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fluxos migratórios, é necessário analisar os subgrupos populacionais. A partir de tal entendimento, trabalhar-se-á na sequência esses subgrupos separadamente, buscando analisar como as especificidades apresentadas pelos modelos se diferenciam no âmbito desses subgrupos populacionais.

Os subgrupos estão apresentados no Quadro 1, sendo que “restante da população” se divide entre os não-migrantes e os migrantes “antigos”;59 migrantes recentes serão analisados segundo as respectivas modalidades migratórias intrametropolitana, intraestadual e externo (interestadual).

Tal subdivisão busca analisar as especificidades segundo a condição migratória dos indivíduos. Esta análise possibilitará conhecer mais profundamente quais são as

59 Cabe ressaltar que a definição de migrante antigo é trabalhada de diversas formas, a depender do interesse

do pesquisador. Sendo mais objetivo, trabalhar-se-á com aqueles que não são migrantes recentes, ou seja, neste grupo estarão todos com mais de cinco anos de residência no município.

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características que diferenciam os migrantes segundo os fluxos e compreender o papel de cada uma destas modalidades na estruturação do espaço urbano e nas dinâmicas recentes observadas.

Quadro 1. Subgrupos populacionais componentes nos dois grupos analisados nos modelos.

Grupo Subgrupo Definição

Restante da população

Não-migrante Pessoa natural que sempre viveu no município. Migrante antigo Pessoa que reside a mais de cinco anos no município.

Migrante recente

Intrametropolitano

Pessoa que reside a menos de cinco anos no

município e cujo município de residência cinco anos antes era da RMC.

Intraestadual

Pessoa que reside a menos de cinco anos no

município e cujo município de residência cinco anos antes era do Estado de São Paulo exceto RMC.

Externo

Pessoa que reside a menos de cinco anos no

município e cujo município de residência cinco anos antes era de outra Unidade da Federação.

Na Tabela 14 são apresentados os tamanhos de cada um dos subgrupos populacionais a serem trabalhados na sequência, tanto em relação a amostra (n) quanto nela expandida (N). Em relação aos dados expandidos é perceptível que os pesos praticamente não se modificaram entre 2000 e 2010, sendo que, um dado relevante a ser ressaltado foi a redução no volume de migrantes recentes entre 2000 e 2010 em aproximadamente 50 mil indivíduos, principalmente daqueles intraestaduais.

Tal redução, como comentado, foi observada para todas as aglomerações analisadas e se refere a uma inflexão da migração na década de 2000 que, ao que parece, é resultado mais profundo de diversas mudanças econômicas e sociais.

A redução da migração observada tende a impactar nas características dos indivíduos migrantes, visto que, com menos pessoas se movimentando uma seletividade

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maior é esperada, fato que pode estar por detrás da maior chance dos mais escolarizados e com maior renda.

Tabela 14. População residente segundo condição migratória: amostrada e da expansão. RM de Campinas, 2000 e 2010. Condição migratória Período 2000 2010 N % n N % n Não-migrante 989.431 42,1 100.509 1.182.344 43,8 90.469 Migrante Antigo 1.038.755 44,2 105.014 1.275.086 47,2 106.195 Recente Intrametropolitano 65.211 2,8 6.605 63.349 2,3 5.888 Intraestadual 132.393 5,6 13.446 93.930 3,5 8.212 Externo 95.166 4,1 9.786 84.872 3,1 7.094 Total 292.770 13,7 29.837 242.152 9,0 21.194 Fonte: Censo Demográfico de 2000 e 2010. Elaboração do autor.

A Figura 13 apresenta os grupos etários a partir da condição migratória dos indivíduos e nela verificam-se diferenças bem definidas: não-migrantes, com uma população jovem, apesar de um relativo envelhecimento entre 2000 e 2010; migrantes antigos que, como seria de se esperar, apresentam maior proporção de pessoas nas idades a partir dos 45 anos (45% em 2010) e os migrantes recentes, com os intrametropolitanos e intraestaduais apresentando distribuição semelhante, mais jovens que não-migrantes e migrantes antigos, mas mais velhos em relação aos migrantes externos, que aparecem como os mais rejuvenescidos.

Cabe ressaltar que muitos dos não-migrantes, pela definição do grupo trabalhada aqui seriam filhos de migrantes antigos nascidos nos municípios da própria região, ou seja, resultado indireto da migração e, por isso, diferenças tão marcantes em relação à estrutura etária de cada um dos grupos são verificadas. Por outro lado, o peso dos dependentes, sobretudo dos mais jovens (até 14 anos) poderia ser apontado como um dos motivos da imobilidade territorial deste grupo (DOTA, 2011).

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Para aprofundar a análise dos respectivos grupos, a partir de informações relacionadas a diversas variáveis relevantes do cotidiano dos indivíduos, nas figuras e tabelas adiante trabalhar-se-á com a população maior de 15 anos.

Os dados da Tabela 15, sobre a situação conjugal dos indivíduos, apontam para especificidades segundo condição migratória: os não-migrantes tem maior proporção de não-unidos, sendo que os migrantes intrametropolitanos, por outro lado, são aqueles com a maior proporção de unidos.

Figura 13. População residente segundo grupos etários e condição migratória. RM de Campinas, 2000 e 2010.

Fonte: IBGE. Censo Demográfico de 2000 e 2010. Elaboração do autor.

Essa característica dos migrantes intrametropolitanos pode estar relacionado com a distância percorrida entre a origem e destino do movimento migratório, de dois modos: (1) a mudança em família torna mais custoso o processo, levando a uma mobilidade em distancias mais curtas; (2) as mudanças no ciclo vital familiar, como a chegada de filhos, pode representar novas necessidade em termos de moradia, em aspectos relacionados ao

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% 2000 2010 2000 2010 2000 2010 2000 2010 2000 2010 2000 2010

Intrametropolitano Intraestadual Externo Total

Antigo Recente

Não-migrante Migrante

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tamanho da residência ou mesmo uma vizinhança mais adequada para a vivência da criança. Chama atenção, mesmo que em valores mínimos, que entre 2000 e 2010 os intrametropolitanos foram os únicos que aumentaram a proporção dos unidos.

Tabela 15. Maiores de 15 ano segundo proporção de unidos e sozinhos e condição migratória. RM de Campinas, 2000 e 2010.

Condição migratória Ano Situação conjugal Unido Sozinho Não-migrante 2000 44.1 55.9 2010 46.4 53.6 Migrante Antigo 2000 67.1 32.9 2010 65.4 34.6 Recente Intrametropolitano 2000 68.2 31.8 2010 68.8 31.2 Intraestadual 2000 60.6 39.4 2010 58.6 41.4 Externo 2000 55.4 44.6 2010 54.9 45.1 Total 2000 60.6 39.4 2010 59.9 40.1 Fonte: Censo Demográfico de 2000 e 2010. Elaboração do autor.

Tal análise aponta a relevância da estrutura familiar e, indo além, evidencia que a mobilidade residencial intrametropolitana tem entre os seus incentivos e constrangimentos questões que afetam mais fortemente as famílias, com destaque para aquelas no início do ciclo vital, como salientado por Cunha (1994) na RM de São Paulo. Pode-se afirmar, a partir dos dados apresentados até o momento, que existe forte relação entre esta estrutura familiar e as distintas modalidades migratórias, novamente reforçando a importância das características sociodemográficas enquanto parte de processos mais amplos.

A mesma diferença pode ser observada em relação à escolaridade, conforme se observa na Figura 14. Os dados apontam, como esperado e observado para a população

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brasileira de modo geral, para uma melhora relevante em relação à escolarização dos indivíduos, com forte redução dos sem instrução (outros) e daqueles com até Ensino Fundamental para todos os grupos.

Figura 14. Maiores de 15 anos segundo a escolaridade e condição migratória. RM de Campinas, 2000 e 2010.

Fonte: IBGE. Censo Demográfico de 2000 e 2010. Elaboração do autor.

Em 2010, entretanto, os dados reforçam, novamente, a seletividade no fenômeno migratório: os mais escolarizados são os migrantes intraestaduais, com 29,0% com graduação e pós-graduação seguidos pelos intrametropolitanos (24,1%) e não-migrantes (20,3%). Os intrametropolitanos, neste sentido, foram os que apresentaram o maior salto em relação à escolaridade, saindo daqueles menos escolarizados em 2000 para o grupo com a segundo melhor condição em 2010.

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% 2000 2010 2000 2010 2000 2010 2000 2010 2000 2010 2000 2010

Intrametropolitano Intraestadual Externo Total

Antigo Recente

Não-migrante Migrante

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Tal fato possivelmente seja representativo de que outros grupos sociais tenham se colocado em movimento, resultando numa evolução maior por parte dos migrantes intrametropolitanos em relação as outras modalidades. A escolaridade, neste sentido, potencializa questões relacionadas ao trabalho, tanto em relação a própria empregabilidade quanto aos cargos ocupados e os respectivos salários, sendo de grande representatividade para as condições de vida de indivíduos e famílias.

Na Tabela 16 chama atenção o relevante aumento daqueles que não trabalhavam entre 2000 e 2010 entre os não-migrantes, chegando neste último período a se igualar com os outros grupos, assim como o aumento dentre os que trabalhavam em outros municípios, observados em todos os grupos, mas com maior crescimento entre os intrametropolitanos. Dentre os intrametropolitanos, aliás, a proporção dos que trabalhavam em outro município em 2010 passou a ser maior do que a que trabalhava no mesmo município de residência, o que ressalta a importância de tal modalidade migratória para o planejamento em relação à mobilidade cotidiana das cidades, além da complementariedade socioespacial entre área de trabalho e moradia.

Tabela 16. Maiores de 15 anos segundo a condição e local de trabalho, e condição migratória. RM de Campinas, 2000 e 2010.

Condição migratória Ano Não Trabalha Local de trabalho No mesmo município de residência Em outro município Não-migrante 2000 29.0 64.5 6.5 2010 37.5 54.2 8.3 Migrante Antigo 2000 38.4 51.3 10.3 2010 36.3 49.4 14.3 Recente Intrametropolitano 2000 32.1 38.2 29.7 2010 30.5 32.4 37.1 Intraestadual 2000 36.6 50.4 13.1 2010 36.1 46.4 17.5 Externo 2000 33.2 57.5 9.3 2010 31.1 54.1 14.8 Total 2000 34.5 50.0 15.5 2010 32.9 45.6 21.5

148 Fonte: Censo Demográfico de 2000 e 2010. Elaboração do autor.

Em vários aspectos, como analisados anteriormente, os migrantes intrametropolitanos e os intraestaduais parecem convergir quanto às características apresentadas. Neste sentido, os dados do local de trabalho em relação ao local de residência, a partir da diferenciação apresentada, pode ser um dos caminhos para adentrar nas especificidades de cada uma das modalidades migratórias, com vistas a compreender o papel de cada uma na estruturação do espaço urbano.

Quanto ao trabalho, a Figura 15 apresenta a distribuição percentual dos trabalhadores segundo o tipo de ocupação. As melhores condições são observadas pelos migrantes intraestaduais, seguidos pelos não-migrantes e intrametropolitanos, com maior proporção dos dirigentes/gerentes e intelectuais, somados aos cargos técnicos e administrativos.

Figura 15. População ocupada segundo o tipo de ocupação dos e a condição migratória. RM de Campinas, 2000 e 2010.

Fonte: IBGE. Censo Demográfico de 2000 e 2010. Elaboração do autor. 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% 2000 2010 2000 2010 2000 2010 2000 2010 2000 2010 2000 2010

Intrametropolitano Intraestadual Externo Total

Antigo Recente

Não-migrante Migrante

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No conjunto dos dados apresentados até o momento destacam-se dois aspectos: primeiramente, dentre os migrantes recentes, aqueles da modalidade intraestadual e intrametropolitana apresentam, na maior parte dos casos, características melhores em relação aos outros subgrupos, apontando para uma seletividade positiva para indivíduos e famílias que, justamente por isso venham a requerer produtos e localização urbana diferenciada.

O segundo aspecto se refere aos não-migrantes, que ora aparecem mais bem posicionados, ora apresentam característica com pior condição em relação aos outros grupos. Acredita-se que tal situação ocorra devido ao fato de que, sendo grande parte destes descendentes dos migrantes antigos apresentariam características “herdadas” destes, ao mesmo tempo que, refletindo a realidade territorial da grande aglomeração, avancem em termos de escolaridade e ocupação no mercado de trabalho semelhante aos grupos mais bem posicionados, fato que explicaria tal inconstância nas suas características.

Mostra-se necessário, ademais, analisar as características em relação ao domicílio segundo condição migratória a partir das modificações observadas ao longo da década de 2000.

Na Tabela 17 pode-se verificar a evolução da densidade morador/cômodo e do número de banheiros existentes nos domicílios. Se anteriormente se percebeu que todos os municípios evoluíram em relação a esses aspectos, os dados segundo condição migratória mostram-se reveladores com relação às dinâmicas recentes ligadas à migração.

Em 2000 apenas os não-migrantes e os migrantes intraestaduais apresentavam domicílios com densidade morador/cômodo em melhor situação em relação a média dos domicílios. Em 2010, tal condição continuou a ser apresentada pelos não-migrantes e se fortaleceu ainda mais entre os migrantes intraestaduais, agora acompanhados pelos intrametropolitanos, que apresentaram a segunda melhor condição. Os intraestaduais e intrametropolitanos, ademais, foram os únicos a apresentarem a menor proporção de domicílios com mais de 1 morador/cômodo em 2010, a partir de uma expressiva redução ao

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longo da última década. Por fim, os migrantes externos e os antigos foram os que ficaram próximos da média regional.

Tabela 17. População residente segundo densidade domiciliar, número de banheiros e condição migratória. RM de Campinas, 2000 e 2010.

Condição migratória Ano

Densidade

morador/cômodo Número de banheiros Até 1/2 De 1/2 a 1 Mais de 1 0 1 2 e mais Não-migrante 2000 35.6 45.2 19.2 1.3 66.1 32.7 2010 41.0 43.3 15.7 0.2 62.8 37.0 Migrante Antigo 2000 28.5 46.6 24.8 1.1 70.4 28.5 2010 38.0 45.6 16.4 0.2 63.1 36.8 Recente Intrametropolitano 2000 26.7 45.0 28.3 1.3 77.5 21.2 2010 50.4 39.9 9.7 0.3 67.7 32.0 Intraestadual 2000 32.1 42.0 25.9 1.1 70.7 28.2 2010 58.1 34.6 7.3 0.3 63.4 36.3 Externo 2000 19.5 38.0 42.5 3.4 82.1 14.5 2010 39.4 44.1 16.4 1.5 78.7 19.8 Total 2000 27.2 41.6 31.2 1.8 75.6 22.6 2010 50.2 39.3 10.6 0.6 69.0 30.4

Fonte: Censo Demográfico de 2000 e 2010. Elaboração do autor.

Em relação ao número de banheiros, observa-se melhora em termos gerais, com a redução daqueles domicílios sem banheiro e aumento daqueles com dois ou mais. Nenhum grupo apresenta grande destaque, a não ser para o caso dos migrantes externos cujo indicador alcançou o pior valor em relação aos demais subgrupos populacionais.

Esses dados, entretanto, devem ser analisados à luz de outros, sobretudo em relação à posse das respectivas residências. Os dados da Tabela 18 indicam forte melhora para todos os grupos com a redução da proporção “outro” que se refere à condição de domicilio cedido, área ocupada etc.

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Em relação à propriedade do domicilio, não-migrantes e migrantes antigos se assemelham, sendo três quartos deles proprietários. Tal dado, assim como a menor proporção de posse dos migrantes recentes era esperado, visto que a aquisição da residência faz parte de um processo de territorialização dos indivíduos e famílias em determinada área.

Chama atenção, neste sentido, que para os migrantes recentes a redução daqueles proprietários do domicilio foi de 2,3% entre 2000 e 2010, com peso maior para migrantes externos (-9,6%). Se a proporção dos domicílios alugados aumentou para todos os grupos - principalmente como resultado da diminuição de “outro” - foi para os migrantes recentes que o aumento foi mais relevante, de 10,1%, chegando em 2010 a mais da metade (52,8%) dos domicílios alugados, frente a 42,7% em 2000.

Tabela 18. População residente segundo a condição de ocupação dos domicílios e condição migratória. RM de Campinas, 2000 e 2010.

Condição migratória Ano Condição de ocupação Próprio Alugado Outro Não-migrante 2000 73.9 13.3 12.8 2010 74.7 16.7 8.6 Migrante Antigo 2000 74.7 13.8 11.5 2010 74.4 18.2 7.4 Recente Intrametropolitano 2000 56.2 30.1 13.6 2010 53.4 38.8 7.9 Intraestadual 2000 40.2 46.5 13.3 2010 37.8 55.1 7.1 Externo 2000 31.8 47.2 21.1 2010 22.2 69.1 8.7 Total 2000 41.7 42.7 15.6 2010 39.4 52.8 7.8

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Pode-se indagar se esta mudança não seria resultado direto da melhoria das condições de renda e empregabilidade ao longo da década de 2000, visto que o crescimento do aluguel se deu em grande parte pela redução das outras condições de ocupação, com grande destaque para o peso dos migrantes externos, com 69,1% dos domicílios na condição de alugados e a maior queda nas outras formas de ocupação.

Os dados da Figura 16, que apresenta a renda domiciliar em salários mínimos pode ser indicativo de que a proporção de proprietários e de locatários se refira mais às novas dinâmicas da migração do que efetivamente a questão de renda. Apenas os migrantes externos apresentam maior proporção de indivíduos com menor renda, sendo que nos outros grupos a renda é relativamente semelhante.

Cabe ressaltar, nesse sentido, que mesmo que a maior proporção daqueles que chegam à região pagando aluguel seja esperada - visto que a residência, como ressaltado faz parte do processo de territorialização - chama atenção a forte redução dos proprietários entre os migrantes intrametropolitanos, mesmo ainda mantendo maior proporção em relação aos outros migrantes recentes.

Percebe-se que, ao longo da década de 2000, houve uma redução da aquisição da casa própria por parte dos migrantes recentes, ao mesmo tempo em que se mantém a forte relação da mobilidade residencial intrametropolitana com a questão habitacional.

Os dados indicam, neste sentido, para relevantes mudanças ao longo da década de 2000 relacionadas ao fenômeno migratório, que pode ser resultado da redução na imigração e do aumento da seletividade entre os migrantes - principalmente os intraestaduais e intrametropolitanos, que se apresentaram em 2010 mais qualificados e com condições melhores em relação a 2000. Outro aspecto estaria relacionado com as dinâmicas territoriais de escala macro - a partir da atração de migrantes qualificados do Estado de São Paulo e menos qualificados de outras Unidades da Federação - e da escala interna da própria metrópole, que podem estar colocando em movimento outros grupos sociais a partir de novos incentivos e constrangimentos surgidos no período, sobretudo pelas novas formas de produção do espaço urbano regional.

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Figura 16. População residente segundo a renda domiciliar em salários mínimos e condição migratória. RM de Campinas, 2010.

Fonte: IBGE. Censo Demográfico de 2010. Elaboração do autor.

A mobilidade residencial intrametropolitana aparece, em geral, ligada às dinâmica relacionados aos mercado de trabalho e de terras e tem como resultado a expansão metropolitana (CUNHA, 1994) e o uso diferenciado dos equipamentos e serviços urbanos (RODRIGUES; BUSSO, 2009), além de ser um dos principais mecanismos de geração da segregação social (RODRIGUES, 2008; CUNHA, 2011). Diante da importância desta modalidade para a dinâmica interna da metrópole, na próxima seção buscar-se-á analisar mais detalhadamente quais fatores podem estar impactando a estrutura de incentivos e constrangimentos que tem resultado nas modificações verificadas.

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

Intrametropolitano Intraestadual Externo Total

Antigo Recente

Não-migrante Migrante

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3.5. A Estrutura de Incentivos e Constrangimentos e a produção do