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4. IDADE MÉDIA DA PRIMEIRA OCUPAÇÃO

4.2. Analogia e adaptação para o mercado de trabalho

Nesta dissertação, o interesse é compreender a transição da inatividade para a atividade, ou seja, a entrada dos jovens na população economicamente ativa. Uma das características de interesse é a idade do primeiro emprego, levando em consideração as diferenças entre homens e mulheres, quanto para o entendimento do prolongamento da inatividade ao longo do tempo. Dessa forma, foi calculada a idade média da primeira ocupação (IMPO)26.

Da mesma maneira que o casamento, o trabalho, muitas vezes, não é bem definido: o trabalho informal deve ser considerado? E a ajuda a familiares? Quantas horas devem ser consideradas? Além disso, não é um evento único, mas sucessivo, pois um indivíduo pode entrar e sair do mercado de trabalho diversas vezes ao longo da vida. Assim, um evento que facilita o entendimento e o cálculo é o primeiro emprego, que também é difícil de se encontrar dados a respeito.

Para aplicação do método, foram considerados aqueles que nunca trabalharam e os indivíduos listados como empregados, aposentados ou desempregados são considerados como aqueles que já trabalharam. Quanto aos pressupostos: 1) as idades também são positivas; 2) uma vez que as pessoas já trabalharam, elas não retornam à condição de nunca terem trabalhado, embora possam retornar à inatividade; 3) somente após a dedução daqueles que nunca trabalharam, passa-se a incluir apenas aqueles que já trabalharam.

Os problemas com os pressupostos são, igualmente, similares, entre a primeira ocupação e o primeiro casamento. Entretanto, na análise do mercado de trabalho pode ser considerado menor, já que a pergunta é se nunca trabalhou, o que dificulta a um desempregado responder “sim”. Ademais, esses casos foram excluídos pela própria estrutura da pesquisa, que pergunta os quesitos se a pessoa nunca trabalhou apenas para as pessoas que responderam que são aposentados, estudantes, ou que se dedicam a afazeres domésticos no ano corrente. Quanto à mortalidade seletiva, ela difere entre quem trabalha e

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São consideradas qualquer tipo de ocupação, em diferentes posições de ocupação (conta-própria, empregador, etc), não apenas os empregados, portanto, optou-se não denominar idade média do primeiro emprego, já que estaria subentendido uma relação de empregado/empregador, embora se reconheça que a maior parte dos jovens ingressam no mercado de trabalho como empregados (veja GRÁF. 12).

não trabalha, inclusive a probabilidade de morrer é diferente entre as ocupações (SMITH et

al, 1997).

A proporção de pessoas que trabalham também se altera no tempo. É bastante provável que o problema da migração seja até superior que o da mortalidade, já que os indivíduos analisados são de região metropolitana. Hajnal (1953) já alertava que as mudanças de curto prazo podem ser fortemente afetadas pelas mudanças na seletividade da mortalidade e da migração. Uma forma de corrigir este problema seria analisar a razão entre os sobreviventes em uma tabela de vida de pessoas que nunca trabalharam e os sobreviventes da tabela de vida usual, o que resultaria na proporção de pessoas que nunca trabalharam, parcela que deveria ser deduzida para reduzir o efeito da mortalidade seletiva (HAJNAL, 1953).

Neste trabalho a idade mínima foi de 10 anos e a máxima de 64 anos de idade, dado que este é o intervalo da população economicamente ativa. Embora se reconheça que para o caso do primeiro emprego a idade limite está bastante elevada, essa definição inicial não prejudica a análise, já que para seu cálculo escolhe-se o intervalo onde a maior parte das pessoas já realizou a transição, o que ocorre usualmente entre 25 e 35 anos. 27 Desse modo, após se somar os valor de nGx foram acrescentados 10 anos. O grupo selecionado foi o de filhos a fim de manter a comparabilidade dos resultados ao longo da dissertação.

F(x) passa a ser a proporção de pessoas que já trabalharam e é expressa da seguinte forma:

n x x n x x Total ram Játrabalha Fx + + = , , (3)

G (x) é a proporção daqueles que irão trabalhar alguma vez na vida, mas ainda permanecem inativos.

A idade média, ao final, indica quando na vida das pessoas a primeira ocupação ocorre. Espera-se encontrar uma tendência de crescimento da idade, devido ao adiamento da entrada no mercado de trabalho. Para se constatar essa tendência também foi analisada a proporção de pessoas que permanecem sem trabalhar ao final da distribuição, ou seja, o valor de Fult de um ano (S1(x)) comparado ao período seguinte (S2(x)). Sendo

(S2(x)) = [(S1(x))]k (4) e ) ( log ) ( log 1 2 x S x S k = (5) 27

A desvantagem de se analisar através do valor de k é que se assume que a mudança foi igual em todas as idades, o que nem sempre é verdade. Dessa maneira, pode-se analisar a razão entre a proporção de pessoas que nunca trabalharam no intervalo de Fult. e a proporção em um intervalo etário mais jovem, como por exemplo, próximo à média. O resultado é a proporção de pessoas que nunca tinham trabalhado quando jovens que permanecem sem trabalhar até o intervalo de Fult. Ambos os resultados são apresentados na seção seguinte.

Hajnal (1953) utilizou essa estratégia para analisar a mudança no padrão Europeu de casamento e observou que, quando há elevação na idade de se casar, há uma elevação na proporção de pessoas que permanecem sem se casar. Espera-se a mesma relação entre o aumento da idade média do primeiro emprego e a proporção no último intervalo etário

(Fult). Entretanto, ressalta-se que as razões que elevam a proporção final de pessoas sem nunca terem trabalhado são bastante diferentes das motivações para o não casamento e dificilmente uma pessoa optaria por permanecer sem trabalhar, da mesma maneira que poderia optar por permanecer solteira. Adicionalmente, as dificuldades de se conquistar um emprego são diferentes daquelas de se casar.

Por fim, ressalta-se que apenas nessa seção as estimações por freqüência ou não à escola não foram realizadas. Optou-se por dividir os grupos apenas por sexo, dado os pressupostos do modelo, que se trata de uma coorte hipotética. Ao dividir o grupo entre estudantes e não estudantes, uma criança de 10 anos que não freqüentava escola no ano analisado seria considerada, como um indivíduo que não teria freqüentado em nenhum período anterior, da mesma maneira que um jovem com 25 anos, que seria tratado como se não tivesse freqüentado escola até essa idade. Este seria um pressuposto muito forte para a estimação, principalmente entre as idades mais elevadas em que a não freqüência à escola pode indicar a conclusão de um ciclo de estudo, e não necessariamente que o indivíduo nunca tenha freqüentado escola.