10 ANÁLISE DOS DADOS
10.2 Dados do eixo de análise
10.2.1 Eixo de análise: Intersetorialidade
10.2.1.1 Respostas dos profissionais da saúde à entrevista semiestruturada
() – Os parênteses indicam explicações da pesquisadora.
[...] – Os colchetes com reticências indicam supressão do texto julgado dispensável para a compreensão da categoria.
CATEGORIAS Sujeitos da Pesquisa:
Profissionais da Saúde
Interação Saúde – Educação
Comunicação entre Saúde e Educação
Resultados de Ações Conjuntas
“Dra. Ângela” Eu confesso que eu desconheço essa interação maior assim. É o primeiro contato meu, direto, de educação e saúde, nesse sentido foi com vocês mesmo (Profissionais e professores do EIDE). Eu não vejo isso acontecer tão normalmente, frequentemente não.
Eu acho que é fantástica, é muito necessário que isso
Eu acho que ambos os lados, eu vejo muitos relatórios de escolas pedindo pra gente laudos e declarações e explicações sobre o estado clínico da criança e vejo muitos pediatras que mandam o mesmo tipo de cartinha, assim para a gente, pedindo orientação sobre o que fazer [...].
– Para a área da educação talvez conseguir ter um melhor diagnóstico dessas crianças [...]
talvez saber como melhor manejar essas crianças. Para a área da saúde talvez orientação mesmo; o que fazer com as crianças e eu acho que até adquirir conhecimentos para a gente saber como orientar também
necessário que isso aconteça (a interação saúde – educação), porque eu acho que os dois lados saem ganhando com isso.
essa crianças. Pra gente é muito fácil falar: “Precisa de educação!”. A gente não sabe exatamente pra onde exatamente encaminhar e nem como isso vai ser realizado; eu tenho essa dificuldade de saber como fazer o encaminhamento.
“Dra. Elisa” Fundamental!
Fundamental!
– [...] se você tiver um preparo legal, uma estrutura física, uma estrutura pessoal legal, a tendência é que a gente realmente tenha ótimos resultados, mas depende de toda essa base, né? [...] a gente conseguindo unir essas duas coisas (estrutura física e estrutura pessoal), a expectativa é excelente.
– O médico às vezes é um pouco,
digamos que
alienado [...] às vezes a gente é um pouco falho nisso, de tentar saber como está a criança, ir ao meio dela, isso pra gente às vezes é meio complicado [...]. Mas, eu acredito que o profissional da educação tenta mais, pelo que a gente vê de relatório de professora tentando saber da gente educação (da saúde):
educação (da saúde)
“não, a gente quer um diagnóstico, saber de vocês
[...] a gente aprende muito também, com certeza... até porque a gente não tem contato com eles (os alunos/pacientes) no dia a dia, a gente atende muito pontual no consultório.
Então a gente não sabe a reação dessas crianças quando ela (a crianças com deficiência) está no meio delas (dos colegas). É muito importante, é muito recíproco. Acredito que pra vocês (da área da educação) também, né?
(médicos) o que vocês acham”.[..] a gente pede também pra que eles (os professores)
mandem isso pra gente, mas acredito que quem busca mais informação é o profissional da educação.
“Dr. Cunha” – Acho que são dois caminhos que tinham que ser indissociáveis.
Acredito que a educação sem saúde e a saúde sem educação não tem muito sentido [...] a gente tem que agir antes muito mais em conjunto, acho que é uma coisa super importante [...].
A gente tem um contato muito mais distanciado de que os profissionais da educação [...] a educação tem uma proximidade muito maior, ele (o professor) está sempre muito mais constante, muito mais frequente [...]
eu acho que ele tem
muito mais
informação acerca disso (do aluno) do que o profissional médico.
[...] sendo um evento como esse que teve aqui (encontro de profissionais da saúde e da educação para avaliação das crianças do EIDE), uma integração maior, evento que a
gente troca
experiência [...]
porque um tipo de troca é uma coisa importante,
resguardando
sempre o sigilo do paciente.
[...] a gente poderia fazer eventos tipo esse mesmo, eventos in loco, que tem uma análise no caso específico para
atraso de
desenvolvimento
que a gente tá vendo aqui (no EIDE), [...]
acho que é o tipo de situação que aumenta esse tipo de intersetorialidade.
“Dr. Edvaldo” – Eu acho que isso, raramente isso ocorre, quase em nenhum lugar.
Niterói a gente vê que é uma coisa à parte, que tem até uma interação, mas mesmo assim não é 100%, no Rio, só em determinadas
estruturas e não são todos os médicos que se associam aos professores e muito
menos os
professores se associam aos médicos também.
Acho que há certa dicotomia, saúde está num canto e educação no outro.
– [...] Niterói, alguns lugares assim a gente viu que conseguiram algum grau de interação, mas isso depende do governo, depende de
– Os profissionais da educação, de uma forma geral, buscam mais informações sobre os alunos) [...]
porque a gente (profissionais da saúde) tem um tempo menor, a gente não se dedica muito, embora você seja um professor, convive com um grupo, mas é o mesmo grupo todos os dias. Eu (médico) vejo 30 a 40 pessoas por dia, mas pessoas diferentes. [...] eu até tento, mas eu tenho a minha limitação de tempo [...]
– Eu acho que esse foi o único caminho para essa população (alunos/pacientes com necessidades especiais) melhorar [...] enquanto política isso está muito bonito, porque enquanto a gente aqui em baixo não dá ponto, não conseguir se juntar, não vai funcionar [...] eu acho que a gente vai fazer o
barulho do
movimento (da intersetorialidade).
um monte de coisas, infelizmente.
“ Dr. George” – Não sei até que ponto a gente vai conseguir!
[...] Tem lugares (escolas) que perguntam que se interessam e fazem um contato com a gente (da saúde) e tem outros que são muito difíceis. [...]
Muitos lugares (municípios) não
buscam essa
informação, outros buscam muito.
– [...] os professoras têm bastante interesse, bastante dúvidas,
questionamentos, fazem pedido de avaliação e pedem que a gente envie alguma resposta, algum laudo, acho que em comparação até com outros, até com o grupo médico mesmo, o grupo da educação costuma
pedir mais
informações.
– Muito positivo! Os pacientes que têm o suporte de uma instituição
preocupada também com a parte de saúde deles geralmente tão tendo uma resposta muito melhor.
“Lúcia – Psicopedagoga”
Está muito assim...
um pouco distante.
Acho excelente essa proposta, tem que
– A educação porque a saúde ainda está inserida no
– Superpositivo!
Porque agora a gente
junto aos
proposta, tem que acontecer mais interação...[...] ainda não se consegue fazer essa interação acontecer de fato [...]
porque as pessoas estão estabelecidas
no próprio
conhecimento delas, há uma rigidez muito grande, não só por parte dos profissionais da saúde, por parte do professor... [...] eles se fecham numa redoma e não permitem que outras pessoas com outros pensamentos possam entrar e mudar.
Niterói está se
fazendo uma
diferença assim [...]
porque tem uma equipe
comprometida e
todos estão
comprometidos com o trabalho [...] é um desafio que a gente conseguiu brotar de alguma forma um trabalho, de repente aqui não é o
próprio
conhecimento dela [...] não permite que ninguém penetre que modifique essa maneira de realizar, uma nova forma de realizar o trabalho.
profissionais da saúde nos olham de forma diferente [...]
mas só que eles estão começando assim... a se envolver, mas não estão propriamente envolvidos, ainda tem muita barreira ainda.
– Que através da intersetorialidade a gente pode estar fazendo
intercâmbios e se conhecendo,
conhecendo o trabalho do outro, né. Estar se reunindo para estar falando das questões da saúde, da educação [...].
pioneiro, existe em outros lugares também [...].
10.2.1.2 Respostas dos profissionais da educação à entrevista semiestruturada
() – Os parênteses indicam explicações da pesquisadora.
[...] – Os colchetes com reticências indicam supressão do texto julgado dispensável para a compreensão da categoria.
CATEGORIAS Sujeitos da
Pesquisa:
Profissionais de Educação
Interação Saúde - Educação
Comunicação entre Saúde e Educação
Resultados de Ações Conjuntas
EIDE – “Gleice” – Olha só, tem profissionais,
conforme médicos que acompanham essas crianças (do EIDE) que têm ótimo
relacionamento com a gente.
– Quando existe essa parceria é o que facilita o trabalho. É o que faz o trabalho acontecer de modo mais rápido, né?
Acontecer assim de modo mais positivo pra todas as crianças, essa parceria [...].
– Os profissionais) da área da educação (procuram mais informações sobre os alunos porque parece que os educadores estão sempre buscando conhecer um pouco mais. É certo que tem grupos agora assim de médicos que são pesquisadores igual ao Dr. Juan (IFF/FIOCRUZ) [...]
então, quer dizer, ele é da área médica mas tá buscando uma parceria, que a escola vai responder muito mais a esse
– O pai de uma aluna, ele queria ensinar a ela tirar a fralda, então foi um processo em que a gente ficou tentando e a doutora também ajudando. Não, vamos fazer dessa forma!. Quando a criança faz pirraça e se joga no chão,
como vamos
trabalhar com ela?
Quem deu as dicas foi a própria doutora.
[...] A fisioterapeuta da outra aluna marcou também pra ir lá (no EIDE) pra conversar com a
muito mais a esse tratamento que ele quer para a criança, que aconteça com essa criança
conversar com a gente, quais são os trabalhos que ela faz com a aluna e que a gente também pode usar [...] que a gente pode ajudá-la também. [...] Eu acho que as parcerias acontecem, na maioria das vezes de forma produtiva.
– [...] mas tem casos que os profissionais da saúde eu acho que eles também já não sabem o que vão fazer com esses alunos, com essas crianças. [...] então tem vezes que a própria saúde tem dificuldades de como lidar com essas crianças, o que vai fazer, como vai reagir [...].
EIDE
“Joana”
– Eu acho que ainda tem é... barreiras porque eles (os profissionais da saúde) não entendem muito o nosso fazer.
[...] eu tive várias reuniões e era difícil
– Nós da educação que procuramos muito mais a saúde do que a saúde a gente.
Eu acho que ajuda um pouco quando a gente sabe que aquela determinada deficiência tem é determinados
bloqueios ou limites, né? Limitações, e aí a gente trabalha em
explicar qual era o nosso trabalho. E muitas das vezes eles não aceitavam muito como era feito o nosso... é complicado. [...] eu acho que é a trama das barreiras pra eles acharem que nosso
trabalho é
diferenciado, não aceitam muito [...]
eles acham que essas crianças, que essas crianças deveriam estar todas juntas num espaço só, sem essa interação que a gente propõe.
a gente trabalha em cima do que a gente acha que é possível, né? [...] essa necessidade que a gente tem que tem uma justificativa, né?
EIDE
“Leila”
– Acho que essa interação, ela é essencial, ela é fundamental, mas ainda precisa ser aprimorada; os profissionais das duas esferas podem proporcionar ainda mais.
– Depende do profissional
também...
– Olha eu acredito que sejam os profissionais da educação (que
buscam mais
informações sobre os alunos) porque o olhar está menos voltado para o clínico, a ideia é que o olhar da saúde está muito voltado para o clinico e às vezes
deixando de lado as esferas da vida de cada pessoa [...].
– [..] o professor tem o contato maior com aquela criança, é mais frequente, é mais pontual. E aí assim, na medida em que o contato é maior, percebe mais coisas.
EIDE
“Silvia”
– Eu acho que há uma interação boa, né? Pelo menos com os profissionais que a gente tem convênio.
– A saúde com a educação deveria andar alinhada porque é essencial, né? Tem que haver, essa parceria tem que haver. [...]
porque um trabalho
depende, um
trabalho depende do outro.
– A gente tem aqui é... médicos cuidando da saúde, são médicos que realmente se comprometem com a criança [...]. Mas a gente busca mais...
acho que a parte do pedagógico, acho que busca mais. [...]
Então eu acho que a parte pedagógica tem muito mais necessidade do que a área médica.
– Olha, é uma ação que dá, poderia... É, falta alguma coisa.
Poderia ter mais profissionais da parte da saúde, tá?
[...] não tá ruim, mas a gente precisa melhorar nesse sentido.
PA 1 – Ah em Niterói?
Um trabalho muito bom, um trabalho muito bom mesmo!
Eu... eu consigo chegar a um profissional de saúde
– [...] Há uma importância, né?
Quanto a essa integração, sim. Há necessidade de uma comunicação
constante, né? Um
– [...] você tá lá
repetindo é
determinada
atividade que não está atendendo às necessidades
daquele aluno e o
e conversar [...] tô gostando muito dessa parceria, essa
parceria tá
acontecendo. Pena que nós estamos precisando de mais profissionais (da saúde).
diálogo constante. É, tenho (muito acesso a isso aqui).
– Ah! Mais de educação, da educação (buscam mais informação sobre os alunos).
Olha só, não é dizer que eles (os médicos) não
buscam mais
informações, [...].
Alguns (professores) da Rede ainda têm
uma certa
resistência: “Pra que estudar mais? Não, num precisa”. E isso também acontece com a saúde. Alguns profissionais param.
médico vai intervir.
Ele vai, claro, intervir, mas de uma maneira educada.
[...] Eles (os médicos), eles tão sempre atentos às necessidades dos alunos.
PA 2 – Eu não vejo
nenhuma interação.
– [...] eu nunca fui...
nunca consegui... eu nunca tive acesso (a comunicação com os profissionais da área
médica que
atenderam sua aluna).
[...] talvez tenha, eu acredito que tenha alguém na saúde que sempre corre atrás, mas...
– [..] de que jeito?
Não tem como conviver com ele (médico).
PA 3 – Olha, eu não tenho – Acho que o – [...] gostaria de ter
muito contato com os profissionais da saúde.
– É fundamental!
Uma coisa tá ligada à outra. E acho que a gente precisa tá de
mão dada,
abraçados.
educador é curioso demais. Desconfiado demais. A gente quer saber mais, a gente
tem uma
responsabilidade tão grande que às vezes a gente, num sei, quer que a coisa dá certo. Quando a coisa num dá certo a gente fica frustrada.
esse retorno, sou eu que tenho que procurar, né? Mas eu gostaria de saber quem trabalha com ela, me ajudar, alguma coisa pra me ajudar. [...] eu preciso desse retorno deles. [...] é só marcar comigo que eu tô lá.
PA 4 – [...] eu não vejo nenhuma relação dos profissionais da saúde com os profissionais da educação. Tô falando dos Postos de Saúde, a gente encaminha e vai procurar saber e é uma burocracia danada e num dão resposta pra escola [...] isso não acontece, não tem uma resposta adequada, num tem, num tem.
– [...] o professor [...] por ter a convivência maior, o convívio diário, [...]
sempre busca mais para a criança, busca mais informações para poder ajudar.
[...] são muitas crianças que eles (médicos) atendem num espaço muito longo, de dois em dois meses, de três em três meses, de quatro em quatro meses, às vezes passam meses [...] às vezes, fica um pouco nesse nível, [...] só no nível clínico
Alguns atendem muito bem, explicam o caso da criança.
[...] outros ficam na defensiva não querendo dar maiores explicações.
PR 1 – [...] tem que ter formação de rede,
É fundamental que os serviços se comuniquem.
– [...] eu entrei em contato com uma
né? Não tem como ficar cada um encastelado no seu quadradinho e pronto. Tem que ter comunicação, tem que ter interação, tem que ter, tem que circular porque a mesma criança que a gente atende aqui, criança, adolescente, adulto que a gente atende aqui, ele também é atendido na rede de saúde [...]
comuniquem.
[...] as equipes têm que se comunicar, é fundamental e a gente se qualifica também [...].
– [...] aqui eu num percebo de nenhuma das partes (nem educação nem saúde) [...] eu não vejo nenhum dos dois buscando (informações).
[...] eu acho que é uma questão de cultura, de cada um fazer o seu, não tem essa cultura de agregar, entendeu?
Eu tô aqui fazendo meu trabalho, meu serviço, é tudo segmentado.
instituição que atende a um aluno de minha sala e eu busquei, falei qual era a história do aluno e tal; mas a pessoa não foi muito receptiva, né? Na minha busca [...].
PR 2 – Eu acho que não há interação nenhuma.
[...] eu acho que se todos fossem integrados eu acho que a gente conseguiria um excelente trabalho [...] eu acho que falta, eu sei que é um trabalho muito difícil de se conseguir,
– São os professores (que buscam mais informações sobre o aluno), [...] a gente quer ajudar, quer melhorar.
– [...] eu acho que a gente é mais humano eu não vejo o médico mais como uma pessoa, não. [...]
Não é mais aquela
de se conseguir, quase impossível, mas eu acho que a gente melhoraria muita coisa.
coisa humanizada.
Ele vê mais o coletivo; ele atendeu, acabou, vem o próximo [...].
PR 3 – Eu acho que tem
que ter
verdadeiramente uma parceria, coisa que não tem [...].
– Então eu acho que a gente tem que tentar integrar a saúde com a educação. [...] eu
acho muito
importante essa parceria, sim.
– O professor (busca mais informações) porque ele fica mais tempo com a criança, então ele tá todo o dia, então ele vai construindo uma outra relação.
Médico você tem consulta, claro que ele vai entender mais da dificuldade no caso como a doença.
Ele vai estudar pra tentar resolver [...]
nós não, nós somos professores que fica ali, no mínimo, um ano com aquela criança, então eu acho que a gente busca mais. Não são todos, né? Não se pode generalizar, lógico que tem professores que têm uma postura de ignorar.
PR 4 – Olha aí a gente encontra uma barreira maior,
– O professor busca mais conhecer a vida do aluno.
– Não é uma relação direta, só formal, só
através de
principalmente quando esse serviço vem do sistema público porque a quantidade de procura aumentou, né? Uma demanda que tá muito grande e eu acho que o sistema de saúde não está pronto para oferecer com qualidade e no tempo que eles precisam desse atendimento e também precisa ser criado uma outra cultura porque esse profissional tem que estar em contato constante com o professor [...].
– [...] não é uma interação de qualidade, precisa repensar toda essa
cultura que
envolve...
documentos, de ofícios.
[...] é um movimento nosso (do professor) de ir até eles (os médicos), o que não é cultural, não acontece e não é institucionalizado.
10.2.2 Eixo de análise: inclusão dos alunos com deficiência intelectual e múltipla