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6. FATORES ASSOCIADOS AO INGRESSO NO MERCADO DE

6.2. Modelagem IPC Micro

O modelo Idade-Período-Coorte compreende que essas três dimensões apresentam efeitos diferentes para a compreensão de determinados eventos. Entretanto, sabe-se que não há três efeitos distinguíveis, apenas dois, já que uma dimensão é identificada pela combinação das outras duas, reconhece-se que: Período = Coorte + Idade

“O problema de identificação no modelo IPC é derivado do fato de que o componente linear de qualquer conjunto de efeitos é a soma ou a diferença dos componentes lineares dos outros dois conjuntos de efeitos, porque coorte é igual a período menos idade. O problema de identificação é criado por essa dependência linear entre a idade, o período e a coorte, em face do esquema de classificação de idade e coorte nos dados de múltiplas cross-section (RIOS-NETO e OLIVEIRA, 1999).

Há diferentes propostas para se lidar com esse problema, Halli e Rao (1992) sugerem a utilização de um modelo linear convencional com interação de primeira ordem entre dummies de idade e uma regressão das dummies de coorte sobre o resíduo da regressão anterior. Um outro conjunto de autores propõe a imposição de restrições ao modelo, seja pela imposição de igualdade entre dois ou mais coeficientes de uma das

dummies, ou pela introdução de termos interativos entre as dummies, ou ainda por meio de

hipóteses sobre o comportamento de uma das dimensões, modificando-a. A desvantagem destas estratégias é que se faz necessário excluir ou substituir uma das três dimensões (LEME e WAJNMAN, 2003).

Uma outra proposta é a utilização de uma característica de uma das dimensões, como proposto por Fienberg e Mason (1985). Neste trabalho, a estratégia utilizada é exatamente essa, ou seja, a dimensão coorte foi substituída pelo seu tamanho no momento de entrada no mercado de trabalho. Destaca-se, portanto, que o tamanho da coorte é apenas uma de suas características, sendo que ao se fazer a opção de se apenas analisá-la, outras características deixam de ser levadas em conta, o que não compromete a análise.

Neste trabalho, a proposta é atribuir a cada indivíduo uma dimensão de coorte, uma de período e sua idade, ou seja, é um modelo de análise micro, diferentemente da proposta original do IPC, que é de abordagem macro onde as três dimensões são analisadas com dados agrupados. A incorporação das três dimensões na análise é importante, uma vez que cada uma delas apresenta efeitos diferentes no mercado de trabalho. O efeito de idade está fortemente associado a processos biológicos, psicológicos e/ou mudanças nos papéis sociais dos grupos etários. No caso do deste estudo, a idade está fortemente relacionado à transição para a vida adulta, e conseqüentemente para o ingresso no mercado de trabalho, já que a probabilidade de entrar na força de trabalho tende a aumentar com a idade, indiferente do efeito de outras variáveis.

Já o efeito do período está associado às condições que se alteram ao longo do tempo, como as mudanças econômicas, que atingem todas as idades e coortes ao mesmo tempo. No caso do ingresso dos jovens no mercado de trabalho, reconhece-se que o contexto social e econômico pode representar uma forte motivação ao adiamento ou adiantamento de sua entrada no mercado de trabalho. Além disso, as condições gerais de definição do momento do ingresso no mercado de trabalho são fundamentais porque determinam a trajetória profissional do jovem.

“Dependendo de como o jovem ingressa no mercado de trabalho, podem ser abertas ou fechadas portas de acesso ao futuro profissional. É por isso que os jovens que ingressam no mercado de trabalho quando a econômica está crescendo e gerando muitos postos de trabalho tendem a ter proporcionalmente mais condições de realizar uma progressão profissional do que aqueles que se inserem em períodos de recessão econômica e de fechamento de postos de trabalho” (POCHMAN, 2000).

O trabalho do National Research Council (2005) ressalta que uma transição bem sucedida depende, além de uma qualificação adequada, de boas condições econômicas que gerem uma diversidade adequada de trabalhos ou outras formas de sobrevivência para cada nova coorte quando se tornam adultos.

Um dos efeitos mais comuns de período é o crescimento do desemprego (com reflexos na inatividade) nas recessões ou o incentivo ao crescimento da PEA nos ciclos de expansão econômica. Embora grande parte dos autores ressalte o aumento da inatividade em períodos de recessão, no caso de filhos, a recessão econômica pode elevar atividade, já que os pais ficando desempregados haveria a necessidades deles saírem para trabalhar. Segundo a teoria do trabalhador adicional, quando o chefe da família perde o emprego,

outros membros, principalmente o cônjuge, tendem a entrar no mercado de trabalho, principalmente por seu salário reserva tornar-se inferior.

Já os efeitos de coorte “estão geralmente associados às mudanças genéticas, de tamanho, de educação dos pais, de educação da coorte e de interações históricas de uma coorte” (RIOS-NETO e OLIVEIRA, 2005). Neste trabalho, o interesse em incluir a dimensão coorte é verificar o efeito de um aumento na oferta de mão-de-obra em uma faixa etária específica, em que as características de produtividade são bastante similares. Como tratado na seção 2.4.3, as oscilações demográficas podem ser sentidas pelo mercado de trabalho, através do tamanho da coorte. No caso do início da vida produtiva espera-se que o tamanho tenha um efeito negativo sobre a probabilidade do jovem realizar a transição para o mercado de trabalho, principalmente para a condição de ocupado.

A operacionalização desta e de outras variáveis é apresentada a seguir.