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4.2 DISCUSS ˜ AO DE PORTF ´ OLIO

4.2.3 An ´alise das condic¸ ˜oes regulat ´orias brasileiras

Com relac¸ ˜ao `as condic¸ ˜oes regulat ´orias brasileiras de aplicac¸ ˜ao da tecnolo- gia Blockchain no contexto de comercializac¸ ˜ao de energia entre microrredes de ma- neira privada, pode-se abordar em tr ˆes vertentes: microrredes, comercializac¸ ˜ao de energia el ´etrica e a aplicac¸ ˜ao do Blockchain no contexto desta comercializac¸ ˜ao.

4.2.3.1 MICRORREDES

Os direitos de franquia da concession ´aria/distribuidora s ˜ao um dos princi- pais impasses atuais em se criar um ambiente entre microrredes. Dependendo da localidade e do modelo adotado pelas concession ´arias locais, uma microrrede n ˜ao pode passar cabos por uma via p ´ublica para atender poss´ıveis consumidores e, por- tanto, ´e considerado ilegal esse tipo de pr ´atica (BELLIDO et al., 2018).

Sem um desenho regulat ´orio, as microrredes ir ˜ao introduzir complexidade ao mercado de energia el ´etrica e possivelmente causar impactos negativos na socie- dade (TEOTIA; BHAKAR, 2016; BELLIDO et al., 2018). Consequentemente, ´e importante as entidades regulat ´orias, neste caso a ANEEL, efetivar ac¸ ˜oes para garantir direitos

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aos consumidores, no momento, e prover guias, mecanismos de resoluc¸ ˜oes de confli- tos, criac¸ ˜ao de compet ˆencias e outros pontos relacionados a uma pol´ıtica energ ´etica direcionada para a distribuic¸ ˜ao (BELLIDO et al., 2018).

Um dos principais entraves para essas discuss ˜oes n ˜ao prosseguirem no Brasil ´e relacionado com a atual conjuntura econ ˆomica que afetou o mercado de ener- gia solar e o ritmo de adoc¸ ˜ao da gerac¸ ˜ao distribu´ıda (MAYON; PARODI, 2018). A elevac¸ ˜ao do c ˆambio, visto que a maior parte dos componentes de um sistema de gerac¸ ˜ao dis- tribu´ıda ´e importada, e a escassez de fontes de financiamento devido a situac¸ ˜ao do pa´ıs impedem que essas estruturas possam ser discutidas no campo pol´ıtico ou regu- lat ´orio (BELLIDO et al., 2018;MAYON; PARODI, 2018).

4.2.3.2 COMERCIALIZAC¸ ˜AO DE ENERGIA EL ´ETRICA

Ao longo do trabalho, considera-se como fato que a intensificac¸ ˜ao da dis- ponibilidade de DERs com a modernizac¸ ˜ao das redes de distribuic¸ ˜ao transformar ´a as relac¸ ˜oes do usu ´ario com a atividade comercial de energia el ´etrica entre as empresas de distribuic¸ ˜ao e entre outros agentes independentes (MAYON; PARODI, 2018).

O Brasil, desde 2012, adota uma pol´ıtica de incentivo aos DERs denomi- nada de net metering, que permite com que consumidores que produzem sua pr ´opria energia el ´etrica, neste caso um prosumer, possa utilizar o excedente gerado e de- volvido para a rede como cr ´edito para abater o seu consumo de energia ativa com a concession ´aria ou distribuidora local (VIEIRA et al., 2016).

Saleme et al. (2018), ao analisar a regulac¸ ˜ao vigente, verifica que o fato de existir um prosumer j ´a se enquadra como um preju´ızo para os agentes distribuidores. Com base nisso, ao considerar um cen ´ario de alta penetrac¸ ˜ao de DERs, o modelo de compensac¸ ˜ao de energia se faz invi ´avel podendo ter preju´ızo aos agentes distri- buidores e transmissores de at ´e 26% do capital de energia alocado nas operac¸ ˜oes de contratos de energia entre agentes transmissores e distribuidores (SALEME et al., 2018).

4.2.3.3 BLOCKCHAIN NO SETOR DE ENERGIA EL ´ETRICA BRASILEIRO

Tomando como base o estudo de Richter et al. (2018), representado grafi- camente pela Figura 13, no contexto brasileiro, j ´a conforme a vers ˜ao mais atualizada da Consulta P ´ublica de no 33, o Blockchain ainda se encontra no est ´agio inicial em todas as ´areas de contexto, visto que n ˜ao h ´a no projeto da consulta nenhum ponto que relacione, no m´ınimo, a possibilidade da comercializac¸ ˜ao de energia el ´etrica entre

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microrredes, que ´e a condic¸ ˜ao para a tecnologia operar no contexto de energia el ´etrica (MAYON; PARODI, 2018;MME, 2018).

4.2.3.3.1 CONSULTA P ´UBLICA No 33

Com relac¸ ˜ao `as ´ultimas crises que acarretaram ao setor de energia el ´etrica brasileiro, foi se instaurado pelo Minist ´erio de Minas e Energia a Consulta P ´ublica (CP) no33 que trata da modernizac¸ ˜ao regulat ´oria, comercial e operacional do sistema de energia el ´etrica brasileiro, que reforc¸am todos os pontos discutidos dentro desse trabalho (MAYON; PARODI, 2018).

Disponibilizada pelo MME (2018) e com sua ´ultima alterac¸ ˜ao feita em feve- reiro de 2018, os principais pontos da proposta de lei dentro do contexto do presente trabalho s ˜ao:

• Reduc¸ ˜ao dos limites de acesso ao mercado livre;

• Aproximac¸ ˜ao da formac¸ ˜ao do prec¸o de curto prazo ao custo de operac¸ ˜ao do sistema;

• Possibilidade de separac¸ ˜ao do lastro e energia; • Mercado de atributos ambientais;

• Modernizac¸ ˜ao do mercado regulado.

Como a CP no33 ainda est ´a em discuss ˜ao no campo pol´ıtico e pode ter seu texto alterado, ser ´a discutido somente o texto vigente at ´e a data de realizac¸ ˜ao desse trabalho.

Tendo como base o escopo do trabalho, embora os avanc¸os s ˜ao signifi- cativos em diversos campos do setor de energia el ´etrica brasileiro, eles abrangem a atuac¸ ˜ao de uma participac¸ ˜ao mais ativa e com maior autonomia dos consumidores de baixa tens ˜ao com uma possibilidade de serem atendidos no mercado de varejo. A CP no33 pretende baixar os limites de pot ˆencia el ´etrica de acesso ao mercado livre para 1 MW at ´e 2021, em que esses necessitar ˜ao de um agente comercializador registrado no CCEE para ser representado (MME, 2018).

De acordo com a CP no33, at ´e 31 de dezembro de 2022, o Poder Executivo deve apresentar um plano para extinc¸ ˜ao integral do requisito m´ınimo de carga para os consumidores atendidos em tens ˜ao inferior a 2,3 kV adentrarem ao mercado livre de

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energia el ´etrica brasileiro, em que este plano dever ´a conter, segundo a proposta, pelo menos:

1. Ac¸ ˜oes de comunicac¸ ˜ao para conscientizac¸ ˜ao dos consumidores visando a sua atuac¸ ˜ao em um mercado liberalizado;

2. Proposta de ac¸ ˜oes para aprimoramento da infraestrutura de medic¸ ˜ao e implanta- c¸ ˜ao de redes inteligentes, com foco na reduc¸ ˜ao de barreiras t ´ecnicas e dos cus- tos dos equipamentos; e

3. Separac¸ ˜ao das atividades de comercializac¸ ˜ao regulada de energia, inclusive su- primento de ´ultima inst ˆancia, e de prestac¸ ˜ao do servic¸o p ´ublico de distribuic¸ ˜ao

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