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5 DELIMITANDO OS INFORMANTES E AS NARRATIVAS

5.1 Analisando o projeto de curso da Matemática – Licenciatura

O curso de Licenciatura em Matemática – LM, surge na UFPE-CAA no segundo semestre de 2009. Mas teve seu primeiro Projeto Pedagógico do Curso de Matemática – Licenciatura aprovado e disponibilizado em setembro de 2011.

O documento conta com: a justificativa do curso, os objetivos, o perfil profissional, formas de acesso à LM, sistema de avaliação, corpo docente, suporte para funcionamento do curso, estrutura curricular, organização semestral do curso, ementas e bibliografias básicas dos componentes curriculares obrigatórios e eletivos, referências, e documentos em anexo – quadro de equivalências e atas de aprovação do projeto.

Já na descrição do objetivo geral do curso, o documento prevê que o curso deve

formar professores de Matemática para atuarem na Educação Básica, preparando-os para o exercício crítico e competente da docência, de modo a atender as especificidades dos alunos a que se destina e contribuir para a melhoria do ensino de Matemática neste nível da escolaridade. (UFPE, 2011, p. 10)

Assim, percebemos que na intencionalidade da formação do professor deve se pensar não só na formação específica matemática do licenciando, mas também na formação pedagógica que substancie o professor a atender as especificidades de cada aluno.

Neste contexto o documento descreve em seus objetivos específicos, a importância de possibilitar

a integração e a aplicação dos conhecimentos adquiridos ao longo do curso em situações reais de ensino, através da vivência dos estágios supervisionados e de outras ações complementares;

favorecer o desenvolvimento das atividades de ensino e de pesquisa em Matemática e Educação Matemática, em consonância com a evolução das pesquisas nestas áreas. (UFPE, 2011, p. 10)

Percebemos assim, que a teoria ofertada pela formação pedagógica deve ser complementada nas práticas de estágios disponibilizados, como nas pesquisas nas áreas da Educação Matemática. Considerando que quem a Sociedade Brasileira de Educação Matemática define Diferença, Inclusão e Educação Matemática, como um dos seus grupos de pesquisas. Acreditamos que implicitamente um dos objetivos do curso é fomentar as pesquisas em Educação Matemática Inclusiva.

O documento ainda cita a importância que o licenciado em matemática tenha como um dos pontos de seu perfil, o entendimento que “o conhecimento de matemática pode e deve ser acessível a todos” (UFPE, 2011, p. 11).

Percebemos assim ao longo do curso, mesmo que ainda de forma tímida uma concepção inclusivistas do ensino de matemática. Buscamos entender então se apresentava mais intensamente a concepção inclusiva nos componentes curriculares previstos no PPC.

O documento prevê que a LM tenha quarenta e quatro disciplinas obrigatórias, sendo destas apenas uma que trata da Educação Inclusiva explicitamente, que é a disciplina LIBRAS, com carga horária de 60 horas. Segundo o documento, esta disciplina objetiva

oferecer ao estudante, a oportunidade de discutir questões acerca da temática da educação de surdos e os processos que norteiam o fazer do professor numa perspectiva formativa do respeito e especificidade do aluno surdo os seus diferentes aspectos. Com isto, apresentar ao discente o universo de Libras (Língua Brasileira de Sinais) como marca linguística e cultural do povo surdo, como também o universo de sinais que servirão de suporte para uma comunicação plena com o aluno surdo. Por fim, trazer a tona um novo olhar e uma ressignificação sobre o sujeito/aluno surdo, como ser único que faz parte do processo de ensino e aprendizagem e que precisa de respeito a sua língua e sua construção identitária. (UFPE, 2011, p. 96)

Percebemos que o documento prevê então um contato inicial com a Educação de alunos surdos, trazendo a pauta aspectos linguísticos, sociais e culturais deste povo, o que é bastante positivo para formação do professor de matemática.

Apesar disto, tendo apenas esta disciplina sobre Inclusão de forma obrigatória, percebemos uma limitação nas discussões do ensino de matemática a alunos com deficiência. Encontramos até alguns outros componentes curriculares

que podem ser utilizados para discutir inclusão, mas que não citam tais aspectos explicitamente, é o caso de disciplinas como Didática e Políticas Educacionais – Organização e Funcionamento da Educação Básica. Além de disciplinas como Metodologias do Ensino da Matemática (I, II, III) e dos Estágios Supervisionados (I, II, III e IV).

A exemplo, percebemos na ementa da disciplina Metodologia do Ensino da Matemática III que prevê

o estudo das dimensões: epistemológica (preliminares matemáticos, evolução histórica dos conceitos, obstáculos epistemológicos); didática (seqüências de ensino, situações-problema, obstáculos didáticos, análise dos contextos de ensino) e cognitiva (desenvolvimento dos conceitos no indivíduo) do processo de ensino e aprendizagem da Geometria e Grandezas e Medidas no Ensino Fundamental e Ensino Médio. Este estudo será realizado com ênfase nos fundamentos do ensino dos conteúdos específicos e procedimentos de ensino. (UFPE, 2011, p. 46)

Percebemos que apesar de não explicitar as discussões de Educação Inclusiva ao discutir aspectos didáticos, o docente terá oportunidade de discutir práticas educacionais inclusivas para o ensino de geometria e grandezas e medidas. Percebemos que os espaços da discussão nestas disciplinas existem. Mas em geral não são utilizados para discutir Educação Inclusiva, como aponta Martins (2012, p. 33), que ao questionar alunos de pedagogia e licenciaturas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), os mesmos apontam a necessidade das discussões de EI serem incluídas em disciplinas como: “Fundamentos da Psicologia Educacional, Fundamentos Histórico- Filosóficos da Educação; História da Educação Brasileira; Estrutura e Funcionamento do Ensino”.

O PPC-Matemática da UFPE prevê ainda que cada aluno deve cumprir 270 horas de disciplinas eletivas, para isto dá como opção quarenta e nove disciplinas eletivas. Destas apenas umas três tratam diretamente a Inclusão. São elas: Libras II, Fundamentos de Educação Inclusiva e Tendências no Ensino de Matemática.

Libras II busca ampliar as discussões da disciplina Libras I. Fundamentos de Educação Inclusiva tem na sua ementa que se deve “conhecer e analisar as propostas de inclusão para o sistema educacional brasileiro e suas implicações nas práticas educativas. Visão geral da diversidade humana” (UFPE, 2011, p. 303). Percebemos assim que este componente curricular busca apresentar uma visão geral das discussões de EI, assim como da própria diversidade humana.

Por fim, a disciplina Tendências no Ensino de Matemática, busca apresentar as discussões dos Grupos de Pesquisa da Sociedade Brasileira de Educação Brasileira, sendo o Grupo de Trabalho nº 13 – Diferença, Inclusão e Educação Matemática. Então a disciplina ao analisar e estudar as produções da SBEM terão contato com a EI. O PPC ainda orienta a necessidade da participação de discentes em pesquisas e extensões que tenha como objeto a sala de aula, espaço este onde a EI deve ocorrer. Assim, mesmo que mais uma vez, tenhamos orientações implícitas, temos a possibilidade de se discutir EI dentro da formação inicial do professor de Matemática.

Percebemos assim que a grande maioria dos momentos formativos previstos que discute a inclusão, são opcionais, sendo o único obrigatório, a disciplina Libras. Assim sendo, inferimos que um aluno poderá forma-se em neste curso sem mesmo ter uma discussão geral sobre a Educação Inclusiva.

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