, p. 9)

A ficção das histórias e a riqueza de detalhes que apresentam ao imaginário infantil contribuem para que ela construa significados a suas vivencias, de modo legítimo e particular, algo próprio da infância. Apropriando-nos dos estudos desenvolvidos por Corso e Corso (2006) compreendemos que:

Nas crianças, é mais fácil observar o impacto da ficção, elas se apegam a alguma história e usam-na para elaborar seus dramas íntimos, para dar colorido e imagens ao que estão vivendo. Elas a usam como era usado o mito em sociedades antigas, entram na trama oferecida e tentam encaixar suas questões nos esquemas interpretativos previamente disponibilizados. Ou então se apropriam de fragmentos, como tijolos de significação que combinam à sua moda para levantar a obra e determinado assunto que lhes questiona (CORSO e CORSO, 2006, p. 28).

Os contos de fadas, que povoam o imaginário e possuem símbolos de representações capazes de interferir na realidade dos sujeitos, relatam passagens que são fontes de empatia e estímulos, de modo que a criança se apropria do que lhe convém, atendendo as suas necessidades. Compreendendo que os contos de

fadas possuem várias interpretações e não permitem uma única verdade, pois cada um toma como verdade aquilo que lhe convém, a criança se encarrega de garimpar e se aproveitar do que elabora seus dramas, sendo essa uma alternativa da ficção.

Considerando os contos de fadas como organizadores de conflitos, alinhados para dar ênfase ao que a criança considera relevante em seu pensamento, bem como, sua classificação de grau de importância aos fatos de um conto, Corso e Corso apontam que:

Os contos de fadas são resultados de uma combinatória muito variada de elementos fixos, mas extremamente ricos quando articulados, como um caleidoscópio de pedras preciosas, lapidadas através de séculos de narrativas. Emprestando essa riqueza à criança, o conto ajuda na compreensão de suas grandes e pequenas problemáticas, a partir do momento que ele oferece apoio imaginário para elaboração de determinada situação (CORSO e CORSO, 2006, p. 174).

A criança, enquanto sujeito em formação, ocupa-se dos contos para reconstruir alternativas que lhe foram apresentadas. Para ela, as experiências proporcionadas pelos contos de fadas agregam-se a suas vivências, produzindo novos sentidos, enriquecendo seus sonhos e seu mundo interior.

No primeiro dia de pesquisa, a recepção calorosa das crianças e os olhos arregalados, curiosos, demonstram o quanto a curiosidade e o anseio por novas vivências fazem parte da vida desses sujeitos. Ao me apresentar, questionei-os sobre quem se lembrava da história do pequeno príncipe e, imediatamente, aqueles com quem já havia trabalhado lembraram-se e começaram a relatar a história e as atividades desenvolvidas com base nas aventuras do livro. Após esse momento, questionei-os sobre quem gostava de ler e o que gostavam de ler, de modo que as respostas, em sua grande maioria, foram que sim, gostavam de ler, gibis e aventuras.

Perguntei, então, dos contos de fadas, se eles conheciam e se gostavam de ler, rapidamente o menino ED4 respondeu: Ah, não, conto de fada é coisa de

menina. Eu não leio. Então eu lhe perguntei o porquê de ele achar que os contos de

fadas eram para meninas, e ele me disse que era porque tinham fadas e princesas. Com base na fala de ED, questionei as demais crianças se elas concordavam com o que o colega havia falado. PL disse que não porque as histórias são para todos, meninas e meninos. Aproveitando os levantamentos feitos pelas crianças, apresentei, então, os livros dos contos que havia escolhido para ler, colocando-os

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expostos no quadro para que as crianças pudessem escolher em qual ordem que as histórias seriam contadas.

A coleção O Cofre Mágico dos Contos e Lendas, publicados por Madison Marketing Limited, é composta de livros grandes, 30 x 50 cm cada. Na capa de cada livro encontramos ilustrações dos contos em geral que fazem parte da coleção, dando destaque para uma imagem ao centro, representando o conto que aquele livro traz. Em seu interior, as ilustrações interagem e proporcionam informações que permitem ao leitor uma leitura ampla dos personagens, suas expressões e interações com os contos. Sobre as histórias, necessita destacar que contemplam narrativas significativas, de modo compreensível pela criança, e que não se prolongam para chegar ao final. Alguns livros inclusive são compostos por duas histórias ou mais, em que as narrativas não interferem, mas completam, umas às outras. Na figura 1 podemos encontrar um exemplo dos livros utilizados nas contações.

Figura 1: O gato de botas.

Fonte: Arquivo pessoal da pesquisadora.

Quando apresentei o livro O Gato de botas, imediatamente as crianças decidiram que essa era a primeira história que queriam ouvir. O ato de contar uma história precisa ser levado a sério por quem o faz, pois a criança cria e recria o mundo em si mesmo ao ouvir uma história (Feil, 2004), portanto antes de ir para a escola, as leituras dos livros foram todas muito bem preparadas de modo que, às vezes, quando olhava para as crianças parecia que elas estavam dentro do conto, e interagiam como se os personagens fossem sair dos livros a qualquer momento.

A leitura, enquanto subsídio para a construção da identidade da criança, encontra na escola seu refúgio principal para que a criança em processo de formação reconheça a arte literária como estímulo. A conquista do leitor se dá quando o professor oportuniza leituras significativas (Saraiva, 2001), e essas leituras precisam instigar o imaginário da criança, produzindo sentido a suas vivências. Podemos perceber quando a criança interage de forma espontânea, muitas vezes interrompendo a leitura.

No primeiro dia, enquanto contava a história do O Gato de Botas, BE interrompeu: Sora, esse gato é safadão. Ao final da leitura, então, perguntei para BE porque ele achava que o Gato De Botas era “safadão”. Ele respondeu que o gato era muito esperto e estava mentindo para o rei. Com base na resposta do menino, chamei a atenção das crianças para a esperteza do gato. Logo, pedi que eles contassem o que consideravam a maior prova dessa esperteza. TI falou: Profe, ele

comeu o gigante quando era rato, mas e vai que ele vira gigante de novo, explodia o gato de botas, daí ele não era mais esperto.

A lógica do pensamento infantil, diferentemente do adulto, faz parte do seu mundo e do seu jeito de olhar e compreender, problematizando e desequilibrando suas certezas. A despeito disso, Corso e Corso afirmam que:

Quando as crianças põem uma premissa na cabeça, pouco importa a contradição com a realidade, é a realidade que está errada e não sua lógica, por isso, adaptarão sua percepção ao seu pensamento. Apenas se respeitarmos a sofisticação dessa coleção de absurdos e conseguirmos interroga-la desde o interior de sua lógica, teremos chance de despertar a curiosidade da criança para nossa dita sabedoria científica e adulta. Se esse diálogo com a criança não acontecer, ela igualmente fará o processo de confrontar a realidade do mundo com suas hipóteses, mas será de modo silencioso e solitário (CORSO e CORSO, 2006, p. 194).

Com base na afirmativa de Corso e Corso, constatamos na figura 2 que o desenho feito pelo TH é a representação do gato comendo o rato (gigante), e que seu pensamento provoca inquietações fazendo com que o menino transfira para seu desenho.

Figura 2: O gato de botas e o Rato.

Fonte: Dados empíricos produzidos na pesquisa (2018)

Os desenhos das crianças para representar o conto O Gato de Botas foram diversos, desde o moinho deixado pelo pai para o filho mais velho, até castelos com o gato, seu dono e o rei, porém o que chamou bastante atenção foram os desenhos do momento que o gigante é trapaceado pelo gato. Assim como para TH, outras crianças também trazem a representação da disputa entre o gato de botas e o gigante como a parte do conto que mais gostaram. As figuras 3 e 4 dão ideia das produções construídas pelas crianças:

Figura 3: O gato de botas e o gigante.

Figura 4: O gato de botas e o gigante.

Fonte: Dados empíricos produzidos na pesquisa (2018)

Ao analisarmos os motivos pelos quais as crianças escolheram as aventuras do gato e sua trapaça para com o gigante, podemos relacionar com o fato de que para as crianças todos os adultos são gigantes (Corso e Corso, 2006), e elas estão sempre procurando modos de trapaceá-los, o que nos faz considerar essa uma das hipóteses pela qual a grande maioria se identificou com essa passagem do conto. Além disso, em Rizzoli podemos considerar que:

A idade infantil é muito conturbada, porque a criança tem que fazer grandes conquistas e, para isso, muitos esforços lhe são exigidos nos primeiros anos de vida. [...] o fato de ela poder ser um herói, o fato de tornar-se um herói ou um animal feroz que enfrenta os perigos e obstáculos constitui uma experiência positiva. Esse esforço desse nosso pequeno herói – que tem lugar quando a criança pode viver um personagem de uma história que é contada – se traduz como uma boa sensação. Nesse momento e nesse papel que ela se sente muito bem. Tornar-se um herói ou um animal permite a ela vivenciar as experiências que o herói está vivenciando, e todas as conquistas que ele faz se tornar parte da própria vida da criança (RIZZOLI, 2005, p. 8).

A capacidade humana de acrescentar subsídios imaginários à sua realidade permite capturar aquilo que vai delinear o pensamento e as referências que essa criança constrói, o que é pessoal e nos acrescenta sentido. Quando ela desenha o gato em conflito com o gigante está expressando a importância que esse momento tem para a resolução d o conflito da história, de modo que o gato é o grande herói nesse caso.

No segundo dia as crianças escolheram o conto Os Três Porquinhos. Após a leitura, assim como no primeiro dia, questionei-os sobre o que mais gostaram da história. KA então destacou: A melhor parte “pro”, é quando o rabo do lobo pega

fogo e ele saiu “vuando” pra longe. CA complementou: O lobo se deu muito mal, ele queria comê os porquinho e acabô se machucando. Nas falas das crianças

percebemos ainda que as mesmas têm a visão do lobo como ser assustador que precisa ser vencido de qualquer maneira. Corso e Corso (2006) nos fazem compreender que:

Os três porquinhos têm a simplicidade que as crianças bem pequenas apreciam, sem muitos personagens, os bons de um lado e um malvado de outro. A trama, porém, embora simples, toca a fundo as crianças pequenas, que afinal um dia terão de sair de casa e proteger-se sozinhas (CORSO e CORSO, 2006, p. 57).

Após a leitura e a conversa sobre a história, pedi que eles escrevessem um novo final para o conto. Entre as escritas produzidas pelas crianças, a da figura 5 traz em seu relato o fato de que o lobo não queria comer os porquinhos, pois ele era “veje taliano”. Precisamos compreender aqui, que, essa criança, mesmo não sabendo escrever da forma correta a palavra vegetariano, compreende o significado e consegue empregá-lo de forma significativa em sua escrita. Também que usa a expressão Era uma vez característica dos contos de fadas e abre a porta do imaginário.

Figura 5: Os Três Porquinhos

Fonte: Dados empíricos produzidos na pesquisa (2018)

Um novo final possibilitou sossego para os porquinhos, e o medo que morava no conto foi resolvido com uma simples troca do gosto por outros alimentos que não incluem carne. Para a criança, a resolução de conflitos se dá em um tempo de

subjetividades simples (Corso e Corso, 2006, p. 58), no qual o medo pode ser considerado conveniente para a resolução de conflitos infantis.

Além do medo, a proteção que a criança encontra transformando o conflito entre o lobo e os porquinhos em amizade, pertence ao aspecto moral de sua versão do conto, advinda de sua formação social e regras de convivência que se impõem desde muito cedo, seja na escola ou na família.

O terceiro conto escolhido pelas crianças foi a Bela e a Fera. As crianças demonstraram muito interesse, o que fez com que essa história ocupasse dois dias do total, pois a familiarização deles com a Bela e a Fera pedia que aprofundassem suas interpretações do conto. Após o término da leitura, questionei-os sobre o que mais gostaram da história, houve destaque para todos os personagens e, principalmente, para a relação que fizeram com o filme A Bela e a Fera, lançado em 2014 pela Disney.

Ao perguntar se as crianças achavam que existe castelo, príncipe e princesa, BE respondeu rapidamente: Sim, sora, esses dias que eu tava em casa passou a

manhã intera o casamento daquele príncipe na tv. Rapidamente as crianças

concordaram com os argumentos do menino, que estava se referindo ao casamento do príncipe Britânico Harry, o qual foi transmitido para o mundo em tv aberta. A constatação de BE contempla novamente as proposições do quanto a criança se apropria de suas vivências e as torna úteis sempre que necessário.

Devido ao levantamento de BE, PA argumentou: Então se existe príncipe e

princesa também existe fadas. Aconteceu um momento de grande agito na sala,

crianças concordando e discordando ao mesmo tempo, não chegaram a um consenso, pois os argumentos pró e contra sobre a existência de fadas não convenciam as opiniões divergentes. Quando as crianças se acalmaram questionei- os sobre a Fera, perguntando o que eles achavam da Fera. IS disse: A fera não é

ruim, só precisava de amor para se transformar. Então lhe perguntei o que era amor

e PO respondeu: Um sentimento bom.

O apontamento da menina nos remete ao fato de que o conto A Bela e a Fera pode ser pensado como um conto de formação humana, pois para Corso e Corso (2006) “[...] também não se nasce homem, torna-se um”. Além disso, a moral que o conto proporciona revela a escolha de amar ainda que na adversidade, compreendendo que o belo não se encontra apenas no exterior, mas principalmente no interior de cada um.

Com uma folha A4 dividida em quatro partes iguais, na primeira parte solicitei que eles escrevessem palavras que representassem coisas que eles não gostavam, representações de sentimentos ruins e, no quadro, ao lado, escrevessem nomes de pessoas que eles gostavam, por quem tinham sentimentos bons. Embaixo de cada quadro era para desenharem o que correspondia ao quadro de cima, os sentimentos bons e ruins, assim como as pessoas que eles haviam descrito.

A figura 6 traz a interpretação de uma das crianças que chama atenção pincipalmente pela quantidade de armas desenhadas no que se referia ao que ele não gostava.

Figura 6: A Bela e a Fera.

Fonte: Dados empíricos produzidos na pesquisa (2018)

Questionei-o sobre o porquê de ele ter desenhado tantas armas e objetos, pois anteriormente já havia percebido que ele desenha com frequência esses objetos, no caderno, nas classes da sala. Ele me disse: É que eu quero se polícia quando

crescê. Então eu lhe perguntei o porquê ele havia desenhado as armas no lugar das

coisas que ele considerava ruins e ele respondeu: É que eu gosto de desenhar as

armas. Analisando o desenho não há como afirmar quais são as reais intenções que

o faz representar tais objetos com frequência, os fatores podem ser os mais diversos, pois do ponto de vista de Corso e Corso (2006), os códigos que a criança

cria são próprios da infância, e a ilustração carrega uma imagem codificada fruto do desejo da criança, nesse caso o de ser policial.

Outra produção que chamou a atenção foi a do JO, (figura 7). Ele queria escrever que não gostava de bullying e, como não sabia escrever a palavra, pediu ajuda. Os colegas ao ouvir a conversa questionaram o que era isso e ele rapidamente respondeu: É fazer críticas de alguém, não pode fazer isso. Com a explicação de JO quase todas as crianças também colocaram nas referências do que não consideravam legal a palavra bullying.

Figura 7: A Bela e a Fera.

Fonte: Dados empíricos produzidos na pesquisa (2018)

As representações das crianças em desenhos e escritas sobre os sentimentos que consideravam bons e ruins comportam os aprendizados, motivados pelo ato de educar, promovido pelo homem. Nas escritas das crianças encontramos referências de que não se pode bater no colega, falar palavrões, desobedecer à professora. Já em contrariedade a atos de violência, a ética e os valores morais compreendem a relação com outros humanos, seja pai, mãe, irmãos ou colegas. A despeito disso, Savater atenta que:

[...] É bom que as crianças adquiram hábitos de cooperação, respeito ao próximo e autonomia pessoal, por exemplo, mas sem dúvida essas lições empíricas proveitosas lhes chegarão misturadas com outras não tão edificantes, embora não menos ligadas à experiência, que lhes ensinarão o valor ocasional da mentira, a adulação ou o abuso da força (SAVATER, 2012, p. 73).

As virtudes encontradas no conto da Bela e a Fera possuem efeito vasto no inconsciente infantil, de modo que a utilização dessas histórias evoca temas relativos ao amor e consequentemente à família.

Continuando o trabalho com o conto da Bela e a Fera, no quarto dia, li novamente a história. Usando a imaginação questionei-os sobre a possibilidade de um diálogo com a Fera, o que poderiam conversar, perguntar e quais as

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