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Em (198), temos urn anaforico fisico-textual; em (199), urn deitico textual Ambos anunciam urna inforrnayao que 0 falante sup5e nova para 0 destinatario.

identificabilidade." (1994:102). Para muitos referentes genericos, a distin<;:ao de identificavel/nao-identificavel e

h'Televante. Nestes casos, e suficiente referir-se

a

instiincia tipica de uma categoria.

79 De maneira analoga, SNs indefinidos nem sempre representam referentes novos para 0ouvinte; alguns nomes

genericos mostram isso muito bem, como no exemplo: "Os outros dois haviam fugido. Em seguida, dezenas de

p e s s o a s c o m e c ;a r a m a d a r s o c o § e p o n t a p e s n o a s s a lta n te fe r id o . P o U c ia is m ilita r e s ia n l p a s s a n d o p e lo lo c a l n u m

carro e pararam quando viram a confusao." (E180 - NELFE). Prince explica 0que se passa nestas situa90es: "Se

o falante pensa que 0 ouvinte conhece 0 significado de algum nome, e se este nome denota uma entidade-tipo,

entao 0falante deve assumir que 0ouvinte ja sabe que existe uma c1asse de tais entidades-tipo; assi~ os genericos

Como se vera a seguir, 0que

e

velho ou novo para 0ponto de vista do ouvinte po de nao

ter urn status informacional correspondente no modelo discursivo que vem sendo construido.

(200) "R. M., porque voce nao veio no dia 28? Raniele disse que voce esta devendo essa

a ele." (E026 - bilhete - NELFE)

P J:'. d' 80 ~ •

or sua vez, 0relerente novo para 0 lscurso , aparece em ocorrenClas como:

(201) "Neste momento, interessa explorar em especial as

estrategias que se situam entre ~ e ®, que apresentam, entre

outras, estas caracteristicas:" «E) artigo de linguistica - artigo

cientffico - c o r p u s complementar)

Os do is pIanos do status informacional nao correspondem obrigatoriamente, e os exemplos (200) e (201) sac a prova disso: ambas as ocorrencias sac velhas para 0 ouvinte,

entretanto s6 a primeira

e,

ao mesmo tempo, velha para 0 discurso. A segunda

e

"empacotada"

pelo falante como dada, embora apareya no discurso pela primeira vez, realizando uma remissao prospectiva. Caso semelhante ocone com as amiforas da memoria, como em:

80Fora as duas categorias novas e velhas para 0 ouvinte e para 0 discurso, Prince(1992) sugere urna terceira - a de

status "inferivel", que poderia perfeitamente enquadrar-se nas anMoras associativas lexicalmente restritas. Cremos que 0 inferivel se define, na realidade, a partir dos dois criterios de novo e velho, por isso rompe a simetria com os outros dois. Urn exempl0 seria: "Ele passou pela Bastilha e a porta estava pintada de roxo." (Prince, 1992:305). A autora explica: "Entidades inferiveis sao, portanto, como entidades velhas para 0 ouvinte na medida em que se ap6iam em certas hip6teses sobre 0 que 0 ouvinte realmente conhece. Ao mesmo tempo, SaD tambem entidades

velhas para 0discurso, na medida em que se ap6iam no fato deja ter havido no modelo discursivo alguma entidade para engatilhar a inferencia, como a Ba stilh a , ( ...). Mas, ao mesmo tempo, ainda, as entidades inferiveis sao como novas para 0 ouvinte (e, assim sendo, novas para 0 discurso), ja que 0 ouvinte nao esperaja ter em sua mente a entidade em questao. (Prince, 1992:305 - grifo nosso). Note-se que os critenos terminam por se confundir nesta terceira classe. A justificativa de que

e

novo porque "0 ouvinte nao espera ter 0 referente em mente" nos parece contradit6ria com a descri9ao de velba "porque se ap6ia em certas hip6teses do ouvinte". Por essa razao os inferiveis, bem como0subtipo de "inferiveis contidos" (" C o n ta in in g In ftr r a b les" ), foram exc1uidos desta analise.0status de inferivel se aproxima, a nosso ver, do estatuto da anMora associativa: urn elemento novo para0 discurso e introduzido, mas foi engatilhado por urn SN diferente anterior, seudo, por isso, pela rela<;ao semantica que mantem com ele, uma informa9ao dada para 0ouvinte.

(202) "Weill! Ja passa da meia-noite e amanha cedo tenho que trabalhar. You dar uma aula particular, YOU pI UFPE e

a

tarqe ao

medico. Sim!!! Tirei aquele sinal da perna, lembras?" (E055 carta pessoal - NELFE)

Nesta situal;ao, 0 referente

e

considerado velho para 0 ouvinte, porque pertence ao saber

comum dos interlocutores, mas, como se nota, a informal;ao

e

inteiramente nova para 0

discurso. Assim acontece em (203):

(203) "quem mais trabalha A~ sac esses operarios ... porque passam 0 dia TOdinl neste 501. .. desde sete horas da manha aTE

a

noite ... ate cinco seis horas ... sac Eles aiL.. eh:: tirando aquela areia e verdade que tern aquele:: aquela pa mecanica ... mas eles estao

LA

empuRRANdo soCANdo ... E... olha at come que eles come? (...) entao:: eXISte urn trabalho mental sim... ele sabe QUAL ... QUAL... e a hora de colocar aquelas estacas de FErro ..." «F) D2-39 conversa espontanea - PORCUFORT),

Quando 0 enunciador utiliza a expressao referencial "esses operarios", ele aClOna,

automaticamente, 0fr a me "openlrios em construl;ao" e aposta na habilidade do ouvinte para inferir a existencia discursiva das outras entidades. A retomada se da por associal;Ro (por isso afirmamos, anteriormente, que este configura urn caso de anafora associativa): sac elementos novos no discurso, mas ja conhecidos, pois cultural mente presentes (0 papel do demonstrativo nao

e

promover a retomada de urn elemento do contexto, senao apenas sinalizar para 0 espal;o

deitico da mem6ria comum, onde 0 referente deve ser encontrado). 0 emissor presume que 0

destinatario tenha, entao, as informal;oes necessarias para saturar a interpretal;ao referencial, e

e

a partir dessa crenl;a, e da pr6pria relal;ao com a fonte desencadeadora "esses openirios", que os sintagmas em grifo conseguem sua definitude formal.

Os referentes novos para 0 discurso sao bem mais frequentes entre os anaf6ricos e

predominam nas express5es motivadas pelo conhecimento compartilhado. Via de regra, os anaf6ricos da mem6ria, conforme ja dito, recuperam apenas urn aspecto do objeto. discursivo rnencionado previarnente. Seu referente

e

construido a partir de indicios anteriores, por isso

e

natural que surjam novas entidades nessas situayoes.

Entre os deiticos discursivos, no entanto, os numeros caern drasticamente, em virtude de sua natureza resumidora. Aqui, prevalecern os casos de motivayao fisico-textual, consoante 0

As raras ocorrencias de determinac;ao fisica sao, na maioria, deiticos discursivos deiticos, como: "nesta reuniao", "a presente ata", "nesta entrevista exclusiva", "deste programa", "neste trabalho" etc.

E,

de fato, nas express5es que remetem ao espac;o fisico do texto, e ao contexto, que os novos para 0 discurso se destacam entre os deiticos discursivos. Nao somente pela maior

quantidade nos deiticos textuais, mas, principalmente, pela concentrac;ao de usos cataf6ricos, pouco comuns entre as anaforas correspondentes. Por isso dedicamos 0 item seguinte a uma

serie de reflex5es sobre as catilforas.

Os elementos cataf6ricos figuram em numero muito reduzido: totalizam 84 ocorrencias, com participac;ao em apenas 4,2% na amostra. Se a frequencia

e

insignificante em termos de conjunto, nao 0

e

no interior deste pequeno gropo: aparecem meramente 7 anaf6ricos contra 77

deiticos discursivos. 0 Grafico 10 apresenta os condicionamentos das express5es indiciais em que os empregos cataf6ricos costumam acontecer:

Como demonstra 0 grafico, os deiticos textuais (ou seja, os de motivavao fisico-textual) e

os deiticos discursivos contextuais representam 0 contexto mais favoravel ao uso cataforico.

Sua forma de manifestavao difere bastante das estruturas normalmente empregadas nos d~mais condicionamentos. Ia vimos que sao formulas estereotipadas como: oX seguinte, oX a ba ixo,

°

X a seg u ir etc., de capacidade localizadora mais precisa e de alto poder preditivo, como neste emprego:

(204) "Instalada a audiencia e relatado 0 processo, a Sra.

JUlza-Presidente propos solugao ao Iitfgio, colheu os votos dos Srs. Juizes Classistas, passando, a Junta, a proferir a seguinte

DECISAO:" (E062 - ata de audiencia - NELFE)

Alem destas express6es, verificam-se alguns casos de utilizavao de formas substantivas ou adjetivas de valor numeral, como:

(205) "Bern! Vamos ao que interessa! Estou te escrevendo esta cartinha por dois motivos: primeiro pra te pedir desculpas; e, segundo, pra te agradecer." (E004 - carta pessoal - NELFE)

Nao apenas

0

cardinal "dois", como tambem os ordinais "primeiro" e "segundo" da